Caros leitores, iniciarei o texto com
uma breve retrospectiva do ano de 2012, que não foi um ano fácil. Mais do que
isso, foi um ano difícil de entender, repleto, como sempre, de perdas e êxitos.
A cidadania em 2012
No campo institucional, o julgamento do Mensalão se destaca como uma
clave em favor da institucionalidade, com atenção especial para o relator do
caso e agora presidente do Supremo, o ministro Joaquim Barbosa.
Não merece menos destaque a defesa do
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para que o dito Mensalão mineiro seja
julgado, com o mesmo rigor, num claro posicionamento em prol da naturalidade
com que devemos encarar a apuração de suspeitas envolvendo políticos e
importantes lideranças e seus inevitáveis desdobramentos jurídicos.
A economia em 2012
No front econômico, vivenciamos o fim do ufanismo, que, ao que parece,
caminha mesmo para se tornar algo fora de moda e de contexto. Penso que isso
não ocorre simplesmente por não termos o que comemorar, mas talvez por nos
conscientizarmos de que festas e trombetas antes da hora geralmente trazem o
efeito inverso. A velha síndrome do “jogo ganho” nunca dá certo.
O melhor é prosseguir trabalhando e
construindo, com disciplina, com realismo, descartando o pessimismo e o
otimismo exagerado. Ai sim geralmente os resultados surpreendem.
E não foi fácil terminar o ano com o
crescimento pífio que tivemos, ainda mais em um modelo de capitalismo tão pouco
livre. Não, engana-se quem pense que defendo o liberalismo econômico radical,
mas também não me empolgo com a carga de intervenção estatal que pouco a pouco
se perpetua como modelo.
Essa ingerência espanta investidores,
deprecia a percepção de uma boa gestão de riscos e, por fim, dilui o chamado
“espírito animal” do empresariado, que precisa viver sem tantas amarras, em um
ambiente jurídico mais seguro e ágil, com regras (é claro!), porém mais claras
e estáveis.
Os escândalos de 2012
De resto, o de sempre: denúncias e mais denúncias, escândalos e novos
escândalos. Mas o fato é que avançamos sim. Vagarosamente, gradualmente, mas
avançamos, protegidos de efeitos mais perversos e desastrosos, justamente por
sermos uma sociedade tão plural – tão difícil de interpretar e analisar e
economicamente tão diversa e ampla.
Como escutei recentemente de um empresário espanhol que veio para ficar
(sic) na esteira da crise que assola a Europa, “não existe país no mundo com
melhor perspectiva de progresso econômico e social do que o Brasil”. É bem
possível que ele esteja certo, e é essa torcida.
Mas, não podemos nos acomodar e nem
tão pouco abdicarmos do cultivo de um certo ceticismo crítico. E eu não tenho
nenhuma dúvida de que é justamente isso que garante a perpetuidade das grandes
nações. E os meus votos vão nesta direção.
O que esperar de 2013?
Desejo que lutemos com afinco pelo que acreditamos como país, mas sem
perder o senso crítico. Quero um Brasil plural, sem grupos de exceção,
confiante no seu futuro, mas certo de que o futuro se constrói no presente, e
muitas vezes com suor e lágrimas.
Desejo uma democracia ainda mais
livre, menos estatal, mas sem radicalismos liberais econômicos. Rogo por uma
sociedade mais atuante, exigente, ciosa de seus direitos e vigorosamente
credora do retorno que se deve esperar pelos tributos pagos.
Por fim, quero o império do
contraditório, onde todas as forças políticas passem a conviver com o
antagonismo de uma oposição competente, nos permitindo rever opções e corrigir
caminhos.
Por fim, rogo por um ano de
progresso, onde mais uma vez sejamos exitosos em construir as bases necessárias
para uma trajetória estável e sólida de evolução, servindo para todos os outros
anos que virão. Mesmo que seja assim, de forma gradual.
Por Gustavo Chierighini
(@GustavoChierigh), fundador da Plataforma Brasil Editorial.
Veja também http://dinheirama.com/
Fonte: dinheirama