domingo, 24 de outubro de 2010

O elo perdido entre Serra, Rioli, Ricardo Sérgio e outros

Reportagem revista Isto É de 2002

Ex-sócio de Serra, Vladimir Rioli foi responsável por operações fraudulentas em parceria com Ricardo Sérgio.

Integrantes da tropa de choque que investiga irregularidades no Banespa, os deputados Robson Tuma (PFL-SP), Luiz Antônio Fleury (PTB-SP) e Ricardo Berzoini (PT-SP) ficaram revoltados com a operação abafa montada pela base governista para evitar o depoimento do economista Ricardo Sérgio de Oliveira na CPI que investiga operações podres nos tempos em que o banco era estatal. "Levamos um gol de mão aos 46 minutos do segundo tempo", comparou Fleury.

Os deputados passaram a última semana intrigados com o nervosismo demonstrado pelo Palácio do Planalto e pela cúpula do PSDB com a convocação. Caixa de campanha dos tucanos, Ricardo Sérgio estava intimado a comparecer à Assembléia Legislativa de São Paulo na quarta-feira 22, onde seria realizada a reunião da CPI. Diante das câmeras de televisão, o ex-diretor da área internacional do Banco do Brasil deveria explicar uma operação montada por ele em parceria com o Banespa em 1992, que trouxe de volta ao País US$ 3 milhões sem procedência justificada investidos nas Ilhas Cayman, um conhecido paraíso fiscal no Caribe.

Receosos de que Ricardo Sérgio faltasse ao depoimento, os deputados Tuma e Fleury chegaram a acionar a Polícia Federal. Num encontro com o superintendente da PF em São Paulo, delegado Ariovaldo Peixoto dos Anjos, os deputados receberam a garantia de que agentes federais conduziriam o economista até a Assembléia caso ele se recusasse a depor. Mas nada disso foi preciso. Uma manobra na terça-feira 21 enterrou as pretensões da CPI. Aproveitando a ausência da bancada oposicionista, o deputado Julio Semeghini (PSDB-SP) aprovou, junto à Mesa Diretora da Câmara, a derrubada do depoimento, sob o argumento de que a operação ocorreu antes da intervenção federal.

O período em que o banco ficou sob o Regime de Administração Especial Temporária (Raet) foi de 31 dezembro de 1994 a dezembro de 1997. O presidente da CPI desmonta o argumento, dizendo que a comissão investigou várias operações de empresas privadas e ouviu muitos diretores do Banespa do período anterior ao Raet. "O PSDB só questionou quando Ricardo Sérgio apareceu. Foi um ato político", acusou Fleury. Mas documentos obtidos por ISTOÉ revelam a existência de um novo personagem que, na verdade, é o verdadeiro motivo do empenho em evitar o depoimento do ex-diretor do BB.

A Operação Banespa que ajudou Ricardo Sérgio a internar dinheiro de paraísos fiscais foi aprovada pelo então vice-presidente de operações do Banespa Vladimir Antônio Rioli. Na época, o senador José Serra (PSDB-SP) era sócio de Rioli. De acordo com o contrato social, Serra tinha 10% das cotas da empresa Consultoria Econômica e Financeira Ltda.

Rioli foi companheiro de militância de Serra e do falecido ministro das Comunicações Sérgio Motta na Ação Popular (AP), movimento de esquerda da década de 60 – e arrecadador de recursos para campanhas do PSDB juntamente com Ricardo Sérgio.

Era Rioli quem comandava todas as reuniões do comitê de crédito do banco estadual. Além de aprovar a operação que permitiu o ingresso dos US$ 3 milhões, ele autorizou outras transações envolvendo Ricardo Sérgio e a Calfat, uma indústria têxtil com sede em São Paulo, na qual o próprio Ricardo Sérgio atuava como presidente do seu conselho deliberativo. Em setembro de 1992, Rioli liberou para a tecelagem, sem nenhuma garantia, um empréstimo do Banespa no valor de CR$ 3,7 bilhões (correspondente hoje a R$ 1,7 milhão).

Um ano depois, Rioli autorizou o Banespa a tocar várias operações de câmbio que permitiram ao ex-diretor do BB e à Calfat trazer outros recursos do Exterior, provocando um rombo nas contas do ex-banco estatal. O valor do prejuízo é desconhecido. O processo de cobrança dessa operação foi retirado da 5ª Vara Civil do Fórum de Santo Amaro, em São Paulo, pelos advogados do banco e sumiu misteriosamente em 1995.

A sociedade entre Rioli e Serra começou em 10 de março de 1986, quando o hoje candidato à Presidência estava deixando a Secretaria de Planejamento do governo Franco Montoro para disputar sua primeira eleição a deputado federal. A consultoria funcionou até 17 de março de 1995. Investidor da Bolsa de Valores de São Paulo, Rioli também é conhecido por sua ficha suja. Em 1999, foi condenado pela Justiça Federal a quatro anos de prisão – convertidos em prestação de serviços e pagamento de indenização – por liberar um empréstimo do Banespa equivalente a US$ 326,7 mil à Companhia Brasileira de Tratores, empresa da família Pereira Lopes, de São Carlos (SP), que estava em dificuldades e colecionava títulos protestados na praça.

Em 1993, Rioli se envolveu em outro escândalo. Foi acusado pelo Tribunal de Contas da União de arquitetar uma operação que deu à Cosipa, na época estatal, um prejuízo equivalente a US$ 14 milhões. A operação, um fantástico contrato sem correção monetária numa época de inflação galopante, foi fechada em 1986, quando Rioli presidia uma outra consultoria, a Partbank S.A., e já era conhecido por dar passes de mágica no mercado financeiro. Na lista dos envolvidos, o Tribunal de Contas da União (TCU) chegou a incluir um outro amigo de Rioli: André Franco Montoro Filho, que na época era diretor do BNDES e apoiou o negócio. Rioli e Montoro Filho também trabalharam juntos no programa de desestatização do governo federal.

No entanto, nenhum desses escândalos ganhou tanta notoriedade no nervoso mercado financeiro paulista como a parceria de Rioli com Ricardo Sérgio na Operação Banespa.
Quatro experientes investidores e banqueiros examinaram documentos da transação obtidos por ISTOÉ. Todos classificaram-na como uma engenhosa simulação de empréstimo com o único propósito de produzir um pretexto legal para trazer milhões de dólares de volta ao País, com o aval do Banespa. "Os documentos são assustadores. Mostram que Rioli era mais ligado a Serra do que o próprio Ricardo Sérgio. É surpreendente saber que os tucanos conseguiram usar o Banespa para internar dinheiro durante o meu governo", diz o presidente da CPI, deputado Luiz Antônio Fleury, que governou São Paulo entre 1991 e 1994.

De acordo com a papelada obtida pela revista, Ricardo Sérgio conseguiu um feito que transformaria qualquer operador em herói: vender no exigente mercado internacional títulos de uma empresa falida. A transação foi feita por meio de um instrumento específico, tecnicamente chamado de Contrato Particular de Emissão e Colocação de Pagamento e Títulos no Exterior (Fixe Rate Notes).

Especialistas do mercado explicam que, de tão sofisticado, esse tipo de operação é exclusividade de empresas do porte, por exemplo, da Petrobras, com credibilidade e estrutura para obter empréstimos a juros baixos no Exterior por meio da emissão de títulos. Acostumadas a operar esse tipo de transação, essas empresas em geral têm escritórios lá fora, equipes especializadas e um permanente cartel de clientes interessados em seus papéis, que ficam depositados em uma casa de custódia renomada até serem resgatados. Ao banco intermediário cabe apenas a responsabilidade de operar os recursos obtidos com a venda dos títulos e convertê-los em moeda nacional. Mas, no lugar de profissionalismo, a Operação Banespa reúne uma coleção de lances inacreditáveis.

Na época da assinatura do contrato, o Banespa não tinha nenhuma condição para realizar transação desse tipo. Envolvido em vários escândalos, faltava ao banco estadual tradição nesse tipo de negócio e também estrutura no Exterior para intermediar um lançamento de títulos. A Calfat, por sua vez, era uma empresa têxtil de médio porte em processo de liquidação. Além de não possuir condição de atrair investidores no Exterior, enfrentava uma avalanche de processos de execução na Justiça, o suficiente para impedi-la de passar um cheque na quitanda da esquina. Mesmo assim, o dinheiro foi transferido das contas do Banespa nas Ilhas Cayman para a conta da Calfat, na agência do banco em Campinas.

Segundo relatório da CPI do Banespa, Rioli também beneficiou com um empréstimo de R$ 21 milhões, em 1993, o empresário Gregório Marin Preciado, casado com uma prima de Serra e ex-sócio do senador em terreno no Morumbi, área nobre de São Paulo. Os empréstimos, sem nenhuma garantia legal, foram concedidos às empresas Gremafer e Aceto, de propriedade de Preciado, que estavam em processo de liquidação e até hoje não foram quitados.

Para investidores experientes consultados pela revista, esses dados bastam para provar que a Operação Banespa não passou de uma simulação. A CPI e o Ministério Público suspeitam que a transação trouxe uma sobra de campanha, já que Ricardo Sérgio e Rioli trabalhavam como arrecadadores. "Tudo indica que a Calfat emitiu títulos podres no mercado externo, que foram resgatados a valores superfaturados pela própria empresa ou empresas amigas. Essa operação acabou permitindo o retorno do dinheiro, provavelmente sobra de campanha, que estava sem procedência no Exterior.

Caso contrário, significa que o Banespa assumiu todos os riscos de uma operação com uma empresa falida, um escândalo ainda maior", afirmou um banqueiro familiarizado com esse tipo de negócio, ao analisar os documentos. Especialista em operações de lavagem de dinheiro, o jurista Heleno Tôrres explica que negócios desse tipo são cada vez mais conhecidos das unidades de inteligência financeiras, criadas em todo o mundo para rastrear transações financeiras ilícitas. Segundo Tôrres, as empresas compram no Brasil títulos podres e, em operações fajutas, vendem os papéis no Exterior a preços astronômicos.

Na verdade, os títulos são resgatados pela própria empresa que os lançou em operações casadas. O jurista explica que a diferença entre os valores de compra do papel no Brasil e os do resgate, na verdade, corresponde à quantia que acaba sendo internada – e esquentada – no País.

Uma juíza federal que trabalhou no mercado financeiro diz que, para dar legalidade a operações assim, os contratos seguem todas as exigências habituais. Quando envolvem empréstimos simulados – o caso da Operação Banespa –, há cobrança judicial e até a penhora de bens e fiadores para dar cumprimento às normas do Banco Central. Só que, como se trata de uma operação-fantasma, a cobrança se arrasta até o arquivamento, sem que a dívida seja paga, e os advogados do banco dão um jeito de nunca incluir os fiadores e donos de empresas executadas na lista de inadimplentes da praça.

Foi exatamente o que aconteceu na Operação Banespa. Na 4ª Vara Cível do Fórum de Santo Amaro tramitam dois processos de 1994, movidos pelo Banespa contra Ricardo Sérgio pelo não-pagamento dos US$ 3 milhões. Os autos do processo revelam outro absurdo: a garantia da operação foi a hipoteca de uma fábrica da Calfat em Leopoldina, Minas Gerais, comprovadamente insuficiente para quitar a dívida, mas o Banespa jamais tentou avançar sobre os bens do economista para diminuir seu prejuízo, apesar de seus conhecidos sinais de riqueza.

Outras operações tocadas por Ricardo Sérgio mostram sua habilidade em atuar em paraísos fiscais. Em 1989, o ex-diretor do BB realizou uma operação para trazer ao Brasil dinheiro que estava em Tortolla, nas Ilhas Virgens. Os documentos dessa transação mostram que no dia 19 de fevereiro a Andover Nacional Corporation, uma empresa sediada naquele paraíso caribenho, comprou do banco americano Wells Fargo um escritório localizado na avenida Paulista.

Uma escritura lavrada em Nova York prova que o representante da Andover era Roberto Visneviski, sócio de Ricardo Sérgio. Um ano depois, Ricardo Sérgio e o próprio Visneviski compram o mesmo escritório da Andover. Numa operação esdrúxula, o sócio de Ricardo Sérgio assina duas vezes o termo de venda do imóvel: como comprador e vendedor. "É uma típica operação de internação de dinheiro", atesta o jurista Tôrres.
O tal escritório acabou se transformando na sede da Westchester, uma das consultorias do ex-diretor do BB. Frequentada pelo alto tucanato, a empresa foi fechada em 1998, depois que Ricardo Sérgio deixou o governo como pivô do escândalo em torno do processo de privatização da Telebrás. Vítima de um grampo, o economista cunhou uma frase para a história: "Estamos no limite da irresponsabilidade." Já o encerramento da parceria de Serra e Rioli na empresa de consultoria confirma a proximidade entre tucanos de alta plumagem.

O documento que selou o fim da empresa foi assinado dentro do escritório da Hidrobrasileira, empreiteira que pertenceu durante 20 anos a Sérgio Motta. No dia 28 de janeiro de 1995, dias depois de Serra assumir o Ministério do Planejamento no primeiro governo FHC, Rioli nomeou Dellinger Mendes, sócio de Motta na Hidrobrasileira, como seu procurador para providenciar o encerramento das atividades da consultoria.Luiz Alberto Souza Aranha, outro sócio de Motta na Hidrobrasileira, assinou como testemunha.

Nesse mesmo período, Dellinger e Luiz Alberto estavam à frente de uma simulação de venda, a da própria Hidrobrasileira para a PDI, uma companhia offshore instalada em Luxemburgo, outro paraíso fiscal muito procurado por brasileiros.

Documentos obtidos por ISTOÉ mostram que antes de comprar a Hidrobrasileira a PDI – Project Development International simulou um empréstimo de US$ 4 milhões junto à Albion Inc., também com sede em Luxemburgo. O esquema usado pela Hidrobrasileira é conhecido nas cartilhas de lavagem de dinheiro. Depois de rodar de conta em conta em paraísos fiscais, o dinheiro acaba voltando ao País em operações suspeitas. No caso da transação envolvendo a PDI e a Albion, o depósito final foi na conta da Hidrobrasileira no Banespa.

As semelhanças levam o Ministério Público e a CPI a suspeitar de um grande esquema de internação de dinheiro. Ao seguir os rastros da PDI e da Albion, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), a comissão ligada à Receita Federal encarregada de rastrear operações de lavagem de dinheiro, tem poderes para identificar a origem do dinheiro.

Amaury Ribeiro Jr. Revista Isto É - edição 1704 de 29.Maio de 2002 - 10:00

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Um relato importante para as eleições 2010

Por Renato kotscho
Recebi, no fim de semana, mensagem de um velho amigo jornalista de Brasília, muito bem informado sobre os bastidores das campanhas presidenciais. A seu pedido, não o identifico, mas acho que vale a pena publicar seu texto, para conhecimento dos leitores, com uma visão do atual momento da disputa que diverge da análise feita por mim no post “Terceira onda favorece Serra”, publicado na semana passada.Como diria aquele finado jornalista, não li, mas me contaram.

Lembra quando a gente falava sobre a campanha da Dilma um ano atrás? O que dizíamos?
- Vai ser uma eleição dura, muito provavelmente decidida no segundo turno.

- As condições objetivas favorecem amplamente o governo: a economia, a ascensão social de milhões, a liderança do presidente Lula.

- As condições subjetivas também: recuperação da auto-estima, as perspectivas de futuro, o respeito externo conquistado pelo Brasil e por Lula.

- Diante disso, restará ao adversário tentar desconstruir e desqualificar a candidata. É a única chance que eles têm.

- Sendo José Serra este adversário, todos os recursos escusos serão mobilizados, no mundo e no submundo da informação.

- Será, por isso mesmo, uma eleição suja, muito suja, talvez mais suja que o segundo turno de 1989.

Lembrou direitinho? É exatamente o que está ocorrendo desde as últimas semanas do primeiro turno, com mais ênfase no início do segundo. O crescimento da Dilma entre dezembro e agosto, período em que ela passou de menos de 20% para cerca de 50% das intenções de voto, não foi uma onda.

Foi uma construção sustentada na progressiva identificação do nome de Dilma ao papel que ela desempenhou no governo Lula, aprovado por 80% dos brasileiros.

Para isso contribuíram a agenda social e regional da candidata, centenas de entrevistas a emissoras de rádio, tevês e jornais locais, os programas nacionais e regionais do PT, os momentos de visibilidade em torno do encontro e da convenção do PT, a agenda de debates e entrevistas em rede nacional, a costura das alianças políticas, a propaganda na televisão e no rádio, a partir de agosto, e o apoio entusiástico, generoso e qualificado do presidente Lula, o maior e melhor cabo eleitoral que um brasileiro poderia ter.

Esta construção foi o alvo de uma das mais sórdidas campanhas de desqualificação que eu vi nos meus 30 e poucos anos de jornalismo. Orquestrada e dirigida cientificamente por pessoas profundamente vocacionadas para esse tipo de objetivo. Você acompanhou o Lula nos anos mais difíceis e sabe melhor do que eu do que estamos falando.

Mesmo assim, ela chegou ao primeiro turno com 47% das intenções de voto. Quando a eleição finalmente se transformou no que sempre imaginamos (mas ainda não tínhamos vivido, por causa da ilusão de vitória no primeiro turno), foi a Dilma, elazinha, quem botou ordem na confusão. Foi a participação corajosa da minha candidata no debate da Band que surpreendeu o adversário, reposicionou o debate nos limites da política e alertou o país para a gravidade da decisão que vamos tomar em 31 de outubro.

Vou resumir o que ela fez em quatro pontos:
- Denunciou a campanha de ódio e as mentiras sórdidas que José Serra difunde, manipulando o preconceito e a religiosidade de setores da população;

- Denunciou o plano dos tucanos de entregar o pré-sal às petroleiras estrangeiras, pelas mão de José Serra, o chefe das privatizações de FHC (você se lembrava que o Zé Leilão foi o presidente do Conselho Nacional de Desestatização?Pois ela nunca esqueceu).

-Denunciou a hipocrisia de um candidato que promete e não cumpre, o que põe em risco a continuidade dos programas sociais do governo Lula.

-De quebra, espetou na biografia do “homem sem escândalos” o caso Paulo Preto — e só assim a mídia amestrada passou a tratar do assunto.

O nome disso é liderança. Dilma ditou a estratégia que, na velocidade possível, vai orientando a campanha, animando a militância e engajando os muitos setores sociais que identificaram o risco que José Serra e sua campanha de ódio e divisão representam para o país e para a democracia.

Passadas duas semanas, Serra não conseguiu virar a eleição. A candidatura da Dilma não desmanchou na praia, como acontece com as ondas em São Sebastião.
A eleição está mesmo dura, camarada, como nós esperávamos. A Dilma está fazendo a parte dela. Cada vez mais gente está fazendo sua parte.

Um abraço”.

Texto extraído do blog http://colunistas.ig.com.br/ricardokotscho/

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Ex-Ministro da Saúde Adib Jatene fala sobre o SUS e CPFM

O problema abordado pelo ex-ministro Jatene na sua entrevista foi basicamente o financiamento, o maior problema do SUS. O que muita gente não fala por medo, que o PSDB e o DEM junto com setores do PMDB derrubaram a CPMF e tiram da saúde R$ 40 bilhões ano, simplesmente pra inviabilizar um governo.

Um dos argumentos dos empresários era que a CPMF onerava a cadeia produtiva em 4%. Pois bem a CPMF foi derruba, os preços não caíram e com isso aumentou a margem de lucro dos empresários e consequentemente a concentração de riquezas e prejudicaram sim o SUS e por isso a EC29 ainda não foi regulamentada pela falta de recursos.

É impressionante a cara de saia justa dos jornalistas quando ele reclama dos empresários que retiram recursos da CPFM da saúde. Tratam logo de mudar de assunto.

Existe uma grande confusão com relação à remuneração dos médicos no SUS, quem recebe esses valores são as unidades de saúde e não os profissionais. Existe uma remuneração que fixada por plantões e salários, a exemplo dos PSF que remuneram esses profissionais em até R$ 20.000,00 mês a depender da região do país.

O Estado da Bahia recentemente aprovou um PCCV e está tentando vencer um processo de precarização dos vínculos de trabalho de todos os profissionais de saúde, pois saúde não é feito só com médicos.

O por isso precisamos romper com esse modelo que remunera o profissional por produção, precisamos estabelecer um processo de metas, com humanização, com integralidade da assistência, buscando sempre a redução e o não agravamento das doenças, fortalecendo as estratégias do saúde da família, bem como uma rede pública de saúde que efetivamente funcione e que a iniciativa privada atue de forma complementar como determina a constituição e não como defendem os neoliberais.

Precisamos debater a Lei de responsabilidade Fiscal que de certa forma vem dificultando principalmente os municípios de implantarem novos serviços justamente por conta dos gastos com pessoal, isso tudo terá como consequência a privatização de várias atividades do sistema de saúde como já vem acontecendo em algumas áreas de média e alta complexidade onde os recursos são maiores e a remuneração compensa a exploração pela iniciativa privada como, por exemplo, as clínicas de hemodiálises.

O assunto é muito longo e um tanto complexo, mas a verdade é que o SUS tem avançado e a única política pública de estado que temos. O SUS é uma conquista do povo brasileiro e não podemos deixar que a ganância de poucos o destrua!

Texto Por Ivonildo Dourado extraído do site:
http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/adib-jatene-no-canal-livre#more

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Mídia no Brasil e no New Deal dos EUA

Qualquer semelhança entre a agressão da mídia no Brasil aos programas de Lula e as reações da mídia nos EUA ao New Deal, nos anos 30, não é só coincidência.

Em abril de 2008, escrevi um comentário comparando o PAC e o Fome Zero do governo Lula aos programas de obras públicas e de combate ao desemprego sob o guarda-chuva do New Deal de FD Roosevelt, o presidente que conseguiu tirar a economia americana da Grande Depressão produzida a partir da quebra da Bolsa de NY, em outubro de 1929. Três quartos de século separam essas experiências: na primeira metade da década 1930-1940, os EUA e o mundo mergulharam numa crise sem precedentes.

Quando Roosevelt tomou posse, em 1933, para seu primeiro mandato, o PIB americano havia sido reduzido a praticamente a metade (56,4 bilhões de dólares) do que era em 1929 (103 bilhões de dólares).

Apesar da tragédia do desemprego, que chegava a 30% da força de trabalho, os EUA eram uma nação próspera. Havia muita riqueza e uma boa parte da sociedade afluente aceitava o desemprego como contingência natural numa economia de mercado. A melhor coisa que os governos deviam fazer era ficar fora disso.

Roosevelt surpreendeu, já no discurso de posse, anunciando o fim da era da indiferença: “Temos 15 milhões de sujeitos passando fome e nós vamos dar de comer a eles. O governo entende que é sua obrigação providenciar trabalho para que eles mesmos voltem a sustentar suas famílias.”

Para escândalo de muitos, seu governo pôs em marcha dois enormes programas, nunca antes tentados naquele país, de amparo ao trabalho e combate à miséria, com investimentos públicos em obras, cuja principal prioridade era absorver mão de obra (uma espécie de PAC). O empreendimento-símbolo foi a criação da TVA (Tennessee Valley Authority), que construiu barragens para a produção de energia e gerenciou os projetos de irrigação para a produção de alimentos.

Esses programas sofreram pesado bombardeio da oposição conservadora, que, a título de defender a livre iniciativa, esconjurava a intervenção estatal no setor privado, porque interferia na oferta e procura de mão de obra, desvirtuando o funcionamento do mercado de trabalho… Um dado interessante é que os ataques da mídia republicana evitavam agredir o presidente (e seus altos níveis de popularidade), concentrando toda a fúria contra a figura de Harry Hopkins, principal mentor dos programas de amparo ao trabalhador e gerente de obras públicas, qualificado de “perigoso socialista”.

Qualquer semelhança com as agressões midiáticas recentes aos programas Fome Zero, Luz para Todos e ao PAC não é simples coincidência…
Hoje, ninguém duvida que o New Deal foi decisivo para a reconstrução da confiança dos americanos nos fundamentos do regime de economia de mercado. Suas ações ajudaram a salvar o capitalismo, na medida em que os milhões de trabalhadores que recuperaram os empregos voltaram “a acreditar na vontade e na capacidade do governo de intervir na economia para proporcionar uma igualdade mais substancial de oportunidades” (FDR numa de suas falas no rádio, Conversa ao Pé do Fogo).

O fato é que o PIB americano cresceu durante o primeiro e segundo mandatos e, em 1940, havia recuperado o nível que perdera desde o início da grande crise, medindo 101,4 bilhões de dólares. Roosevelt completou um terceiro mandato presidencial e ainda foi eleito (no fim da Segunda Guerra Mundial), para um quarto mandato, mas faleceu antes de exercê-lo.

Quando Lula assumiu o primeiro mandato, em 2002, a economia brasileira não estava na situação desesperadora da americana em 1933, mas contabilizava algo como 12% de desemprego da população economicamente ativa e vinha de um período de 20 anos de medíocre crescimento, com a renda per capita praticamente estagnada. Seu governo pôs em prática os programas de combate à fome que prometera no prólogo de sua Carta aos Brasileiros e posteriormente o PAC, que soma o investimento público e obras privadas, com foco na recuperação da desgastada infraestrutura de transportes, da matriz energética e na indústria da habitação. Setores de grande demanda de mão de obra e de promoção do desenvolvimento.

Oito anos depois (e 15 milhões de empregos a mais), os resultados são visíveis: queda acentuada das taxas do desemprego (para menos de 7% da população economicamente ativa), crescimento da renda e dos níveis de consumo da população, recuperação da autoestima do trabalhador e uma sociedade que adquiriu condições de oferecer substancial melhora na distribuição de oportunidades. Isso, tendo atravessado a segunda pior crise da economia mundial dos últimos 80 anos, com o PIB crescendo em 2010 acima de 7%.

Texto de Delfin Netto extraído do site http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/midia-no-brasil-e-no-new-deal#more

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

A psicologia de massa do fascismo à brasileira

Há tempos alerto para a campanha de ódio que o pacto mídia-FHC estava plantando no jogo político brasileiro.

O momento é dos mais delicados. O país passa por profundos processos de transformação, com a entrada de milhões de pessoas no mercado de consumo e político. Pela primeira vez na história, abre-se espaço para um mercado de consumo de massa capaz de lançar o país na primeira divisão da economia mundial.

Esses movimentos foram essenciais na construção de outras nações, mas sempre vieram acompanhados de tensões, conflitos, entre os que emergem buscando espaço, e os já estabelecidos impondo resistências. Em vários países, essas tensões descambaram para guerras, como a da Secessão norte-americana, ou para movimentos totalitários, como o fascismo nos anos 20 na Europa.

Nos últimos anos, parecia que Lula completaria a travessia para o novo modelo reduzindo substancialmente os atritos. O reconhecimento do exterior ajudou a aplainar o pesado preconceito da classe média acuada. A estratégia política de juntar todas as peças – de multinacionais a pequenas empresas, do agronegócio à agricultura familiar, do mercado aos movimentos sociais – permitiu uma síntese admirável do novo país. O terrorismo midiático, levantando fantasmas com o MST, Bolívia, Venezuela, Cuba e outras bobagens, não passava de jogo de cena, no qual nem a própria mídia acreditava.

À falta de um projeto de país, esgotado o modelo no qual se escudou, FHC – seguido por seu discípulo José Serra – passou a apostar tudo na radicalização. Ajudou a referendar a idéia da república sindicalista, a espalhar rumores sobre tendências totalitárias de Lula, mesmo sabendo que tais temores eram infundados. Em ambientes mais sérios do que nas entrevistas políticas aos jornais, o sociólogo FHC não endossava as afirmações irresponsáveis do político FHC.

Mas as sementes do ódio frutificaram. E agora explodem em sua plenitude, misturando a exploração dos preconceitos da classe média com o da religiosidade das classes mais simples de um candidato que, por muitos anos, parecia ser a encarnação do Brasil moderno e hoje representa o oportunismo mais deslavado da moderna história política brasileira.

O fascismo à brasileira
Se alguém pretende desenvolver alguma tese nova sobre a psicologia de massa do fascismo, no Brasil, aproveite. Nessas eleições, o clima que envolve algumas camadas da sociedade é o laboratório mais completo – e com acompanhamento online - de como é possível inculcar ódio, superstição e intolerância em classes sociais das mais variadas no Brasil urbano – supostamente o lado moderno da sociedade.
Dia desses, um pai relatou um caso de bullying com a filha, quando se declarou a favor de Dilma. Em São Paulo esse clima está generalizado. Nos contatos com familiares, nesses feriados, recebi relatos de um sentimento difuso de ódio no ar como há muito tempo não se via, provavelmente nem na campanha do impeachment de Collor, talvez apenas em 1964, período em que amigos dedavam amigos e os piores sentimentos vinham à tona, da pequena cidade do interior à grande metrópole.

Agora, esse ódio não está poupando nenhum setor. É figadal, ostensivo, irracional, não se curvando a argumentos ou ponderações. Minhas filhas menores freqüentam uma escola liberal, que estimula a tolerância em todos os níveis. Os relatos que me trazem é que qualquer opinião que não seja contra Dilma provoca o isolamento da colega. Outro pai de aluna do Vera Cruz me diz que as coleguinhas afirmam no recreio que Dilma é assassina.

Na empresa em que trabalha outra filha, toda a média gerência é furiosamente anti-Dilma. No primeiro turno, ela anunciou seu voto em Marina e foi cercada por colegas indignados. O mesmo ocorre no ambiente de trabalho de outra filha.
No domingo fui visitar uma tia na Vila Maria. O mesmo sentimento dos antidilmistas, virulento, agressivo, intimidador. Um amigo banqueiro ficou surpreso ao entrar no seu banco, na segunda, e captar as reações dos funcionários ao debate da Band.

A construção do ódio
Na base do ódio um trabalho da mídia de massa de martelar diariamente a história das duas caras, a guerrilha, o terrorismo, a ameaça de que sem Lula ela entregaria o país ao demonizado José Dirceu. Depois, o episódio da Erenice abrindo as comportas do que foi plantado.

Os desdobramentos são imprevisíveis e transcendem o processo eleitoral. A irresponsabilidade da mídia de massa e de um candidato de uma ambição sem limites conseguiu introjetar na sociedade brasileira uma intolerância que, em outros tempos, se resolvia com golpes de Estado. Agora, não, mas será um veneno violento que afetará o jogo político posterior, seja quem for o vencedor.

Que país sairá dessas eleições? Até desanima imaginar.
Mas demonstra cabalmente as dificuldades embutidas em qualquer espasmo de modernização brasileira, explica as raízes do subdesenvolvimento, a resistência história a qualquer processo de modernização. Não é a herança portuguesa. É a escassez de homens públicos de fôlego com responsabilidade institucional sobre o país. É a comprovação de porque o país sempre ficou para trás, abortou seus melhores momentos de modernização, apequenou-se nos momentos cruciais, cedendo a um vale-tudo sem projeto, uma guerra sem honra.

Seria interessante que o maior especialista da era da Internet, o espanhol Manuel Castells, em uma próxima vinda ao Brasil, convidado por seu amigo Fernando Henrique Cardoso, possa escapar da programação do Instituto FHC para entender um pouco melhor a irresponsabilidade, o egocentrismo absurdo que levou um ex-presidente a abrir mão da biografia por um último espasmo de poder. Sem se importar com o preço que o país poderia pagar.

Texto enviado por luisnassif, qua, 13/10/2010 - 23:15
http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/a-psicologia-de-massa-do-fascismo-a-brasileira#more

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Cansei ... Cansei....Cansei

"Cansei de ir ao supermercado e encontrá-lo cheio. O alimento está barato demais. O salário dos pobres aumentou, e qualquer um agora se mete a comprar carne, queijo, presunto, hambúrguer e iogurte.

Cansei dos bares e restaurantes lotados nos fins de semana. Se sobra algum, a gentalha toda vai para a noite. Cansei dessa demagogia.

Cansei de ir a Shopping e ver a pobreza comprando e desfilando com seus celulares.
O governo reduziu os impostos para os computadores. A Internet virou coisa de qualquer um. Pode? Até o filho da manicure, pedreiro, catador de papel, agora navega...

Cansei dos estacionamentos sem vaga. Com essa coisa de juro baixo, todo mundo tem carro, até a minha empregada. " É uma vergonha! ", como dizia o Boris Casoy. Com o Serra os congestionamentos vão acabar, porque como em S.Paulo, vai instalar postos de pedágio nas estradas brasileiras a cada 35 km e cobrar caro.

Cansei da moda banalizada. Agora, qualquer um pode botar uma confecção. Tem até crédito oferecido pelo governo. O que era exclusivo da Oscar Freire, agora, se vende até no camelô da 25 de Março e no Braz. Vergonha, vergonha, vergonha...

Cansei de ir em banco e ver aquela fila de idosos no Caixa Preferencial, todos trabalhando de office-boys.

Cansei dessa coisa de biodiesel, de agricultura familiar. O caseiro do meu sítio agora virou "empreendedor" no Nordeste.

Pode? Cansei dessa coisa assistencialista de Bolsa Família. Esse dinheiro poderia ser utilizado para abater a dívida dos empresários de comunicação (Globo, SBT, Band, RedeTV, CNT, Fôlha SP, Estadão, etc.). A coitada da "Veja" passando dificuldade e esse governo alimentando gabiru em Pernambuco. É o fim do mundo.

Cansei dessa história de PROUNI, que botou esses tipinhos, sem berço, na universidade. Até índio, agora, vira médico e advogado. É um desrespeito... Meus filhos, que foram bem criados, precisam conviver e competir com essa raça.

Cansei dessa história de Luz para Todos. Os capiaus, agora, vão assistir TV até tarde. E, lógico, vão acordar ao meio-dia. Quem vai cuidar da lavoura do Brasil? Diga aí, seu Lula...

Cansei dessa história de facilitar a construção e a compra da casa própria (73% da população, hoje, tem casa própria, segundo pesquisas recentes do IBGE). E os coitados que vivem de cobrar aluguéis? O que será deles?

Cansei dessa palhaçada da desvalorização do dólar. Agora, qualquer um tem MP3, celular e câmera digital. Qualquer umazinha, aqui do prédio, pode pagar uma passagem de avião e passar férias até no Exterior. É o fim...

Vou votar no Serra. Cansei, vou votar no Serra, porque quero de volta as emoções fortes do governo de FHC, quero investir no dólar em disparada e aproveitar a inflação. Investir em ações de Estatais quase de graça e vender com altos lucros.

Chega dessa baboseria politicamente correta, dessa hipocrisia de cooperação. O motor da vida é a disputa, o risco... Quem pode, pode, quem não pode, se sacode. Tenho culpa eu, se meu pai era mais esperto que os outros para ganhar dinheiro comprando ações de Estatais quase de graça? Eles que vão trabalhar, vagabundos, porque no capitalismo vence quem tem mais competência. É o único jeito de organizar a sociedade, de mostrar quem é superior e quem é inferior."

Observação: qualquer semelhança é mera coincidência

terça-feira, 12 de outubro de 2010

O mercador do pré-sal


O uso de qualquer arma pela campanha de José Serra, que está recorrendo à difamação da adversária, Dilma Rousseff, por todos os meios, com todo tipo de acusação, o que inclui até a vida sexual dela, e o espantoso apoio que os maiores jornais, revistas e televisões estão dando à estratégia difamatória, tudo isso não acontece só pela retomada do poder.

Você nunca viu uma campanha eleitoral como esta. Mesmo Fernando Collor de Mello, em 1989, jamais chegou ao ponto de difamar Lula usando homossexualidade ou acusações de que ele matava criancinhas. A campanha de difamação movida contra Dilma é a maior que este país já viu e utilizando “acusações” que em pleno século XXI são espantosas e inéditas.

Tudo isso só para se eleger presidente?

Os livros de história contarão a verdade sobre a campanha mais insidiosa contra uma única pessoa que fora empreendida até então no país. O que leva um único homem a se tornar beneficiário e autor de um processo tão repugnante e a grande imprensa de uma nação com a visibilidade do Brasil a se acumpliciar a ele?

O Brasil de 2002 e de 2006 não valia o preço de o candidato da direita e a imprensa conservadora irem tão longe. Não valia porque não existia neste país a riqueza que atualmente é a mais cobiçada da face da Terra, tão cobiçada que fez os Estados Unidos desencadearem uma onda de guerras contra países produtores de petróleo a fim de garantirem para si o abastecimento de um produto que escasseia no mundo e sem o qual esse país invasor poderia parar, literalmente.

É o pré-sal, estúpido. A Petrobrás, sob o governo Lula, tornou-se a quarta empresa mais valiosa do mundo. Um grupo político que consiga viabilizar a entrega dos subsolo brasileiro às petrolíferas multinacionais, exatamente como o governo Fernando Henrique Cardoso fez em 1997, ganhará dinheiro que sobrará aos seus descendentes daqui a mil anos.

As reservas de petróleo encontradas na camada pré-sal do litoral brasileiro estão dentro da área marítima considerada zona econômica exclusiva de nosso país. São reservas com petróleo considerado de média a alta qualidade, segundo a escala API.

O conjunto de campos petrolíferos do pré-sal se estende do litoral dos estados do Espírito Santo até Santa Catarina, com profundidades que variam de 1000 a 2000 metros de lâmina d’água e entre quatro e seis mil metros de profundidade.

Apenas com a descoberta dos três primeiros campos do pré-sal – Tupi, Iara e Parque das Baleias – as reservas brasileiras comprovadas, que eram de 14 bilhões de barris, aumentaram para 33 bilhões de barris. Além destas, existem reservas possíveis e prováveis de 50 a 100 bilhões de barris.

Há estimativas de que o preço do barril do petróleo deve chegar até a 80 dólares no ano que vem. Se tivermos, no limite, 100 bilhões de barris de petróleo enterrados no mar que banha as nossas praias, estaremos falando de OITO TRILHÕES DE DÓLARES.

Só para se ter idéia de quanto dinheiro é, basta dizer que o PIB dos EUA em 2009 foi de 14 trilhões de dólares. Ou seja, o Brasil pode ter mais da metade do PIB americano enterrado em seu litoral. Quanto vale a comissão de quem intermediar a venda de uma riqueza desse quilate? 1, 2 ou, quem sabe, até uns estupefacientes 3%?!

Muito dinheiro, não? Quem acha que há homens que matariam a própria mãe por tanta riqueza e poder?

Quem seriam esses homens? Penso que são aqueles que desde que se confirmou a riqueza imensurável que há em nosso subsolo apressaram-se em defender a privatização do subsolo brasileiro que o governo FHC promoveu, sobretudo em 1997 quando vendeu um enorme pedaço da Petrobrás.

As operações de exploração e produção de petróleo foram conduzidas pela Petrobrás de 1954 a 1997. Depois de 40 anos de monopólio da empresa, o trabalho de exploração, produção, refino e transporte do petróleo no Brasil foi permitido a empresas estrangeiras em 1997, quando Fernando Henrique Cardoso sancionou a Lei N° 9.478, que gerou a permissão.

Não é por outra razão que o PSDB e o PFL (agora disfarçado de “democratas”) propõem o regime de concessão para exploração do pré-sal enquanto que o governo Lula defende o regime de partilha.

No regime de concessão, que os tucanos implantaram no Brasil em 1997, a multinacional ganhará aquele pedaço do subsolo brasileiro para explorar e será a dona do que ali encontrar. Já no sistema do governo Lula, de partilha, tudo que for encontrado será do povo brasileiro e a quem extrair o petróleo caberá, simplificando, uma comissão pelo trabalho.

Essa riqueza toda pode dar ao país educação e saúde públicas de alta qualidade, por exemplo. Estradas, segurança, infra-estrutura… O pré-sal é o passaporte do Brasil e do seu povo para o Primeiro Mundo. Não lhe parece bom demais para ser verdade, leitor?

Sim, como você intuiu, há um problema. Para variar, os piratas da nação, os autores da mesma privataria que, por exemplo, vendeu o subsolo brasileiro ao privatizar a Vale, agora querem vender a Petrobrás. Por isso, não existe limite para o que o PSDB, o PFL, a Globo, a Folha, a Veja e o Estadão poderão fazer para eleger José Serra.

Não deixe o spam ser um grande eleitor neste segundo turno

Nunca entendi muito bem porque as pessoas acreditam piamente naquilo que recebem em suas caixas de e-mail. Será que o anonimato das mensagens apócrifas é entendido como uma espécie de “sinal”? Do tipo: “Senhor, me dê os números vencedores do jogo do bicho” e, dias depois, você interpreta uma propaganda de um haras, que chegou acidentalmente por e-mail, como resposta para apostar no “cavalo”?! Vai que, da mesma forma que o Altíssimo escreve certo por linhas tortas, ele também “emeia” justo por internet frouxa, não é?

O mais interessante é que algumas dessas mensagens contam com mentiras tão bem construídas que tem mais gente acreditando nelas do que em boas matérias, com dezenas de fontes, feitas por jornalistas com décadas de credibilidade, que desmentem ou explicam o caso.

- Pô, o texto é super bem escrito. Não deve ser falso.
- O e-mail trouxe vários números. Ou seja, não pode ser mentira.
- Ele tem fotos. É mais difícil manipular fotos.
- Recebi isso do Ronaldo, irmão da Ritinha, casada com o Roberval, filho do seu Romeu, lembra? É, Ro-meu. Ele repassou um e-mail que recebeu do Rui, que é chefe dele na Ramos e Ramos, aquela empresa de retroescavadeiras. Homem decente o Ronaldo… então é coisa séria.

É muito mais “quente” acreditar, neste segundo turno, que a candidata X devora criancinhas e o candidato Y bate constantemente nas suas amantes do que encarar que, na vida real, os defeitos, esquisitices e idiossincrasias podem ser outros. Também bizarros, mas que não influenciam no seu caráter e no seu comportamento político, – e que, talvez, não atraiam tanto a atenção. Sabendo disso, o pessoal mal intencionado apela.

A rede mundial de computadores nos abriu um mundo de possibilidades. Hoje, um leitor – se quiser – consegue acessar fontes confiáveis e encontrar números, checar dados, trocar idéias com amigos, comparar governos ou mesmo desmentir pataquadas. Avalie o que você quer para o país e faça uma escolha, sua escolha. Não jogue fora seu voto por uma mensagenzinha mequetrefe. Ah, mas cuidado! Ao se debruçar sobre essas questões, se informar, debater com outras pessoas, mandar e-mail e cobrar do candidato posições, você vai estar fazendo Política, com “P” maiúsculo e não politicagem. E atacando a raiz de muitos preconceitos.

Coisa que o Povo do Spam não quer. Pois, o Povo do Spam quer sangue.

Algumas mensagens de spam travestem opinião como dados isentos e descontextualizam ou ocultam fatos que não são interessantes para o argumento defendido. Trouxe algumas sugestões reunidas tempos atrás por Rodrigo Ratier, jornalista e mestre em pedagogia, grande especialista na área de educação e comunicação, para usar a lógica a fim de perceber problemas nos textos. Quem já adota essas ferramentas, pode parar a leitura por aqui e vá apagar o lixo acumulado na caixa de entrada. Caso contrário, fica aqui a sugestão.

“A camisinha não protege contra o vírus HIV. A epidemia de Aids cresceu justamente porque se confia nessa proteção”, disse um bispo certa vez.
Desconfie dos argumentos de autoridade. Não é porque o Papa, o Patriarca de Istambul ou a Bispa Sônia disseram algo que você tem que acreditar, não é? O mesmo vale para o presidente da sua associação de moradores ou o diretor do seu sindicato. É preciso provar o que se diz. Exija confirmação dos fatos ou vá atrás dela.

“Não ouviremos as posições do antropólogo Luiz Mott sobre o casamento gay: ele é homossexual.”
Para desmontar um discurso, não se ataca o argumentador, mas sim o argumento.

“Nesta eleição, vamos escolher entre um Sartre e um encanador.”
Não se ridiculariza o outro apenas por ser seu adversário.

“Antes do MST existir, não havia violência no campo.”
Falsa relação de causa e conseqüência – um fato que acontece depois do outro não necessariamente foi causado pelo primeiro.

“Na guerra contra o terrorismo, ou você apóia a invasão do Iraque ou está alinhado com o mal.”
É errado excluir o meio termo. Um debate maniqueísta é mais fácil de ser entendido, mas o mundo real não é um Palmeiras e Corinthians, um Fla-Flu, um Grenal, enfim, vocês entenderam.

“Ou se dá o peixe ou se ensina a pescar.”
Isso é uma falsa oposição. Não se opõe curto e longo prazo necessariamente. Uma ação não invalida a outra. Elas podem ser, inclusive, subsequentes ou coordenadas.

“Isso não é demissão. A empresa apenas avisou que precisará passar por um redimensionamento do quadro de empregados.”
Não se deixe levar pelos eufemismos. Nem por quem fala bonito. Uma pessoa pode te xingar e você, às vezes, nem vai perceber se não se atentar para as palavras que ela escolheu.

“Avenida Faria Lima, Águas Espraiadas, Imigrantes, Minhocão, Rodovia dos Trabalhadores: alguém aí consegue imaginar São Paulo sem todas essas obras feitas pelo Maluf?”
Desconfie dos e-mail que contém um monte de acertos de alguém e ignorem, solenemente, os erros.

texto de Paulo Sakamoto www.blogdosakamoto.uol.com.br em /2010/10/11/

sábado, 9 de outubro de 2010

O povo e as elites nas eleições brasileiras

Uma das ideias mais difundidas sobre a política brasileira é a de que o povo não sabe votar. O baixo nível educacional do eleitorado é o traço estrutural em geral evocado em favor dessa tese. Os ocasionais Tiriricas seriam provas cabais dessa incapacidade. Por outro lado, a feição conciliadora das elites políticas reforça o atraso político do país.

Vou relembrar episódios da história eleitoral recente com o intuito de questionar essas teses.
Depois de uma longa e penosa experiência com taxas gigantescas e crescentes de inflação, a tentativa do primeiro governo civil, em 1986, de domá-la foi amplamente apoiada. Na segunda eleição direta para os governos estaduais (1986), o eleitorado consagra o partido no governo concedendo ao PMDB o controle de 26 Estados. O primeiro calote eleitoral na história da nova democracia não tardaria. Logo após a eleição os preços foram liberados e o cruzado foi desvalorizado.

Na primeira eleição direta para presidente, duas forças políticas se enfrentam. O PT, criado nos primórdios da abertura política, já estava com quase dez anos. Partido de esquerda, fundado no sindicalismo independente e nos movimentos sociais, pregava mudanças radicais na sociedade e na política brasileira. A segunda, de natureza personalista, fundada na denúncia das mazelas do sistema político e alimentada pela descrença nos resultados da democracia, elege por maioria simples o novo presidente. Avesso a partidos, Fernando Collor dispensa o Congresso e parte para sua aventura anti-inflacionária. Novo calote no eleitorado. Não só pela tentativa fracassada de dar um único tiro na inflação, mas pela corrupção em que se afundou o governo e o próprio presidente. A ação rápida e eficiente do Congresso não deixou dúvidas sobre sua (ir)responsabilidade. O povo apoia a ação parlamentar e parece se vacinar contra novas aventuras.

O sucesso do Plano Real e a eleição para a Presidência, em primeiro turno, do ministro que o conduziu mostram a força do apoio popular ao combate à inflação. O Congresso, termômetro da opinião pública, não negou suporte a medidas vistas como requisitos para sustentar a estabilidade monetária. E não eram medidas de fácil aprovação, em qualquer democracia. Impunham perdas, imediatas e significativas, a amplas camadas da população, visando alcançar benefícios incertos no longo prazo. Apesar dos sacrifícios impostos, mais uma vez, em 1998, o eleitorado elege no primeiro turno o presidente da estabilidade e sua promessa de um novo mandato voltado agora para o emprego e o desenvolvimento econômico. Novo calote eleitoral. Mal as urnas são fechadas, o real sofre forte desvalorização. Suas consequências para a população, que teriam posto em risco a vitória eleitoral, marcam o início do novo mandato. Seu fim deixa claro que para o povo não bastava apenas estabilidade econômica.

Nas eleições de 2002, o desenvolvimento econômico e a distribuição de seus benefícios ficam em primeiro plano. A estabilidade deixa de ser prioridade, passa a ser condição. Cabia à oposição, apontada, e facilmente identificável, como contrária ao real, se manifestar. Em fevereiro de 2002, Lula, candidato pela quarta vez, diz que dessa feita não viria para perder. Exige do PT a concretização de uma aliança que já vinha sendo desenhada. O partido se dirige para o centro e sua guinada se concretiza com a "Carta aos Brasileiros", em que o candidato se compromete com os pilares da estabilidade econômica.

Mesmo assim, as forças governistas e alguns de seus eleitores ilustres se engajam na política do medo, sugerindo que novo calote estaria a caminho. A forte reação da esquerda do PT à política econômica do novo governo também denota a expectativa (ou a demanda) de um novo calote. Este não ocorre e, ao contrário de várias previsões catastróficas, as políticas do governo são bem-sucedidas e obtêm alta aprovação popular. O presidente termina o mandato com índices inéditos de popularidade.

Chegamos à eleição de 2010. A democracia brasileira tem a celebrar o fim de quatro mandatos presidenciais consecutivos completos. Qual é o significado dessa eleição?

Nela se confrontam duas forças que polarizam a luta pelo controle do governo federal.
Além de suas diferenças organizacionais, esses partidos defendem políticas diversas.

O PSDB enfatiza Estado enxuto, responsabilidade fiscal e políticas sociais eficientes e o PT, inclusão social, Estado forte, emprego e renda.

A polarização é fato, mas a estratégia de campanha de Lula foi reforçar o plebiscitarismo. Sua candidata prega apenas a continuidade. O candidato da oposição, tendo de início privilegiado as denúncias de corrupção contra o governo, passa a adotar um discurso populista. Promete 13º no Bolsa Família, salário mínimo de R$ 600 e aumento de 10% aos aposentados. Em suma, enquanto a candidata governista não faz mais do que prometer um terceiro governo Lula, dentro das regras constitucionais, o candidato oposicionista tenta comprar os eleitores com promessas contrárias à reputação de seu partido.

E o eleitorado, como reage a isso? Reage como vimos com os resultados do primeiro turno. Não pretendo interpretar para que candidatos foram ou de que candidatos saíram os votos de X, Y ou Z. Não pretendo também identificar as motivações que levaram X, Y ou Z a votar em quem votaram. Meu foco é o resultado agregado da eleição.

O que mostra o resultado geral da eleição de 2010? Em primeiro lugar, o eleitorado não dá ao presidente tudo o que ele queria. Aprova suas políticas e, por isso, também sua candidata. Apoia também os partidos que dão sustentação a essas políticas. Elege um Congresso com maioria governamental. Mas quer ouvir mais no segundo turno. O segundo turno de 2006 parece ter tido a mesma lógica. Esses resultados não parecem a imagem de um eleitorado que tudo espera de um presidente que tudo pode.

O eleitorado não parece também dar crédito total às denúncias da oposição (especialmente as que surgem no período eleitoral), não por complacência com a corrupção, mas por falta de provas cabais. Por exemplo, depoimentos decisivos, como no caso Collor ou imagens de dinheiro vivo, na mesa ou na cueca, como nos casos de Roseana em 2002 e dos aloprados em 2006. Na falta disso, prefere pensar que são todos farinha do mesmo saco, como apregoa grande parte da imprensa.

Por outro lado, não quer um governo sem oposições. Garantiu a eleição de partidos oposicionistas para o governo de Estados importantes, ainda que alijando parlamentares mais radicais.

Esses resultados também não parecem refletir as escolhas de um povo que não sabe votar. Ao contrário, o resultado das eleições de 2010 no primeiro turno denota um eleitorado equilibrado, esquivo a radicalismos que procura e acha muitos atalhos para se informar e decidir sobre o seu voto. As elites políticas, por sua vez, têm muito mais a aprender. Que o segundo turno seja uma boa lição!

texto de Argelina Figueiredo( professora do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade Estadual do Rio de Janeiro-Iesp/Uerj)retirado do Jornal Valor Econômico

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Contra mentiras e boatos

Se receber email de pessoas conhecidas contendo mentiras, responda com a verdade, com seriedade e educação. A melhor forma de convencer algum amigo de boa vontade, mas que esteja mal-informado, é com seriedade e educação.

Faça mesmo fora do mundo virtual, nas conversas pessoais.

Se receber um email que contém crime, denuncie. Atribuir a uma pessoa crime que a pessoa não cometeu, é crime de quem acusa. Em caso de candidatos às eleições, é agravante, por que a ofensa não é apenas pessoal, mas perturbação à ordem democrática, sujeitando os criminosos a penalidades como formação de quadrilha, alarmismo, etc.

Denuncie na polícia federal:

http://www.safernet.org.br/site/

E ao Ministério Público Eleitoral (É crime divulgar mentiras sobre candidatos ou partidos para influenciar o eleitor):

email: pge@pgr.mpf.gov.br

O email é prova material do crime. Basta reencaminhar.
Quem souber como mostrar o código original da mensagem (com o ip de origem), envie estas informações também.
Prefira fazer denúncias identificadas do que anônimas.

Atenção:

Se receber um email anônimo ou vindo de lista de spam, fazendo campanha positiva ou negativa, contendo crime ou não, denuncie ao Ministério Público Eleitoral.
1) Emails de pessoa física que expressam apenas opinião ou narram fatos verdadeiros não é crime, não devem ser denunciado para não atrapalhar as investigações sobre os verdadeiros criminosos.
2) Qualquer email contendo mentiras para convencer o eleitor é crime eleitoral, e deve ser denunciado ao PGE.
3) Emails em massa vindo de sistemas empresariais, independente de ser opinião ou não, seja para fazer campanha negativa ou positiva, quase sempre é crime eleitoral (conforme os Art. 57-C, Art. 57-D e Art. 57-E da Lei Nº 12.034/2009).

O governo do PT e a Educação

O governo Lula( 2003-2010), fez:

* O ProUni: mais de 704 mil bolsas de estudo para universitários de baixa renda.
No governo FHC, com Serra, nem pensaram nisso. Na oposição à Lula, o DEM, partido unha e carne com Serra, que forneceu o vice, entrou na justiça para acabar com o PROUNI.

* 14 novas universidades federais foram criadas (15 até o fim do ano)
Nos 8 anos de FHC, com Serra, só 1 foi criada.

* 117 novos campi de Universidades (e a meta é chegar a 134). Todos no interior do País.

* Ampliou de 113,9 mil para 222,4mil o número de vagas oferecidas entre 2003
e 2010.

* 214 novas escolas técnicas até 2010, coma oferta de 500 mil matrículas (haviam só 140 mil antes de Lula)
No governo FHC, com Serra, foi proibida a criação de novas escolas técnicas pelo governo Federal, transferindo-se esta iniciativa a estados, municípios e ONGs.

O pluralismo na mídia ?


A imprensa brasileira, começando pelo Estadão, dividiu o país. Existe o PT, denominado convenientemente pelo jornal de "partido da bandidagem", e o restante dos brasileiros. O PT governa exclusivamente em seu próprio interesse (corrupção), cerceia liberdades individuais (autoritarismo), age somente para se perpetuar no poder (fisiologismo) e por isso não tem legitimidade para participar do debate político na mídia.

Com base nesse diagnóstico, só haverá democracia, na visão da grande imprensa, quando o PT for apeado do poder. Não há meio termo: quem apóia o direito do PT (e de seus simpatizantes) de manifestar opinião está na verdade apoiando um projeto autoritário, e isso por si só já justifica o cerceamento de sua voz, em nome da defesa da democracia.

Embora não manifestem abertamente esta opinião, essa é a única explicação lógica que concebo para o fenômeno de radicalização do discurso midiático em tempos recentes (existem outras bem menos nobres e elaboradas, de cunho essencialmente oportunista do ponto de vista econômico, mas farei aqui uma concessão à muito ventilada honestidade da grande mídia nacional).

Não há espaço para contraditório em função disso: dar espaço ao governo nessas circunstâncias equivaleria a "compactuar com o incompactuável", a transigir o que não pode ser transigido. Os escândalos do PT não são meros casos de corrupção ou crime eleitoral, mas estratégias conscientes de concentração de poder e cerceamento da oposição, razão pela qual se tornam muito piores que quaisquer outros casos eventualmente relacionados a outros partidos, ontem e hoje.

As reclamações do PT em relação à imprensa se tornam elas próprias sinais inequívocos da falta de compromisso deste para com a democracia. E os poucos veículos da mídia que ainda ousam dar espaço à qualquer versão dos fatos que soe mais favorável ao governo, o fazem porque são instrumentos aparelhados deste. Assim se molda um discurso que se justifica por si mesmo: o PT é corrupto porque tem sede de poder, tem sede de poder porque é autoritário, é autoritário porque não tolera oposição, e não tolera oposição porque é corrupto.

Esse é o discurso atual da grande mídia. Discutir liberdade e pluralismo na imprensa nesses termos é ocioso - até porque nenhum desses valores está sendo de forma alguma ameaçado de fato. O que há é um discurso claro inviabilizando o debate político no país. O PT não tem legitimidade para apresentar suas idéias e muito menos para reclamar disso, ponto. Toda a discussão sobre o papel da mídia na sociedade deve se restringir à uma única questão: ela atende ou não aos interesses e propostas do PT.

Se o faz, é porque é partidária do autoritarismo e, destarte, deve ser descartada a priori. Isso já deveria ser um fato óbvio para qualquer um que lê jornais, mas estranhamente, nenhum estudioso da imprensa aponta essa realidade. Ao contrário, insistem em fugir do concreto e divagar sobre valores e ideais da imprensa numa democracia distante anos-luz da nossa. Daí fica difícil produzir uma análise minimamente coerente com os fatos que nos são jogados na cara diariamente.

Fonte: texto do Bento http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/o-pluralismo-na-midia#more

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Internet Explorer agora tem menos da metade do mercado

A história da internet pode não ser mais a mesma após a divulgação de um relatório da empresa de estatísticas StatCounter ontem. Em marco inédito, o Internet Explorer, navegador da Microsoft, registrou menos de 50% de participação no mercado mundial em setembro.

Segundo as contagens do relatório, a participação do Internet Explorer caiu para 49,87% em setembro. O browser é seguido pelo Firefox, com 31,5% de participação de mercado.

Para efeito de comparação, o IE detinha 58,37% do mercado no mesmo período, uma diferença de 8,5 pontos percentuais em relação a setembro de 2010.

O navegador que prossegue em crescimento é o Chrome, do Google: se ele tinha 3,69% do mercado em setembro de 2009, o percentual de setembro de 2010 chega a 11,54% -ou um crescimento de 221%.

"É certamente um marco na guerra dos navegadores da internet", disse o executivo-chefe da StatCounter, Aodhan Cullen. "Há apenas dois anos, o Internet Explorer dominava o mercado mundial, com 67%."

O acordo de competitividade feito entre a Microsoft e a União Europeia -a fim de que a empresa oferecesse escolha aos usuários europeus sobre os navegadores além do IE- foi diretamente proporcional à queda global do browser, afirmou ele.

As contagens da companhia se baseiam em uma amostra que excede 15 bilhões de visitas a páginas por mês, coletadas a partir de mais de 3 milhões de sites.

Fonte: Folha de S.Paulo, blog http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/o-fim-da-era-do-internet-explorer#more