Com cinco milhões de cópias vendidas de seus livros
e traduzido em mais de 40 países, Philip Kotler recebeu um status que poucos
estudiosos e professores já conquistaram. Considerado o principal nome do
marketing atual e a sexta pessoa mais influente do mundo pela Wall Street
Journal, ele se tornou uma lenda viva ao ser o detentor de muitas teorias
estudadas nas universidades e utilizadas pelas empresas em todo o planeta.
Apesar de seus 81 anos, Kotler ainda mostra disposição ao circular pelo mundo disseminando seus conceitos em palestras e consultorias. Pela primeira vez em Recife, o estudioso ministrou o seminário HSM Marketing 3.0 e abordou para uma plateia de mais de mil executivos sobre alguns pontos essências do marketing em uma nova economia conectada por redes.
Veja sete características do novo Marketing apontadas por Kotler:
1 - O antigo marketing morreu
"O marketing antigo morreu. Antes, os consumidores não tinham tanto
conhecimento da empresa, eles só viam o que dizia a publicidade. Ou seja, as empresas
detinham o monopólio da informação. Hoje, isso mudou. Você pode conhecer a
empresa tanto quanto ela. Você pode entrar na internet e saber todos os
detalhes de um produto, quem são seus concorrentes e tudo mais", destaca
Philip Kotler.
E o professor relata um exemplo bem atual: "Hoje, quando você vai
comprar um carro, você não vai simplesmente entrar na concessionária para saber
do veículo, você vai perguntar aos seus cinco mil amigos no Facebook. No novo
marketing, os consumidores estão mais inteligentes e bem informados",
contou Kotler.
Segundo o professor, qualquer empresa que faz uma promessa que não pode
cumprir terá problemas. "As empresas estão em um grande aquário e todo
mundo pode ver o que está acontecendo dentro", compara.
2 – A inovação deve ser incansável
"Se você inovar frequentemente terá muitos fracassos, mas se você
não inovar, sairá do mapa. Então, você não tem escolhas", indaga o
professor Kotler. Para ele, "não basta ter apenas uma cultura de inovação,
é preciso mantê-la constantemente, porque o mundo não para".
Kotler destaca que é exatamente isso que as grandes empresas mundiais
como a Apple, Intel, Amazon e McDonald's fazem e é por isso que elas conseguem
se manter no topo por muito tempo.
Ele ainda ressalta que não manter essa postura de inovação é a forma
mais rápida de uma empresa falir, assim como aconteceu recentemente com a
Kodak, que pediu concordata nos EUA. "Como as empresas morrem? Quando
alguma tecnologia começa a ficar obsoleta e as empresas não querem abandonar o
sistema. Às vezes tem muito dinheiro investido na antiga tecnologia",
destaca Kotler.
3 – Conheça seus consumidores
Kotler defende as empresas que apostam em um marketing segmentado. Para
ele, se antes era o marketing de massa o mais comum para atingir o maior número
de pessoal, agora a tendência é justamente o micromarketing ou marketing de
precisão. Ou seja, é preciso conhecer de perto os seus consumidores.
Dessa forma, é possível oferecer produtos e serviços que se aproximam
mais das necessidades dos clientes. Esse pode ser um grande diferencial
competitivo para as empresas que possuem muitos concorrentes diretos em seu
mercado de atuação.
4 – Use o planejamento, pense no marketing em direção ao futuro
Philip Kotler defende que o departamento de Marketing deve ser um setor
parceiro do planejamento estratégico, um elemento propulsor do crescimento da
empresa. Ele relata que ainda hoje muitos desses setores se preocupam apenas
com a publicidade e em elaborar comerciais, enquanto o objetivo deve atingir
todos os 4Ps do Marketing (produto, preço, promoção e praça). "O marketing
é um processo que deve passar por quatro etapas: planejamento, gestão, execução
e mensuração", destaca.
Para Kotler, apesar de ser difícil fazer previsões em longo prazo, é
importante também criar alguns cenários do que pode estar por vir. Essa é uma
forma de tomar direções com menos probabilidade de erros para o futuro de uma
ação ou da própria empresa.
5 - Intensifique suas ações nas redes sociais e conte histórias
Uma das formas de conquistar fãs de uma marca, segundo Kotler, é a
capacidade de as empresas contarem histórias envolventes. Dessa forma, as
pessoas se sentem mais próximas da organização.
Uma excelente plataforma para fazer isso são as redes sociais. No
entanto, o professor alerta sobre a forma de utilizar essa mídia: "Não use
o Facebook para vender seu produto, use para fazer relações", afirma.
O professor destaca que duas empresas sabem fazer isso muito bem: a
Coca-Cola e o McDonald's. "Eles sabe contar histórias diferentes para
mães, para crianças, para idosos. Eles têm formas de se comunicar com
diferentes grupos e utilizam muito bem o marketing narrativo", declara.
6 - Chame seus consumidores para desenvolverem seus produtos com você
Kotler defende a tese da cocriação nos negócios e no marketing atual.
Ela permite de alguma forma que o cliente ou usuário faça parte do processo
criativo e produtivo da empresa.
"Não e só testar um produto. Chame o consumidor para participar da
criação dele. A Harley-Davison, a Lego, a GM e a Lexus são alguns expoentes
nessa linha. A Lego, inclusive, pede ajuda a crianças para desenvolver seus
novos produtos", destaca o professor.
E Kotler explica que esse tipo de ação é até possível com campanhas,
como fez a marca de salgadinhos da Doritos. "Eles pediram para as pessoas
ideias para sua nova campanha de marketing e receberam mais de 10 mil sugestões
diferentes".
7 – Tenha responsabilidade socioambiental em suas ações
Baseado em sua teoria de Marketing 3.0, Kotler destaca que os
consumidores de hoje estão consumindo de empresas que possuem cada vez mais uma
preocupação com algum tipo de questão socioambiental.
Para ele, o futuro das empresas deve estar alinhado com essas diretrizes
e com elas possuírem visão, missão e valores. "Entre aquilo que é certo e
aquilo que é lucrativo, as empresas 3.0 preferem o certo. Elas abrem mão de
algum lucro momentâneo para embutir em seu DNA um padrão de responsabilidade
social", afirma.
Kotler destaca que se antes a máxima era: "o que é bom para a
empresa, é bom para a sociedade', hoje, "o que é bom para a sociedade, é
bom para a empresa".