Já li dezenas
de livros sobre empreendedorismo nestes últimos dez anos. Muitos eu recomendo
para os alunos, outros eu utilizo como base das minhas aulas, palestras e
treinamentos, outros eu simplesmente ignoro embora seja possível extrair algo
de bom de cada um deles.
Livros são
assim mesmo, alguns são modismos, outros são escritos sob determinados
contextos, mas, não se aplicam ao contexto da sua empresa ou da sua
necessidade, entretanto, tira-se um pouco daqui, outro dali, e assim vai se
formando a base do conhecimento. O importante é ter discernimento para extrair
o que vale a pena ser aplicado em cada situação.
De tanto ler
e recomendar acabei escrevendo os meus próprios livros – Manual do Empreendedor
e Empreendedorismo para Jovens -, ambos editados pela Atlas, com base na minha
experiência profissional com empreendedores de pequeno, médio e grande porte.
São livros que eu gostaria de ter lido antes dos trinta anos para enriquecer
ainda mais o assunto.
O fato é que,
como eu sempre digo e repito, não existe fórmula infalível para o sucesso nos
negócios. Veja o exemplo do Monitor Company Group LP, empresa de consultoria
fundada por Michael Porter, o papa da estratégia mundial, em 1983, a qual
entrou com um pedido de falência na Corte de Falências dos Estados Unidos, no
Estado de Delaware.
É um caso
digno de estudo: se o próprio Porter, um dos gurus mais respeitados no meio
acadêmico, não conseguiu fazer valer as suas próprias recomendações, que
chances eu tenho? Bem, dizer o que fazer é uma coisa, fazer é outra, mas, isso
não tira os méritos dele considerando que milhares de empresas prosperaram ao
redor do mundo utilizando-se dos seus conceitos.
Infelizmente,
ou felizmente, em negócios, tudo depende. Do que? Do momento, das
circunstâncias, dos seus modelos mentais, do posicionamento correto e do valor
agregado dos seus produtos e serviços, da sua capacidade de investimento, da
sua persistência, do seu modelo de gestão, do seu estilo de liderança, das
pessoas que você contrata e assim por diante.
Dessa forma,
como empreendedor, é necessário pensar nas questões mais simples que
impulsionam qualquer negócio onde quer você queira fazê-lo. Isso é o básico,
recomendado por Peter Drucker, guru da administração moderna, em seu clássico
Inovação e Espírito Empreendedor.
Ainda que
você diga que sabe, a maioria dos empreendedores não consegue responder
claramente a essas questões. A simplicidade de cada uma vai fazê-lo repensar
qualquer suposição a respeito do seu negócio, da sua equipe e do seu próprio
modelo de gestão. Vejamos:
Qual é a sua
missão? Em primeiro lugar, por que você quer abrir esse tipo de negócio? Tem
algo a ver com o que você realmente gosta de fazer? O que você está tentando
realizar para seu cliente? É algo que você está disposto a conduzir pelo resto
da vida?
Quem é o seu
cliente? Que tipo de pessoa você está tentando satisfazer com seus produtos ou
serviços? Essa necessidade existe de fato? É um nicho capaz de formar um novo
público?
O que o seu
cliente valoriza? O que você faz bem melhor do que os outros e está preparado
para oferecer a seus clientes? Você sabe vender arroz, feijão e pão de forma
diferenciada, a ponto de fidelizar os clientes para que comprem, regularmente,
no seu ponto de venda?
Que
resultados você está tentando alcançar? Como você mede o sucesso? É um negócio
que vai ajuda-lo a sobreviver depois de aposentado ou é algo que pode fazer a
diferença na vida das pessoas?
Qual é o seu
plano? Como você imagina conquistar o respeito dos clientes e atingir os
resultados que são mais importantes para consolidar o negócio? Na balança dos
prós e dos contras, o que pesa mais?
A maioria dos
empreendedores começa um negócio sem a reflexão necessária para isso. Na
prática, a combinação entre o espírito empreendedor e a necessidade de inovar
para sobreviver é o que define o seu perfil de atuação no mercado. Ter uma
grande ideia não significa ter sucesso. Colocá-la em prática e trabalhar de
maneira consistente para sua execução é a melhor ideia.
Como eu já
mencionei em outro artigo, em termos de gestão, pouca coisa mudou nos últimos
cinquenta anos. Fluxo de caixa, orçamento, planejamento estratégico, balanço
financeiro, matriz SWOT, mapeamento de processos, estratégia de vendas, entre
outros, são ferramentas aplicáveis a qualquer negócio e tornam-se eficientes na
medida em que são levadas a sério.
Contudo, como
diria Peter Drucker, "Empreendedores procuram por mudanças, portanto, olhe
para cada janela e pergunte a si mesmo: isso poderia ser uma oportunidade? Não
perca algo somente porque não faz parte de seu planejamento. O inesperado é
frequentemente a melhor fonte de inovação".
Por fim, além
de responder as questões acima, lembre-se de que, atualmente, não é necessário
sofrer tanto. Existem artigos, cursos, empresas de consultoria, livros e
modelos de planos de negócios disponíveis aos milhares na Internet, no Sebrae e
nas escolas. Ninguém faz nada sozinho, portanto, não seja orgulhoso. O orgulho
é, geralmente, um poderoso indicador de insucesso em qualquer parte do mundo.
Pense nisso,
empreenda e seja feliz!
Por Jerônimo
Mendes – www.administradores.com.br