Texto de Luis Filipe Chateaubriand
A área do
saber denominada Administração é datada do início do século XX, de forma
oficial. Esta área do saber tem seu marco inaugural com a publicação do livro
"Princípios de Administração Científica", de Frederick Taylor, em
1911.
Taylor
orientou seus trabalhos para o funcionamento das fábricas das empresas.
Entendia que, com o melhor aproveitamento do trabalho fabril, através de boa
gestão, as indústrias incrementariam sua produtividade e, em consequência, sua
produção.
Para tanto,
preconizava que deveria ser executado um planejamento detalhado do trabalho
fabril. Este deveria ser composto, por um lado, por uma ótima sequência de
tarefas fabris e, por outro, pela padronização da realização de cada tarefa. O
método foi denominado organização racional do trabalho (ORT).
Os
princípios tayloristas não se resumiam, no entanto, à estruturação das tarefas
industriais: seria necessário, igualmente, motivar os colaboradores –
operários, no caso; segundo a visão de Taylor, a motivação dava-se através de
dinheiro, seria a oferta de valores pecuniários que estimularia os empregados a
produzirem mais e melhor (o salário por peça e o prêmio de produção), sendo
esta a visão econômica do ser humano, conhecida como homo economicus.
Henry Ford
foi um conhecido industrial do início do século XX, fundador das Ford Motor
Company, ícone da indústria automobilística. Notabilizou-se por fabricar
veículos automotivos em larga escala, o que propiciava a redução de custos por
unidade produzida e, por decorrência, o barateamento dos preços de produtos
finais.
Totalmente
alinhado com os princípios de Taylor, Ford introduziu inovações fabris como a
linha de montagem seriada, que revolucionou a escala de produção das indústrias
da época.
Taylor e
Ford possuíam ideias revolucionárias e complementares para a época e, assim,
criaram as bases da gestão das indústrias, sendo que muitos dos princípios
defendidos são válidos ainda nos dias atuais. O modelo Taylorista/Fordista
permanece sendo útil em vários contextos, mesmo passado cerca de um século de
sua inauguração.
E o futebol
brasileiro em relação a isso tudo? Não se deve esquecer que muitos dos aspectos
de funcionamento de qualquer organização repetem o padrão da indústria, e as
organizações ligadas ao futebol não são exceção. Princípios do modelo
Taylorista/Fordista são úteis à gestão de nosso futebol.
Exemplos? Alguns deles são:
- A base do
aumento da produção é a repetição das tarefas, ou operações. Pense em um
jogador de futebol que, tal qual o operário, repete à exaustão a execução de um
fundamento, como cobranças de faltas, por exemplo. Um Zico, um Roberto
Dinamite, um Rogério Ceni.
- Repetição
gera perfeição. No futebol repetir exaustivamente os fundamento leva à
excelência do jogo, que leva à satisfação dos torcedores, que leva ao aumento
da assistência, que leva ao incremento do faturamento.
- O modelo
preconizava que era importante, para o resultado final, a presença de
ferramentas apropriado para a execução dos serviços. Ora, os exemplos de
ferramentas, que devem ser apropriados, são diversos: bolas, chuteiras, meias,
calções, camisas, caneleiras, centros de treinamentos, centros de fisiologia,
centros médicos, etc.
- Os autores
defendiam ideias ligadas a produzir muito, para se vender muito. Vender muito é
tudo que o futebol brasileiro de hoje precisa, tanto em termos de ingressos e
público que aflui aos estádios, como em termos de gente que assiste pela
televisão, aumentando as cotas de transmissão.
- Salário
por peça e prêmio de produção são conceitos que podem ser adaptados ao futebol:
no dia em que os clubes pagarem salários fixos menores e atrelarem parte
substancial da remuneração à produtividade e aos resultados, dar-se-á um passo
decisivo para a melhoria da estrutura organizacional dos clubes.
- Os autores
preconizavam que o trabalho dividido e a especialização do operário gerava
aumento de produtividade na fábrica. Será que, em se fazendo o mesmo no
futebol, os resultados não são melhores?
- Muitos
consideram nos dias atuais que Taylor e Ford são autores superados. Pode até
ser, em determinados contextos. Mas será que em todos? Para os gestores do
futebol brasileiro, fica a reflexão.
Fonte:
www.administradores.com.br