O caso Cachoeira mexe com todos os segmentos da sociedade.
Nada ficou incólume. Instituições diversas foram atingidas. Personalidades
diferentes ingressaram no cipoal. Nada escapou.
Um desastre moral. Uma análise de situação demonstra a
fragilidade das personalidades públicas. Por uma taça de champanhe jogam no
lixo reputação – se tiverem – e as próprias carreiras.
Não pode um administrador público praticar determinados
atos. Representa a coletividade. Deve dar exemplo. O caso Cachoeira aponta para
falhas morais de diversos agentes.
Inclusive instituições destinadas a preservar a boa
governança acabaram atingidas. O Ministério Público, guardião da moralidade
publica, vê um seu membro envolvido. E se cala.
O Conselho Nacional do Ministério Público, de oficio,
deveria avaliar o custo do desvio de comportamento de um de seus integrantes,
mesmo que este não esteja no exercício de suas funções originárias.
O senador, membro do Ministério Público, representa sua
instituição, ainda que dela estiver afastado em razão do mandato popular. Os
desvios praticados, no exercício de suas funções, atingem toda a classe.
No entanto, até agora, há silêncio no parque de origem –
Goiás – assim como nas instâncias federais. Não pode existir espírito de corpo
em determinadas ocasiões.
A preservação da imagem do Ministério Público é fundamental
para o bom exercício da democracia. Desde 1988, quando recebeu importantes
funções, o Ministério Público é órgão essencial da vida pública do País.
Lamenta-se, em nome da sociedade, o incomodo silêncio.
Espera-se atitudes nos próximos dias. É impossível que os promotores e
procuradores se mantenham silentes neste momento político.
Mas, se no campo do legislativo, particularmente do Senado
Federal, os acontecimentos perturbam as consciências da nacionalidade, o Poder
Executivo oferece demonstração de coragem e firmeza.
Jamais o sistema bancário brasileiro mereceu reprimendas das
autoridades. Só benesses. Salvaram instituições. Liquidaram muitas outras.
Incentivaram incorporações e fusões.
O destinatário dos serviços bancários – a coletividade –
jamais foi lembrado. Só ônus. Juros
excessivos. Taxas de serviços elevadas. Nenhum gesto de solidariedade social.
A presidenta Dilma, sem vínculos empresariais, originária
das lutas sociais, teve a ousadia de ingressar em tema proibido: a taxa de
juros. Este ato, por si só, conduz a presidente Dilma para patamar elevado.
Disse, há pouco, um brasilianista, que o Brasil é feliz na
escolha de seus últimos presidentes. É verdade Lula e Dilma alteraram a
fisionomia da sociedade. Atingiram o cerne de questões seculares.
Como é venturoso poder viver período tão sadio da História
administrativa. Este sentimento é unânime. Vai por permeando todos os setores
da coletividade.
Aguarda-se que o Senado da República aja com independência e
firmeza no caso Cachoeira e que o Ministério Público não se omita, quando um de
seus membros se envolve em situações inexplicáveis.
Chegou-se com firmeza neste Século XXI. Alterou-se a
fisionomia social tão adversa. Existem ainda mazelas. Porém, foram colocadas a
descoberto. Nada mais é escondido.
A riqueza de uns e a pobreza de outros hoje são conhecidas.
A liberdade produziu efeitos notáveis na vida dos brasileiros.
Não há lugar para privilegiados em um regime democrático. A
lei é a mesma para todos. Magistrados, membros do Ministério Público, políticos
com mandato e cada cidadão individualmente.
Os maus devem ser afastados do convívio dos bons.
Fonte: Terra Magazine - blog do Nassif