“...A bagunça do dia a dia e as batalhas aéreas: entendendo
o pensamento estratégico do coronel John Boyd, você vai entender o que elas têm
em comum...”
Olá caro leitor. Dessa vez quem
nos escreve é o Leonardo Lima. O Leonardo, além de trabalhar na Câmara
Municipal da cidade onde vive, faz pães e outros produtos caseiros para
complementar sua renda. Pai de família, padeiro, funcionário público, Leonardo
nos diz que é comum ir dormir às 22:00 para acordar às 3:00. Esgotado, não sabe
mais o que fazer para lidar com a competição, o cansaço e as realidades do dia
a dia. O que fazer?
Nosso amigo dessa semana mostra
em seu e-mail um certo desespero comum a muitos profissionais da atualidade.
Viagens, e-mails de fim de semana, uma enxurrada de informações, tecnologias e
mercados que mudam rapidamente, entre outros fatores, deixam muita gente
atordoada com seu dia a dia.
Essa situação me lembrou, entre
tantas coisas, da arte - e ciência - das batalhas aéreas. Convenhamos: na lista
de coisas estressantes do mundo, ter um avião de guerra apontando mísseis para
você deve estar entre as primeiras da fila. O que me leva ao trabalho de um dos
maiores estrategistas da história.
O nome John Boyd não costuma
levantar sobrancelhas como Sun Tzu, Maquiavel ou Alexandre o Grande, mas as
contribuições desse coronel norte-americano à ciência da Estratégia são
difíceis de subestimar.
Começando seus estudos com o
desempenho de pilotos americanos na Guerra do Vietnã, Boyd observou que o que
diferenciava os melhores dos piores pilotos era a capacidade de analisar uma
situação, tomar decisões e executar suas ações mais rápido que seus oponentes.
O modo de se portar dos pilotos influenciava a capacidade de alguém morrer ou
voltar para casa após um combate.
Tudo isso foi resumido em uma
simples palavra: OODA.
OODA significa Observar,
Orientar, Decidir e Agir. Segundo
nosso querido coronel, a habilidade de passar por esse ciclo diferencia a
grandeza do fracasso.
Um piloto deveria então OBSERVAR a situação em que se encontra. ORIENTAR é filtrar as informações relevantes para o momento, DECIDIR é optar por um curso de ação e AGIR é executar o curso planejado.
Pilotos capazes de fazer isso rapidamente poderiam vencer entrando no ciclo de
seus inimigos, por exemplo, agindo mais rapidamente e reorientando suas ações
enquanto seus inimigos ainda estavam entendendo o que aconteceu e presos a uma
ação passada.
Como o objetivo aqui não é dar
uma aula de voo, basta dizer que essa ideia simples revolucionou a área de
estratégia. O sucesso da primeira Guerra do Golfo (aquela em que o Iraque
desocupou o Kwait e perdeu rapidamente) é atribuído em grande parte ao
pensamento de Boyd.
Se você nunca ouviu falar nele,
não se preocupe, muita gente fora da área militar também não. No entanto, se
você fez qualquer curso de Administração, deve ter topado com ciclos como o
"Planejar, organizar, dirigir e controlar" e outras variantes
inspiradas pelo OODA.
Voltando ao caso do Leonardo e
outros profissionais estressados, cansados, perdidos na rotina, espancados pela
concorrência e sem saber o que fazer. Passo número um: pare. Tire um dia, uma
hora, um momento, mas pare.
Parou? Ótimo. Agora observe a
situação em que você se encontra. Você pode avaliar sua vida pessoal,
profissional, sua empresa e até o conjunto da obra, mas apenas observe.
Retire-se da situação e observe suas ações, as de outras pessoas e
participantes do mercado e tente entender o que está acontecendo.
Agora, oriente-se. Quais
informações você precisa ter para decidir? O que está te atrapalhando? Com o
que vale e com o que não vale a pena se preocupar? Imagine que, de tudo que
está observando, você vai escolher quais informações são realmente úteis para a
situação (essa parte possui um fator consciente e outro inconsciente, mas isso
é outra história).
Agora, decida o que fazer.
Simples assim. Após observar e orientar, você tem que decidir. Pare de enrolar.
Se houvesse realmente um avião armado vindo em sua direção você não iria ficar
sentado pensando. Você precisa tomar uma decisão antes que o inimigo lhe dê uma
passagem só de ida para o céu.
Por último, a ação. Faça alguma
coisa. Se não souber o que fazer, faça qualquer coisa, por menor que seja. O
importante é partir para a ação o mais rápido possível. Sair da zona de
conforto, deixar de ser um patinho sentado no meio do radar do inimigo e
começar a mudar sua situação.
Agora, volte ao início: observe o
resultado de suas ações no mundo e comece outra vez. Viu como batalhas aéreas podem
ser divertidas?
Por Fábio Zugman – www.administradores.com.br