Texto de Luís Nassif
À medida que as peças do quebra-cabeça Cachoeira vão se
juntando, vislumbra-se um quadro inédito na história do país. Tão inédito que
ainda não caiu à ficha de parte relevante da opinião pública e, especialmente,
do Judiciário. O desenho que se monta é uma conspiração contra o Estado
brasileiro (não contra o governo Lula, especificamente), através de três
vértices principais.
Havia o chefe de quadrilha Carlinhos Cachoeira. Sua
principal arma era a capacidade de plantar matérias e escândalos, falsos ou
verdadeiros, na revista Veja – o outro elo da corrente.
Durante algum tempo, graças ao Ministro Gilmar Mendes, seu
principal operador – o araponga Jairo Martins – monitorou o sistema de
telefonia do Supremo. E Cachoeira dispunha da revista Veja para escandalizar
qualquer conversa, fuzilar qualquer reputação.
Essa é a conclusão objetiva dos fatos revelados até agora.
O que não se sabe é a extensão das gravações. Veja
demonstrou em várias matérias – especialmente no caso Opportunity – seu poder
de atacar magistrados que votavam contra as causas bancadas pela revista.
A falta de discernimento das denúncias, o fato da revista
escandalizar qualquer conversa, a perspectiva de virar capa em uma nova
denúncia da revista, seria capaz de intimidar o magistrado mais sólido.
A dúvida que fica: qual a extensão das conversas do STF
monitoradas e gravadas por Jairo? Que Ministros podem ter sido submetidos a
ameaças de denúncia e/ou constrangimento?
Gilmar colocou a mais alta Corte do país ao alcance de um
bicheiro.
Fonte: blog do Nassif