O PT saiu das
eleições municipais de 2012 como o grande vencedor. Menos na mídia. Tudo bem
que o PSB – que, não nos esqueçamos, integra a base do governo Dilma – cresceu
bastante, mas o grande vencedor é o PT. Se não, vejamos: governará o maior
número de munícipes – não confundir com municípios – e as cidades mais
importantes.
Aliás, o PT,
além de passar a governar mais pessoas nos municípios e de ter conquistado a
dita “jóia da coroa” (São Paulo), teve forte aumento do número de prefeituras,
saindo-se muito melhor neste ano do que em 2008.
Apesar disso,
o presidente do PSDB, Sérgio Guerra, e o senador Aécio Neves afirmaram há
poucos meses, com a conivência do colunismo midiático, que o PT iria se
transformar, neste ano, no “partido dos grotões”.
O que engrandece
ainda mais a vitória impressionante do PT em 2012, então, por contraditório que
pareça é o julgamento do mensalão. Quantas “análises” você leu na mídia,
leitor, no sentido de que o partido sofreria um forte baque eleitoral por estar
sendo julgado pelo STF?
Dessa forma,
o que a mídia e os “petistas arrependidos” fazem é fatiar o processo eleitoral
de 2012. Lula e o PT ganham, mas perdem. As derrotas ganham muito mais peso do
que as vitórias. É como se o partido e seu grande líder fossem os únicos que
não venceram em toda parte. Cobram deles o que não existe em democracia alguma.
Pode contar,
leitor: manchetes, artigos e colunas que associam o PT a derrotas superam
largamente os textos que o associam a vitórias.
Enquanto
isso, nenhum grande veículo discute a fundo o partido que mais perdeu – não por
ter sido de fato o que mais perdeu, mas por conta das expectativas, pois se
esperava que o PSDB tivesse vitória folgada em São Paulo e que no resto do país
lucrasse com o julgamento.
Assim mesmo,
quantas manchetes você viu aludindo à derrota estrondosa do PSDB em 2012? Sim,
porque, além de encolher em número de governados e prefeituras, o partido
perdeu o maior orçamento municipal do país. Isso sem falar que seu político com
mais votos – os quais deve muito mais à mídia do que a si mesmo – ficou sem
qualquer expectativa de relevo.
A mídia e a
oposição demo-tucana diziam que o PT viraria um “partido dos grotões” porque só
conseguiria vencer no Norte e Nordeste. De repente, as cidades nortistas e
nordestinas em que esses partidos de oposição venceram passaram de grotões a
grandes metrópoles. Manaus, por exemplo, virou “importante conquista”.
Nada contra
Manaus – muito pelo contrário. Mas daí a considerar que vencer uma eleição lá é
uma “grande vitória”, vai uma distância imensa.
A direita
midiática e os “petistas arrependidos” também fatiam o PT e separam Dilma e
Lula do partido. Na Band, no domingo, os “analistas” disseram que Dilma foi a
grande derrotada porque “perdeu em todos os lugares em que apoiou alguém”, como
se, tanto quanto Lula, não tivesse apoiado Fernando Haddad.
O Globo
chegou a fazer até uma manchete principal de primeira página falando da
“derrota” de Lula – no Nordeste. Em 2008, porém, quando o PT venceu mais no
Nordeste, este, no PIG, não significava nada diante de São Paulo e outras
cidades do Sul “Maravilha”.
A pergunta
que se deve fazer para saber que partido teve o melhor desempenho em 2012 é uma
só: qual partido atraiu o maior número de eleitores e qual administrará o maior
volume de dinheiro dos orçamentos municipais? Ponto.
Essa história
sobre “derrota” de Lula e do PT, porém, não visa convencer a sociedade de que
os vencedores, na verdade, perderam. A discussão visa apenas não discutir a
derrota da oposição, pois uma análise séria mostra que PSDB e DEM colheram
muito mais resultados negativos do que positivos.
Sim, na mídia
Lula e o PT não vencem nem quando suas vitórias são estrondosas como a deste
ano. Mas de que vale vencer na mídia se o que ela diz sobre política a
expressiva maioria não leva a sério? Perder na mídia, aliás, vai se tornando
sinônimo de vencer nas urnas. Daqui a pouco vai ter político brigando com ela
pra ver se ganha popularidade.
Por Eduardo Guimarães - http://www.blogdacidadania.com.br