terça-feira, 31 de julho de 2012

Na incerteza essencial, a saída é o Estado


A primeira coisa que um economista tem que aprender é que, a despeito do que dizem os mais sofisticados e artificialmente matematizados livros de microeconomia, o homem-indivíduo não existe.
Só existe a "rede" de relações em que está imerso no universo econômico, controlado pelas instituições que ele mesmo foi "descobrindo" ao longo de sua história para a sua subsistência material (alimento, vestimenta e abrigo): o Estado e o mercado. O primeiro garante as condições de um razoável funcionamento do segundo, impondo-lhe normas de comportamento em troca da garantia de sua existência.
Os dois polos dessa organização foram evoluindo lentamente para uma combinação que permita - agora sim - ao homem-indivíduo gozar crescentemente de valores que aprecia: 1) sua liberdade de escolha e a apropriação dos benefícios que dela eventualmente decorram; e 2) o uso relativamente eficiente de seu esforço para produzir os bens e serviços de que necessita para o seu bem-estar. Essa "necessidade" aumenta naturalmente por uma disposição psicológica. É a "eficiência" que lhe proporciona maior tempo livre para procurar sua humanidade.
Não há leis naturais na economia e não existe equilíbrio de longo prazo que possa determinar a combinação ótima da relação Estado versus mercado. A história mostra que um Estado constitucionalmente controlado, suficientemente forte para impor regulação aos mercados (particularmente ao financeiro), parece ser uma combinação razoável, que permite um aumento da quantidade de bens e serviços com os recursos sempre escassos de que dispõem as sociedades.
A antinomia Estado versus mercado é disfuncional. Mas há mais. Há um terceiro valor que o homem-indivíduo inserido nas relações econômicas procura, além da liberdade e da eficiência: uma preferência pela relativa igualdade. Inserido na "rede", ele aparentemente tem maior alegria quando suas relações se realizam com membros em condições próximas às suas.
O problema é que essa maior igualdade não pode ser obtida pelo funcionamento dos mercados. Esses combinam liberdade individual com eficiência individual, mas, por serem altamente competitivos, estimulam a desigualdade. Estudos empíricos sugerem que a partir de certo ponto essa desigualdade é também disfuncional com relação à eficiência coletiva.
Há, por outro lado, um fato empiricamente bem comprovado. Os mercados, apesar de suas virtudes, têm um problema sério: são inerentemente instáveis. A ilusão criada pela teoria neoclássica, que os economistas tinham descoberto políticas econômicas que tornavam as crises "obsoletas" (como afirmou um prêmio Nobel em 2003!), foi enterrada "à la lumière des flambeaux" na crise de 2007...
Dois fatos: 1) a possibilidade que o mercado possa produzir um nível de desigualdade não funcional; e 2) o fracasso da ideia que tínhamos entrado num período de "grande moderação", por conta das políticas econômicas fiscal, monetária e cambial desenvolvidas nos últimos 30 anos, deixou claro que a economia é um tipo de conhecimento muito complexo. Ele está longe de poder ser dominado pelo cientificismo produzido pela inveja da física, que encantou alguns economistas.
O papel fundamental de um Estado constitucionalmente controlado transcende - e muito - o de ser o "garante" das instituições que permitem aos mercados serem instrumentos úteis (indispensáveis, mesmo) para o desenvolvimento social e econômico. Ele é o único instrumento capaz de, em condições especiais e com medidas corretas, eventualmente, corrigir as flutuações do emprego e da produção, quando os agentes sociais congelam diante da incerteza absoluta.
É importante entender que essa incerteza não é do tipo do risco atuarial, que tem uma história e ao qual pode aplicar-se o cálculo das probabilidades. É a incerteza essencial à qual se referia Keynes, do tipo: o que será a eurolândia daqui a cinco anos? É a incerteza produzida pelo fato que o passado não tem qualquer informação sobre o futuro. Alguém acha que o destino da União Monetária Latina no século XIX pode nos informar como terminará a União Econômica Europeia no século XXI?
Quando isso acontece, destrói-se a "rede" social, porque desaparece o seu elemento essencial: a confiança mútua. Termina instantaneamente o crédito interbancário e com ele destrói-se parte da demanda global do setor privado. Para sustentar o nível de emprego e de renda, só resta tentar substituí-la pela demanda pública. O consumo é a parte mais importante da demanda e mais resistente à flutuação do PIB principalmente pelas medidas anticíclicas da política fiscal. O investimento é menor, mas é mais volátil, porque depende da expectativa do futuro e da possível taxa de retorno (o lucro esperado) que são mortalmente atingidos pela incerteza.
Nessa circunstância, só o investimento público pode socorrer a economia, porque ele amplia a demanda e, ao mesmo tempo, a capacidade produtiva. Para não comprometer o equilíbrio fiscal, o melhor é realizá-lo através do setor privado, com concessões e parcerias com taxas de retorno adequadas e descentralizá-lo para obter um efeito mais rápido e generalizado, como parece ser a atual tentativa de cooptação dos Estados e dos municípios.
Por Antonio Delfim Netto - professor emérito da FEA-USP, ex-ministro da Fazenda, Agricultura e Planejamento.

Fonte: Valor Econômico

segunda-feira, 30 de julho de 2012

5 dicas para abrir sua startup

"...  Especialista afirma que é preciso vontade, conhecimento e ânimo, mesmo diante de um possível fracasso..."



São vários os motivos para que uma ideia de negócio não seja levada adiante pelo seu idealizador, seja por ele não acreditar no potencial do projeto, imaginar que é de difícil execução, por não ter sucesso numa tentativa de colocar a ideia em prática, entre várias outras razões.
No entanto, se essa pessoa quer mesmo ser uma empreendedora, deve adotar uma postura diferente diante dessas dificuldades, de acordo com Juliana Lima, produtora da SP Beta, empresa que promove eventos de negócios para empreendedores e investidores.

"Não adianta ter uma ideia para não executar. Acaba chegando ao mercado um produto similar e você percebe que tinha pensado em um produto assim antes", afirma a especialista, que dá algumas dicas para quem quer abrir uma startup:

1. É preciso colocar a ideia em prática: o empreendedor é definido pela garra e por saber executar. Para isso é preciso correr atrás, pesquisar e, mesmo que não dê certo de uma determinada maneira, nunca desanimar.

2. Não existe fórmula mágica para saber se a sua ideia vai dar certo, se vai ter investimento, ou se você vai conseguir vender. Não existe uma fórmula secreta. "A gente vê a mágica que teve o filme 'A rede social', que conta a história do Facebook, de mostrar que para Zuckerberg foi muito fácil, que acordou numa noite e depois surgiram bilhões de dólares. Não é assim que funciona e o Facebook não nasceu do dia para a noite", explica Juliana.

3. Não ache que sua ideia não tem concorrentes. A concorrência fortalece e estimula a criação de um diferencial. Além disso, uma ideia nunca é exatamente igual a outra e é possível se ter um diferencial focando num nicho, por exemplo.

4. Sua ideia não precisa atingir todos. Atingir o maior público possível é muito bom, mas existem muitas características de nichos que podem solucionar um problema. Em alguns casos, pensar em um nicho é melhor, para que a partir daí se tenha potencial para o desenvolvimento de algo mais global.

5. Não desista. É preciso lidar com negativas, críticas e até possíveis mudanças no projeto sem se deixar abater. "Existe uma conferência chamada FailCon, onde empresários, empreendedores falam dos fracassos que eles tiveram, como falências, e do aprendizado que tiveram para se reerguer e buscar outras soluções. Então, o negócio é não desanimar", finaliza Juliana Lima. 

domingo, 29 de julho de 2012

O novo desenvolvimento e o papel do Estado


A análise dos modelos de desenvolvimento nacionais, ao longo dos últimos séculos, permite identificar pontos centrais que deflagram processos.
Há que se preparar as bases, educação, inovação, ambiente favorável ao empreendedorismo etc. Mas o gatilho que muda o patamar da economia é a abertura de mercados.
É o que permite ampliar a escala da produção, abrir espaço para novos investimentos, para as empresas mudar rapidamente de patamar tecnológico e de produção.
Foi assim com a Inglaterra (conquistando o mercado externo), os Estados Unidos (conquistado o interior), a Argentina no final do século 19 (conquistando os pampas e os mercados (norte-americano e europeu) e a China no final do século 20.
É esse impulso inicial que muda a dinâmica do desenvolvimento, cria uma mística interna que facilita reformas, mudanças de paradigma, abre espaço fiscal para políticas proativas.
São vários os caminhos para tal:
Conquista do mercado interno
Os grandes saltos de desenvolvimento brasileiro – político e econômico – foram precedidos de inclusão de novos atores nos mercados de consumo e político. Foi assim com a migração no final do século 19, com a urbanização de São Paulo nos anos 20, com a criação das indústrias do ABC nos anos 50 e, nos últimos anos, com a massificação de políticas sociais.

Outro ponto relevante é o da interiorização do desenvolvimento. A conquista do Paraná, nos anos 50, e do centro-oeste nos anos 70 foram passos fundamentais para a construção da nova economia. Agora, a ampliação da malha ferroviária, o novo dinamismo do nordeste, a dinâmica do sul da Amazonia ampliam essas perspectivas.
Há um conjunto de ferramentas financeiras facilitando o acesso ao mercado. A principal é o crédito. A mera redução dos juros do creditário significa um enorme ganho no poder aquisitivo do consumidor.
Exemplo: prestação de R$ 100,00 por mês, por 48 meses a uma taxa de juros de 4% ao mês permitirá adquirir um bem no valor de R$ 2.120,00. Se a taxa cair para 0,5% ao mês, com a mesma prestação se conseguirá adquirir bem no valor de R$ 4.2580,00 ou um aumento de 101%.
Conquista do mercado externo
Aí se entra na competição com os produtos internos. Há um conjunto de características externas à empresa, como o custo país, questões de infraestrutura, financiamento etc. que serão abordados em outro capítulo.

A abertura de mercado e competição externa - há dois tipos de ação. Uma, de abertura estratégica de mercados. Compõem essa linha acordos comerciais, parcerias entre países, ação diplomática, grandes lances de logística, mecanismos de financiamento etc.

Uma segunda linha é da ação direta sobre preços e concorrência. Entram ai as tarifas de importação, restrições comerciais, barreiras sanitárias, hoje em dia penalizadas por legislação internacional no âmbito da OMC (Organização Mundial do Comércio).

Fonte: blog do Nassif

sábado, 28 de julho de 2012

O fetiche do superávit primário e o crescimento da economia


A evidência de que a economia está no rumo da recessão nos impõe considerar novamente a questão do superávit primário. É um tema que nunca foi claramente entendido no país, sobretudo pela maioria dos economistas neoliberais, o que se explica por uma razão simples: enquanto muitos, como eu, apontavam nos anos 90 e 2000 para o caráter recessivo do superávit primário, a realidade tomava um caminho inverso, mostrando uma indiscutível compatibilidade entre superávit primário e crescimento econômico. Parecia que, diante dos fatos, a crítica ao superávit primário era irremediavelmente improcedente.

Tentemos avaliar a essência da questão. Numa recessão, a retomada da economia depende essencialmente de um ou da combinação de três fatores: do investimento privado, do excedente de exportações ou do investimento público, em todos esses casos estimulando a demanda agregada. É claro que, numa situação sem perspectiva de aumento da demanda interna, não há estímulo ao investimento privado. Entretanto, se o contexto internacional favorece o aumento das exportações, a economia pode retomar pelo lado externo, sem depender necessariamente do aumento prévio do investimento público.

Na etapa inicial do primeiro governo Lula, a economia se arrastava em torno de um crescimento inferior a 2% ao ano, prolongando a recessão do governo FHC. Em ambos os casos, o esforço de se fazer superávit primário tinha um efeito contracionista, que não era compensado nem pelas exportações, nem pelo investimento privado, nem, consequentemente, pelo aumento da demanda interna. Contudo, é necessário compreender melhor o superávit primário. Na institucionalidade financeira brasileira, isso é crucial para se entender a relação entre ele e o crescimento, ou contração econômica.

Comecemos pelo elementar: superávit primário é o excesso da receita fiscal sobre as despesas governamentais, fora juros. E é usado justamente para pagar os juros da dívida pública. Em termos macroeconômicos, portanto, realizar superávit primário significa retirar recursos da sociedade, ou do lado real da economia, para empregá-los no pagamento dos juros da dívida pública. A retirada de recursos da economia pelo setor público, através de impostos, tem um efeito contracionista, a não ser que esses recursos voltem para a economia sob a forma de gastos públicos de custeio e de investimento.

É aí que entra a peculiaridade do superávit primário brasileiro: a taxa de juros sobre a dívida pública é tão alta (continua alta mesmo depois das seguidas reduções pelo BC) que os receptores dos juros da dívida pública não têm qualquer estímulo em transformar em gastos correntes e investimentos os recursos oriundos do superávit primário que recebem do governo. Preferem manter o dinheiro aplicado em dívida pública. Com isso, os recursos do superávit primário retirados da economia sob a forma de imposto não retornam a eles sob a forma de demanda efetiva, de onde resulta a pressão contracionista sobre a economia.

Como se explica, então, o crescimento da economia de 2005 a 2008, antes da crise financeira mundial? Elementar, meu caro Watson: o governo Lula recebeu de Fernando Henrique uma crise cambial que elevou o valor do dólar a quase quatro dólares. Com isso, os exportadores tiveram um tremendo estímulo em suas vendas externas. Mesmo com o ciclo de valorização cambial que se seguiu, exportadores de commodities e de manufaturados se beneficiaram amplamente da política cambial. E os exportadores de commodities se beneficiaram adicionalmente na tremenda alta de importações da China e do entorno asiático.

Foram as exportações, não qualquer mágica especial da política econômica, que estiveram por trás do sucesso brasileiro até a crise. Isso, a despeito da realização de elevados superávits primários. A situação hoje é totalmente diferente: a taxa cambial, mesmo que se tenha desvalorizado nos últimos meses, continua desfavorável à exportação de manufaturados. E a recessão na Europa e queda no crescimento chinês criaram uma situação desfavorável às commodities. Nesse clima, não há grande perspectiva pra a retomada do investimento privado. E para o investimento público retomar, é fundamental a redução e até a eliminação do superávit primário.

Há um fato adicional a ser entendido: do ponto de vista macroeconômico, o conceito de superávit primário é um engodo. O que importa é o orçamento nominal, ou seja, o balanço entre a totalidade das receitas e das despesas (incluindo juros) públicas. Nesse sentido contábil, somos deficitários – o que é bom, em tese, para uma economia em recessão. Contudo, o orçamento nominal, como dito, está contaminado pelo pagamento de juros que não retornam ao circuito econômico. A eficácia do déficit nominal para o crescimento desaparece. Para que o déficit nominal tenha efeito sobre a demanda agregada, o setor público deve converter seu endividamento em gasto público, efetivando temporariamente o déficit nominal. Isso aconteceu em 2009 e 2010, tendo havido excelente resposta da economia. Entretanto, o fetiche do superávit primário continua a inibir nossas autoridades econômicas, que parece não terem entendido ainda a relação entre ele e a recessão.

Fonte: Agência Carta Maior - Por J. Carlos de Assis  Economista e professor de Economia Internacional na UEPB, co-autor, junto com o matemático Francisco Antonio Doria, de “O Universo Neoliberal em Desencanto”, pela Civilização Brasileira. Esta coluna é publicada também no site Rumos do Brasil e, às terças, no jornal carioca Monitor Mercantil.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

5 lições do aikido para os negócios


O aikido é uma arte marcial japonesa que se preocupa com a resolução de problemas através da harmonização das circunstâncias. Sua dinâmica tende a representar a interação entre as pessoas e os desafios que enfrentam, trazendo como resultado, além de um excelente esporte, uma filosofia abrangente, de aplicação prática no ambiente de negócios e na vida pessoal. Conheça 5 princípios, entre tantos outros, que são ensinados pelo aikido.
O princípio do Ukemi
Todo negócio é baseado em ciclos de expansão e recessão, e assim cair é parte de um processo natural. Através do chamado ukemi, rolamento executado diante da queda, o aikido ensina que a mesma energia que lhe derrubou pode ser usada para coloca-lo em pé novamente. Significa reconhecer e avaliar a circunstância, se posicionando e agindo para aproveitar as adversidades ao seu favor.

Continue andando
O movimento de andar é composto por momentos de desequilíbrio, no qual um dos pés está pendendo a cair para frente, e de equilíbrio, quando ele finalmente encosta o chão. Para o aikido, continuar andando é a chave para manter-se em pé. Ou da mesma forma, só é possível derrubar o concorrente ao impedir que ele finalize o próximo passo. O que não necessariamente é outra empresa, ou outra pessoa: não se esqueça de olhar para si, e continuar andando.

Na adversidade não recue
O ser humano tem como tendência natural dar um passo para trás quando diante de uma situação adversa. O aikido inverte essa lógica, fazendo com que os seus praticantes se aproximem ainda mais do oponente, de forma estratégica, dominando a adversidade. Ainda mais importante do que enfrentar as dificuldades é enfrentá-las de modo inteligente.

Não crie resistência, se adapte
Diferente de tantos outros praticantes de artes marciais, o aikidoista não se opõe ao adversário, criando resistência aos seus golpes. De fato, ele se adapta à circunstância, canalizando a energia despendida pelo oponente em seu favor, fazendo com que "o ataque saia pela culatra".

Se você precisa fazer força, está fazendo errado
É uma tendência natural tentar atingir resultados através da força e da insistência, algo que pode ser considerado até mesmo um axioma do pensamento ocidental, mas que na prática não se justifica. Para o aikido, forçar um situação significa se opor ao fluxo de energia predominante, perturbando a harmonia do movimento e limitando as suas chances de sucesso. Uma analogia bastante esclarecedora seria a do movimento realizado pelo rio. Ele é capaz de despender uma grande quantidade de energia por adaptar seu movimento ao fluxo natural, sem insistir contra as pedras ou mesmo negar sua essência líquida e indefesa.

Fonte: Por Pedro H. Souza - site www.administradores.com.br


terça-feira, 24 de julho de 2012

Você é um profissional herói ou vilão?

Qual é a imagem que vem a sua cabeça quando você pensa em um super herói? Um cara sarado, forte, alto, bonitão, olhos azuis, cabelos dourados, autoconfiante, conversa de lorde e roupas impecáveis, tipo príncipe encantado do Shrek ou Gaston da Bela e a Fera? Um cara cheio de super poderes, roupas de plástico e capacidade de voar, tipo Batman, Super Homem ou Homem Aranha? Braços poderosos, poderes especiais e beleza física tornam uma pessoa um super herói? Não. Nem a pau.

O Super Herói é o cara comum, escondido na multidão, esperando para ser descoberto, que vem de onde você menos espera para resolver o problema de pessoas que ele ama, tipo Luke Skywalker, Frodo Baggins, Marty McFly, William Wallace, Tiradentes. Até mesmo Peter Parker, Bruce Wayne ou Clark Kent vieram de lugar nenhum.

Através do seu perfil social no Linkedin, por exemplo, você pode criar e administrar um grupo de discussão entre profissionais e empresas do seu mercado, você pode promover vagas de emprego, falar sobre as habilidades que as pessoas precisam ter para serem contratadas pelas melhores empresas do mercado, entrevistar formadores de opinião para ajudar as pessoas a perceberem as novas tendências e oportunidades e muito mais.

Através do seu perfil social no Facebook, por exemplo, você pode espalhar coisas boas sobre o seu mercado e não apenas compartilhar fotos da última pizza de mussarela que você comeu com os amigos, ou do gatinho mais fofo da sua rua. Você pode conseguir mais seguidores sendo você mesmo do que a sua empresa através do seu perfil corporativo.

No começo da história de um super herói, o cara nem sabe o poder que tem. Ele passa por diferentes dificuldades e desafios que aparentemente são problemas e obstáculos mas que no final mostram que serviram apenas para construir o seu caráter e coragem.

Nós vivemos no melhor dos tempos para você ser um super herói. Um super herói capaz de salvar sua empresa da mesmice corporativa e transformá-la em uma Força do Bem. Você pode atrair clientes e aumentar as vendas da sua empresa apesar de não fazer parte do departamento de vendas. Você pode ajudar pessoas a encontrar emprego mesmo que o seu trabalho não tenha relação com recursos humanos. Você pode resolver o problema de comunicação entre as pessoas mesmo sendo um cara introvertido. Você pode levantar dinheiro para a empresa sem ter relacionamento com investidores ou crédito no banco.

Através do seu perfil social no Yammer, por exemplo, você pode criar uma intranet completa, moderna e sofisticada para a sua empresa, onde todos os funcionários poderão compartilhar suas idéias, projetos, arquivos e colaborar entre si. A partir dessa iniciativa, quem sabe, a sua empresa passa a ter algum tipo de planejamento estratégico para guiar o seu dia-a-dia.

Através do seu perfil social no Catarse ou KickStarter, por exemplo, você pode promover aquele tão desejado projeto de produto que está parado há anos porque vocês não tem dinheiro para bancar sua produção. Em vez de mendigar dinheiro com bancos ou investidores sabichões, publique sua proposta na Catarse, onde milhares de brasileiros se reúnem todos os dias dispostos a investir em soluções que resolvem os pequenos grandes problemas do mundo. Quer alcançar o planeta? Publique na KickStarter, e promova sua idéia para fora do Brasil, para milhões de pessoas de todo o mundo que estão dispostas a investir em projetos criativos.

Seja o herói da sua empresa agora mesmo, antes que você se acostume com os problemas do dia-a-dia, e passe a fazer parte do grupo dos vilões. Não tem meio termo. Ou você vira parte da solução ou dos problemas. E sabe de uma coisa? Todo mundo quer que você seja um herói. Ninguém tem tempo para perder com vilões.

Quando entrevistamos um cara para uma vaga de trabalho, a nossa esperança é que ele seja O cara. Ninguém quer entrevistar 50 pessoas para escolher uma. Quando recebemos a visita de um novo fornecedor, a nossa esperança é que ele seja O Cara que vai nos inspirar e não apenas vender. Quando o cliente entra na sua loja, ele espera encontrar o produto que espera encontrar. Quando o cliente mete o pau porque você atendeu mal, ele quer que você seja O Herói que vai resolver. Quando você se compromete em fazer uma coisa, nós esperamos que você faça. Ponto.

Todo mundo quer que você seja um herói! Essa é uma das ideias mais poderosas da sua vida, e você deveria prestar mais atenção a ela.

Todo mundo está torcendo por você, não tem ninguém contra você. Seus pais, seu chefe, seus clientes, seus fornecedores, seus colegas medrosos. Até o editor da revista Época Negócios torce para que você tenha uma história bacana para ele reportar. Tá todo mundo do seu lado. De que lado você está?

Enquanto você fica aí parado pensando no que os outros vão pensar de você, a grande verdade é que está todo mundo parado pensando no que você está pensando sobre eles.

Eu entendo que às vezes não dá para ser um herói, mas tem que pelo menos querer ser. Nada menos que isso interessa!

Fonte: Por Ricardo Jordão Magalhães www.admnistradores.com.br

segunda-feira, 23 de julho de 2012

3 regras de ouro para um bom networking


O ditado 'não importa o que você sabe, mas quem você conhece', faz referência ao fato de que, muitas vezes, nos negócios as relações pessoais são mais importantes do que o conhecimento especializado. Eu não acredito que a chave do sucesso seja apenas conhecer as pessoas certas.
Pense nas pessoas aparentemente bem-sucedidas que se deram mal com a crise dos últimos quatro anos. Elas tinham os contatos certos, pelo menos, era o que pensavam. Faziam parte do sistema, mas não perceberam que estavam se isolando. E este é o desafio, além de fazer novos contatos, é importante avaliar estes relacionamentos e ponderar sobre novas ideias.
O networking no contexto comercial representa a interação social que busca por vantagens. Nos países asiáticos, a tradição ensina que se você deseja negociar com alguém, primeiro deve estabelecer o contato social, incluindo a troca de presentes. Os anglo-saxões, em grande parte, acreditavam que poderiam fazer negócios sem nenhum agrado e foi com atraso que perceberam a importância do networking.
A globalização minimizou essas diferenças culturais. Hoje por mais que tenhamos ampla capacidade de nos conectarmos, seja por meio do Twitter, Facebook ou videoconferência, é fácil nos sentirmos solitários. Ao atingir um determinado patamar, é possível escolher as pessoas com quem queremos conversar, excluir as demais e trabalhar por meios virtuais em muitas situações. O que pode transformar o networking em algo tão seletivo que deixa de funcionar como deveria.
1. Envolva-se em todos os tipos de mídias sociais, de modo a ampliar suas conexões. Viaje para explorar novos mercados, conhecer possíveis clientes e ouvir conselhos de pessoas experientes em cada local. Converse com sua equipe e com amigos. Esteja aberto a encontros casuais que podem surgir depois de conferências em locais públicos. Mas lembre-se de que este é o estágio inicial, o de fazer novos contatos.
Devemos nos esforçar para estarmos disponíveis. Saia na rua e veja ao seu redor. Utilize as mídias eletrônicas, fique conectado. Mas não se esqueça de conversar com a sua equipe e com pessoas de outras áreas, pois podem lhe ajudar a fazer ótimos contatos. O networking na dose certa faz com que você descubra o que seus clientes desejam e qual é a motivação das pessoas. Confira algumas dicas:
2. Crie laços. O networker bem sucedido deve conseguir relaxar e persuadir outras pessoas a fazerem o mesmo. O que é impossível se você estiver muito determinado em vender algo ou ganhar uma discussão. Pessoas extrovertidas são legais, mas ser muito determinado pode fazer com que o outro fique na defensiva. Respeite as pessoas, ouça , dê a elas a chance de se expressarem. É impossível fingir: tenha a mente aberta, cultive a capacidade de escutar e aprender. Seja paciente e as oportunidades irão surgir.
3. Dê prosseguimento. Entregar apenas um cartão, não convence. Se existe uma oportunidade de negócio, este é o momento de ter iniciativa. Reflita no que a pessoa está interessada, envie um e-mail, ofereça algo, convide para um evento, e se houver dúvidas, procure esclarecê-las. Um bom networking se constrói com interação pessoal e respeito.
Mark Dixon - CEO e fundador do Grupo Regus. 

domingo, 22 de julho de 2012

A greve nas Federais na visão de um não ativista


Depoimento de um professor de federal não ativista e cientista reputado.
Grosso modo, podem-se dividir os trabalhadores das Universidades federais em três grupos: os funcionários, os professores ativistas e os acadêmicos não ativistas.
A estabilidade de emprego é uma necessidade, em alguns casos, e uma praga em outros. Justifica-se para permitir ao professor liberdade de pensamento. Não se justifica para funcionários. Mesmo no caso de professores, a estabilidade não os obriga a submeter-se a critérios de avaliação que permitam premiar os eficientes e punir os displicentes.
Na militância acadêmica, a ANDES sempre foi vista como carbonária. Para contrapor-se a ela, surgiu o PROINFES, de início mais moderado. A falta de disposição dos não-ativistas acabou fazendo com que os ativistas assumissem também o controle dela.
No atual movimento grevista, velhos guerreiros da ANDES limparam o pó das armaduras e caíram de cabeça na agitação.
Há um combustível que dá força para a ANDES: nas federais as conquistas salariais só acontecem em ambiente de greve. Mesmo assim, nos últimos anos sempre houve espaço para diálogos com o governo, ajudando a fortalecer o bom senso e os que não pensam a Universidade como palco de lutas políticas.
Desta vez, não houve interlocução. O governo demorou a se manifestar e o Ministro da Educação sumiu. Essa atitude enfraqueceu substancialmente os grupos moderados, que acabaram aderindo à greve.
Esse professor mesmo, fez questão de adiantar os trabalhos com alunos, praticamente fechou as notas para não prejudicá-los. Mas entrará em greve no segundo semestre também.
Para ele, a proposta do MEC é ótima. Como professor antigo e titulado, teria um aumento substancial. Defende também modelos flexíveis de remuneração que estimulem a produtividade e o aprimoramento. Mas reconhece que a proposta não resolve o problema dos professores mais novos.
Segundo ele - leve-se em contra que é a posição de um professor -, o maior problema da Universidade ainda é a questão da estabilidade dos funcionários.
No seu departamento, o laboratório contava com cinco funcionários estáveis. Chegaram a levar uma mesa de ping-pong para o laboratório e recusavam qualquer incumbência mais pesada. Para conseguir avançar nos trabalhos, precisou contratar dois funcionários de fora, engatados em projetos acadêmicos. Mas não teve como nem punir nem dispensar os funcionários relapsos. Restou-lhe apenas o falso consolo de impedi-los de entrar no laboratório.
Fonte: blog do nassif

sábado, 21 de julho de 2012

O lado mais sinistro do sistema bancário


De crise em crise, de susto em susto, de revelação em revelação, vem à tona dia após dia o lado mais sinistro do sistema bancário internacional.
Desde 2008, em que pese o esforço midiático de concentrar fogo e visões em torno das “crises das dívidas soberanas”, foi ficando evidente o quanto a desregulamentação do sistema financeiro internacional custou aos cofres públicos das nações – daquelas em crise aberta (como a Grécia) e daquelas que aparentemente sobrenadam no dilúvio (caso da Alemanha). Naquelas, sonhos coletivos e individuais se transformam em pesadelos, enquanto direitos individuais e coletivos se desmancham no ar ou às custas de cassetadas ou bombas de gás lacrimogênio nas ruas.
Bilhões de euros são arrancados do poder aquisitivo da população para impor uma “austeridade fiscal” recessiva, depressora, depressiva e deprimento enquanto continua o engorde das taxas de juro extorsivas cobradas para refinanciar a dívida pública, que certamente não serão pagas por nenhum sistema bancário ou financeiro, mas novamente pelas camadas mais frágeis da população, às custas de arcarem com mais pesadelos. Nas que guardam algum resíduo de organização e prosperidade – como a Alemanha – bilhões de euros foram e são transferidos para bancos, oriundos de fundos públicos, quer dizer, também do bolso de contribuintes e trabalhadores, para cobrir contas abertas nacionais e internacionais.
Mas nos últimos dias mais lados sinistros – e mais sinistros – vieram à tona. Semanas atrás foi o caso da manipulação da taxa Libor da banca britânica, promovida pelos representantes do banco Barclays na Associação de Bancos de Londres para favorecer a obtenção e/ou a manutenção de clientes investidores. O banco manipulava seus dados e induzia a manipulação da Libor por parte das autoridades financeiras londrinas para baixo, para parecer mais saudável do que era, a fim de manter clientes; ou inchava a taxa para prometer melhor remuneração para atrair clientes em épocas de escassez. E as autoridades – inclusive do Banco da Inglaterra engoliam as pílulas – isso, pelo menos, de 2007 a 2010. Os prejuízos são incalculáveis, uma vez que a taxa Libor, além de incidir pobre empréstimos entre bancos britânicos, era uma referência mundial no setor.
Agora foi a vez do HSBC. Uma investigação de mais de ano, feita pelo Senado norte-americano, concluiu insofismavelmente que a seção norte-americana do banco lavou dinheiro dos cartéis mexicanos de narcotráfico de 2002 a 2009, apesar dele ter sido advertido por agentes do fisco e até por investigações internas de seus próprios funcionários.
Na terça-feira isso redundou numa sessão humilhante para altos executivos do banco, que renunciaram a seus cargos numa sessão pública do comitê do Senado, embora negassem ter “conhecimento completo” das contravenções. Já antes houve uma espécie de “mea culpa” por parte do banco perante um comitê semelhante de autoridades britânicas do setor financeiro.
Além disso, o banco (sempre a seção norte-americana) foi acusado por uma série de outras contravenções, indo desde negócios ocultos com finanças sírias e iranianas, à prestação de serviços para instituições financeiras da Arábia Saudita e de Bangladesh suspeitas de terem financiado em parte a Al Qaeda.
O Barclays já pagou 450 milhões de libras em indenizações a clientes que se julgaram lesados. O Serviço da Autoridade Financeira de Londres vai ser extinto e substituído por outra agência, além de parte de suas atribuições passarem para o Banco da Inglaterra. O HSBC promete uma revisão de seu sistema interno de segurança.
A ver, para crer.  Por Flávio Aguiar - correspondente internacional da Carta Maior em Berlim.
Fonte: correio do brasil

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Com novidades no front

Ao longo dos últimos dez anos a disputa de princípios, na esfera da política, tornou-se mais complexa. Os argumentos tradicionais estão bloqueados por um senso comum formatado por uma repetição de “verdades”, cuja aceitação não se fundamenta em fatos ou provas, mas é criada pelo martelamento permanente, repetitivo, de “informações” que são passadas como se não precisassem de argumentação minimamente lógica. O fazer político e o discurso político, hoje, devem partir do pressuposto que o senso comum já está “trabalhado pela grande mídia” para formar “pré-conceitos” sobre todos os temas relevantes do país e do mundo.

Repito o que disse em outras oportunidades: quando falo em “grande mídia”, não estou me reportando a qualquer órgão de imprensa, em particular, nem a um ou outro jornalista, sejam eles manipuladores ou não das informações que transitam nas suas colunas ou matérias. Reporto-me ao produto “matéria informativa”, no mercado da notícia, que é fabricado para ser assimilado pelo senso comum, ou por parte dele, como conjunto que passa a circular de forma dominante, como verdade, na “grande mídia” nacional.

Assim, Chavez que ganhou sucessivas eleições na Venezuela e sofreu uma tentativa de golpe de Estado quase concretizada, passou a ser um “ditador”. Lula, que fez o governo mais democrático e avançado do país - em termos de progresso econômico, distribuição de renda e soberania nacional- nos últimos 50 anos, passou a ser retratado como um Presidente tosco, que teve a sorte de surfar nas boas ondas da economia mundial. A corrupção no Estado é apresentada sempre (e quando ela passou a ser mais combatida e por isso se tornou mais evidente) como uma “novidade”, ligada principalmente ao PT (mesmo quando os sacerdotes da moralidade pública são desnudados por inteiro e não são nem do PT, nem da esquerda).

Ao lado desses macro-eventos, alinham-se outros. Por exemplo, a deposição do ministro Orlando Silva, do PC do B, que é exposto cinicamente como participante de um esquema de corrupção, humilhado publicamente pela “grande mídia” perante o país e a sua família, sem qualquer cuidado com a verdade, e sobre o qual hoje não pende nenhum indício de culpa. O serviço - a chacina -, porém, foi feita de forma meticulosa, certamente respondendo a interesses econômicos e políticos obscuros.

Neste momento, a “grande mídia” atravessa um período de esforço para a legitimação da deposição golpista do Presidente Lugo. Abre, assim, um precedente perigoso no debate sobre o futuro das democracias na América Latina, que lembra os anos 70.

Os métodos são outros, mas os objetivos e os efeitos são os mesmos: travar reformas progressistas e roubar esperanças de mudanças dentro da ordem. Pode, uma maioria parlamentar, -mesmo legítima em termos eleitorais - promover a deposição sumária de um Presidente por “não cumprir adequadamente” as suas funções, sem direito a ampla defesa e sem mesmo um esboço de prova? 

Ao aceitarmos como “normal” a deposição do presidente Lugo, qualquer maioria (seja qual for sua posição política) poderá interromper mandatos sem obediência a regras que presidem qualquer Estado Democrático de Direito, estimulando o desapreço do povo à democracia política. A naturalização da deposição de Lugo está sendo meticulosamente trabalhada para passar ao senso comum que ela foi um ato legítimo.

Há um outro aspecto interessante no movimento da mídia. Aquele que elege a “personalidade da vez”. Até há pouco tempo este era o Senador Demóstenes, que seria o contraponto à “herança Lula”. Pela sua probidade e intransigência em relação à corrupção, era considerado também um modelo ideológico, capaz inclusive de promover uma pauta bombástica (e falsa), como aquela que a Polícia Federal estaria gravando diálogos seus com o ex-presidente do STF, Gilmar Mendes, que, na oportunidade, mostrou-se justamente indignado. 

Ministro da Justiça naquele período, considerando o pedido do ministro Gilmar que presidia o STF, determinei uma investigação rápida e profunda, que não localizou nenhuma escuta ilegal. Não seria Cachoeira o autor do grampo? Não seria falsa a degravação apresentada? Eis uma investigação suplementar que a PF deveria reabrir neste momento.

Atualmente, a figura mais promovida pela mídia é o senador Randolfe Rodrigues, do PSOL do Amapá. Assim como já foi, em outras oportunidades, a senadora Heloisa Helena, quando as suas diatribes udenistas serviam para a tentativa de desestabilização e promoção do fracasso do primeiro governo Lula. Ela era apontada pela mídia, naquela oportunidade, como exemplo de coerência política e consciência ideológica da esquerda e atraiu, pelo seu discurso radical contra Lula, o apoio e o voto de colunistas de jornais conservadores, ex-esquerdistas, que se autoproclamavam autênticos justiceiros do PT.

Buscava o governo, naquele momento difícil - não sem erros - dar estabilidade a uma maioria parlamentar para implementar um programa de crescimento econômico e melhoria na distribuição de renda, que hoje orgulha toda a nação. O senador Randolfe, portanto, que se prepare, pois quando ele se ocupar em esboçar alguma defesa coerente do programa socialista do seu partido, será também sumariamente despedido dos grandes noticiários e das colunas que hoje lhe cortejam, a medida que já terá sido devidamente utilizado pela “grande mídia” para que este purgue o seu amor a Demóstenes. 

Diante deste cenário, sustento que os partidos de esquerda devem elaborar suas agendas estratégicas não exclusivamente pelo que está sendo retratado ou exigido pela “grande mídia”. A informação, na sociedade democrática, é também parte de uma guerra pelo mercado e a produção da notícia nem sempre corteja a verdade, mas quase sempre está orientada pela busca o aumento do número de consumidores da notícia.

Os dirigentes políticos da esquerda precisam compreender que o interesse dos veículos de comunicação pela polêmica - por razões comerciais - é muito maior que o interesse por debater os grandes temas, capazes de moldar um futuro melhor para o país. Só assim, com a defesa de agendas autônomas e de interesse público, como a reforma política, o verdadeiro e indiscriminado combate à corrupção, a crise européia e o fracasso neoliberal, poderemos nos libertar da sedução momentânea dos holofotes e não estaremos sujeitos às armadilhas midiáticas, que são colocadas frequentemente só para disputar o “mercado” da notícia. Não para informar e preservar a verdade.


Por Tarso Genro(PT) - Governador do Rio Grande do Sul

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Greve nas Universidades Federais confronta princípio da meritocracia


As lideranças da greve das universidades federais rejeitaram a proposta do governo federal que se apóia na lógica da meritocracia. Segundo a presidente da Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior (Andes), Marinalva Oliveira, a oferta governamental não cria uma carreira atrativa para todos os níveis. A dirigente sindical afirma que só atende uma minoria da categoria, em especial, quem está no topo da carreira. Com efeito, a proposta governamental privilegia (portanto, estimula) a dedicação exclusiva e a produção acadêmica nas universidades e escolas técnicas.
Como já anunciado, o salário de um professor universitário com doutorado e dedicação exclusiva passaria dos atuais R$ 11.700 para R$ 17 mil até 2015. Para professores com doutorado e pouco tempo de vida acadêmica, o reajuste seria de 33%, passando dos atuais R$ 7.300 para R$ 10 mil. Os professores com mestrados teriam reajustes entre 25% e 27%.
A questão central é que o princípio adotado pelo governo é o inverso do sustentado pela Andes. O problema parece insolúvel porque há anos a discussão política brasileira vem se rebaixando, como num diálogo entre mudos e surdos. E a diferença conceitual entre as partes em questão exigiria maior aprofundamento.
O governo federal adota a lógica clássica que preside a dinâmica acadêmica. Professores progridem verticalmente pela titulação. A progressão horizontal, por tempo de serviço, é menos valorizada que a vertical. A lógica é de elitização. Tanto que a defesa de tese é avaliada por uma junta composta por acadêmicos que estão numa escala superior ao do candidato, reconhecidos pela sua competência na área de estudo. O julgamento do candidato se faz por uma escala progressiva, chegando ao topo da nota máxima (10), que lhe garante distinção.
O louvor é conferido por julgamento da banca avaliadora e, em muitos casos, confere qualidade excepcional do trabalho apresentado pelo candidato ou extrema originalidade. Além da defesa de pesquisa e dissertação por escrito, o candidato sustenta seu trabalho oralmente. Ora, é perceptível a lógica elitizada e fundada numa busca rigorosa de demonstração de mérito para conferir um título acadêmico.
O discurso da presidente da Andes subverte claramente esta lógica. Sustenta a isonomia nos critérios de premiação das diversas escalas da carreira acadêmica. São duas lógicas distintas, opostas. A horizontalidade reivindicada pelos líderes da greve desconhece a hierarquia fundada na aptidão específica demonstrada, avaliada e acatada por membros que já se encontram no topo da escala funcional. Não se trata de uma discussão sobre justiça, mas de concepção que funda e preside a dinâmica da instituição acadêmica.
Por Rudá Ricci - sociólogo, diretor-geral do Instituto Cultiva, membro do Fórum Brasil do Orçamento e autor do blog De Esquerda em Esquerda
Fonte: site brasil247

segunda-feira, 16 de julho de 2012

O pessimismo em relação à economia brasileira


As expectativas em torno do aprofundamento da crise financeira europeia começaram a dissipar-se lentamente na semana passada, a partir dos acordos para socorrer o sistema bancário espanhol com a liberação de 30 bilhões de euros, parcela inicial dos 100 bilhões que as autoridades monetárias calculam ser necessários para afastar o desastre iminente.
Com o aumento do risco de uma convulsão no sistema bancário e suas consequências na economia e nas sociedades, as novas decisões da comunidade têm sido de dar um pouco de tempo aos países para que resolvam seus problemas fiscais, reduzindo seus déficits sem aumentar ainda mais a crise social que atingiu níveis críticos na maioria dos países.
Nos 17 países que utilizam a mesma moeda, começa a surgir o sentimento de que eles precisam encontrar o caminho para uma união muito mais sólida, que permita introduzir mecanismos que ajudem a funcionalidade do sistema, como, por exemplo, ter um banco central no papel de coordenador de todos os bancos centrais, com a capacidade de emprestador de última instância e autoridade reguladora capaz de produzir ajustes na velocidade que seja requerida.
O reconhecimento dessas necessidades tem contribuído para uma melhora aparente da situação, mas a Europa tem de caminhar para se organizar como federação, tal como a americana ou a brasileira. Quer dizer, a França, a Espanha, a Itália etc. serão Estados de uma federação ou confederação que tenha um organismo fiscal para o controle de todo o sistema. Sei que é muito difícil, mas será muito menos custoso do que as guerras que têm assolado o continente europeu nos últimos mil anos.
Toda essa discussão interessa ao Brasil porque a continuada ameaça de que poderemos ter efetivamente na Eurolândia uma crise bancária que terminaria em uma depressão de proporções como a de 1929 (e poria os povos do continente no rumo de mais uma guerra) é uma nuvem que está cobrindo o mundo inteiro, obrigado a viver a incerteza desse processo. São os Estados Unidos e a China crescendo menos, é o Brasil que desacelerou o crescimento, embora continue crescendo, são os empresários inseguros, não sabendo mais qual é o futuro dos negócios, são os trabalhadores com dúvidas se vão continuar empregados. E ainda são os banqueiros em pânico porque não sabem quais seriam as consequências de uma crise bancária verdadeiramente profunda em toda a Europa.
Há, entretanto, um entendimento cada vez mais amplo de como essas ameaças devem ser enfrentadas. “Todos sabemos o que temos de fazer”, sentenciou Angela Merkel, escondendo o ceticismo, “só não sabemos como vamos ganhar as eleições para fazê-lo”… Ironias à parte, minha percepção é que a Europa vai levar alguns anos para se libertar da enorme encrenca financeira em que se meteu, mas a nuvem, propriamente, vai se dissipar um pouco mais rapidamente.
Essa nuvem produziu o pessimismo que tomou conta do mundo. O nevoeiro atingiu o Brasil: o comportamento dos empresários e de uma parte da sociedade acaba sendo condicionado pelo fenômeno global.
O nível de pessimismo que se reflete na mídia não tem justificativa, na realidade, em relação ao Brasil. Pelo menos na minha leitura dos sempre confiáveis “indicadores antecedentes” organizados pela insuspeita Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Eles apontam para a diminuição da atividade econômica nas principais economias desenvolvidas, incluídos Estados Unidos, China, Rússia e Índia (dentre os 34 maiores países), com “crescimento declinante” nos próximos meses. No Brasil, no entanto, não haverá declínio. Pelo contrário, a economia vai continuar a crescer!
Os indicadores antecedentes da OCDE são concebidos para fornecer antecipadamente indícios de pontos de inflexão entre a expansão e a desaceleração do nível de atividade econômica. A principal exceção à tendência declinante geral foi o Brasil, que teve seu indicador antecedente elevado de 99,0 pontos de abril para 99,2 pontos em maio, o que, segundo a OCDE, é sinal de que o crescimento do País vai se acelerar.

sábado, 14 de julho de 2012

A reforma político-partidária é inadiável e urgente na conjuntura atual do modelo republicano brasileiro


"... Infelizmente, a massa de partidos é uma sonegação da própria democracia e um aspecto demasiado negativo que encerra as alianças políticas..."

Aprovada a Lei da Ficha Limpa, embora o TSE permita o registro de candidatos com nebuloso passado, fato é que as alianças entre partidos forram a realidade de predatismo e parasitismo, isto é, de um interesse visando, única e exclusivamente, o palco das eleições, e não ao elemento indispensável relacionado ao eleitor.
A forma de eleição precisa ser alterada e os velhos candidatos se impõem sem qualquer consulta popular, assim nascem de cima para baixo, ao contrário de outros países, nos quais, mesmo sem partido político, pode qualquer um se habilitar até à Presidência da República.
Infelizmente, a massa de partidos é uma sonegação da própria democracia e um aspecto demasiado negativo que encerra as alianças políticas.
Aproximando-se o pleito Municipal deste ano, o que assistimos são os casamentos, separações divórcios político-partidário, mas sem conteúdo ideológico algum, exceto objetivo precípuo de conquistar o poder, custe o que custar.
Esse famigerado panorama é visto pelo eleitor, que não demonstra força para reagir, a não ser pelo próprio voto, cujo princípio obrigatório deveria ser transformado em facultativo.
As agremiações partidárias são inúmeras e é fundamental que recoloquem nos trilhos seus predicados éticos e morais, de há muito varridos e esquecidos da política nacional.
Devemos, no máximo, migrar as forças políticas para seis partidos que representem os anseios dos eleitores e também, gradualmente, criar a forma de representação proporcional, de acordo com o tamanho dos estados e das comunas.
Em geral, o projeto político hoje confunde aos eleitores e mostra o avanço de forças antagônicas e destrutivas.
A base fundamental deve estar enraizada no emblemático elemento da carta política e não, ao contrário, no fator subjetivo de interesses transitórios de candidatos e alianças.
Não há vocação alguma para que partidos sejam aliados uns dos outros, a não ser em tempos de campanha eleitoral, palanque e conquista de cargos.
A coabitação, muito comum em países desenvolvidos, em nações emergentes revela-se fonte de corrupção, troca de favores e espúrios comprometimentos, que abalam a confiança e credibilidade da classe política.
De vez em vez cogitam de cassações para demonstrar à sociedade que o Parlamento trabalha com seriedade, mas nada executam, na prática, que possam retirar os malsinados efeitos do retardo da almejada reforma político-partidária.
Partidos nanicos e sem representação alguma não podem ser fonte de renda, de aluguel, ou de meros conchavos para ganho de espaço no horário gratuito da televisão.
A visão também abrange as cortes eleitorais, pois a desaprovação das contas é medida que deveria conduzir às sanções correspondentes, e não somente às multas ou a possibilidade de registros de candidaturas.
As sobras de campanhas deveriam receber atenção e a investigação sobre os resíduos e suas destinações, muitas vezes reciclados em outros ambientes menos nobres da política brasileira.
O quadro desenhado da política nacional, depois de longa vida da Constituição Federal, impulsiona ao mecanismo de reforma e sugere a perspectiva de uma falta de representação dos eleitores, os quais amargam duplo prejuízo, de uma tributação exagerada e uma corrupção desmesurada.
O crescimento do Brasil e o desenvolvimento da Nação passam, necessária e imprescindivelmente, pelo corte dos partidos e dos políticos, muitas prefeituras não arrecadam sequer para o pagamento do funcionalismo, e hoje convivemos com mais de 5000 Municípios sem qualquer ordem lógica e racional.
A metamorfose somente depende da força da sociedade, da união da população e da descrença generalizada em torno da classe política, uma vez que o funcionamento precário das instituições do País leva, irremediavelmente, aos conflitos sociais, que se espalham, a latere, em todos os setores.
E antes de tudo, a nobre classe política precisa se conscientizar que é fundamental um aprendizado, conhecimento mínimo e a formação de uma cultura para que o mandato seja fonte soberana do povo, e não cooptação de favores escusos em detrimento do fortalecimento da democracia.
Por Carlos Henrique Abrão - desembargador no Tribunal de Justiça de São Paulo
Fonte: brasil247

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Por que a América Latina não cresce como a Ásia?


Para Gabriel Palma, da Universidade de Cambridge, setor industrial, investimentos, juros e reformas explicam diferença regional.

Em 1980, a produção industrial no Brasil era maior do que a da Tailândia, Malásia, Coreia do Sul, Índia e China juntas. Trinta anos depois, representava apenas 10% do total produzido por esses países.

O mesmo aconteceu, em menor grau, com outros países da América Latina. Se antes despontavam em relação aos asiáticos, hoje, perderam o diferencial competitivo e tentam correr, em vão, atrás do tempo perdido.

Mas por que a América Latina ficou para trás na economia global quando comparada à Ásia? Quais aspectos, culturais, políticos, históricos, econômicos, administrativos, resultaram em tamanho desequilíbrio?

Para esclarecer as razões da derrocada latino-americana ante a emergência asiática, a BBC conversou com o professor da Universidade de Cambridge Gabriel Palma, especialista em economias comparativas.

BBC Mundo - O sr. aponta em suas pesquisas que o crescimento econômico na Ásia tem sido mantido ao longo das últimas três décadas. Já, na América Latina, a economia oscila entre períodos de rápido crescimento e queda vertiginosa. Por quê?

Gabriel Palma - Desde a década de 80, países asiáticos como Coreia, Cingapura, Malásia e Tailândia têm crescido a uma taxa anual de 7%, enquanto China, Índia e Vietnã, em torno de 9%. No mesmo período, a América Latina cresceu somente 3%.

Isso não significa, contudo, que os países latino-americanos não têm capacidade de crescer. Pelo contrário. Argentina, Chile e Peru, na década de 90; o Brasil e o México, na década de 60 e 70, só para ficar em alguns exemplos, registraram taxas de crescimento semelhantes às verificadas atualmente na Ásia.

A principal diferença é que o crescimento latino-americano não foi sustentado. Na minha opinião, há três razões para isso.

A primeira diz respeito à taxa de investimento privado, que é de 30% do PIB na Ásia, enquanto que, na América Latina, é de 15%. Como resultado, o investimento por trabalhador ocupado na economia brasileira é hoje menor do que na década de 80, enquanto Índia e China apresentam taxas 8 e 12 vezes maiores, respectivamente.

O segundo ponto é que a política econômica na Ásia é claramente keynesiana com taxas de câmbio competitivas e taxas de juros baixas e estáveis.

A reforma econômica na Ásia, ou seja, a liberalização do comércio, a liberalização financeira, foi pragmática, lenta e seletiva. Na Índia, a reforma foi lançada na década de 80, mas a primeira redução de tarifas de importação ocorreu em 87 e a primeira abertura financeira, em 93.

Isso deu tempo aos agentes econômicos de se adaptar às mudanças.
Na América Latina, a reforma foi adotada como uma religião. Tudo foi feito da noite para o dia. Em dois ou três anos, todas as reformas foram implementadas. O resultado foi uma enorme confusão.

BBC Mundo - Ou seja, enquanto a Ásia adotou o pragmatismo, a América Latina enveredou-se pelo fundamentalismo? O senhor quer dizer que esse atraso se deve muito mais a aspectos históricos e culturais do que propriamente econômicos, não?

Gabriel Palma: Existem, hoje, dois tipos de capitalismo. O anglo-ibérico, que aplicou todas as reformas religiosamente, e o asiático, que, com uma tradição pragmática, que não se deixa levar por ideologias.
Eu viajo com frequência para a Ásia e sempre vi um ceticismo claro em relação ao messianismo de algumas fórmulas ocidentais, como o Consenso de Washington e o neoliberalismo.

Tal atitude exerce um impacto muito claro na política econômica. Um exemplo é a intervenção no câmbio. Isso é fundamental para os asiáticos.
Enquanto isso, a América Latina aceita que o mercado dite as regras, ao deixar a taxa de câmbio à mercê da oferta e da procura, o que, normalmente, produz resultados desastrosos.

Apesar desse diagnóstico, segundo a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), a América Latina tem crescido na primeira década deste século de forma muito estável.

Isso está ligado ao terceiro fator que nos diferencia da Ásia. Na América Latina, temos uma ilusão do mundo das finanças.

Nos anos pré-crise, de 2002 a 2007, a América Latina cresceu entre 4% e 4,5%, mas o valor dos ativos financeiros - aí incluídos as bolsas de valores, os títulos públicos e privados, os ativos dos bancos, cresceu mais de 30% ao ano, ou seja, cinco ou seis vezes mais do que o Produto Interno Bruto (PIB).

Todo mundo achava que isso seria sustentável. É a mesma ilusão que contaminou o mundo ocidental desenvolvido: a crença de que a economia pode crescer independente do que ocorra com o investimento, a produtividade e a mudança tecnológica, ou seja, a economia real.

BBC Mundo - Mas qual a importância dos aspectos culturais nesse processo? O ceticismo e a independência de julgamento, tão comuns na sociedade asiática, explica o seu sucesso econômico?

Gabriel Palma - Os meus amigos asiáticos tendem a minimizar o fator cultural. Ele é importante, claro, mas existem outros fatores mais relevantes.

Na Coreia do Sul, as indústrias formam o grupo (econômico) predominante. Na América Latina, a elite está relacionada às finanças e prefere o setor financeiro a correr os riscos no mercado (de produtos). Na América Latina, temos a melhor rentabilidade financeira do mundo, duas a três vezes maior do que em outros lugares.

Isso se deve a uma política econômica que tem sido fundamental para a desindustrialização da região, a falta de diversificação econômica, a falta de aparato tecnológico. A América Latina abandonou sua política industrial com a ideia de que poderia crescer com commodities e finanças.

É o que se vê nos últimos anos no Chile ou a euforia que existia durante o governo Lula no Brasil. A questão é que, se o preço do cobre no Chile volta aos tempos normais, o deficit em conta corrente salta para 15% do PIB do país.

O contraste histórico é, portanto, claro. Entre os anos 60 e 80, a produção industrial brasileira cresceu 9%. De lá para cá, cresceu apenas 2%. Na Ásia, por outro lado, o crescimento foi de 60%, de 1980 até os dias de hoje. A diferença no crescimento entre América Latina e Ásia é a diferença no crescimento de sua produção industrial.


Fonte: Do Estadão blog do Nassif