quinta-feira, 8 de julho de 2010

ESCOLA É EMPRESA?

O marketing educacional não pode e não deve ferir princípios. Quando bem feito, é o oposto disso. O que se faz é escolher um posicionamento de mercado que valorize os princípios da instituição.

Quanto ao produto acadêmico, nenhum profissional de marketing quer ter nas mãos um produto ruim. O marketing só tem a acrescentar, adicionar em qualidade e não reduzi-la.

Algumas instituições escolares relutam em chamar o aluno(e/ou sua família) de cliente. Quando alguém procura um cirurgião plástico, por exemplo, quer uma clínica bem montada, um preço justo e um profissional gabaritado. E sabe que vai sentir dor. Que vai ter um pós-operatório muitas vezes desconfortável.

Com escola, é a mesma coisa. As instalações e o atendimento devem ser impecáveis. E isso não tem nada a ver com não cobrar o esforço do aluno. Ele tem que saber que vai ter que estudar. Portanto, é cliente sim. Só não é dentro da sala de aula, onde é aluno. Ou na sala de cirurgia, onde é paciente.

O preconceito existe por isso, por conta de uma enorme confusão e desconhecimento do que é marketing. O mundo acadêmico puro acha que o marketing é dispensável, que é uma atividade menor, que vai interferir na relação professor/aluno.

O marketing existe para azeitar a relação do aluno/família com a escola, do consumidor com o produto e assim por diante. Existe para surpreender, para “quebrar o gelo”. Para satisfazer mais os clientes. Nunca para dificultar a relação ou piorar um produto.

Quebrar essas barreiras é um processo lento de conhecimento e convencimento. Quando os “mestres” percebem o quanto o marketing pode agregar, a coisa vai muito bem. Até porque eles têm um imenso valor, e quando os resultados aparecem são também beneficiários do trabalho executado através do Marketing Educacional. Colocar mais alunos (e alunos mais satisfeitos) dentro da sala de aula é uma coisa apreciada por todos.

Observe que nos países que deram certo, sabe-se o que as empresas querem vender. E o que os consumidores querem comprar. E que não há nada de mal nisso, desde que o que está sendo vendido seja lícito. É uma relação mais natural. E vale ressaltar que a escola está, sim, submetida aos imperativos econômicos.

A escola pode ser chamada de muitas coisas. Mas, se for particular, será sempre uma empresa. E empresas precisam de clientes e de receita. E, por isto, têm que satisfazer os anseios de seus consumidores. O que não é justo e correto é prometer uma “cirurgia sem dor”. Isso não seria medicina. Seria charlatanismo.


Texto original de Cláudio Gonçalves,extraído(com modicações) da revista Gestão Escolar