A manifestação, em tom muito
festivo e sem nenhuma ocorrência de confronto, foi convocada por cerca de vinte
coletivos, que clamavam os espanhóis a saírem às ruas para reivindicar o fim da
monarquia e a instauração da III República. Muitos também pedem um referendo
para que a população possa decidir entre a República e a Monarquia, além da
nacionalização dos bancos, uma reforma fiscal progressiva, proteção aos
desempregados, reforma política, punição contra os crimes do franquismo e o não
pagamento da dívida.
Os manifestantes entoavam
cânticos como "Abaixo um Alteza com tantas baixezas!", "Amanhã,
a Espanha será republicana", "Essa bandeira é a verdadeira” e "O
próximo desempregado será o chefe de Estado (o rei Juan Carlos II)".
Também alguns lembravam o caso de
corrupção conhecido como "Operação Babel", que envolveu o ex-jogador
de handebol Iñaki Urdangarin, esposo da princesa infanta Cristina (oficialmente
a Duquesa de Palma de Mallorca). Ele está sendo investigado pela polícia por
uma suspeita de desvio de fundos públicos, fraude e lavagem de dinheiro através
do Instituto Nóos, uma ONG de incentivo ao esporte. Para ele, os manifestantes
gritavam: "Urdangarin, Urdangarin, vai trabalhar no Burger King".
Ainda nesta semana, a princesa Cristina também foi formalmente acusada no
escândalo.
Além do escândalo envolvendo
Urdangarin, a família real também se desgastou com uma recente viagem do rei
Juan Carlos para caçar elefantes na Bostuana quando a crise das dívidas
públicas europeias atingiu o país e um suposto escândalo amoroso do rei com uma
empresária alemã. O rei também tem parecido pouco em público, pois enfrenta
problemas de saúde.
"O rei e Urdangarin se
converteram em uma fábrica de republicanos", disse Antonio Romero,
coordenador da Rede Municipal pela III República e membro da direção nacional
da IU (Esquerda Unida). Segundo ele, o bipartidarismo monárquico está esgotado.
"A monarquia se converteu em um peso para a saída da crise. O estado não
pode ser herdado como se fosse uma fazenda", afirmou.
Muitos manifestantes temem que o
rei renuncie em razão dos problemas de saúde em agosto, durante o verão, quando
quase todos os espanhóis estarão de férias e “imponha” seu filho, o príncipe
Felipe.
Queda de popularidade
Recente pesquisa publicada em novembro de 2012 pelo jornal ABC
indicava que apenas 45,8% dos espanhóis acreditavam que a manutenção da
monarquia contribuia para a democracia, enquanto o apoio ao rei era de 55%. Há
cinco dias, o El País publicou uma pesquisa com resultados ainda piores para a
democracia: 53% dos entrevistados desaprovam a monarquia, contra 42% de
apoiadores.
A avaliação anual dos espanhóis
sobre a monarquia parou de ser realizada pelo CIS (Centro de Investigações
Sociológicas) em 2011, quando a famílai real recebeu a nota pífia de 4,89.
Fonte: Opera mundi