O imprevisto bateu à porta.
Pode ser uma falha mecânica no carro, um parente com problema de saúde, uma
reforma urgente na casa ou a perda do emprego. Todos estamos sujeitos a uma
infinidade de eventos aleatórios que, no fim das contas, podem sair caro. Há
duas formas de minimizar os efeitos desses transtornos: prever exatamente
quando eles vão ocorrer ou se preparar desde cedo para estas eventualidades.
Como a primeira alternativa é
inviável (mesmo para os mais crentes em futurologias e afins), resta somente a prevenção. Tudo se resume a um objetivo: a montagem de uma reserva de emergência.
É um tipo de poupança que deve ser usado somente nas horas de aperto – porque
como qualquer crise inesperada já dá dor de cabeça suficiente, é melhor não ter
que se preocupar também com “de onde tirar o dinheiro” para resolver estes
problemas.
· Como montar essa reserva de emergência?
· O que devemos levar em conta na hora de preparar este fundo?
· Onde deixar o dinheiro guardado?
· Em caso de uso, como restaurar a conta?
São essas questões que este artigo
busca responder.
Como
montar uma reserva de emergência?
A montagem da reserva de emergência
deve começar com um cálculo das contas mensais. Para quem já tem um controle
financeiro eficiente, com anotações dos gastos fixos e do consumo eventual, não
há muito com o que se preocupar.
Com emprego ou sem emprego,
contas de água, luz, telefone, condomínio ou aluguel e muitas outras continuam
a chegar. A reserva de emergência deve ser feita para que, em meio a eventos
imprevistos, estas contas continuem sendo pagas.
Anotar todos os gastos fixos
(esses citados acima) é o primeiro passo para transformar o fundo de emergência
em algo palpável. Alguns gastos variáveis, como as compras no supermercado ou
na farmácia, também devem entrar na conta – afinal, a família precisa continuar
se alimentando. Uma estimativa aproximada das compras mensais ajuda a mensurar
essas despesas.
O que
levar em conta para preparar o fundo?
Pegue o resultado equivalente a um
mês de despesas e multiplique por três. Essa é a reserva mínima para segurar as
contas da casa por três meses em caso, por exemplo, de desemprego. Uma reserva
mais segura considera seis meses de gastos fixos e variáveis.
Nesse tempo, é possível manter
as contas em dia enquanto se busca, entre outras saídas, uma fonte extra de
renda.
Onde
deixar o dinheiro guardado?
Não basta deixá-lo sob o colchão. É
preciso mantê-lo, na pior das hipóteses, na mais simples das opções de investimento
– a caderneta de poupança. Ela tem rendido menos, sobretudo após a queda da
taxa básica de juros, mas ainda assim é garantida para a hora do aperto.
É possível deixar o dinheiro da
reserva em algum investimento que renda mais do que a poupança? Sim, mas é
preciso ter em mente duas coisas quando o assunto é emergência: liquidez e custo.
A liquidez é a
facilidade para ter o dinheiro na mão, ou seja, transformar o número do extrato
em grana de verdade. O investimento devolve o dinheiro na hora ou ele tem um
tempo de “carência” para o resgate? Prefira os investimentos que resgatam “na
hora” (eles terão resgate do tipo D+0. Procure por estes).
O custo impacta o retorno e o saldo
final. Quais os impostos que serão cobrados sobre a aplicação? Terá incidência
de Imposto de Renda? Há fundos que cobram taxas menores quanto mais tempo o
investimento for mantido, o que vira um perigo no caso de necessidade rápida do
dinheiro. Sobre a poupança não incide IR e o resgate é automático.
Um dica importante: evite contas poupança
ligadas à conta corrente. Isso porque é fácil de
confundir o dinheiro e, assim, usar a reserva de emergência como saldo de
consumo. Vale a pena, neste caso, abrir uma conta poupança especial para esta
finalidade emergencial. Deixe sua conta corrente separada da reserva de
emergência.
Se você já tem algum dinheiro
guardado na poupança para eventualidades e uma vida bastante regrada, pode até
escolher um lugarzinho melhor para deixar a reserva de emergência, como fundos
de inflação (repito: prefira fundos D+0 ou D+1) de grandes instituições e
bancos de investimento. São seguros e ainda protegem o dinheiro da
desvalorização.
Para este caso (dinheiro rápido
em caso de problemas), fuja da renda variável, que oferece mais risco e pode
oscilar para baixo (fazendo o poupador correr risco real de perder dinheiro).
Numa emergência, é tudo o que queremos evitar, não?
Após o
uso, como restaurar a conta?
Quando a situação apertar, o dinheiro
estará lá, pronto para ser usado. O imprevisto não importa. O que importa é
saber como restaurar o fundo após o uso. Se o problema não envolveu a perda de
emprego, separe parte do salário todo mês para repor a grana usada.
Um método factível é pegar o
total usado e dividir, por exemplo, por 12. Pode parecer bastante, mas pense
que se tivesse usado o cartão de crédito ou o cheque especial para quitar estas
dívidas, o consumidor ainda teria que pagar juros e a dor de cabeça seria
maior. Imagine o banco cobrando 10% de juros ao mês pelo uso do limite. No fim
dos 12 meses, o cliente terá pagado mais que o triplo do dinheiro usado.
Com o passar do tempo, o ato de poupar para a reserva virará um hábito. Depois que ela estiver cheia de
novo, vale a pena manter o costume de poupar para investir ou realizar outros
sonhos. Mas isso é assunto para outro texto no Dinheirama. Até lá.
Este artigo foi escrito por Marcel Gugoni.
Jornalista de economia e finanças pessoais que se interessa pelo mundo da economia do dia a dia. Aprendeu como sair das dívidas ao sentir na própria pele o sofrimento do endividamento e agora estuda sobre investimentos e proteção do capital.
Jornalista de economia e finanças pessoais que se interessa pelo mundo da economia do dia a dia. Aprendeu como sair das dívidas ao sentir na própria pele o sofrimento do endividamento e agora estuda sobre investimentos e proteção do capital.
Fonte: dinherama