quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Mobilidade: o que fazer para alcançá-la plenamente

Os minutos passam rapidamente enquanto o carro continua praticamente parado. Heloísa, a caminho do trabalho, resolve conferir o relógio, que já mostra que não há o que fazer: o atraso é certo. A ansiedade e o estresse, então, crescem nela e nos motoristas enfileirados na avenida que buzinam ininterruptamente tentando, em vão, se espremer entre as faixas congestionadas da pista. Depois de muito tempo em meio a barulho e confusão, Heloísa chega ao seu destino aliviada, mas com a certeza de que amanhã seu trajeto diário continuará mais longo e mais desgastante do que deveria ser.

A situação acima vivida por Heloísa é muito semelhante ao dia a dia de grande parte da população, constituída por motoristas, passageiros e pedestres, principalmente na zona urbana. As causas disso são a grande quantidade de veículos, o desrespeito no trânsito e a estrutura insuficiente em vias, calçadas e no transporte público, que são problemas que vêm afetando a mobilidade urbana.

Tema atual e recorrente em pesquisas, a melhoria da mobilidade no trânsito é um fator de fundamental importância para o bem-estar populacional. Sem atitudes que visem o desbloqueio de calçadas e o desafogamento do trânsito, tomando como exemplo ações que restrinjam o transporte individual, a mobilidade nas cidades brasileiras só tende a piorar. "Não conseguiremos avançar muito mais no modelo que temos hoje: incentivo do transporte individual, à velocidade e à falta de cidadania. Isso é, de fato, um conceito fadado ao fracasso", afirma Maria Amélia, especialista em Gestão de Trânsito e Mobilidade Urbana e gerente de Marketing e Comunicação Corporativa da Perkons.

Buscando entender o atual panorama da mobilidade brasileira, identificar as consequências dela em nosso dia a dia e as alternativas viáveis para melhorar a situação, o portal Administradores preparou a série especial Caminhos do Brasil.

Abrindo os caminhos: um panorama da mobilidade no Brasil
Quando o homem só sabia coletar, caçar e pescar, desenvolver rotas que garantissem sempre bons resultados nessas empreitadas era, literalmente, questão de vida ou morte. Mais tarde, aprendemos a cultivar e comercializar excedentes, inclusive em pontos muito distantes, o que nos levou a construir as grandes estradas. Para atravessarmos os mares, surgiram as naus e caravelas. Para irmos mais rápido em terra, os trens, os bondes, os carros, as motos. Pelos ares, os dirigíveis, os aviões.

Independente da época, desenvolvimento econômico e capacidade de mobilidade das populações são fatores que sempre se mantiveram intimamente relacionados ao longo de toda a história. Por exemplo, foi por terem saído na frente na corrida naval que Portugal e Espanha conquistaram boa parte do mundo e estabeleceram entrepostos comerciais estratégicos que lhes renderam o status de maiores potências econômicas do planeta durante o século XV. Na Inglaterra dos séculos XVIII e XIX, a chamada Revolução Industrial, teve boa parte de seu sucesso à gigantesca malha ferroviária construída no país.

No Brasil, a relação tem a mesma importância, o que nos impõe um desafio gigantesco: interligar cidades encurtando nossas longas distâncias. A tarefa não é fácil, quando lembramos que de Oiapoque/AP (extremo norte do país) a Arroio Chuí/RS (extremo sul) são mais de 4.000 km. Mas não é impossível.

Rodovias
Em termos quantitativos, a malha rodoviária brasileira não deixa a desejar. Até porque a opção histórica pelas estradas obrigou o país a, literalmente, abrir caminhos por onde pudessem passar carros e caminhões. Segundo dados do governo federal, temos 1,355 milhões de quilômetros de rodovias, por onde passam 56% de todas as cargas do país. Boa parte dessas rodovias, entretanto, encontra-se atualmente em péssimas condições, com 30% delas bastante danificadas e apenas 140 mil quilômetros pavimentados.

Diante da extensão da malha rodoviária brasileira, uma alternativa pela qual estados e o governo federal têm optado é a concessão de trechos. De acordo com a Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias – ABCR, o país tem pouco mais de 15 mil km de estradas administradas por 55 concessionárias.

A extensão administrada por esse modelo ainda é pequena, se comparada ao total do país. Mesmo assim, com suas 283 praças de pedágio (Segundo a ABCR), os trechos são alvos de críticas. Em Osasco/SP, por exemplo, população e parlamentares têm reclamado de mau planejamento, que seria responsável por um aumento no fluxo de veículos dentro da cidade por conta dos pontos de cobranças posicionados nas estradas que a cercam.

"O estado instala pedágios no Rodoanel, na Anhanguera e na Castello, jogando todo o trânsito pesado para dentro da nossa cidade", reclama o vereador de Osasco Valmir Prascidelli (PT).

O governador Geraldo Alckmin, entretanto, defende o modelo. "A concessão feita em São Paulo é bem sucedida. Ele permitiu grandes investimentos. Como é que o estado conseguiria fazer a nova pista da (rodovia) Imigrantes? Ela foi feita sem um centavo de dinheiro público", disse em sabatina a jornalista.

Trilhos
As ferrovias, historicamente relegadas a segundo plano nos programas nacionais de mobilidade, hoje são – em sua maioria – obsoletas e se restringem, basicamente, ao transporte de cargas, sendo utilizadas para transportes de passageiros em apenas algumas regiões e em trechos curtos. Hoje a malha tem pouco mais de 30 mil quilômetros, operados por consórcios privados e, em algumas áreas urbanas, pela estatal CBTU – Companhia Brasileira de Trens Urbanos.

Hoje, a maior aposta nesse campo é a construção da ferrovia Transnordestina, obra que já está em andamento e deve interligar os portos de Suape (Pernambuco) e Pecém (Ceará), cortando o Nordeste com duas frentes. A previsão é de que empresas de médio e grande porte se instalem nas regiões por onde os 1.728 km da linha férrea passarão, gerando emprego e renda. O grande objetivo do empreendimento, entretanto, é reduzir os custos de transporte da produção nordestina.

No céu
O transporte aéreo, por sua vez, tem vivido uma fase de ascensão e boas perspectivas, com a ampliação de aeroportos e a expansão das rotas para o interior do país. A pequena Azul Linhas Aéreas, por exemplo, que tem apostado em terminais alternativos, atingiu a marca de 15 milhões de clientes transportados em apenas três anos de operação. A TAM, maior companhia do país, obteve um lucro operacional de 197,5 milhões em 2011, uma elevação de 36,5% em relação ao ano anterior, que demonstra a consolidação do setor.

De olho na Copa e para evitar colapsos como o do apagão aéreo de 2006, o governo Dilma decidiu privatizar a operacionalização de importantes aeroportos do país, concedendo-a por tempo determinado. A decisão, entretanto, apontada como a solução mais viável para o país no curto prazo, foi criticada pela Lata, organização que reúne as 280 maiores aéreas do mundo. O temor é de que haja alta nas taxas cobradas e, consequentemente, aumento nos preços de passagens. "Mesmo considerando que uma quantidade substancial de recursos pode ser atingida por meio de melhorias na eficiência dos aeroportos, em especial em Guarulhos, é difícil conciliar o montante pago com o potencial de receita", diz comunicado da entidade. O projeto de concessão, no entanto, não prevê aumento de taxas.

Nas ruas
O grande calo do Brasil está dentro das cidades. Caro, o transporte urbano responde atualmente, em média, por 19,6% do orçamento das famílias brasileiras, perdendo apenas para habitação e alimentação.

O transporte público ainda é frágil, considerado ruim ou muito ruim por 41% da população das cidades com mais de 100 mil habitantes, segundo levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Ipea. Com uma infraestrutura que privilegia os veículos pessoais, o modelo brasileiro vive sob a constante ameaça de colapso, com muitos carros nas ruas, ônibus que não atendem a todas as necessidades e linhas de metrô insuficientes.

Para se ter uma ideia, na cidade do Porto, em Portugal, que tem pouco mais de 200 mil habitantes, a população tem à disposição um sistema integrado de ônibus, bondes elétricos e metrô por um custo relativamente baixo, mesmo o país vivendo uma de suas piores crises econômicas.

Uma assinatura mensal que dá livre acesso em ônibus e metrô na zona principal do Porto pode ser adquirida hoje por 30 euros, o que equivale a 5,4% do salário mínimo do país (554 euros). Em João Pessoa/PB, não há assinatura mensal para o sistema de ônibus (único modelo de transporte coletivo público existente na cidade). Mas, considerando que um trabalhador utilize duas passagens diariamente – para se deslocar de casa para o trabalho e do trabalho para casa – trabalhando 21 dias do mês, sua despesa será de R$ 96,80, o que corresponde as 15,56% do salário mínimo brasileiro atual, de R$ 622,00.

Sancionado em janeiro, o Plano Nacional de Mobilidade Urbana pretende suprir os déficits da infraestrutura brasileira no setor, procurando melhorar a qualidade do serviço prestado e reduzir os custos. Entre seus principais pontos estão a garantia de recursos para obras de viabilização do trânsito e a fixação de subsídios para as tarifas de transporte público.

Fonte: Por Eber Freitas, Fábio Bandeira, Mayara Emmily e Simão Mairins/ Arte: Thiago Castor, www.administradores.com.br

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

A ilusão do negócio fácil e altamente lucrativo

Os meios de comunicação não cansam de contar e exibir histórias de empresas que tiveram um crescimento meteórico – principalmente aquelas ligadas à tecnologia e internet –, mas esquecem de dizer que essas empresas são exceções à regra.

Se você analisar as empresas que conhece e que podem ser consideradas "bem-sucedidas" verá que na maioria dos casos não existe nenhuma fórmula mágica para que isso aconteça. Existe sim, é muito trabalho e uma grande regularidade na aplicação dos recursos gerados.

Assim como o segredo dos grandes investidores é a aplicação constante e regular no longo prazo, reinvestindo os rendimentos obtidos, criando assim um efeito multiplicador extraordinário, da mesma forma uma empresa deve reinvestir parte dos lucros na ampliação do seu negócio.

No entanto, muitos ainda são iludidos pela aparente facilidade que alguns empresários tiveram em transformar seus negócios em empresas de sucesso, mas a realidade nos mostra que a maioria das empresas sólidas foi construída na base de muito suor e dedicação, levando, às vezes, mais que uma geração para chegar ao patamar atual.

Por conta desse tipo de distorção, tenho percebido, principalmente por parte dos jovens empreendedores, muita ansiedade em ver sua empresa crescer e ao mesmo tempo querendo usufruir o "merecido" retorno financeiro pelo "esforço" empregado até o momento.

É claro que não podemos confundir as coisas. Se sua empresa não está alcançando os objetivos e resultados traçados, às vezes, é necessária uma correção de rota. Mas, partindo do princípio de que ela é lucrativa, o crescimento será sempre proporcional à sua capacidade de geração de recursos, exceto, é claro, que aconteça algo extraordinário e inesperado no mercado que atua.

Uma maneira de você criar essa regularidade é estar focado nos objetivos do negócio. Pois quando você sabe aonde quer chegar, não é qualquer turbulência ou "nova oportunidade" que lhe desviará do caminho.

Digo nova oportunidade, pois, às vezes, surgem negócios "imperdíveis" que podem nos tirar a atenção, para logo em seguida se mostrarem inviáveis, mas já tomaram tempo e recursos suficientes para atrapalhar o nosso objetivo principal.

Enfim, regularidade requer disciplina e foco nos objetivos, mas não pode ser sinônimo de teimosia e estagnação. Ou seja, a empresa não pode estar engessada ao ponto de comprometer sua continuidade, por insistência num modelo de negócio inviável. Portanto, se em algum momento você precisar tomar uma decisão que mude totalmente os rumos do negócio, faça isso embasado em informações confiáveis, e, continue firme na construção de uma empresa de sucesso.

Fonte: Por Isaac Rincaweski http://www.administradores.com.br

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Um sábio que entendeu para que servem impostos

Acaba de ser divulgado que a Receita Federal cravou um novo recorde de arrecadação para janeiro. O valor é 102 bilhões e representa uma alta de 6% em relação a janeiro do mesmo ano. Nunca se arrecadou tanto nessa época do ano.

Antes da turma do impostometro começar a disparar sua campanha em estilo Papai Noel,de quem quer pagar menos imposto com a ilusão de que os serviços públicos irão melhorarpara todo mundo, não custa recordar as lições de Tony Judt, um sábio que morreu precocemente, mas deixou duas obras importantes sobre nosso tempo.

A primeira, Pós-Guerra, retrata a construção do Estado Bem-Estar Social. A segunda, O Mal Ronda a Terra, descreve as consequencias socialmente malignas produzidas pela onda conservadora produzida na economia mundial e nas idéias políticas a partir de 1980, pela ação conjunta de Margaret Thatcher e Ronald Reagan. Com pouco mais de 100 páginas, ilustrado por gráficos ilustrativos, O Mal… é uma obra que se lê com facilidade. Foi escrito por Judt em seus últimos meses de vida.

O tom é de um manifesto em defesa dos valores da social-democracia, corrente do movimento operário que foi desprezada pelos comunistas como última barreira de defesa do capitalismo, mas tratada como esquerdista demais por muitos conservadores.

O mal que ronda a terra, explica Tony Judt, é a destruição do Estado de Bem-Estar. Longe de ser um fanático da estatização e da intervenção do Estado na economia, Judt é partidário da tese de que Estado e mercado pode se combinar em proveito do bem-estar da maioria das pessoas.

Com números numa das mãos e idéias claras na outra, Judt acompanhou que as privatizações na Inglaterra de Tatcher e a desregulamentação nos EUA de Reagan.

Suas conclusões:
a) os serviços pioraram e se tornaram mais caros, mesmo em áreas de saúde e transporte;

b) a carga de impostos diminuiu para a cúpula da sociedade, que pagava mais, mas ficou igual e até subiu para as camadas inferiores.

Para além do aspecto econômico, porém, Judt tem a sabedoria de registrar o aspecto político. A privatização, ensina, implica num rebaixamento dos serviços públicos e do espaço de atuação da cidania sobre questões que dizem respeito diretamente a sua vida.

Quando são prestados pelo Estado, a sociedade tem o direito de discutir seu conteúdo, sua finalidade, suas aplicações. Quando são fornecidos por empresas privadas, adquirem outra natureza. São mercadorias, que obedecem a outra lógica e são julgados por outros critérios.

Judt não é um nostálgico da estatização. Diz que é preciso ter honestidade para ver qual solução funciona melhor em qual situação.

Lembra que a qualidade de muitos serviços prestados pelo Estado chegava a ser ruim e o atendimento deixava a desejar. Mas, mesmo nessa situação, o cidadão tinha meios de cobrar e questionar. Também podia vingar-se na próxima eleição.

No caso dos serviços privados, você está diante de uma empresa e do seu SAC. As moças do telemarketing podem ser atenciosas mas não há hipótese de alterar a situação. Neste caso, direito público passam a ser equivalentes a sabonetes ou marcas de biscoito.

Judt mostra que um dos argumentos favoritos para a privatização era a falta de recursos do Estado para manter investimentos. Observa, porém, que raras vezes o Estado deixou de gastar bilhões em recursos — que seriam repassados ao contribuinte — para financiar as aquisições pelo setor privado. Ele também mostra que, no momento em que os serviços deixam de corresponder às metas de lucro, inicia-se um processo de devolução ao Estado.

Judt desenvolve este raciocínio para demonstrar a importancia dos impostos e da saúde financeira dos governos. Mostra que todos os cidadãos consomem serviços públicos ao longo de suas vidas, em grande quantidade, e que é absurdo imaginar que não seria preciso pagar por eles.

Lembra o óbvio, o que é até necessário em situações de muita confusão ideologico: o imposto está nas ruas, na iluminação, na escola que voce frequentou (ou que seu empregado frequentou), no subsídio que fez a comida ficar mais barata e permitiu comprar remédios mais conta, na saúde pública que atende a massa da população que não teria como receber atendimento médico e assim por diante.

Ele mostra que, ao contrário da lenda, o retorno dos impostos é real, pode ter um efeito multiplicador muito maior e seu caráter é socializador. (O caso notório é da saúde americana, um sistema privado que tem custos maiores e qualidades muito menores do que nos países onde é assumido pelo Estado). Outro caso é a previdência pública, única garantia de um fim de vida decente da maioria da população mais velha.

Você não precisa concordar com tudo o que ele diz. Mas certamente não vai perder seu tempo se resolver refletir a respeito.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Tecnologia na aula - por que não aceitá-la a nosso favor?

A educação vem passando por diversas mudanças importantes, que afetam diretamente todas as crianças. É tanta tecnologia que alunos e professores vivem uma crise de autoafirmação, que ocorre no encontro de gerações em um mesmo ambiente.

A sala de aula, que até então servia para proporcionar o desenvolvimento intelectual, social e cognitivo do aluno, torna-se um espaço onde, na maioria das vezes, ocorrem muitos conflitos.

Por um lado estão professores com uma formação disciplinadora, enfrentando o desafio de se atualizar e se modernizar. É preciso que eles entendam as novas tecnologias como aliadas, de modo que consigam ganhar a atenção de alunos cada vez mais conectados ao mundo virtual. Alunos estes que, a cada dia, chegam às escolas cheios de energia e vontade de aprender algo novo, de forma diferente.

A maneira como os professores ministravam as aulas já não é mais atrativa; é preciso algo mais, é preciso inovar! Mas como ministrar aulas motivadoras que alcancem diretamente os alunos? A resposta e os recursos já estão em suas mãos; basta se abrir ao que é novo.

Conhecer melhor o outro lado, certamente, auxiliará no pensar a inovação, que nada mais é do que oferecer aos alunos oportunidades de se desenvolverem com autonomia. A tecnologia que já existe dentro de muitas escolas permite, justamente, que isso aconteça.

Não é simplesmente usar o computador, digitar uma frase, mas sim fazer com que aqueles conteúdos aprendidos em sala de aula com o professor sejam desenvolvidos pelos alunos por meio de computadores, notebooks, tablets e smartphones, entre outros.

O que alunos desejam e precisam é que sejam oferecidos a eles desafios que possam ser superados. Isso é possível por meio de aplicativos interessantes e aulas dinâmicas, que promovem a socialização e o desenvolvimento integral do ser humano.

Por meio da Informática Educacional, tudo isso é feito com muito entusiasmo e dedicação, buscando sempre a qualidade na Educação brasileira. É o desejamos para os nossos alunos, para as nossas crianças, enfim, para a nossa Educação!

Fonte: brasil 247 - por Ana Paula Barros de Paiva, é Orientadora-Educacional na área de Informática Educacional da empresa Planeta Educação e pedagoga especializada em projetos educativos

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Os 80 anos do direito de voto feminino no Brasil

No dia 24 de fevereiro de 2012, o Brasil comemora os 80 anos do direito de voto feminino. As mulheres passaram a ter o direito de voto assegurado pelo Decreto nº 21.076, de 24/02/1932, assinado pelo presidente Getúlio Vargas, no Palácio do Catete, no Rio de Janeiro. Esta conquista, porém, não foi gratuita.

A luta pelos direitos políticos das mulheres começou ainda no século XVIII. No início da Revolução Francesa, o Marquês de Condorcet – matemático, filósofo e iluminista – foi uma das primeiras vozes a defender o direito das mulheres. Nos debates da Assembleia Nacional, em 1790, ele protestou contra os políticos que excluíam as mulheres do direito ao voto universal, dizendo o seguinte: “Ou nenhum indivíduo da espécie humana tem verdadeiros direitos, ou todos têm os mesmos; e aquele que vota contra o direito do outro, seja qual for sua religião, cor ou sexo, desde logo abjurou os seus”.

As ondas revolucionárias francesas chegaram na Inglaterra e os escritores progressistas Mary Wollstonecraft – no livro A Vindication of the Rights of Woman (1792) – e William Godwin – no livro An Enquiry Concerning Political Justice (1793) – também defenderam os direitos das mulheres e a construção de uma sociedade democrática, justa, próspera e livre.

Mas a luta pelo direito de voto feminino só se tranformou no movimento sufragista após os escritos de Helen Taylor e John Stuart Mill. O grande economista inglês escreveu o livro The Subjection of Women (1861, e publicado em 1869) em que mostra que a subjugação legal das mulheres é uma discriminação, devendo ser substituída pela igualdade total de direitos.

Com base no pensamento destes escritores pioneiros, o movimento sufragista nasceu para estender o direito de voto (sufrágio) às mulheres. Em 1893, a Nova Zelândia se tornou o primeiro país a garantir o sufrágio feminino, graças ao movimento liderado por Kate Sheppard. Outro marco neste processo foi a fundação, em 1897, da “União Nacional pelo Sufrágio Feminino”, por Millicent Fawcett, na Inglaterra. Após o fim da Primeira Guerra Mundial, as mulheres conquistaram o direito de voto no Reino Unido, em 1918, e nos Estados Unidos, em 1919.

No Brasil, uma líder fundamental foi Bertha Maria Julia Lutz (1894-1976). Bertha Lutz conheceu os movimentos feministas da Europa e dos Estados Unidos nas primeiras décadas do século XX e foi uma das principais responsáveis pela organização do movimento sufragista no Brasil. Ajudou a criar, em 1919, a Liga para a Emancipação Intelectual da Mulher, que foi o embrião da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, criada em 1922 (centenário da Independência do Brasil). Representou o Brasil na assembleia geral da Liga das Mulheres Eleitoras, realizada nos EUA, onde foi eleita vice-presidente da Sociedade Pan-Americana. Após a Revolução de 1930 e dez anos depois da criação da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, o movimento sufragista conseguiu a grande vitória no dia 24/02/1932.

A primeira mulher eleita deputada federal foi Carlota Pereira de Queirós (1892-1982), que tomou posse em 1934 e participou dos trabalhos da Assembleia Nacional Constituinte. Com a implantação do Estado Novo, em novembro de 1937, houve o fechamento do Legislativo brasileiro e grande recuo das liberdades democráticas. Na retomada do processo de democratização, em 1946, nenhuma mulher foi eleita para a Câmara. Até 1982, o número de mulheres eleitas para o Legislativo brasileiro poderia ser contado nos dedos da mão.

Somente com o processo de redemocratização, da Nova República, o número de mulheres começou a aumentar. Foram eleitas 26 deputadas federais em 1986, 32 em 1994, 42 em 2002 e 45 deputadas em 2006 e 2010. Mas este número representa apenas 9% dos 513 deputados da Câmara Federal. No ranking internacional da Inter-Parliamentary Union (IPU), o Brasil se encontra atualmente no 142º lugar. Em todo o continente americano, o Brasil perde na participação feminina no Parlamento para quase todos os países, empata com o Panamá e está à frente apenas do Haiti e Belize. No mundo, o Brasil perde até para países como Iraque e Afeganistão, além de estar a uma grande distância de outros países de lingua portuguesa como Angola, Moçambique e Timor Leste.

Portanto, as mulheres brasileiras conquistaram o direito de voto em 1932, mas ainda não conseguiram ser representadas adequadamente no Poder Legislativo. Até 1998 as mulheres eram minoria do eleitorado. A partir do ano 2000, passaram a ser maioria e, nas últimas eleições, em 2010, já superavam os homens em 5 milhões de pessoas aptas a votar. Este superávit feminino tende a crescer nas próximas eleições. Contudo existem dúvidas sobre a possibilidade de as mulheres conseguirem apoio dos partidos para disputar as eleições em igualdade de condições.

Nas eleições de 2010, a grande novidade foi a eleição da primeira mulher para a chefia da República. Neste aspecto, o Brasil deu um grande salto na equidade de gênero, sendo uns dos 20 países do mundo que possui mulher na chefia do Poder Executivo. Com a alternância de gênero no Palácio do Planalto, o número de ministras cresceu e aumentou a presença de mulheres na presidência de empresas e órgãos públicos, como no IBGE e na Petrobrás.

Nos municípios, as mulheres são, atualmente, menos de 10% das chefias das prefeituras. Nas Câmaras Municipais as mulheres são cerca de 12% dos vereadores. Mas, em 2012, quando se comemoram os 80 anos do direito de voto feminino, haverá eleicões municipais. A Lei de Cotas determina que os partidos inscrevam pelo menos 30% de candidatos de cada sexo e dê apoio financeiro e espaço no programa eleitoral gratuito para o sexo minoritário na disputa. Os estudos acadêmicos mostram que, se houver igualdade de condições na concorrência eleitoral, a desigualdade de gênero nas eleições municipais poderá ser reduzida.

As mulheres brasileiras já possuem nível de escolaridade maior do que o dos homens, possuem maior esperança de vida e são maioria da População Economicamente Ativa (PEA) com mais de 11 anos de estudo. Elas já avançaram muito em termos sociais e não merecem esperar mais 80 anos para conseguir igualdade na participação política.


Texto de José Eustáquio Diniz Alves, doutor em Demografia e professor titular do mestrado em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais da Escola Nacional de Ciências Estatísticas (ENCE/IBGE); apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal.
Contato com o autor: (21) 2142.4689 / 2142.4696 / 9966.6432 -jed_alves@yahoo.com.br

http://banhodeassento.wordpress.com/2012/02/23/80-anos-do-direito-de-vot...

Outras fontes:

Clara Araújo – socióloga e pesquisadoraDepartamento de Ciências Sociais da UERJ e Coordenadora do núcleo de estudos sobre desigualdade e relações (Nuderg) de UERJ(21) 2334-0933 / 8441-2719claramaria.araujo@gmail.com

Guacira de Oliveira – sociólogaCfemea (Centro Feminista de Estudos e Assessoria)(61) 3224-1791 / 9984-5616

guacira@cfemea.org.br

Maria Hermínia Tavares de Almeida – cientista política
Professora da USP(11) 3091-6029

mhbtdalm@usp.br

Silvia Camurça

SOS Corpo – Instituto Feminista para a Democracia(81) 3087-2086 / 9937-8635silvia@soscorpo.org.br

Fonte:Por Nilva de Souza Da Agência Patricia Galvão - blog do Nassif

A queda acelerada da taxa de fecundidade no Brasil

Brasil em transição demográfica - Segundo pesquisa, fecundidade nacional cai cada vez mais e se concentra entre os adolescentes

Em 2050, segundo projeções demográficas divulgadas no ano passado pela ONU, os torcedores brasileiros terão de se contentar em cantar “222 milhões em ação, salve a seleção” em vez dos esperados “300 milhões em ação”.

Isso pode soar como uma boa notícia para os que profetizam os perigos de uma “explosão demográfica” no país, mas a realidade é outra, e igualmente preocupante há várias décadas. A fecundidade feminina vem caindo rapidamente e se, em 1960, a taxa era de 6,3 filhos por mulher, esses números caíram para 5,6 (1970), 2,9 (1991), 2,4 (2000) e 1,9 em 2010.

“A população brasileira já atingiu uma fecundidade abaixo do nível de reposição. Este declínio deu-se em todas as faixas etárias, estratos socioeconômicos e regiões do país. Outro aspecto a destacar é que a transição da fecundidade obedece a um padrão de rejuvenescimento, ou seja, a partir de 1991 são as mulheres de 20 a 24 anos que apresentam a maior taxa específica de fecundidade, o que correspondia em anos anteriores à faixa dos 25 a 29 anos. Também a participação relativa da fecundidade das jovens de 15 a 19 anos, na fecundidade total correspondente a todo período reprodutivo, passou de 9% em 1980 para 23% em 2006”, explica a demógrafa Elza Berquó, do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), onde coordena a pesquisa Reprodução na Juventude e após os Trinta Anos.

Segundo as pesquisadoras Elza Berquó e Sandra Garcia, também pesquisadora do Cebrap, o principal objetivo desse trabalho é mostrar que no Brasil a transição demográfica tem características próprias. Por um lado, o rejuvenescimento da fecundidade já apontado e de outro, um adiamento da reprodução para após os 30 anos. A convivência desses dois regimes de fecundidade moldará o futuro próximo do país.

"Essa transição pode ser positiva ou não, dependendo de como a sociedade lidará com essas mudanças. Como a fecundidade caiu muito e a população está envelhecendo, além de a expectativa de vida ter se elevado, no futuro, entre 2030 e 2035, teremos uma carência séria de mão de obra jovem, como acontece nos países mais desenvolvidos, onde há décadas há mais idosos do que jovens, o que coloca cada vez mais um peso sobre a população economicamente ativa", analisam as pesquisadoras.

"Mas, no Brasil, há esse elemento novo, o rejuvenescimento da fecundidade, não verificado nos países desenvolvidos. Em 1980, o pico da fecundidade estava entre os 25 e 29 anos. Hoje, está na faixa das jovens de 20 a 24 anos. Isso mostra que há um fôlego, ainda que, logo, os jovens vão pesar cada vez menos e os idosos, mais.”

Analisando os diversos fatores que vieram influenciando a redução do tamanho da família no país, Elza cita que, antigamente, as famílias tinham muitos filhos, porque sentiam o efeito das altas taxas de mortalidade infantil e era preciso essa compensação para que houvesse sobreviventes que cuidassem dos pais na velhice. Com a Previdência Social, o Estado assumiu, em princípio, esse papel. Ao mesmo tempo, a política de crédito ao consumidor dos anos 1970 levou as pessoas a ter maiores aspirações de consumo e a pensar em como ajustar desejos de consumo e número de filhos.

A grande mudança ocorrida na área das comunicações, em especial com a televisão, que chegou a um grande número de lares e lugares, acabou por influenciar, principalmente através das telenovelas, valores e estilos de vida, via famílias pequenas. Surgia também na época a pílula anticoncepcional, que certamente deu às mulheres oportunidade de regulação da fecundidade.

Bônus
“Até meados do século XXI teremos uma população envelhecida. Mas, no caso brasileiro, ainda há tempo de se aproveitar isso como um ‘bônus demográfico’, não mais viável no caso europeu. Na educação, por exemplo, a redução do ritmo de crescimento da população ao lado do envelhecimento podem ser um bônus, já que há chances de melhorar a cobertura e a qualidade do ensino.

Diminui-se a pressão também sobre os recursos naturais e o meio ambiente”, observa a demógrafa. “Mas é uma janela que se fechará rapidamente, por volta de 2030, permitindo uma arrancada no desenvolvimento e um aumento na qualidade de vida, desde que esse bônus seja inteligentemente aproveitado”, avisa o demógrafo José Eustáquio Diniz, coordenador da pós-graduação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “Se perdermos essa chance ficaremos apenas com as desvantagens de uma população envelhecida, que pode significar a queda no crescimento econômico face à crise no mercado de trabalho e o peso dos velhos sobre os mais jovens”.

Mas não há apenas a velhice a moldar a transição demográfica. “A pesquisa confirmou o início cada vez mais precoce da vida sexual, fruto de um mundo mais liberal em que a virgindade não é mais um valor. Mas isso não foi acompanhado por um maior conhecimento e utilização dos métodos contraceptivos”, fala Elza.

Ainda que o conhecimento desses métodos seja universal entre as jovens menores de 20 anos, apenas 60% das sexualmente ativas usavam algum método para prevenir gravidez. Das não usuárias, 40% não sabiam onde obtê-los e uma em cada cinco engravidaram na primeira relação sexual, situação que chega a 68% para as jovens das classes D e E e 70% para as menos escolarizadas.

Das jovens que engravidaram antes dos 20 anos, 78% dentre elas desconheciam noções básicas sobre fisiologia da reprodução e do período fértil no ciclo ovulatório”, conta a pesquisadora. O estudo sugere que os comportamentos sexual e reprodutivo são moldados pelas possibilidades estruturais e pelas normas culturais. Assim, as mais pobres e menos escolarizadas apresentaram menor percentual do uso de contraceptivos, o que realiza uma ponte direta entre gravidez antes dos 20 anos e pobreza com pouca escolaridade.

“Há também uma percepção altamente positiva das jovens sobre as implicações da gravidez em sua vida amorosa e em sua autoestima, espantosos 96,2%. Isso está na contramão de quem vê na gravidez adolescente uma falta de projeto de vida. Os dados parecem indicar que, na ausência de uma melhor educação, de melhores condições de vida e de oportunidades, essa gravidez, embora não prevista, se configura como projeto de vida e não a ausência dele”, diz Sandra.

“Para boa parte da sociedade, a gravidez na adolescência é um mal de grandes proporções, uma irresponsabilidade, quase uma tragédia nacional, já que o que se espera dos jovens é que estudem e se preparem para o mercado. Essa visão ideal não leva em conta que as oportunidades não são oferecidas de maneira igual para todos na sociedade brasileira”, observa Maria Luiza Heilborn, professora do Instituto de Medicina Social da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (IMS/UERJ).

“É o mesmo equívoco de achar que as populações pobres estão prestes a criar uma explosão demográfica. Em geral, nos segmentos mais pobres, a maternidade é vista como um status social face à falta de perspectivas profissionais, uma forma de entrar no mundo adulto. Nas classes médias, a maternidade só é bem aceita mais tarde, quando as questões profissionais e financeiras estão resolvidas. Daí, a recorrência ao aborto nesses estratos”, analisa.

Para a pesquisadora, ao mesmo tempo em que a gravidez jovem é indesejada, um indicador de “subdesenvolvimento”, a sociedade fechas as portas de acesso a métodos contraceptivos e criminaliza o aborto e a pílula do dia seguinte. “Há uma censura contra a gravidez na adolescência, mas não há o mesmo consenso em permitir o uso de certos métodos de interromper a gravidez”, avalia Maria Luiza.

“As escolhas contraceptivas e reprodutivas estão sendo feitas em um contexto de ilegalidade do aborto e de pouca informação e provisão inadequada da contracepção de emergência no Brasil. Vale lembrar ainda o reduzido nível de implementação dos programas de educação em sexualidade nas escolas públicas. Qual seria a trajetória dessas jovens se as instituições melhorassem sua ação e o país tivesse oportunidade mais igualitárias?”, pergunta-se Sandra.

Afinal, estar informado sobre métodos contraceptivos durante a relação sexual não garante seu uso adequado. “Nessa idade, há uma grande imprevisibilidade dos encontros sexuais e, logo, não há incorporação da contracepção ao cotidiano juvenil. Existe vergonha em falar com a família ou ir a uma farmácia para comprar preservativos. Já a pílula, com seus efeitos colaterais sobre o corpo das jovens que vivem numa sociedade que cobra formas perfeitas, a tendência ecológica dos jovens de não ingerir produtos químicos, e o esquecimento de tomar a pílula, determinam a gravidez indesejada”, avalia Eliane Brandão, do IMS/Universidade Federal do Rio de Janeiro.

A tudo isso se reúnem as falhas no uso dos contraceptivos e o despreparo dos profissionais de saúde em atender jovens e explicar os métodos.

“No fundo, o sexo entre adolescentes é um tabu, algo não assumido e que não é contemplado com a atenção necessária pelas autoridades, pela escola e pela família. Por que as campanhas do uso da camisinha contra o HIV, que tiveram grande repercussão, não atrelaram ao problema das doenças sexualmente transmissíveis a questão da gravidez? Foi uma falta terrível de visão”, nota Elza.

A pesquisadora não é tão otimista sobre o entusiasmo das jovens que engravidam na adolescência. “Em geral, essa visão positiva é post facto, ou seja, uma forma de aceitar algo já posto”, diz.

A demógrafa também não concorda totalmente com a tese de que boa parte das jovens que deixou a escola ao se verem grávidas teria saído de qualquer forma ou já estavam fora dela antes da gravidez. “É pertinente perguntar por que isso ainda acontece numa sociedade em que as melhores oportunidades de emprego estão associadas a maiores níveis educacionais.

Não há programas especiais para mães jovens nas nossas escolas e, ainda que não tenhamos dados concretos, temos que considerar que ser mãe quando já há tão poucas chances para pessoas com baixa educação terá consequências sérias nas vidas dessas adolescentes”, acredita a demógrafa. Uma jovem sem filhos tem 60 vezes mais chances de continuar na escola do que uma mãe da mesma idade e estrato social e econômico.

“No Brasil, a falta de educação e oportunidades está induzindo muitas adolescentes a começar uma família como projeto de vida. Num sistema educacional e econômico melhor, isso, com certeza não ocorreria, como se vê nos países avançados em que também há queda na fecundidade geral, mas sem concentração em faixas etárias baixas”, pondera Elza.

Quem efetivamente planejaria ser mãe tão jovem num país sem creches ou apoio à maternidade adolescente, obrigando-as a contar com a solidariedade familiar e de vizinhos para sobreviver e entrar no mercado. “Isso explica as grandes filas para esterilização, que expõem as mulheres a DSTs. Exercer a sexualidade não é fácil. É um direito natural, mas há riscos.”

Ao mesmo tempo, nas classes mais abastadas, a pesquisa revelou um fenômeno curioso: 44% das jovens entre 15 e 20 nunca tiveram relações sexuais. “Esse número nos impressionou. Elas afirmam ter outras coisas para fazer e ocupar o tempo e querem casar virgens: não se trata apenas de não engravidar ou não iniciar a vida sexual. É um conservadorismo crescente que pode estar associado ao aumento dos evangélicos”, observa Elza.

Mais recentemente, a Medida Provisória 577 do governo federal que instituiu um cadastro nacional de gestantes e puérperas, cuja intenção seria a de diminuir a mortalidade materna, pode ter como consequência a identificação de ocorrência de abortos, “o que seria uma invasão direta da intimidade das mulheres e a possibilidade de pressão de grupos conservadores para propostas e medidas que viessem a retroceder os avanços já obtidos nesse campo, como congelamento de embriões e experimentos com célula-tronco”, fala Elza.

Para complementar o novo quadro demográfico que se desenha, há o fenômeno da gravidez após os 30 anos. A pesquisa mostra que “são as mulheres de estratos sociais e educacionais privilegiados que optam por não ter filhos e se concentrar na realização pessoal e profissional. Mas chama a atenção que, dentre elas, 45% nunca se casaram ou se uniram. Entre 1996 e 2006, a proporção de mulheres que não tiveram filhos antes dos 30 anos cresceu de 5,3% para 9,2% e a daquelas que os tiveram com 30 anos ou mais cresceu de 4,8% para 6,7%”, fala Elza.

A percepção que essas mulheres têm de sua vida é que fizeram a escolha certa e que serão melhores mães com mais de 30 anos. Quando, porém, o adiamento da maternidade passa limites biológicos, acarretando problemas de fertilidade, entra em cena o mais novo componente da transição demográfica em curso: a reprodução assistida. “Trinta e sete por cento das mulheres em idade fértil declaram não poder ter filhos, por serem estéreis ou terem sido esterilizadas.

O número cresce para 57% na faixa dos 35 aos 49 anos. Já das férteis dessa idade 7% afirmaram que querem ter filhos. Se levarmos em conta ainda o arrependimento das esterilizações, a reprodução após os 30 anos, teremos um porcentual grande de mulheres que querem usar os serviços de reprodução assistida”, explica Sandra Garcia, do Cebrap, e autora da pesquisa Reprodução assistida no Brasil, que tem apoio da FAPESP na categoria Jovens Pesquisadores.

Um fenômeno presente em vários países europeus e nos EUA, a reprodução assistida tem uma crescente demanda no Brasil, mas, na grande maioria, os tratamentos são feitos em clínicas privadas com um alto custo. “Hoje não são apenas os casais mais abastados, mas a população mais pobre que quer ter o direito ao processo, que está garantido pela Constituição na questão do direito à reprodução.

É do Estado a responsabilidade de disponibilizar os tratamentos para a população em geral”, conta Sandra. Lésbicas e homossexuais masculinos, ao lado de pessoas solteiras, também reivindicam esse direito. Em 2005 foi instituída a Política Nacional de Atenção Integral em Reprodução Humana Assistida, ligada ao SUS, mas logo em seguida foi suspensa.

“É um desrespeito ao direito de cidadania, bem como deixa a prática sem qualquer regulação, vulnerabilizando as mulheres. Não é incomum, quando uma nova tecnologia em reprodução assistida é divulgada na midia, haver uma corrida às clínicas que a realizam, na busca de soluções tecnológicas que ainda estão sendo apropriadas pelo mercado e necessitando de maior tempo para sua validação.” conta a pesquisadora.

Para Sandra, a reprodução assistida não vai impedir a queda da fecundidade, mas pode trazer realização a muitas pessoas. “Falta, porém, uma movimentação maior das mulheres por esse direito. Isso pode ser devido ao fato de que os movimentos de mulheres lutam há muito tempo pelo direito de acesso ao aborto e aos métodos contraceptivos, demandas prioritárias ainda não plenamente atendidas”, diz Sandra. “Por outro lado, o trabalho de desconstrução da maternidade como destino feminino, pelos movimentos feministas, levou a que parte desse movimento exercesse fortes críticas e resistência às tecnologias reprodutivas”, acrescenta.

A pesquisadora Elza Berquó afirma que “homens e mulheres devem ter o direito de decidir tanto sobre sexualidade quanto orientação sexual e reprodução, cabendo ao Estado informar e dar condições para que o sexo seja seguro e, portanto, prazeroso”. É na intimidade que se desenha o novo mapa demográfico do país. Conhecê-lo e compreendê-lo pode vir a contribuir para a garantia e a ampliação dos direitos sexuais e reprodutivos.

Fonte: Carlos Haag - Veridiana Scarpelli blog do Nassif - Da pesquisa da Fapesp

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A Geopolítica Russa: De Pedro “O Grande” a Putin, “Guerra‑Fria”, o Eurasianismo e os Recursos

A Rússia é um exemplo de uma aproximação geopolítica profunda e tipicamente continental.

No séc. XIII, os russos sofreram o domínio do Império Mongol de Genghis Khan, que durou cerca de 250 anos e deixou marcas profundas na sua psicologia como nação, explicando em grande parte a sua xenofobia, a sua política externa agressiva, e a histórica aceitação da tirania interna.

No séc. XVII, a Rússia iniciou a sua expansão para Leste e para Sul, iniciando uma longa contenda com os Impérios Britânico e Otomano.

A Rússia sonhava abrir para si todo o Extremo Oriente, com os seus recursos e mercados, antes das outras potências o conseguirem. Esse objectivo estratégico englobava a construção do maior caminho‑de‑ferro jamais visto, o Trans‑Siberiano, de Moscovo a Vladivostok, capaz de competir em tempo com a hegemonia da Grã‑Bretanha no tráfego marítimo de mercadorias e matérias ‑primas.

A derrota russa na guerra russo‑japonesa (1904‑1905), quando o Trans‑Siberiano não estava ainda concluído, foi um contributo marcante para o declínio da dinastia Romanov e para a Revolução bolchevique de 1917, em plena 1.ª Guerra Mundial.

No início do séc. XX, criou raízes o Eurasianismo, uma visão geopolítica que defendia que a vasta região que a Rússia ocupava, apesar de situada entre dois continentes – Europa e Ásia – era um continente em si mesmo, denominado Eurásia. A “guerra‑fria” trouxe consigo a paralisia da reflexão estratégica e a “geopolítica ideológica”, em que toda a ciência se tornou marxista‑leninista, nela se inserindo o pensamento de Estalin, a “doutrina Brezhnev” e o Gulag.

Uma das poucas excepções a esta situação foram os Generais Shtemenko e Ogarkov, que tentaram alertar para os perigos geoestratégicos deste vazio. Porém, a indústria e a gestão soviéticas não pareciam estar à altura de fazer face ao rápido desenvolvimento da tecnologia ocidental de armamentos de nova geração.

A ideologia do Eurasianismo foi retomada após o colapso da URSS por Alexander Dugin, como contraponto ao “Atlantismo” ocidental e ao “wahabismo” islâmico, e está patente em muitas posições assumidas por Putin.

As grandes “linhas de força” da actual geopolítica russa relacionam‑se com a gestão dos recursos energéticos fósseis existentes no seu território e na “vizinhança próxima” do Cáucaso, Mar Negro e Ásia Central, fundamentais para recuperar a economia russa e repôr a Rússia como grande potência na cena internacional – jogando com eles como “armas estratégicas” – conter o avanço da influência dos EUA e da OTAN na Europa Oriental, apesar de apoiar o Ocidente no combate ao terrorismo internacional e ao extremismo islâmico.

Fonte:Tenente‑General PilAv Eduardo Eugénio Silvestre dos Santos - http://www.revistamilitar.pt

Os três brasileiros que refutaram as bases do neoliberalismo

O livro “O Universo NeoLiberal do Desencanto”, do economista José Carlos de Assis e do matemático Francisco Antonio Doria, traz uma história extraordinária, de como três brasileiros – no campo da lógica – ajudaram a desmontar o principal princípio do neoliberalismo: aquele que dizia que em um mercado com livre competição os preços tendem ao equilíbrio.

É mais uma das descobertas do incansável lutador José Carlos de Assis.

As teses do trio – lógico Newton da Costa, matemático Antonio Doria e economista Marcelo Tsuji são um clássico da ciência brasileira que começa a ganhar reconhecimento mundial, uma história complexa, porém fascinante, que merece ser detalhada.

O primeiro passo é – a partir do livro – reconstituir as etapas da matemática no século 20, sua luta para se tornar uma ciência formal, isto é, com princípios de aplicação geral. E os diversos obstáculos nesse caminho.

O método axiomático na matemática
A matemática sempre se baseou no método axiomático de Euclides.

1- Escolhem-se noções e conceitos primitivos.

2- Utiliza-se uma argumentação lógica.

3- Manipulando os conceitos com a lógica, chega-se aos resultados derivados, os teoremas da geometria.

Foi só a partir do final do século 19 que Giuseppe Peano incorporou definitivamente o método axiomático à matemática tornando-se, desde então, a técnica mais segura para a geração de conhecimento matemático.

Em 1908 Ernest Zermelo axiomatizou a teoria dos conjuntos e, a partir daí, todos os resultados conhecidos da matemática. Formou-se a chamada matemática “feijão-com-arroz” usada por engenheiros, economistas, ecólogos e biólogos matemáticos.

Desde então, no âmbito da alta matemática instaurou-se uma discussão secular: tudo o que enxergamos como verdade matemática pode ser demonstrado?

A formalização da matemática
Com esses avanços do método axiomático, pensava-se que tinha se alcançado na formalização da matemática, tratada como ciência exata capaz de calcular e demonstrar todos os pontos de uma realidade.

Mas aí começaram a surgir os paradoxos, dos quais o mais famoso foi o de Russel:

Em uma cidade, existem dois grupos de homens: os que se barbeiam a si mesmos e os que se barbeiam com o barbeiro. A que grupo pertencem os barbeiros?
Ora, um axioma não pode comportar uma afirmação contraditória em si. De acordo com as deduções da lógica clássica, de uma contradição pode-se deduzir qualquer coisa, acaba o sonho do rigor matemático e o sistema colapsa.

Houve uma penosa luta dos matemáticos para recuperar a matemática da trombada dos paradoxos até definir o que são as verdades matemáticas, o que coube ao matemático David Hilbert (1862-1943).

Nos anos 20, Hilbert formulou um programa de investigação dos fundamentos da matemática, definindo o que deveriam ser os valores centrais:

Consistência: a matemática não poderia conter contradições.

Completude: a matemática deve provar todas suas verdades.

Procedimento de decisão: a matemática precisa ter um procedimento, digamos, mecânico permitindo distinguir sentenças matemáticas verdadeiras das falsas.

A partir desses princípios, a ideia era transformar a matemática em uma ciência absoluta com regras definitivas. No Segundo Congresso de Matemática, em Paris, Hilbert propôs os famosos 23 problemas cuja solução desafiaria as gerações seguintes de matemáticos. Veja (http:// www.rude2d.kit.net/hilbert.html ).

Seus estudos foram fundamentais para o desenvolvimento da ciência da computação.

A pedra no sapato de Hilbert
Mas havia uma pedra em seu caminho quando 1931, o matemático alemão Kurt Gödel (1906-1978), radicado nos Estados Unidos, formula seu teorema da incompletude para a aritmética, inaugurando a era moderna na matemática.

Muitos estudiosos sustentam que seu “teorema da incompletude” é a maior realização do gênio humano na lógica, desde Aristóteles.

No começo, os achados de Gödel se tornaram secundários no desenvolvimento da matemática do século. A partir dos estudos de dois dos nossos heróis – Doria e Da Costa – os matemáticos descobriram porque a matemática não conseguia explicar uma série enorme de problemas matemáticos.

E aí se entra em uma selva de conceitos de difícil compreensão.

Mas, em síntese, é assim:

Suponha um sistema de axiomas, com vários axiomas. Por definição, esse axioma não demonstra fatos falsos, só verdadeiros.
Dentre os axiomas, no entanto, há uma sentença formal que, por definição, não pode ser demonstrada.

Se não pode ser demonstrada que é verdadeira, também não pode ser demonstrada que é falsa (acho que o matemático se baseou no axioma da Folha com a ficha falsa da Dilma). Logo é uma sentença “indecidível” – isto é, não pode nem ser provada nem reprovada.

Se o sistema é consistente – isto é, se consegue provar o que é provável e não consegue o que não é – então, para ser consistente, ele será incompleto.
Pronto, bagunçou totalmente a lógica dos que supunham a matemática uma ciência exata.

Anos depois, o lógico norte-americano Alonzo Church (1903-1995) e o matemático inglês Alan Turing (1912-1954) desenvolveram outro conceito, a indecibilidade.

Ambos demonstraram que há programas de computador insolúveis.

Turing, aliás, tem uma biografia extraordinária http://www.turing.org.uk/turing/. Durante a Segunda Guerra foi criptógrafo do Exército inglês. Conseguiu quebrar a criptografia da máquina alemã Enigma, até então considerada impossível de ser desvendada. Tornou-se herói de guerra. E lançou as bases para a teoria da programação em computador, quando conseguiu reduzir todas as informações a uma sucessão de 0000 e 1111.

Em 1952 confessou-se homossexual a um policial que havia batido na porta de sua casa. Preso, com base em uma lei antissodomia (revogada apenas em 1975), foi condenado a ingerir hormônios femininos para inibir o libido. Os hormônios deformaram seu corpo. Acabou se matando com uma maçã envenenada em 1954.

A teoria da programação nasce em 1936 em um artigo onde Turing analisa em detalhes os procedimentos de cálculos matemáticos e lança o esboço da “máquina de Tuning”, base da computação moderna.

Nesse modelo o procedimento é determinístico – isto é, nos cálculos não há lugar para o acaso.

Muitas vezes ocorrem os “loops infinitos”, situações em que o computador não consegue encontrar a solução e fica calculando sem parar. Turing já havia provado ser impossível um programa que prevenisse os “crashes” de computador. Explicar a “parada” no programa de computador se tornou um dos bons enigmas para os matemáticos.

Durante bom tempo, até início dos anos 50, os matemáticos procuravam a chave da felicidade: o programa que permitisse antecipar os crashes dos demais programas. Mas em 1936 Turing já havia provado ser impossível.

Mais um revés para os que imaginavam a matemática capaz de explicar (ou computar) todos os fenômenos matemáticos.

O teorema de Rice
Em 1951, outro matemático, Henry Gordon Rice avançou em um teorema considerado “arrasa quarteirão”.

enominou-se de funções parciais àquelas em que não existe um método geral e eficaz de decisão. Se uma propriedade se aplica a todas as funções parciais, ela é chamada de propriedade trivial. E se a propriedade traz a solução correta para cada algoritmo, ela é chamada de método de decisão eficaz.

Uma propriedade só é eficaz se for aplicada a todas as funções. E essa função não existe.

Para desespero dos que acreditavam que a matemática poderia explicar tudo, o teorema de Rice começou a se estender para a maior parte das áreas da matemática.

O equilíbrio de Nash
O inventor oficial da computação, Von Neuman, não conseguia resolver um caso geral em que se analisava uma solução para a soma de um conjunto de decisões.

Quem resolveu foi um dos gênios matemáticos do século, John Nash, personagem principal do filme “Uma mente brilhante”, nascido em 1928 e vivo ainda.

Em uma tese de apenas 29 páginas – que lhe rendeu o PhD e o Nobel – ele mostrou que casos de jogos não-colaborativos (como em um mercado) a solução aceitável de cada jogador correspondia ao equilíbrio dos mercados competitivos.

O “equilíbrio de Nash” mostra uma situação em que há diversos jogadores, cada qual definindo a sua estratégia ótima. Chega-se a uma situação em que cada jogador não tem como melhorar sua estratégia, em função das estratégias adotadas pelos demais jogadores. Cria-se, então, essa situação do “equilíbrio de Nash”.

Como explica Dória, em linguagem popular: a situação de equilíbrio é aquela que se melhorar piora.

O princípio de Nash é: todo jogo não-cooperativo possui um equilíbrio de Nash.

O “equilíbrio de Nash” tornou-se um dos pilares da matemática moderna.

A matemática na economia
O primeiro economista a tentar encontrar o preço de equilíbrio na economia foi Léon Walras (1834-1910). Montou equações que identificam as intersecções da curva da oferta e da demanda, para chegar ao preço ótimo. Depois, montou equações para diversos mercados, concluindo que, dadas as condições ideais para a oferta e para a procura, sempre seria possível encontrar soluções matemáticas.

Mas não apresentou uma solução para o conjunto de operações da economia.

O que abriu espaço para o “equilíbrio dos mercados” foram dois matemáticos – Kenneth Arrow (1921) e Gérard Debreu (1921-2004).

Walras tivera o pioneirismo de formular o estado de um sistema econômico como a solução de um sistema de equações simultâneas, que representavam a demanda de bens pelos consumidores, a oferta pelos produtores e a condição de equilíbrio tal que a oferta igualasse a demanda em cada mercado. Mas, argumentavam eles, Walras não dera nenhuma prova de que a equação proposta (o somatório de todas as equações da economia) tivesse solução.

Só décadas depois, esse dilema – de como juntar em uma mesma solução todas as equações de um universo econômico – passou a ser tratado, com o desenvolvimento da teoria dos jogos, graças à aplicação do “equilíbrio de Nash” à economia. Mostraram que a solução de Nash para o jogo corresponde aos preços de equilíbrio.

Essa acabou sendo a base teórica que legitimou praticamente três décadas de liberalismo exacerbado.

Entra em cena o “outro Nash”
Aí surge em cena o “outro Nash”, Alain Lewis, um gênio matemático, negro, mistura de Harry Belafonte e Denzel Washington, criado nos guetos de Washington, depois estudante em Princenton, onde conquistou o respeito até de referências como Paul Samuelson.

Partiu dele o primeiro grande questionamento à econometria como "teoria eficaz" (isto é, capaz de matematizar todos os fenômenos econômicos).

Em um conjunto de obras, a partir de 1985, Lewis tentou demonstrar que as noções fundamentais da teoria econômica não são "eficazes" - isto é, não explicam todos os fenômenos econômicos - e, portanto, devem ser descartadas. Comprovou sua tese para um número específico de casos.

Em 1991, em Princenton, Lewis ligava de madrugada para trocar ideias com um colega brasileiro, justamente Francisco Antônio Doria. Excepcionalmente brilhante, trato difícil, o primeiro surto de Lewis foi em 1994. Há dez anos nenhum amigo sabe mais dele. Provavelmente internado em alguma clínica.

Sua principal contribuição foi comprovar que em jogos não associativos (aqueles em que há disputas entre os participantes) embora exista o "equilíbrio de Nash" descrevendo cada ação, ganhos e perdas dos competidores, o resultado geral é "não computável" . Ou seja, podem existir soluções particulares mas sem que possam ser reunidas num algoritmo geral.

Aparecem os brasileiros
O objetivo da teoria econômica é identificar as decisões individuais que valem para o coletivo. De nada vale matematizar o resultado de dois agentes individuais se a solução não se aplicar ao conjunto de agentes econômicos.

Havia razões de sobra para Lewis ligar toda noite, impreterivelmente às duas da manhã, para Dória.

Desde os anos 80, Doria e Newton da Costa estudavam soluções para o problema da teoria do caos. Queriam identificar, através de fórmulas, quando um sistema vai desenvolver ou não um comportamento caótico. Esse desafio havia sido proposto em 1983 por Maurice Hirsch, professor de Harvard.

Eram estudos relevantes, especialmente para a área de engenharia. Como saber se a vibração na asa de um avião em voo poderá ficar incontrolável ou não?

Depois, provaram uma versão do teorema de Rice para matemática usual: que usa em economia.

Depois de muitos estudos, ambos elaboraram uma resposta brilhante sobre a teoria do caos demonstrando que não existe um critério geral para prever o caos, qualquer que seja a definição que se encontre para caos.

Esse conceito transbordou para outros campos computacionáveis. A partir dele foi possível inferir a impossibilidade de se ter um antivírus universal para computador, ou uma vacina universal para doenças.

Num certo dia, no segundo andar do Departamento de Filosofia da USP, Doria foi abordado por um jovem economista, Marcelo Tsuji, que já trabalhava na consultoria de Delfim Neto. Aliás, anos atrás Paulo Yokota já havia me alertado de que o rapaz era gênio. Na época, Delfim encaminhou-o para se doutorar com Doria e da Costa.

Marcelo disse a Doria ter coisas interessantes para lhe relatar. Disse que tinha encontrado uma prova mais geral para o teorema de Lewis utilizando as técnicas desenvolvidas por Doria e Da Costa.

Doria pediu para Marcelo escrever. Depois, Doria e Nilton revisaram o trabalho, todo baseado nas técnicas de lógica de ambos.

Chegou-se ao resultado em 1994. Mas o trabalho com Tsudi só foi publicado em 1998. Revistas de economia matemática recusaram publicar. Conseguiram espaço em revistas de lógica.

O grande desafio do chamado neoliberalismo seria responder às duas questões:

1. Como os agentes fazem escolhas.

2. Como a ordem geral surge a partir das escolhas individuais.

A conclusão final matava definitivamente a ideia de que em mercados competitivos se chegaria naturalmente ao preço de equilíbrio. O trabalho comprovava que o “equilíbrio de Nash” ocorria, com os mercados chegando aos preços de equilíbrio. Mas que era impossível calcular o momento. Logo, toda a teoria não tinha como ser aplicada.

O reconhecimento mundial
O Brasil não tem tradição científica para reconhecer trabalhos na fronteira do conhecimento. Assim, o reconhecimento do trabalho do trio está se dando a partir do exterior.

O livro “Gödel’s Way”, de Doria, Newton e Gregory Chaitin tornou-se um best-seller no campo da matemática, ajudando a conferir a Gödel o reconhecimento histórico que lhe faltou em vida.

Recentemente, o artigo de ambos com Marcelo Tsudi integrou um handbook inglês de trabalhos clássicos nas áreas de economia e computação.

No próximo mês, Doria – ele próprio um admirador da economia neoclássica – estará ministrando um curso na Áustria, para uma academia defensora da economia ortodoxa, mas que não tem o viés primário dos nossos cabeças de planilha.

Fonte:Luis Nassif blog do Nassif

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Crise da Grécia - Ditadura dos mercados! mesmo!



A crise dos países europeus atingiu um nível tal de profundidade e irracionalismo que os governantes da União Européia parecem dispostos a confirmar uma acusação de seus inimigos — a de que pretendem submeter o Velho Continente à ”ditadura dos mercados”.

Em julho do ano passado, escrevi aqui uma nota sobre a Grécia com o seguinte titulo: “Governo alemão quer colonias?”
(http://colunas.revistaepoca.globo.com/paulomoreiraleite/2011/07/27/governo-alemao-quer-colonias/)

Sete meses se passaram. O primeiro ministro grego que pensou em fazer um referendo sobre a austeridade foi expulso do cargo e substituído por um tecnocrata de confiança dos mercados.

A União Européia aprovou um programa de austeridade pesadíssimo para um país que já se encontra há três anos em recessão. O salário mínimo será cortado em 20%. Quinze mil empregos públicos serão suprimidos. As aposentadorias vão ser reduzidas. Todos esses sacrifícios serão realizados para que a Grécia receba um emprestimo no valor de 130 bilhões de euros — que será usado para pagar suas dívidas com os credores europeus.

Claro que você já leu por aí aqueles artigos de sempre para dizer que não há jeito mesmo e que o melhor para os gregos é conformar-se com o pacote e ir em frente. O pequeno detalhe é que o calendário eleitoral marca eleições para breve e os governos europeus querem afastar qualquer risco do eleitorado votar contra o pacote de sacrifícios.

Já começou a circular uma sugestão que equivale a uma pequeno golpe de Estado. Adiar as eleições.

É um gesto tão descarado que Wolfgang Münchau escreve no Financial Times que se chegou a um ponto em que o exito do progama de austeridade deixou de ser “compatível com a democracia.”
Münchau explica: “O ministro Wolfgang Shäuble quer prevenir uma escolha democrática “errada”. Similar é a sugestão de que as eleições aconteçam, mas uma grande coalizão permaneça no poder, independentemente do resultado.”

Sua conclusão:”A zona do euro quer impor sua escolha de governo à Grécia, no que a
transformaria em sua primeira colônia.”

“Uma coisa é os credores interferirem no gerenciamento de políticas de um país
beneficiário. Outra é dizer a ele para suspender eleições. Na própria Alemanha,
isso seria inconstitucional.”

“A chanceler alemã, Angela Merkel, certamente não quer ser vista com uma arma
na mão.”

“É uma estratégia de suicídio assistido, uma tática extremamente perigosa.”

Concordo com Münchau mas cabe registrar que a ideia do governo alemão é coerente com a política que a União Européia tem realizado até aqui. No fim do ano passado a sugestão de referendo foi combatida com um ambiente de terrorismo financeiro, até que o primeiro-ministro George Papandreou não só desistiu da ideia mas renunciou ao posto.

A sugestão colonial do ministro das Finanças não é de hoje. Ela é reveladora das prioridades reais que governam a Europa. É um insulto à Constituição e aos direitos de qualquer população.

Não deixa de ser sintomático, porém, que se tenha anunciado uma escolha: entre a democracia e os mercados, os governantes preferem os mercados.

Fonte: Por Paulo Moreira Leite http://colunas.revistaepoca.globo.com

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Afeganistão: Ecos do Vietnã

No começo da semana, Scott Shane, do New York Times, publicou uma matéria bombástica sobre o coronel Daniel Davis, um veterano do exército com 17 anos de experiência que voltou há pouco de uma segunda missão no Afeganistão.

De acordo com o Times, Davis, de 48 anos, escreveu um relatório de 84 páginas, que não é secreto, e também um segundo relatório, secreto, onde apresenta sua avaliação a respeito da guerra que já leva uma longa década. A avaliação, essencialmente, é de que a guerra é um desastre e que o alto comando militar não disse ao público norte-americano quão ruim ela tem sido.


“Quantos mais precisarão morrer dando apoio a uma missão que não está tendo sucesso?” Davis pergunta abertamente no artigo em que resumiu suas ideias, publicado no jornal das Forças Armadas.

No mês passado Davis submeteu o relatório – intitulado “Dereliction of Duty II: Senior Military Leader’s Loss of Integrity Wounds Afghan War Effort” – para revisão interna no Exército. Assim, o relatório poderia ser divulgado para o público. Porém, de acordo com oficiais militares que acompanharam de perto a história, o Pentágono se recusa a divulgar o documento.

A Rolling Stone conseguiu uma cópia da versão de 84 páginas, não secreta, que está circulando dentro do governo norte-americano, inclusive na Casa Branca. Decidimos publicar na íntegra; vale a pena ler por conta própria.

Na minha avaliação, é um dos documentos mais significativos já publicados por um oficial da ativa nos últimos dez anos.

Aqui estão as primeiras linhas do relatório: “Os oficiais militares mais graduados dos Estados Unidos, quando se comunicaram com o Congresso ou com o povo norte-americano, distorceram a verdade a respeito das condições no Afeganistão de uma maneira que a verdade se tornou irreconhecível. Essa enganação prejudicou a credibilidade dos Estados Unidos entre nossos aliados e nossos inimigos, limitou severamente nossa habilidade de alcançar uma solução política para a guerra do Afeganistão”.

Davis segue em frente para explicar que tudo no relatório vem de “fontes abertas”, ou seja, informação não secreta. De acordo com Davis, o relatório secreto, que ele submeteu legalmente ao Congresso, é ainda mais devastador.

“Se o público tivesse acesso a esses relatórios secretos ele veria o abismo dramático que existe entre o que os nossos principais líderes dizem em público e o que é realmente verdadeiro por trás dos panos”, escreve Davis.

“Seria ilegal, da minha parte, discutir ou citar material secreto em um meio aberto, por isso não vou adiante; não sou o cara do WikiLeaks Part II.”

De acordo com a reportagem do Times, Davis deu um briefing a quatro congressistas e dezenas de funcionários do Congresso e mandou o relatório secreto para o inspetor geral do Departamento de Defesa e, claro, falou com o repórter do jornal; somente depois de tudo isso ele informou ao comando o que estava fazendo.

Evidentemente, a campanha de Davis pela verdade chacoalhou o Pentágono, levando oficiais anônimos a ameaçarem com a possibilidade de instaurar investigações por “possíveis violações de segurança”, de acordo com a [rede de televisão] NBC.

Apesar dos críticos tentarem desmerecer as afirmações de Davis como apenas opiniões de um “reservista” – como disse Max Boot – o relatório dele tem várias revelações, análises e dados que comprovam cada uma de suas afirmações.

Ele detalha o grande desastre do programa de treinamento do exército afegão, como o exército cruza a fronteira entre relações públicas e “operações de informações” (significa, essencialmente, propaganda), e a manipulação da mídia norte-americana por parte do Pentágono. (Ele contrasta, com conhecimento, as declarações públicas de altos oficiais militares com a realidade aguda no Afeganistão).

Davis conclui: “Minha recomendação é de que o Congresso dos Estados Unidos – as comissões das Forças Armadas da Câmara e do Senado, em particular – deve conduzir uma investigação bipartidária sobre as várias acusações de desonestidade e fraude contidas nesse relatório e audiências públicas também”, ele escreve.

“Essas audiências devem incluir os generais mais graduados e generais reformados aos quais me refiro neste relatório, para que possam ter todas as chances de dar ao público a versão deles.” Em outras palavras, colocar os generais sob juramento e, aí sim, ver que história eles contam.



Fonte : Por *Michael Hastings é editor contribuinte da Rolling Stone e autor de “The operators: The Wild and Terrifying Inside Story of America’s War in Afghanistan”. tradução de Heloisa Villela - Via mundo

Aqui, para quem quiser baixar, o relatório completo em inglês:

http://www1.rollingstone.com/extras/RS_REPORT.pdf

http://www.viomundo.com.br/politica/afeganistao-ecos-do-vietna.html

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Oriente Médio - Diante de uma nova guerra

Adoro os desfiles de carnaval mas o assunto real do momento é muito sério e grave para ficar na folia. Estou falando da nova ameaça de guerra no Oriente Médio. Com argumento de que o Irã não pode construir uma usina nuclear subterrânea, que tornaria seu arsenal atômico imune aos ataques de Israel, o governo de Tel Aviv Voz pressiona os Estados Unidos para realizar um ataque nos próximos meses.

O prazo seria o verão do hemisfério Norte, que começa em julho e termina em setembro. Politicamente, seria uma forma de chantagear Barack Obama, em plena campanha eleitoral, onde é acusado pelos republicanos de ser um presidente fraco.

A maioria dos analistas acredita que, se Israel tomar uma iniciativa neste momento, Obama terá dificuldades de recusar apoio a Tel Aviv.

A razão não é humanitária mas eleitoral. Num país onde as contribuições privadas de campanha são as mais liberais do planeta, os lobistas pró-Israel possuem uma organização eficaz e poderosa, com um poder de influencia superior aos sindicatos de trabalhadores e só superado pelos fabricantes de armas. Há décadas não se registra uma única votação, no Congresso americano, contrária aos interesses de Israel.

Uma década depois da desastrosa guerra do Iraque de George W. Bush, o plano é uma guerra contra o regime dos aiatolás. Faz sentido? Eu não acho.

A experiencia humana ensina que todos os povos tem direito à existência e a soberania. Quando estes direitos não são respeitados, temos a guerra e a barbárie.

Embora a situação seja grave, a reação pela paz é frágil, como se a maioria dos observadores já estivesse convencida de que uma guerra será inevitável. De vez em quando, aqui e ali, surgem apelos a favor de uma negociação em torno da paz.

Há dois anos, quando o governo do Brasil e da Turquia tentaram fazer um acordo com Teerã, estimulados, inicialmente, pela Casa Branca, a iniciativa foi tratada de modo folclorico por observadores alinhados com a política externa de Israel. Os críticos estavam errados, dizem alguns estudiosos.

Voz influente em circulos progressistas de Washington, o economista Mark Weisbrot lembrou em artigo publicado no início de janeiro que “em maio de 2010, quando o Brasil e a Turquia propuseram um acordo de troca de combustível nuclear do Irã, isso funcionou como um freio temporário da máquina de guerra. Precisamos de mais ajuda diplomática desse tipo.”

Em entrevista a Roberto Simon, publicada no Estadão de hoje, Anne-Marie Slaughter, que foi conselheira de Barack Obama, defende que Brasil e Turquia retomem as conversas com Teerã. Ela considera que o Brasil, que possui um programa nuclear com fins pacíficos, pode oferecer uma saída honrosa ao Irã.

A negociação pela paz tem um aspecto difícil. Implica em convencer o governo do Irã a abrir mão de armas nucleares — mas não exige o mesmo de Israel. É um complicador, pois equivale a pedir ao governo dos ayatolás que concorde em assumir uma posição subalterna frente a outro país.

Anne-Marie Slaughter tem razão ao lembrar o caráter pacífico do programa nuclear brasileiro. Mas é preciso entender a lição inteira.

Durante anos, o Brasil alimentou pesquisas nucleares que poderiam levar a construção de uma bomba. Do outro lado da fronteira, os argentinos faziam a mesma coisa. Hoje, não é mais assim.
Mas isso só foi possível porque brasileiros e argentinos fizeram um tratado comum, pelo qual Brasília e Buenos Aires se comprometiam a desmontar os respectivos arsenais, autorizavam inspeções mútuas e ofereciam todo tipo de garantia ao país vizinho. Não por acaso, esse acordo de paz fez parte das negociações que alimentaram o Mercosul, que reforçou a integração econômica e a cooperação entre os dois países.

Israel rejeita toda cláusula de reciprocidade, com o argumento de que não pode abrir mão do direito de se defender por todos os meios. É curioso, porque o governo do Irã pode, neste caso, falar a mesma coisa, concorda?

E aí, como fica a paz? Fica difícil. Seu preço consiste em obrigar o Irã a assumir uma posição humilhante, coisa que nenhum governante gosta de fazer — muito menos um regime que foi construído, há três décadas, como uma promessa de restaurar o orgulho nacional, corroído pela monarquia pró-ocidental do Xá Reza Pahlevi.

Essa situação ajuda a entender porque o programa nuclear é, talvez, a única causa que une situação e oposição entre os iranianos. Isso quer dizer que mesmo que seja possível derrubar o governo de Mahmoud Ahmadinejad pela força das armas, seus sucessores dificilmente terão disposição para realizar a política que israelenses e americanos desejam.

Outro aspecto diz respeito às concessões que poderiam ser feitas ao Irã para convencê-lo a mudar de rumo, mesmo numa situação desfavorável. O recurso clássico seria negociar benefícios e concessões capazes de ajudar no desenvolvimento do país.

Mas não. Até agora, a única arma tem sido a aplicação de sanções, destinadas a sufocar a economia e a vida cotidiana dos cidadãos. Alguém acha que essa é uma boa forma de convencer o Irã à sentar-se à mesa e negociar?

Fonte: Paulo Moreira Leite http://colunas.revistaepoca.globo.com/

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Como diferenciar seu produto e garantir espaço no mercado?

Em todos os setores há empresas que lutam para diferenciar seus produtos de tudo que está no mercado. Sendo assim, é muito comum ouvir de altos executivos: "Meu produto está se tornando uma commodity. Tem saída?"

Primeiro, uma boa notícia: executivos preparados para repensar sua abordagem podem encontrar uma saída para a armadilha da comoditização. Mas, claro, não significa que será fácil. Primeiro vamos analisar duas das reações mais comuns - e ineficazes - à comoditização.

A primeira se refere a novos recursos, que podem agradar clientes, mas não garante que irão querer pagar mais por eles. De qualquer forma, é uma questão de tempo até que seus concorrentes copiem a ideia enquanto versões a baixo custo da Ásia surgirão de repente no mercado, prejudicando todo o setor.

Outra reação comum é deixar de vender somente produtos e passar a vendê-los junto a serviços - o que geralmente significa empurrar (prática de upselling) consultoria - e denominá-la de 'solução'. Infelizmente, esta abordagem desgastada raramente ajuda as empresas a 'escapar'. Então, o que podem fazer?

Entenda como a modularidade impulsiona a comoditização
A única forma de sair da armadilha é reformular a situação de modo que possa mudar fundamentalmente a estratégia; e o melhor ponto de partida é compreender o que impulsiona a comoditização: a modularidade do produto.

Produtos modulares são formados por inúmeros componentes que compartilham interfaces padrão. Um computador pessoal é um bom exemplo: ele é composto por um disco rígido, placa-mãe, memória, microprocessador e várias outras peças que compartilham interfaces padronizadas. Essa padronização permite que as empresas se especializem em componentes individuais - contanto que cada empresa seja adepta ao padrão quando cria ou fabrica sua parte, o produto final irá funcionar perfeitamente.

Hoje, produtos modulares estão em todo lugar, desde tocadores de música e automóveis a aeronaves comerciais. No entanto, este é um fenômeno relativamente novo. Até o final dos anos 1950, computadores mainframe eram totalmente integrados - máquinas complexas projetadas e fabricadas para uma finalidade específica. Mudanças em qualquer parte da máquina exigiam uma revisão completa de todo o projeto - levando a uma proliferação de linhas de produtos: um lento progresso de inovação e confusão entre os clientes.

No início dos anos 1960, a IBM lançou um mainframe modularizado chamado IBM 360. Seus engenheiros determinaram um padrão comum para controlar o modo como os componentes conectavam-se uns aos outros. Assim, os engenheiros trabalhavam paralelamente em cada parte - aumentando muito a velocidade de inovação e melhoria do produto. Clientes podiam então misturar e combinar as especificações do produto de acordo com suas necessidades. A modularidade, em outras palavras, é uma abordagem de engenharia que facilita bastante a inovação contínua.

Mas a modularidade vem com duas consequências inesperadas. Primeira: outras empresas podem entrar no setor ao cumprir com as normas pré-definidas. E, segunda: a globalização da produção.

Ao reduzir a barreira de entrada, a modularidade permite que fabricantes de economias emergentes participem mais, muitas vezes aproveitando mão-de-obra (salário) barata. Porém, ao longo do tempo, esses novatos assumem responsabilidades adicionais quanto ao design do produto e à compra de componentes. Hoje, fabricantes contratados em Taiwan acabam projetando e fabricando a maioria dos laptops no mundo. Algumas dessas empresas também acabaram adquirindo capacidades suficientes para promover suas próprias marcas. Não é de se estranhar que muitas empresas de computadores pessoais ocidentais encontram-se cercadas de novas concorrências. Produtos estão se tornando uma commodity porque todo mundo é capaz de fazê-los; e muitas vezes a um custo menor.

Como as empresas podem se livrar da armadilha da commodity
Talvez os gestores possam apreender com o Mickey Mouse! Quando a Disney entrou na China, enfrentou um inferno de commodities, um mercado onde os concorrentes evitam todos os custos de desenvolvimento de produto e ainda têm maior velocidade para chegar ao mercado! A pirataria endêmica do DVD na China significou que concorrentes locais produziam produtos exatamente iguais aos da Disney, mas sem incorrer qualquer custo de desenvolvimento. DVDs pirateados às vezes surgem antes mesmo do lançamento da versão oficial, significando que a concorrência era também mais rápida.

A resposta da Disney foi de repensar os problemas que seus clientes queriam resolvidos e reformular seus próprios produtos de acordo. Assim, em 2008, ela lançou o primeiro centro de aprendizagem de inglês em um ambiente de parque temático em Xangai. O método, focado em crianças com idades entre dois e dez anos, foi desenvolvido nos EUA e é ensinado por nativos do idioma inglês. Fez tanto sucesso que, em três anos, havia se expandido para mais de 30 centros em todo o país.

A Disney descobriu que pais não dispostos a gastar mais de um Yuan para comprar um filme se contentavam em investir sua poupança pessoal para garantir um melhor ensino aos seus filhos. Ou seja, a Disney reformulou sua proposta de produto e reintegrou as atividades da empresa para resolver um problema imediato: no mundo globalizado, como posso preparar melhor meus filhos quando ainda estão jovens?

É importante notar que a Disney não se limitou a criar o produto certo - ela adentrou uma nova categoria. Uma abordagem tradicional de marketing - como focar um grupo de cliente, discutir com distribuidores ou realizar pesquisas em grande escala - teria rendido pouquíssimo insight neste caso.

Executivos que querem combater a comoditização de produto devem repensar os problemas que suas organizações poderiam resolver, e em seguida reintegrar as atividades de maneira radicalmente nova. Eles devem se preparar para tomar um caminho nunca antes imaginado pela empresa.

Fonte:Por Howard Yu *, IMD, especial para o Administradores.com

*Howard Yu - é professor de Strategic Management and Innovation no IMD, onde leciona no programa Orchestrating Winning Performance. Suas atividades de ensino e pesquisa focam no porquê e como certas empresas conseguem sustentar crescimento e outras não.

Como diferenciar seu produto e garantir espaço no mercado?

Em todos os setores há empresas que lutam para diferenciar seus produtos de tudo que está no mercado. Sendo assim, é muito comum ouvir de altos executivos: "Meu produto está se tornando uma commodity. Tem saída?"

Primeiro, uma boa notícia: executivos preparados para repensar sua abordagem podem encontrar uma saída para a armadilha da comoditização. Mas, claro, não significa que será fácil. Primeiro vamos analisar duas das reações mais comuns - e ineficazes - à comoditização.

A primeira se refere a novos recursos, que podem agradar clientes, mas não garante que irão querer pagar mais por eles. De qualquer forma, é uma questão de tempo até que seus concorrentes copiem a ideia enquanto versões a baixo custo da Ásia surgirão de repente no mercado, prejudicando todo o setor.

Outra reação comum é deixar de vender somente produtos e passar a vendê-los junto a serviços - o que geralmente significa empurrar (prática de upselling) consultoria - e denominá-la de 'solução'. Infelizmente, esta abordagem desgastada raramente ajuda as empresas a 'escapar'. Então, o que podem fazer?



(imagem: divulgação)


Entenda como a modularidade impulsiona a comoditização

A única forma de sair da armadilha é reformular a situação de modo que possa mudar fundamentalmente a estratégia; e o melhor ponto de partida é compreender o que impulsiona a comoditização: a modularidade do produto.

Produtos modulares são formados por inúmeros componentes que compartilham interfaces padrão. Um computador pessoal é um bom exemplo: ele é composto por um disco rígido, placa-mãe, memória, microprocessador e várias outras peças que compartilham interfaces padronizadas. Essa padronização permite que as empresas se especializem em componentes individuais - contanto que cada empresa seja adepta ao padrão quando cria ou fabrica sua parte, o produto final irá funcionar perfeitamente.

Hoje, produtos modulares estão em todo lugar, desde tocadores de música e automóveis a aeronaves comerciais. No entanto, este é um fenômeno relativamente novo. Até o final dos anos 1950, computadores mainframe eram totalmente integrados - máquinas complexas projetadas e fabricadas para uma finalidade específica. Mudanças em qualquer parte da máquina exigiam uma revisão completa de todo o projeto - levando a uma proliferação de linhas de produtos: um lento progresso de inovação e confusão entre os clientes.

No início dos anos 1960, a IBM lançou um mainframe modularizado chamado IBM 360. Seus engenheiros determinaram um padrão comum para controlar o modo como os componentes conectavam-se uns aos outros. Assim, os engenheiros trabalhavam paralelamente em cada parte - aumentando muito a velocidade de inovação e melhoria do produto. Clientes podiam então misturar e combinar as especificações do produto de acordo com suas necessidades. A modularidade, em outras palavras, é uma abordagem de engenharia que facilita bastante a inovação contínua.

Mas a modularidade vem com duas consequências inesperadas. Primeira: outras empresas podem entrar no setor ao cumprir com as normas pré-definidas. E, segunda: a globalização da produção.

Ao reduzir a barreira de entrada, a modularidade permite que fabricantes de economias emergentes participem mais, muitas vezes aproveitando mão-de-obra (salário) barata. Porém, ao longo do tempo, esses novatos assumem responsabilidades adicionais quanto ao design do produto e à compra de componentes. Hoje, fabricantes contratados em Taiwan acabam projetando e fabricando a maioria dos laptops no mundo. Algumas dessas empresas também acabaram adquirindo capacidades suficientes para promover suas próprias marcas. Não é de se estranhar que muitas empresas de computadores pessoais ocidentais encontram-se cercadas de novas concorrências. Produtos estão se tornando uma commodity porque todo mundo é capaz de fazê-los; e muitas vezes a um custo menor.

Como as empresas podem se livrar da armadilha da commodity

Talvez os gestores possam apreender com o Mickey Mouse! Quando a Disney entrou na China, enfrentou um inferno de commodities, um mercado onde os concorrentes evitam todos os custos de desenvolvimento de produto e ainda têm maior velocidade para chegar ao mercado! A pirataria endêmica do DVD na China significou que concorrentes locais produziam produtos exatamente iguais aos da Disney, mas sem incorrer qualquer custo de desenvolvimento. DVDs pirateados às vezes surgem antes mesmo do lançamento da versão oficial, significando que a concorrência era também mais rápida.

A resposta da Disney foi de repensar os problemas que seus clientes queriam resolvidos e reformular seus próprios produtos de acordo. Assim, em 2008, ela lançou o primeiro centro de aprendizagem de inglês em um ambiente de parque temático em Xangai. O método, focado em crianças com idades entre dois e dez anos, foi desenvolvido nos EUA e é ensinado por nativos do idioma inglês. Fez tanto sucesso que, em três anos, havia se expandido para mais de 30 centros em todo o país.

A Disney descobriu que pais não dispostos a gastar mais de um Yuan para comprar um filme se contentavam em investir sua poupança pessoal para garantir um melhor ensino aos seus filhos. Ou seja, a Disney reformulou sua proposta de produto e reintegrou as atividades da empresa para resolver um problema imediato: no mundo globalizado, como posso preparar melhor meus filhos quando ainda estão jovens?1

É importante notar que a Disney não se limitou a criar o produto certo - ela adentrou uma nova categoria. Uma abordagem tradicional de marketing - como focar um grupo de cliente, discutir com distribuidores ou realizar pesquisas em grande escala - teria rendido pouquíssimo insight neste caso.

Executivos que querem combater a comoditização de produto devem repensar os problemas que suas organizações poderiam resolver, e em seguida reintegrar as atividades de maneira radicalmente nova. Eles devem se preparar para tomar um caminho nunca antes imaginado pela empresa.

Fonte;
Howard Yu - é professor de Strategic Management and Innovation no IMD, onde leciona no programa Orchestrating Winning Performance. Suas atividades de ensino e pesquisa focam no porquê e como certas empresas conseguem sustentar crescimento e outras não.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

As encruzilhadas do PT

Há dez anos no poder, o PT enfrenta grandes transformações, algumas que chegaram a arranhar sua essência, mas, mal ou bem, se mantém como o único partido efetivamente orgânico do Brasil e que se mostra capaz de levar adiante um projeto comprometido com a distribuição de renda e a redução das desigualdades. Neste percurso, o partido perdeu a virgindade, impossível de ser mantida na idade adulta, e encarou a realpolitik na busca, conquista e manutenção do poder.

Agora mesmo, o PT se depara com duas questões polêmicas, que causam desilusões, mas que precisam ser examinadas à luz da realidade, com todas as nuances que as envolvem. A primeira é a privatização dos aeroportos, já em curso com a concessão de três terminais à iniciativa privada, e a outra é uma possível aliança com o PSD de Gilberto Kassab nas eleições do fim do ano para a prefeitura de São Paulo.

Sem querer invocar questões semânticas, existe uma diferença substancial entre vender um bem ou empresa pública, como foi feito com a Vale do Rio Doce e a CSN, por exemplo, e conceder serviços à administração e exploração privada. Isso, aliás, já ocorre com as rodovias, exploradas há anos por concessionárias, em diferentes governos.

Mesmo quando se trata de concessões, há diferenças de princípios entre visões políticas. Umas simplesmente outorgam a concessão e sobre ela não exercem praticamente nenhum poder, permitindo excesso de pedágios a preços aviltantes. Outras escolhem o concessionário pela melhor relação serviço/custo do pedágio, buscando beneficiar os usuários do serviço concedido.

Na concessão dos terminais aeroportuários, a Infraero manteve participação de 49% e poder de veto sobre decisões. Os concessionários não podem fazer reengenharia com o pessoal da Infraero e nem revender os aeroportos, que não lhe pertencem. Os grupos privados que assumem os terminais não podem fechar os olhos à a realidade brasileira, e fazer como Roger Agnelli, quando estava à frente da Vale, que encomendou meganavios fora do país, desprezando a indústria naval que ressurgia e aqui gerava empregos.

Concessão de serviços públicos sempre existiu e continuará existindo independente do viés do governo. Se o Estado está sem condições de fazer os investimentos necessários para o seu bom funcionamento, que o conceda dentro de regras claras e benéficas para a sociedade, e se concentre nos investimentos sociais, estes sim essenciais para a transformação que o país vem experimentando nos últimos anos.

Já a aliança com Kassab deve doer mais nos corações petistas, mas ela não parece pior do que as feitas nos dois governos de Lula e no atual governo Dilma. O PT sempre priorizou as alianças com partidos do centro à esquerda, como PDT, PSB e PCdoB, mas apenas com eles não conseguiria chegar ao poder, e, sobretudo, governar, dentro das regras (ruins) do jogo da política brasileira.

Logo na primeira vitória de Lula, o arco estendido a uma série de legendas médias e pequenas, e sem nenhuma ideologia, a não ser desfrutar do poder, causou sérios prejuízos, manchando o partido e o governo. Na reeleição, Lula já aliou-se ao PMDB - idéia defendida por José Dirceu desde 2002 - estabilizando mais o governo, mas nem por isso, vendo-se livre de maus ministros e pequenos golpes.

Mesmo com esses problemas, Lula desenvolveu um projeto de governo inclusivo, aliando crescimento à distribuição de renda, e agindo de acordo com princípios defendidos pelo PT em situações decisivas, como a política adotada na crise econômica mundial, a partir de 2008. Isso só é possível quando existe um grupo hegemônico nas alianças. O PT teve que ceder muitas coisas aos partidos que formam a base de apoio a seus governos, mas é ele que comanda o processo e dá as diretrizes do governo.

No caso de uma possível aliança com Gilberto Kassab, talvez seja ela o caminho para a conquista do governo de São Paulo e para encerrar um ciclo que distancia a capital paulista do resto do país. Mais do que isso, poderia significar o tiro de misericórdia no setor mais conservador do país, entrincheirado lá, como em 1932, atrapalhando o salto definitivo para um país mais justo e mais humano.

Por Mair Pena Neto

Fonte: Na Rede Castro Photo e blog do Nassif

Fronteira, Amazônia e costa: prioridades das Forças Armadas

O chefe do Estado Maior Conjunto das Forças Armadas, general José Carlos de Nardi, afirmou na última quarta-feira, 15 de fevereiro, que o Exército, a Marinha e a Aeronáutica terão como prioridade, nos próximos 20 anos, a defesa da Amazônia, das fronteiras brasileiras e da chamada Amazônia Azul (águas jurisdicionais brasileiras). O general participa do 2º Seminário Estratégia Nacional de Defesa, promovido na Câmara pela Frente Parlamentar de Defesa Nacional.
Na Marinha, segundo ele, as previsões de tarefas para a Estratégia Nacional de Defesa incluem a construção de submarinos, a modernização do poder naval, o monitoramento e o controle das águas de interesse do Brasil e a implantação da 2ª Esquadra no Norte e no Nordeste.

amada Amazônia Azul abriga recursos de pesca e petrolíferos pertencentes ao Brasil. O que define o limite dessas águas é a existência de navios de patrulha na região.
Deslocamento do Exército
O general afirmou que, no caso do Exército, haverá menor concentração de brigadas no Sudeste e no Sul. A ideia, segundo ele, é colocar mais tropas no centro do poder político e criar novas brigadas para monitoramento das fronteiras.

Os programas prioritários incluem ainda a recuperação da capacidade operacional, a defesa cibernética e a modernização da artilharia antiaérea, a partir de uma coordenação entre as três Forças.

Em relação à Aeronáutica, o general anunciou a previsão de deslocamento de caças para a região amazônica e de produção de aviões KC 390, da Embraer, para garantir a independência de mobilidade. O KC 390 poderá substituir o C 130 Hércules, utilizado no transporte de tropas e cargas.

O seminário ocorre no auditório Nereu Ramos.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Proatividade para quê?

Poucas palavras são tão comuns no vocabulário empresarial quanto "proatividade". Mas, de tanto ser repetido, o termo acabou se consolidado mais enquanto um chavão de entrevistas de emprego do que como algo realmente compreendido por quem costuma citá-lo.

Para dois pesquisadores brasileiros, entretanto, o assunto tem sido alvo de incansáveis estudos que, depois de cinco anos do início das pesquisas, renderam seu principal fruto: o livro "Empresas proativas – como antecipar mudanças no mercado", que reúne dados sobre 257 organizações e para o qual foram ouvidos mais de 100 líderes, entre executivos e CEOs de grandes companhias nacionais e multinacionais atuantes no Brasil.

Como explica o professor Leonardo Araújo, um dos autores do livro, a partir da pesquisa, foi desenhado "um modelo que explica os antecedentes da ação proativa, ou seja, as capacidades que uma empresa precisa desenvolver para construir estratégias proativas de mercado". Para ele, é possível, sim, "desenvolver a proatividade através de um modelo".

Mas que modelo é esse? "Nós identificamos algumas capacidades essenciais para as empresas serem proativas. Por exemplo: elas lidam melhor com o erro estratégico, não o tratam como algo vexatório. Elas lidam melhor com o risco, porque sabem olhar para o futuro. E uma coisa que os executivos com quem conversamos fizeram sempre questão de destacar é que não se faz uma empresa proativa sem pessoas proativas", explica Rogério Gava, o outro autor da obra.

Aqui, chegamos a uma das partes mais delicadas da questão, que é quando a proatividade passa a ser enxergada na perspectiva individual, não mais apenas na da empresa enquanto um todo. "Fala-se muito em proatividade nas empresas. Mas pouco se sabe, pouco se faz nesse sentido. Por exemplo: como se identifica um profissional proativo numa entrevista? Como eu desenvolvo a proatividade? E aí o papel dos líderes nesse sentido é fundamental", afirma Rogério Gava.

"Não adianta as empresas quererem que as pessoas sejam proativas se elas não recompensam essa proatividade ou se elas só empurram as pessoas para os resultados de curto prazo. Como uma pessoa vai buscar a proatividade – que muitas vezes é algo que não se dá no curto prazo – se, no primeiro erro, ela vai ser punida com a perda de um bônus, por exemplo? Se ela não vê a empresa premiar as iniciativas proativas de longo prazo?", questiona o professor.

Ação x reação
Uma das conclusões da pesquisa foi de que 95% das empresas brasileiras costumam apenas reagir às situações. "E isso não foi uma surpresa para nós, porque o comportamento reativo é o mais padrão dentro das organizações. Preferimos esperar as mudanças acontecerem, porque é mais confortável, é menos arriscado, é uma área de mais segurança", afirma Leonardo Araújo.

Para os autores, entretanto, o preço a se pagar pela postura meramente reativa é a perda de espaço para os concorrentes que se colocam no mercado de forma proativa. Segundo eles, as empresas que se antecipam – modificando a realidade posta de forma a gerar um novo cenário que lhes seja positivo – conseguem melhores resultados.

"Na pesquisa para o livro, pudemos constatar que, quando a empresa identificou a mudança de mercado, ela conseguiu uma melhor inserção competitiva, que, nos casos que estudamos, se deu de duas formas: market share, conseguindo uma maior fatia do mercado, e rentabilidade, conseguindo maiores ganhos naqueles serviços ou produtos específicos com os quais trabalha", explica Leonardo Araújo.

Fonte: Por Simão Mairins, www.administradores.com.br