Não deixa de ser irônico que o analista econômico mais à esquerda — se é que cabe o termo — da grande imprensa brasileira seja um americano. Paul Krugman é publicado no Brasil porque ganhou um Nobel e escreve bem, mas está na contramão do pensamento econômico dominante do seu país, que é a opinião dominante por aqui também.
Critica o monetarismo clássico, os preceitos da escola de Chicago e os mitos do mercado autorregulador e ultimamente tem batido muito na opção da União Europeia de vencer sua crise atual com medidas de austeridade e cortes em gastos públicos — segundo ele um exemplo da velha prática perversa de fazer os pobres pagarem pelas lambanças dos ricos.
Krugman defende a ação dos governos para estimular economias e desobediência a todas as receitas de autoflagelação vendidas aos pobres como "responsabilidade fiscal" e sacrifício depurador. Quer dizer, é um estranho em dois mundos, o dos economistas ortodoxos americanos que ainda ditam a política do país, mesmo no governo do Baraca, e o dos economistas locais que seguem a linha americana.
Sem falar na estranheza de vê-lo publicado nos nossos principais jornais conservadores, no que também pode ser visto como uma admirável demonstração de pluralismo de enfoques.
observação: verificamos aqui com esse magnífico texto do Verissímo a contradição do PIG ( partido da imprensa golpista)
trechos do texto de Luís Fernando Veríssimo extraído do Portal Luís Nassif a partir do Blog de ContiBosso