Não se iluda! Não é tão simples assim. O plano de negócio envolve
variáveis que vão além do conhecimento tradicional, tais como: contabilidade,
marketing, plano operacional, finanças, cálculos e mais cálculos. Além do mais,
é necessário gostar de escrever, pesquisar e ordenar as ideias. Em suma, é
preciso pensar.
Por essas e outras razões, a maioria dos empreendedores desiste e
parte para o ataque mesmo sem ter desenvolvido um, porém, o resultado é
incerto. De acordo com as cruéis estatísticas do GEM (Global Entrepreneurship)
e do Sebrae, poucos são os negócios que sobrevivem ao primeiro ano de
funcionamento.
Assim sendo, aqui vão as primeiras dicas para quem deseja realmente
desenvolver um bom plano de negócio. Na prática, não existe muito segredo. Em
geral, você vai precisar de:
- Muita disciplina: para
começar, desenvolver e terminar o plano de negócio; isso leva mais ou menos
seis meses, se você trabalhar em torno de meia hora a uma hora por dia, a menos
que disponha de grana suficiente para contratar uma bom consultor para ajudá-lo.
- Um modelo a ser seguido: existem vários modelos disponíveis na web,
mas, como eu disse antes, pegar um plano de negócio pronto não vai facilitar o
seu trabalho, ao contrário, pode até desanimá-lo; contudo, vai ajudá-lo a
entender a estrutura do documento.
- Um amigo contador, economista
ou financeiro: a menos que você seja um profissional com o conhecimento
necessário, vai precisar de alguém para ajudá-lo a calcular as projeções
financeiras que demonstram a viabilidade do negócio, tais como: payback (tempo
de retorno do investimento), TIR (taxa interna de retorno) e VPL (valor
presente líquido), entre outros.
Até aqui, muitos ficam com preguiça só de ler a primeira parte. Talvez
seja melhor continuar empregado, dá menos trabalho. Pode ser, mas, não dá o
mesmo prazer de quando você pensando no próprio negócio. É uma questão de
escolha.
Muito bem! Se você deseja seguir em frente, imagino que sim, deixe-me
simplificar um pouco a sua vida e desmistificar a ideia de que o plano de
negócio é difícil. Não é fácil nem difícil, entretanto, é trabalhoso.
Digo isso por experiência própria, pois, já fiz algumas dezenas de
planos de negócio e cada um é diferente de outro. Todo plano é um desafio à
minha disciplina, ao meu senso de organização e à minha criatividade.
Aqui está um processo simplificado em sete passos que vai ajuda-lo a
desenvolver o seu próprio plano de negócio. Avalie com carinho, procure
adaptá-lo à realidade do seu negócio e seja disciplinado. São eles:
1. Sumário Executivo: trata-se de uma síntese do
plano de negócio completo contendo os principais pontos abordados em cada
capítulo para despertar o interesse inicial do potencial investidor ou de quem
lê; é o último item a ser elaborado.
2. Defina as diretrizes estratégicas do negócio:
qual é sua a visão? Qual é a sua missão? Quais são os valores principais para o
seu negócio?
3. Defina o modelo de negócio: qual é o seu
plano? Em que negócio você está? O que você realmente vende? Qual é o seu
público-alvo? Quais são as suas vantagens competitivas?
4. Defina os objetivos estratégicos: volume de
vendas para os próximos três a cinco anos, lucratividade esperada, taxa anual
de crescimento, expansão do negócio, etc.
5. Defina os objetivos táticos: em que
atividades você precisa se empenhar para atingir seus objetivos estratégicos?
Produtos e serviços, plano de marketing e vendas, fontes de financiamento,
equipes de trabalho, etc.
6. Defina as principais políticas: de produtos,
de clientes, de promoção, de distribuição, de preços, de financiamentos, de
investimentos, de produção.
7. Indicadores financeiros: qualquer agente
financeiro, quando se consegue um, quer saber se vale a pena colocar dinheiro
no seu empreendimento; portanto, quanto mais consistentes forem os dados, maior
a chance de conseguir uma boa alma para financiar o seu negócio.
Fácil? Claro que não. O que foi escrito aqui não representa um
milésimo do esforço necessário para desenvolvê-lo e coloca-lo em prática. Em
startups, é fundamental ter em mente o seguinte: ruim com o plano de negócio,
pior sem ele.
Infelizmente, não tenho as estatísticas do Brasil, mas, nos Estados
Unidos, segundo a SBA (Small Business Administration), uma espécie de Sebrae
norte-americano, menos de 3% dos empreendedores obtém financiamento para
impulsionar o empreendimento. Sem o plano de negócio fica ainda mais difícil.
Espero que isso o ajude a despertar o empreendedor que existe dentro
de cada um de nós. Nascemos todos empreendedores, mas, são poucos os que
acreditam nessa possibilidade. Se for esse o seu caso, o plano de negócio será
o grande aliado para o seu sucesso.
Pense nisso, empreenda e seja feliz!
No meu livro Manual do Empreendedor você encontra um roteiro completo
com todos os passos necessários para executar um bom plano de negócio. Se
necessário, envie um e-mail para mim e disponibilizo o roteiro, além de alguns
modelos de planos de negócio.
Fontes de referência
-Mendes, Jerônimo. Empreendedorismo para Jovens. São
Paulo: Atlas, 2012.
-Mendes, Jerônimo. Manual do empreendedor. São Paulo:
Atlas, 2012.
-Dornelas, José Carlos Assis. Empreendedorismo. Rio
de Janeiro: Elsevier, 2011.
-Kawasaki, Guy. A arte do começo. Rio de Janeiro:
Best Seller, 2004.
-Thompsom, Mark; Tracy, Brian. Construa um grande
negócio. São Paulo: Hunter Books, 2012.
Por Jerônimo Mendes –
Fonte www.administradores.com.br