Coreia do Sul: o tigre patina
A estagnação da economia coreana
é o tópico central das discussões que atravessam esse país, conhecido como um
dos tigres asiáticos.
Com uma população de cerca de 50
milhões de habitantes, no ocidente pouco se sabe sobre esse pequeno país
asiático. Ainda que não seja uma ilha, é como se fosse, já que a sua
vizinhança, China, Japão e Coreia do Norte, mantêm, na prática, o país isolado,
ainda que mais de 50 milhões de pessoas tenham entrado e saído do país em 2012.
Após o término da Segunda Guerra
Mundial, a península coreana passou pela chamada Guerra da Coreia que,
legalmente, ainda não terminou, já que nunca foi assinado um tratado de paz
entre as partes beligerantes. E, desde 1953, convivem na mesma península a Coreia
do Sul e a Coreia do Norte.
Comparativamente, a Guerra da
Coreia fez com que o seu desenvolvimento fosse retardado uma década com relação
ao vizinho Japão que, mesmo derrotado na guerra, galgou nas décadas posteriores
o segundo posto da economia mundial, até ser ultrapassado recentemente pela
China.
Essa década de atraso levou a Coreia do Sul a olhar para o Japão como
uma espécie de “irmão mais velho”, cujos sucessos deviam ser copiados. Não é
segredo para ninguém que, durante as últimas décadas, a Coreia do Sul copiou
exaustivamente o modelo japonês. Longe de ser um demérito é um fato que a
Coreia conseguiu avanços importantes no modo de produção capitalista,
conseguindo, num setor extremamente competitivo como a indústria
automobilística, posicionar-se como um importante fabricante mundial. Também no
setor eletroeletrônico, o mundo pode ver a contínua ascensão de marcas como a
Samsung e a LG no mercado internacional.
Sem perspectivas de avançar
Mas, apesar desse sucesso anterior, a atual Coreia é um pais
estagnado, sem perspectivas de avançar. A Coreia vive hoje os mesmo males que o
Japão: envelhecimento da população, perda de competitividade, declínio do
mercado interno, declínio na construção civil, uma estrutura produtiva cara,
comparada com outros países asiáticos, e um grande endividamento público.
Ou
seja, o tigre envelheceu e agora patina. Do ponto de vista político, dominado
pela direita, tampouco se podem vislumbrar políticas que possam mudar o destino
coreano pelo menos a curto prazo e, além disso, a questão da unificação da
península coreana continua a ser uma pendência histórica a ser resolvida a
médio ou longo prazo, provavelmente.
Trabalho precário em crescimento
A situação de emprego da juventude sempre reflete de uma maneira ou
outra a verdadeira situação do mercado de trabalho. Segundo Byun Yang-gyu,
diretor do Instituto de Pesquisa Econômica da Coreia, a taxa de emprego entre
pessoas de 15 a 29 anos continua em declínio desde 2005. Os novos formandos das
universidades levam, em média, um ano para conseguir um emprego. Desses, cerca
da metade abandonam os seus empregos, insatisfeitos com as condições de
trabalho.
Além desse fato, alguns milhões
tornaram-se trabalhadores precários, com as empresas a recusar-se a
contratá-los de forma efetiva. Isso, certamente, faz com que as novas gerações
de trabalhadores sejam obrigadas a aceitar salários mais baixos e condições de
trabalho piores do que os seus pais tiveram.
Este breve olhar do panorama
coreano faz-nos lembrar que na Ásia, apenas a China e a Índia continuam com
crescimento econômico, mas, menor do que nos anos anteriores. E, mesmo assim,
isso não significa uma melhoria na condição de vida das massas. A outra
exceção, inesperada, é a atual expansão da economia filipina, um país marcado
por catástrofes anuais (furacões, chuvas torrenciais) e uma corrupção endêmica.
Por Tomi Mori - Alfeu - Do Esquerda.net-blog do Nassif