sexta-feira, 29 de abril de 2011

Governo planeja erguer entre 4 e 6 usinas nucleares até 2030


A Eletronuclear, empresa ligada ao governo e responsável pela operação das usinas nucleares brasileiras, planeja construir de quatro a seis novos reatores para entrar em operação até 2030. A meta faz parte do Plano Nacional de Energia, traçado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e pelo Ministério de Minas e Energia.

De acordo com Manuel Diaz Francisco, coordenador de Comunicação e Segurança da Eletronuclear, uma "pesquisa em todo o território nacional" já está em andamento para erguer as novas usinas, e os planos não serão afetados pelo recente acidente de Fukushima, no Japão.

"Fukushima apareceu e vai causar um impacto. Mas temos todas as indicações de que o programa nuclear vai em frente. No fim do ano passado, assinamos um contrato com a EPE e a Secretaria de Assuntos Estratégicos para pesquisa de todo o território nacional, e em breve teremos um menu de opções", afirma Francisco.

De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética, o consumo de energia no Brasil vai crescer 3,7% ao ano até 2030. Hoje, a energia nuclear responde por 2,5% da energia elétrica no Brasil. Até 2030, a previsão é de que o percentual chegará a 5%.

O plano é construir duas usinas no Nordeste e duas no Sudeste, cada uma com capacidade instalada de mil megawatts cada (Angra 1 e 2, juntas, têm capacidade instalada de quase 2 mil MW). Conforme a demanda, outras duas do mesmo tamanho poderão ser construídas.

Cronograma

O cronograma prevê que a primeira usina entre em operação em 2019, no Nordeste, e a quarta em 2025, no Sudeste. Assim, a construção da primeira deve ser iniciada já no fim de 2012 ou no início de 2013, segundo Francisco.

"Por uma questão de responsabilidade socioeconômica, o Brasil precisa dar ao cidadão uma oferta maior de energia", diz o porta-voz da Eletronuclear.

Ele aponta que o consumo de energia per capita no país ainda é menor do que no Chile, na Argentina ou no México, e menos da metade do que na Espanha. Com um maior desenvolvimento do país, a tendência é que essa taxa aumente, afirma o porta-voz.

Francisco destaca ainda que o Brasil é hoje o 6º país que mais tem minério de urânio, apesar de só ter prospectado 30% de seu território.

"São poucos os países que têm o minério, têm toda a tecnologia de enriquecimento do urânio, têm usinas nucleares e sabem operá-las bem, sempre com segurança. Isso é estratégico para o Brasil, não podemos abrir mão disso", defende.

A Eletronuclear administra Angra 1 e 2 e está construindo Angra 3, todas no litoral do Estado do Rio de Janeiro.

O acidente em Fukushima reacendeu o debate sobre o uso da energia nuclear e motivou protestos no mundo todo, inclusive no Brasil.

Na segunda-feira, o Greenpeace fez uma manifestação contra a construção de Angra 3 em frente ao BNDES, no Rio, lançando sinalizadores para simular a contaminação por radiação. A ONG pede que a instituição suspenda o financiamento de R$ 6 bilhões para a construção da usina.

A energia nuclear também voltou ao debate no Congresso. No último dia 15, 13 deputados federais visitaram a central nuclear de Angra para verificar o nível de segurança das usinas. Eles marcaram uma audiência pública em Brasília para discutir o plano de emergência e os custos da geração da energia nuclear em comparação a outras fontes.

Apesar dos apelos por revisão, Brasil mantém estratégia nuclear

O governo brasileiro planeja seguir em frente com a construção de novas usinas nucleares no país e incorporar as lições tiradas do recente acidente em Fukushima, no Japão, apesar dos apelos de especialistas que pedem uma revisão da estratégia brasileira para a geração de energia nuclear.

Coordenador de Comunicação e Segurança da Eletronuclear (empresa ligada ao governo e responsável pela operação das usinas nucleares brasileiras), José Manuel Diaz Francisco diz que os planos de ampliar a produção de energia nuclear “vão em frente” e que a decisão do governo é correta.

“Vamos continuar os empreendimentos em andamento e acompanhar o que está acontecendo em Fukushima”, diz.

Francisco acrescenta que as usinas que serão construídas estão em fase de escolha de locações e ainda não têm tecnologia definida. “(Interromper os planos) Seria atrasar a possibilidade de progresso no Brasil, e por quê? É falta de visão estratégica do crescimento do país”, avalia.

Novos reatores

Já para o físico nuclear Luiz Pinguelli Rosa, do Programa de Planejamento Energético da Coppe, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a primeira providência que deveria ser tomada após o acidente no Japão seria “suspender a ideia de construir mais quatro reatores no Brasil”.

“É hora de parar para pensar. A tecnologia pode mudar de rumo. Os acidentes de Three Mile Island (nos Estados Unidos) e de Chernobyl implicaram certas mudanças na tecnologia, e Fukushima também vai implicar”, afirma.

“Não temos a corda no pescoço para ter que fazer vários reatores agora. Podemos esperar e caminhar com mais segurança”, avalia Pinguelli.

“Esse acidente abala seriamente a confiança que os engenheiros tinham na segurança completa de reatores nucleares”, diz o físico José Goldemberg, do Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo (USP), lembrando que o acidente foi o primeiro caso grave desde Chernobyl.

Para Goldemberg, o episódio no Japão vai levar países que não dependem de energia nuclear a se voltarem para outras opções. “É o caso do Brasil, e é a posição que defendo. O país tem amplos recursos hidrelétricos ainda não aproveitados, bioenergia, energia eólica. Não tem necessidade de expandir o programa nuclear, que pode se tornar uma fonte de problemas.”

Lições

Diretor do departamento de Radioproteção e Segurança Nuclear da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Laércio Vinhas diz que, a partir de Fukushima, a comissão está analisando suas normas de segurança e a Eletronuclear está verificando seus procedimentos.

“Depois de todo acidente, a indústria nuclear faz uma análise bastante detalhada do que aconteceu e busca as lições que devem ser aprendidas. Essas melhorias são incorporadas nos reatores existentes e nos projetos de futuros reatores”, afirma Vinhas.

A usina nuclear de Fukushima, no nordeste do Japão, foi atingida por um tsunami após o terremoto do dia 11 de março, que desativou o gerador a diesel que deveria assegurar o suprimento de eletricidade para a usina.

Após o acidente, a Eletronuclear anunciou medidas para aumentar seu sistema de segurança e aprimorar o planejamento de emergência em suas duas usinas em Angra dos Reis, no litoral do Estado do Rio de Janeiro.

A empresa planeja construir píeres próximos às usinas para possibilitar a evacuação de moradores pelo mar; contratar uma empresa para monitorar as encostas da região, onde recentemente houve deslizamentos; e construir uma pequena central hidrelétrica caso o fornecimento de energia elétrica seja interrompido e os geradores a diesel falhem, como ocorreu em Fukushima.

Francisco diz que as medidas já estavam sendo estudadas, mas serão “aceleradas” após o episódio no Japão. Ele afirma que uma comissão da empresa estuda a evolução do acidente em Fukushima e que as lições tiradas serão incorporadas tanto às usinas de Angra dos Reis como às que forem projetadas no futuro.

“Vai haver uma demanda muito grande para que tomemos ações mais fortes em resposta às conclusões que aparecerem, aumentando as margens de segurança e dando mais oportunidade aos sistemas de segurança das usinas”, diz o representante da Eletronuclear.


Fonte: BBC Brasil e GeoPlítica do Brasil

Kadafi, será mesmo um cruel ditador?

A todo momento vemos na grande mídia notícias que acusam Kadafi de estar atacando de forma cruel e desumana o povo líbio. Mas será isso uma verdade? Ou será apenas mais uma das vastas maneiras de manipular a opinião das massas?

Há muitos anos a propaganda tem sido largamente utilizada pelos governos, principalmente a partir da Segunda Guerra Mundial, onde os fatos que culmiram no surgimento de um mundo bipolar, estando dividido entre EUA x URSS. Nesta época que chamamos de Guerra-Fria, a maior arma utilizada não foram canhões, misseis ou aviões, mas sim o poder da propaganda e da mídia. Assim a mídia se constitui em uma arma poderosa para se atingir determinados objetivos, basta observar o ocorrido após os ataques de 11 de setembro com a propaganda massiva da Guerra ao Terror que levou a invasão do Iraque sob falsas informações de que o mesmo possuia armas de destruição em massa e não só isso, também afirmavam ligações de Sadam com as redes terroristas,algo inconcebível e jamais provado.

Mais uma vez hoje nos deparamos com o uso massivo da mídia como uma das armas de guerra que tem sido usada na Libia. Informações desencontradas, mentiras e noticias direcionadas a dar respaldo aos interesses excusos de determinado grupo tem inundado nossas redes de informações. Mas eu pergunto ao amigo leitor, em quem devemos acreditar? O que é verdade e o que tem sido mentira?

Kadafi é um ditador, isso concordo plenamente. Mas será Kadafi um ditador sanguinário que massacra seu próprio povo?

Em minha concepção após acompanhar por alguns anos os indicadores de desenvolvimento da África e o governo em especial da Líbia por ser este país um bastião de desenvolvimento na região tão empobrecida e miserável como é o continente Africano em grande parte. Vejo que temos tido uma visão míope e tendenciosa da grande mídia com relação a imagem de Kadafi e a nação Líbia. Vou listar aqui alguns pontos que não vejo serem ressaltados em qualquer mídia, e com isso assumo uma posição suscetível a criticas e mesmo á represálias por defensores das políticas selvagens da OTAN e seus estados, além dos ditos defensores dos direitos humanos.

Se me recordo bem, no ano de 2007 os indicadores da ONU, a mesma que hoje deu carta branca para o ataque criminoso da OTAN á Líbia, constatou os seguintes fatos:

- A Líbia possui o maior IDH do continente Africano, valendo salientar que este IDH supera até mesmo o brasileiro.

- A Líbia fornece educação gratuita até a formação em nível superior, tendo um indice baixissimo de analfabetismo.

- A Líbia de Kadafi sustenta cerca de 10% de seus jovens em cursos de nível superior na Europa e EUA.

- A Líbia de Kadafi presenteia casais recém casados com um bônus de até 50 mil dólares.

- A Líbia de Kadafi provê a seu povo um sistema de saúde moderno, comparável aos mais altos padrões europeus gratuitamente.

- A Líbia de Kadafi através de seu banco estatal fornece linha de credito á seu povo com taxa de juros zero.

- A Líbia de Kadafi criou o maior sistema de irrigação do mundo, vem tornando o deserto (95% da Líbia), em fazendas produtoras de alimentos.

- A Líbia de Kadafi distribui a renda do petróleo entre a sua população.

Estes são alguns de vários exemplos que podemos citar, mas que por motivos óbvios que não preciso nem comentar, levam tais fatos a serem encobertos e não propagados ao mundo pelos barões da midia que se vendem aos interesses alheios á verdade.

O que vemos na Líbia hoje não é como não cansam de repetir nos meios de comunicação, um ataque do governo contra um povo, ou uma manifestação pacífica que esta sendo cruelmente reprimida por um sanguinário ditador, que é como pintam Kadafi.

Primeiro ponto que derruba essa teoria é o simples fato que um grupo opositor ao governo de fato através do uso de armas e violência promoveu um levante em uma região específica do país. Insiro aqui um fato que não foi revelado na mídia, os opositores de Kadafi ao iniciar a sua campanha de insurreição e levante armado vitimaram dezenas de civis inocentes que apoiavam o governo nas regiões onde tomaram o controle. Promoveram saques e execuções sumárias que são mantidas encobertas da opinião pública mundial pela OTAN.

Segundo ponto importate a ser considerado é que Kadafi ordenou bombardeios sim, mas os alvos sempre foram desde o principio os paiois de armas e munições das forças armadas líbias que cairam em poder dos insurgentes, muito diferente da versão apresentada até então.

Terceiro fato e um dos mais importantes, todo estado tem direito de fazer uso de suas armas para se defender de ameaças externas e internas que venham a por em risco a integridade do estado. O que vemos na Líbia é claramente um estado de insurreição, onde de um lado temos o Estado Líbio e de outro uma força insurgente fazendo uso de armas para derrubar o governo legítimo, algo totalmente fora do contexto ocorrido nos demais estados árabes com as revoluções por direitos democráticos.

Em resumo o que temos é uma clara violação da Carta das Nações Unidas. Onde a ONU deu respaldo para que a OTAN, uma organização que perdurá mesmo após o fim da ameaça para a qual foi criada á contrapor, que hoje deixou seu teatro de operações original que é o europeu e passou a tornar-se uma ferramenta militar coativa da UE e EUA para defesa seus interesses, a atuar na Líbia como força de intervenção, supostamente encarregada de criar e manutenir uma zona de exclusão aérea para que fosse possivel inserir ajuda humanitária as vítimas daquele conflito civil.

O que vemos não é o cumprimento de uma zona de exclusão aérea, pois o mesmo se limitaria a delimitar uma zona onde fosse proibido o sobrevoo de aeronaves militares Líbias ou rebeldes, e não o ataque a posições do exército líbio e a infraestrutura de defesa do Estado de fato. O que ocorre é um claro desrespeito a resolução adotada, pois a OTAN tem atuado em apoio as forças rebeldes, tomando assim partido dentro de uma questão interna do Estado Líbio ao qual não cabe qualquer intervenção internacional. Pior a OTAN esta contribuindo em um esforço para derrubada de um governo legitimado que possui apoio de mais de 80% de sua população, e que em suas ações ditas de "ajuda Humanitária" tem vitimado os civis aos quais deveria proteger.

Vamos entender um pouco mais ao abordar os interesses externos na Líbia de Kadafi:

- A Líbia de Kadafi possui uma reserva de mais de 45 bilhões de barris de petróleo de alta qualidade.

- A Líbia de Kadafi juntamente com a Síria de Al-Assad são os únicos Estados do mediterrâneo não alinhados as políticas da OTAN.

- O Banco Central Líbio não faz parte do sistema Financeiro mundial. Possuindo reservas com toneladas de ouro, dando respaldo ao valor do dinar, e desatrelando das flutuações do cambiais do dólar.

- A Líbia de Kadafi propôs e quase teve êxito na criação de uma moeda afrinaca unificada desligada do dólar e do sistema financeiro mundial, com isso criando mais um fator pelo qual há o grande interesse de derruba-lo do poder.

- Após a queda de Kadafi, caso esta ocorra, os Estados da OTAN irão implantar um governo fantoche e com isso se apoderar do controle das reservas petrolíferas, além de garantir bilhões em contratos de suas empreiteras na reconstrução da infraestrutura líbia que esta sendo aniquilada pelos bombardeios.

Em resumo o que vemos na mídia em grande parte são mentiras ou meia-verdades usadas para garantir o apoio internacional nesta guerra suja e desumana á qual temos assistido, onde um grupo de rebeldes, em grande parte membros de grupos extremistas islâmicos, tentam derrubar um governo que tem garantido ao seu povo condições ímpares de desenvolvimento e qualidade de vida.

Agora nos resta assistir de mãos atadas este verdadeiro crime perpetrado pela OTAN e ver nascer mais um poço de lama como é o caso do Afeganistão e Iraque. Tendo apenas uma certeza caso haja a queda de Kadafi, a de que a África irá perder o seu único bastião de desenvolvimento e veremos surgir mais um estado fraco e um provável covil de terroristas e toda sorte de criminosos internacionais.

texto de Angelo D. Nicolaci - Editor GeoPolítica Brasil

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Acidente nuclear de Tchernobil completa 25 anos


Há 25 anos o mundo presenciava o maior acidente nuclear da história quando no dia 26 de abril de 1986, na Usina Nuclear de Tchernobil que fica localizada na Ucrânia, o reator de número 4 apresentou falhas resultando em uma série de explosões e no derretimento do seu núcleo.

Considerado o pior acidente nuclear da história da energia nuclear, produziu uma nuvem de radioatividade que atingiu a União Soviética, Europa Oriental, Escandinávia e Reino Unido, com a liberação de 400 vezes mais contaminação que a bomba que foi lançada sobre Hiroshima. Grandes áreas da Ucrânia, Bielorrússia e Rússia foram muito contaminadas, resultando na evacuação e reassentamento de aproximadamente 200 mil pessoas.

Acidente nuclear de Tchernobil custou US$ 180 bilhões

O primeiro-ministro ucraniano, Nikolai Azarov, estimou nesta terça-feira em US$ 180 bilhões as perdas causadas pela catástrofe na usina nuclear de Tchernobil, que completa nesta terça 25 anos.

"O percentual de despesas destinado a esse fim (superar o acidente) chegou a representar 10% do orçamento anual da Ucrânia", assinalou Azarov em mensagem divulgada pelas agências ucranianas.

Azarov detalhou que por causa da explosão de 26 de abril de 1986 em Tchernobil "145 mil quilômetros quadrados dos territórios da Ucrânia, Belarus e Rússia foram contaminados".

"Cerca de 2,2 milhões de pessoas na Ucrânia receberam o status de vítimas de Tchernobil", disse.

O documento situa em 91 mil o número de pessoas que saíram de suas casas no dia seguinte à catástrofe das cidades de Pripyat, a 4 quilômetros da planta.

Apesar disso, Azarov reiterou que a Ucrânia é capaz de assumir as despesas da planta, enclausurada no ano 2000, mas que ainda abriga toneladas de combustível nuclear.

O primeiro-ministro ucraniano agradeceu à comunidade internacional pelos 550 milhões de euros arrecadados na semana passada para construir o novo sarcófago sobre o quarto reator da central e completar outros programas de desativação.

"Em prol da vida na Terra e com esforços conjuntos é necessário superar as terríveis consequências e preocupar-se para que algo assim não volte a repetir-se", declarou.

Em declarações à agência de notícias Efe, Azarov garantiu na véspera que "renunciar às tecnologias nucleares é como proibir os computadores".

Pesquisa divulgada na semana passada revela que quase 70% dos ucranianos são contrários à construção de novas usinas nucleares e 39,4% consideram que as atuais plantas são perigosas.

Os presidentes da Rússia, Dmitri Medvedev, e Ucrânia, Viktor Yanukovych, homenagearão nesta terça-feira as vítimas da tragédia na mesma central de Tchernobil, situada a menos de 100 quilômetros da capital ucraniana, Kiev.

Tchernobil espalhou há quase um quarto de século 200 toneladas de material físsil com radioatividade equivalente a 500 bombas atômicas como a de Hiroshima.

A radiação afetou a mais 5 milhões de pessoas, principalmente na Rússia, Ucrânia e Belarus, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde).

Fonte: GeoPolítica Brasil / EFE

segunda-feira, 25 de abril de 2011

O destino de Cuba e dos outros


Depois que o regime dos irmãos Castro anunciou medidas que podem levar a uma abertura econômica em Cuba, mas nada fez em relação a mudanças em direção a uma ampliação das liberdades públicas, cabe sublinhar alguns pontos importantes.

Os leitores deste blogue sabem que sempre fui favorável a uma solução democrática para o regime cubano. Acho que nenhum povo deve ser tutelado por governantes que não oferecem um direito básico, de escolher seus governantes e definir os rumos de seu país.

Passei quinze dias em Cuba poucos anos atrás, quando Fidel Castro ficou doente e foi obrigado a deixar suas funções de governante. Naquele momento, a imprensa dos Estados Unidos divulgou que sofria de um cancer de intestino que lhe daria pouco tempo de vida, bobagem repetida com gosto por boa parte da mídia brasileira. Até hoje, ninguém se deu ao trabalho de explicar a origem de um erro tão escandaloso.

Na época, conversei com diplomatas, com estudiosos, com cidadãos comuns. Cheguei a seguinte conclusão: nenhum cubano quer mudanças capazes de ameaçar aquilo que a população enxerga como conquistas da revolução.

Os governantes querem manter uma ditadura que lhes garante o monopolio do poder e determinados privilégios. Não vão abrir mão dessa situação a não ser que sejam obrigados a isso — como ocorre em toda mudança política em qualquer parte do mundo, vamos combinar.

A população tem uma óbvia vontade de levar uma vida menos controlada, com menos repressão, mais liberdade e oportunidades de escolha na vida. Encontrei senhoras que adorariam receber convite para trabalhar como domésticas fora do país.

Mas o cidadão cubano tem consciência do destino reservado a maioria dos demais povos do Caribe, que se afundam num colapso economico onde o tráfico de drogas tornou-se uma força que domina, ameaça e destrói vidas numa geração inteira.

A tragédia social dos vizinhos sempre foi e continua sendo um dos alicerces importantes na sustentação do regime de Fidel e agora de Raul Castro e um dos principais contra-argumentos nas conversas sobre a urgencia de democratização do país.

Quem anda pelas ruas, visita mercados onde a população tem acesso a uma dieta paupérrima mas que chega a todas as mesas — o que não é comum em outros lugares.

O padrão de instrução da população cubana é efetivamente mais alto do que de outros cidadãos da América Central, o que explica até o sucesso relativo dos imigrantes que decidem deixar o país e não páram de sustentar a família com recursos enviados de fora, numa mobilidade social que também não se enxerga em cidadãos de outra nacionalidade.

A saúde pública oferece um serviço que, no plano básico, é infinitamente superior ao que se vê em outros lugares. A população sabe disso, até porque acompanha os deslocamentos da medicina diplomática de Fidel.

O cidadão cubano considera que seu país é vítima do bloqueio americano. É favorável a uma abertura maior mas não quer retornar a uma condição semi-colonial.

Até onde pude perceber, Fidel Castro é um ditador popular, tratado com admiração e mesmo com orgulho por boa parte da população. Essa visão quase heróica do ditador é admitida até mesmo por exilados que vez por outra retornam ao país para visitar parentes.

São fatores que tornam a inevitável — do ponto de vista histórico — transição de Cuba rumo a democracia mais lenta e mais complicada do que em outros lugares. Quem não entende isso está condenado a fazer pronunciamentos corretamente indignados — mas sem base na realidade do país.

Ao ignorar as bases materiais para a sobrevivência do regime, estes críticos fazem uma crítica que não dá conta do principal.

Fonte: http://colunas.epoca.globo.com/paulomoreiraleite/

domingo, 24 de abril de 2011

Brasil: potência ou colônia?


Não há dúvidas de que, em alguns aspectos, a economia brasileira vai bem, com seu crescimento puxado pelo forte consumo do mercado interno. Também, é preciso reconhecer que nos últimos anos o País obteve resultados expressivos no que diz respeito às políticas sociais, tendo tirado mais de 20 milhões de brasileiros do estado de miséria e elevado mais de 30 milhões à classe média.

Por outro lado, alguns indicadores ainda nos envergonham e mostram que estamos muito distantes do mínimo necessário para nos considerarmos uma nação em desenvolvimento. Como exemplo, podemos citar um quesito fundamental à saúde, que é o saneamento ambiental, cujos indicadores são alarmantes: aproximadamente 36 milhões de pessoas não têm acesso à água potável; 56% da população urbana brasileira não têm esgoto coletado, o que perfaz 86 milhões de pessoas; 126 milhões de pessoas não têm acesso ao serviço de tratamento de esgoto, o que representa aproximadamente 66% da população.

Para universalizar o saneamento no Brasil seriam necessários investimentos da ordem de R$ 296 bilhões até o ano de 2025, ou seja, o equivalente ao que gastamos em apenas 1,4 anos com o pagamento de juros da dívida pública (o Brasil gastará este ano cerca de R$ 230 bilhões com o pagamento de juros da dívida pública).

Na saúde, educação, ciência e tecnologia a situação não é diferente. Em 2010 o Brasil gastou apenas R$ 21 bilhões em educação, R$ 49,7 bilhões em saúde e R$ 05 bilhões em ciência e tecnologia (menos de 1/3 do que gastou com pagamento de juros e com o custo de carregamento das reservas).

No que se refere à Política Industrial a situação também é extremamente preocupante, pois o atual modelo econômico nos empurra para uma primarização da economia(sic). O fato é que o Brasil está priorizando(sic) a exportação de commodities em detrimento das exportações de bens de maior valor agregado.

Para se ter uma idéia, desde o século XIX o Brasil é o maior produtor mundial e exportador de grãos de café, mas o maior exportador de café industrializado é a Alemanha, que não possui um pé de café. Cerca de 75% da soja produzida no país é destinada ao mercado externo, enquanto as exportações de derivados de soja, que possuem maior valor agregado, cai ano a ano. Cerca de 90% da produção de celulose é destinada às exportações, porém mais de 50% do papel consumido no Brasil é importado. Somos um dos maiores produtores de algodão do mundo, mas a balança comercial de tecidos já experimenta déficit significativo.

Em relação ao petróleo, com a descoberta do pré•sal, temos uma das maiores reservas do mundo, mas o Brasil está se tornando um exportador de petróleo cru e grande importador de derivados de petróleo. Cabe lembrar que não existe nenhum país desenvolvido que seja basicamente exportador de petróleo, mas existem países ricos e desenvolvidos que são fornecedores de máquinas e equipamentos para a prospecção e processamento. Por conta do alto custo da energia elétrica não há no Brasil nenhum novo projeto viável para a produção de alumínio, assim passaremos a ser exportadores de bauxita e alumina para nos tornarmos importadores de alumínio. O minério de ferro, que é o insumo utilizado para produzir aço, é um dos principais itens da nossa pauta de exportações, por outro lado, a balança comercial dos setores que possuem o aço como principal matéria-prima (automóveis, máquinas, equipamentos, etc..) é totalmente deficitária. No caso específico do setor de máquinas e equipamentos, o déficit acumulado, de 2004 a 2010 é superior a US$ 45 bilhões.

Temos mostrado, através de estudos bem fundamentados, que o Brasil é que não é competitivo. A falta de incentivo aos investimentos, o câmbio atual, a taxa de juros mais alta do mundo, o Custo Brasil, a alta carga tributária e a ineficiência em nossa infra•estrutura impõe à indústria brasileira de transformação uma perda de competitividade que pode vir a resultar na extinção de uma indústria que produz bens de alto valor agregado e conteúdo tecnológico e que é responsável pela geração de milhões de empregos que exigem qualificação e que, portanto, pagam melhores salários.

Os números acima requerem uma reflexão por parte dos nossos governantes sobre a atual política macroeconômica, no sentido de projetar que tipo de País nós queremos e quais serão os efeitos desta política a médio e longo prazo. Um País com dimensões continentais e populoso como o Brasil precisa de muito mais, tem que pensar e agir de forma grandiosa para vir a ser, de fato, um país mais justo, que gera e distribui riquezas, que educa e cuida da saúde do seu povo.

Não me canso de repetir que não existe país desenvolvido que não tenha uma indústria de transformação forte. “É evidente que nada contribui mais para promover o bem-estar público do que a exportação de bens manufaturados e a importação de matéria-prima estrangeira”. Esta frase, tão atual, foi parte do pronunciamento de Walpole ao parlamento britânico, em 1.721 (Livro: “Chutando A Escada”, pág. 42, Autor Ha-Joon Chang). Este pronunciamento mostra que o Brasil está indo na contramão do que os Países ricos e desenvolvidos fizeram e continuam fazendo há mais de 2,5 séculos.

A Suíça, por exemplo, é um país inquestionavelmente rico, mas há quem pense que o país, com os seus poucos mais de 07 milhões de habitantes, tem a sua economia baseada somente na arrecadação proveniente do sistema financeiro e de algumas grandes empresas multinacionais. A verdade é que a base estrutural da economia Suíça está nas mais de 350 mil empresas de médio e pequeno porte, que empregam mais de 3,3 milhões de pessoas com salários elevados (metade da população do País) e que produzem bens de tecnologia intensiva, de alto valor agregado e voltados à exportação. Apesar de pequeno, a Suíça é um País altamente industrializado e possui, há séculos, uma balança comercial superavitária, sendo que 2/3 desse superávit provêm da exportação de produtos manufaturados.

Bons exemplos não faltam (Suíça, Coréia do Sul, Noruega, etc..), por isso não podemos mais aceitar um modelo econômico que somente nos últimos 16 anos (08 anos de governo FHC e 08 anos de governo Lula), de acordo com relatório do Banco Central, pagou de juros a quantia estratosférica de R$ 1.8 trilhão (um trilhão e oitocentos bilhões) e que no ranking mundial de competitividade (Fórum Econômico Mundial) ocupa a incômoda e vexatória 58º colocação. O Brasil pode e precisa caminhar em outra direção, estruturando políticas claras que possam contribuir para fazer do nosso país uma nação verdadeiramente desenvolvida, em todos os aspectos (cultural, social, educacional e econômico). É preciso simplificar e desburocratizar, criar condições para que o setor produtivo possa, de fato, se desenvolver, ter musculatura para ser competitivo nos mercados interno e externo.

Não somos contra a produção e exportação de commodities, mas estamos convictos de que somente isso não será suficiente para gerar o superávit necessário na balança de pagamentos e a quantidade de empregos que uma nação tão populosa como a nossa necessita.

É possível fazermos as duas coisas (commodities e indústria), mas o governo tem que ter senso de urgência, precisa implementar medidas em caráter emergencial, pois corremos o risco de perder a maior, e talvez única, oportunidade da nossa história, para fazer do Brasil uma nação desenvolvida. Do contrário, retrocederemos no tempo, na época do Brasil Colônia, em que exportávamos Pau-brasil e café, para importarmos “espelhinhos e bijuterias”.

Ainda dá tempo, é possível reverter o atual quadro de desindustrialização, mas os nossos governantes precisam comunicar imediatamente que tipo de Brasil desejam: rico e desenvolvido ou eternamente uma colônia pobre?

As opções existem, nós, da ABIMAQ, continuaremos lutando por um Brasil que se transforme em uma potência econômica, com uma indústria de transformação forte, afastando o risco de nos tornarmos um Brasil colônia.

Fonte: © Copyright 2011 Abimaq. Todos os direitos reservados.

0bservação: Não concordo plenamente com o texto,pois alguns dados são conflitantes com a realidade, porém deve nos servir de alerta.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Hoje comemoramos o descobrimento do Brasil


Em 22 de Abril de 1.500, Pedro Álvares Cabral e sua expedição às índias com 13 embarcações avistaram o que eles batizaram de Monte Pascoal, e aportavam nas terras do que viria a se tornar o Brasil.

Mas terá sido um acaso o descobrimento do Brasil? Terá sido ali realmente o descobrimento desta terra rica e de vasta diversidade? Terá sido uma aventura realizada por corajosos homens do mar que se lançaram ao desconhecido e encontraram uma nova terra?

Como todos sabem a era dos descobrimentos foi marcada por uma imensa disputa mercantil pelos então reinos europeus. Sendo a época dos avanços nas navegações e descobertas de novas possessões territoriais e do comércio com o oriente. A disputa econômica era grande, disputava-se a unha cada nova conquista. A disputa era tamanha que se fazia uso extenso de técnicas de espionagem, informação e contra informação.

Assim a bem da verdade a descoberta do Brasil não foi uma história tão romântica e aventureira como rezam os livros de história que estudamos nas escolas.

Antes de chegar ao Brasil, a Coroa Portuguesa estava inserida em uma acirrada disputa econômica onde os estados europeus disputavam a expansão de suas atividades mercantis. Dessa forma, cada avanço tecnológico, terra conquistada ou rota descoberta tornava-se um precioso “segredo de Estado”. O que conferia um cenário geoestratégico no qual os governantes daquela época avaliavam minuciosamente as circunstâncias que envolviam cada descoberta e seu anuncio.

Uma das atitudes que nos levam a ter fundamento nesta tese é o fato da Coroa Portuguesa ter exigido a anulação da Bula Inter Coetera e a assinatura do Tratado de Tordesilhas, sendo um possível prenuncio do descobrimento do Brasil e um indicio de que havia um planejamento para isso. Afinal o que justificaria a mudança repentina de Portugal em relação aos acordos de divisões coloniais? Sendo este apenas um de muitos indícios que levam a crer que não havia qualquer acaso como conta a romântica história que aprendemos nas escolas.

Outro importante indício está na concepção da esquadra comandada por Cabral, esta composta por oito naus, três caravelas, um navio de mantimentos e uma caravela mercante. Além da guarnição das mesmas totalizando 1500 homens entre soldados,oficiais da marinha portuguesa e membros do clero.

Segundo pesquisas realizadas por outros historiadores, constava entre esses vários participantes da viagem marítima o cosmógrafo Duarte Pacheco da Costa, que, segundo aponta alguns historiadores, tinha participado de uma expedição secreta que já havia chegado ao Brasil no ano de 1498. Além disso, um ano após essa sigilosa viagem, outros indícios apontam que os navegadores Américo Vespúcio e Vicente Pinzón também fizeram uma breve visita ao Brasil. Mais uma vez, fica difícil acreditar que os portugueses não sabiam o que estavam fazendo.

A Coroa Portuguesa antes da partida da esquadra de Cabral realizou uma grande comemoração afim de encobrir o real intento desta expedição, anunciando que a mesma iria repetir o feito de Vasco da Gama em circunavegar o Cabo da Boa Esperança, utilizando uma nova rota para as índias. Lembrando que era comum o uso das práticas do que hoje classificamos como informação e contra informação.

Um interessante fato pouco observado é que Cabral possui a sua disposição os meios necessários para realizar a viagem as índias pela rota planejada, mas o “acaso” os levou a seguir uma rota marítima completamente inesperada. As embarcações tomaram distância da costa africana e realizaram uma passagem pela ilha atlântica de Cabo Verde. Depois disso, seguiram uma viagem tranquila que percorreu 3600 quilômetros a oeste. Passados exatos trinta dias da passagem por Cabo Verde, os navegantes portugueses avistaram o famoso Monte Pascoal e aportaram por aqui.

Pero Vaz de Caminha relatou a descoberta descrevendo a “nova terra”, sendo esse relato posteriormente enviado a Portugal para oficializar a descoberta. Cabe aqui salientar a falta de demonstração de surpresa por parte dos demais participantes.

Outro fato curioso é que após o reconhecimento das terras, Pedro Álvares Cabral não fez questão de contar pessoalmente sobre a presença de “novas terras” a oeste. Ao invés disso, partiu para a Índia e mandou o navegante Gaspar Lemos oficializar a descoberta levando a carta de Pero Vaz ao rei.

Apesar de tantas evidências justificarem a ação premeditada dos portugueses, não podemos desmerecer tal feito devido a todo o desafio e dificuldades que os mesmo enfrentaram para chegar ate aqui. Seja pelas condições desconfortáveis de tal viagem, seja pelos riscos envolvidos ao cruzar o Oceano Atlântico. Assim no dia 22 de abril de cada ano comemoramos a descoberta do que hoje é nossa grandiosa nação, o Brasil.

texto de Angelo D. Nicolaci - GeoPolítica Brasil

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Em Minas, Dilma faz o que Aécio não fez: Vale vai ter que dividir mais a riqueza da mineração com o povo


Em discurso hoje, 21 de abril, na cidade de Ouro Preto (MG), capital do ciclo do ouro no século 17, a presidenta Dilma Rousseff fez o que os tucanos, que governam Minas há anos, não se mexeram para fazer.

Se comprometeu a enviar ao Congresso Nacional o marco regulatório do setor de mineração, fazendo com que empresas como a mineradora Vale deixem uma parcela maior da riqueza para o povo.

“Não é justo e não contribui para o desenvolvimento do Brasil que os recursos minerais do país sejam daqui tirados e não haja a devida compensação. Essa compensação é condição para que nossas reservas naturais tenham um sentido, que não se concentrem na mão de poucos”, disse a Presidenta.

Atualmente, os royalties sobre o ferro e outros minerais extraído pela Vale, é uma porcentagem muito menor do que os royalties sobre o petróleo pago pela Petrobras. Também é muito menor do que o que se cobra em países como a Austrália.

Só a mineradora Vale e seu maior acionista privado (o Bradesco), através de empresas ligadas, injetaram pelo menos R$ 7,25 milhões nas campanhas eleitorais tucanas de Aécio Neves e Anastasia, em 2010.

Coincidentemente, o senador Aécio, em seus discursos, se posiciona contra o governo federal e a favor dos interesses privados na empresa, em vez de defender que a mineradora pague mais royalties para o povo mineiro.

Dilma recebe a maior homenagem de Minas

A celebração do 21 de abril, dia de Tiradentes, é a data política mais importante do governo Mineiro, e a Presidenta foi a principal convidada e homenageada com a Medalha da Inconfidência.

Outros ministros e governadores também ganharam a comenda, como os ministros da Saúde, Alexandre Padilha; da Cultura, Ana de Holanda; da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho; do Planejamento, Miriam Belchior; e da Justiça, Jose Eduardo Cardozo; o presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT/SP); e os governadores da Bahia Jaques Wagner (PT), do Espírito Santo, José Renato Casagrande (PSB); e do Rio Grande do Norte, Rosalba Ciarlini (DEMos).

O grande ausente foi o senador Aécio Neves (PSDB/MG), ainda de "ressaca" com o escândalo do bafômetro, e com um comportamento no senado que tem mais a ver com Joaquim Silvério dos Reis do que com Tiradentes.

Dilma e o governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia, acompanharam o sepultamento dos restos mortais de três inconfidentes, no Museu da Inconfidência. Mortos há mais de 200 anos no degredo na África, as ossadas de Domingos Vidal Barbosa, João Dias da Mota e José de Resende Costa foram identificadas pela Universidade de Campinas (Unicamp) após 10 anos de estudo e agora se juntaram aos 13 inconfidentes já sepultados no monumento.

Fonte: blog amigosdapresidentadilma -(Com informações da Agência Brasil)

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Nacionalismo avança e conquista eleitores na Europa


Um partido nacionalista e anti-imigração obteve uma votação recorde nas eleições gerais na Finlândia no último domingo. O fato reflete uma tendência em países nórdicos e da Europa Ocidental.

A frase "crescimento da extrema direita" tem sido usada com frequência para descrever a atual conjuntura política nesses países.

Entretanto, em cada país os partidos têm características próprias que não necessariamente se encaixam na definição tradicional de extrema direita.

A BBC preparou este guia que explica a situação eleitoral e a influência política de alguns dos mais importantes partidos nacionalistas e anti-imigração da Europa.

FRANÇA
A Frente Nacional (FN) vem ressurgindo sob o comando de sua nova líder, Marine Le Pen.

Nas últimas eleições locais, em março de 2011, o partido obteve cerca de 15% do total de votos no primeiro turno e 12% no segundo. Em algumas disputas, quando chegou ao segundo turno, o partido alcançou 40% dos votos.

Pesquisas de opinião sugerem que Le Pen pode chegar ao segundo turno nas eleições presidenciais de 2012, concorrendo com o presidente Nicolas Sarkozy.

A candidata é conhecida por ser contra a imigração, o islamismo e o euro, mas vem tentando amenizar a imagem de partido xenófobo que acompanha o FN desde o tempo em que foi dirigido por seu pai, Jean-Marie Le Pen.

ITÁLIA
A Liga Norte obteve apenas 8,3% dos votos nas eleições nacionais de 2008, mas exerce uma influência muito maior. Isso porque o partido integra a coalizão governamental do premiê Silvio Berlusconi e o apoia em um período em que sua popularidade está em queda.

Como condição para esse apoio, o partido obteve permissão para avançar sua plataforma federalista no parlamento --a Liga Norte quer que o norte industrializado da Itália tenha mais controle sobre os impostos que arrecada e que o governo conceda menos subsídios ao sul.

O partido também está impondo sua política linha dura sobre imigração. O ministro do Interior da Itália, Roberto Maroni, pertence à Liga Norte.

Ele prometeu reverter a onda de imigração vinda do empobrecido norte africano, mas também deu a muitos imigrantes livre acesso à França, o que está gerando tensão com a França.

HOLANDA
O Partido da Liberdade da Holanda, liderado por Geert Wilders, conquistou 15,5% dos votos nas eleições gerais de 2010, ficando em terceiro lugar. Não é parte da coalizão liberal conservadora de minoria do governo, mas é um parceiro - dando ao governo o apoio de que precisa para uma maioria, em troca de influência sobre as políticas adotadas.

Entre as primeiras políticas anunciadas pela coalizão estavam planos para a proibição do véu islâmico completo e cortes na imigração.

O Partido da Liberdade não é uma organização de extrema direita convencional. Wilders já expressou grande apoio a Israel e defende valores liberais holandeses em questões como a homossexualidade. Mas ele é fervorosamente anti-islâmico e já foi a julgamento sob a acusação de incitar o ódio contra muçulmanos.

SUÍÇA
Desde 1999, o Partido do Povo Suíço, de direita, tem sido o maior partido na assembleia federal, alcançando 28,9% dos votos em 2007.

Sob a influência de seu líder, Christoph Blocher, tornou-se mais cético em relação à Europa e vem adotando uma linha cada vez mais dura sobre a imigração.

Uma campanha recente do partido gerou controvérsia ao usar pôsteres mostrando carneiros negros sendo chutados para fora da Suíça --embora o partido negue qualquer conotação racial.

Em um referendo em 2009, o Partido do Povo Suíço foi vitorioso em sua campanha para vetar a construção de minaretes. Segundo o partido, as construções são um indício de "islamização". Mais uma vez, os pôsteres da campanha causaram controvérsia, mostrando minaretes na bandeira suíça como se fossem mísseis.

FINLÂNDIA
O apoio ao Partido dos Verdadeiros Finlandeses foi de 4% nas eleições parlamentares de 2007 para 19% em 2011. Há boas chances de que o partido participe de negociações para integrar a coalizão de governo.

Sua posição fortemente anti-Europa contrasta com o apoio entusiástico oferecido nos últimos anos pela Finlândia ao projeto de integração da União Europeia (UE).

Seu sucesso tem sido vinculado à insatisfação com os pacotes econômicos de resgate oferecidos pela UE aos membros que passam por dificuldades financeiras.

O partido também se opõe à imigração e abraça o que chama de valores tradicionais da cultura finlandesa.

DINAMARCA
O Partido do Povo Dinamarquês é o terceiro maior no parlamento. Embora não seja parte do governo, desde 2001 vem dando importante apoio à coalizão liberal-conservadora, em troca de influência sobre suas políticas.

Quer proibir a imigração de países não-ocidentais e assimilar imigrantes atuais.

Sua posição anti-islâmica é vista com simpatia por alguns dinamarqueses, especialmente após os incidentes ocorridos em 2005 e 2006, quando a publicação de caricaturas do Profeta Maomé em um jornal dinamarquês provocaram protestos mundiais e ataques contra instituições dinamarquesas.

SUÉCIA
Em eleições gerais em 2010, os Democratas da Suécia levaram 5,7% dos votos. Como resultado, pela primeira vez, conseguiram assentos no parlamento.

Seu sucesso negou à coalizão de centro-direita uma maioria absoluta. Entretanto, os Democratas da Suécia estão politicamente isolados pelos outros partidos.

Sua plataforma política prevê cortes em imigração e repatriação voluntária de imigrantes. O partido tem fortes vínculos com o Partido do Povo Dinamarquês.

Fonte: BBC Brasil e GeoBrasil

terça-feira, 19 de abril de 2011

Massacre apoiado por EUA mancha primavera árabe no Bahrein


Três dias depois da renúncia de Hosni Mubarak e do fim de sua longa ditadura no Egito, o povo do Bahrein, pequeno estado do Golfo, se lançou massivamente às ruas de Manama, capital do país, e se reuniu na Praça da Perla, sua versão da praça egípcia de Tahrir. O Bahrein vem sendo governador pela mesma família, a dinastia de Khalifa, desde a década de 1780, há mais de 220 anos. Com as manifestações, a população do país não pedia o fim da monarquia, mas sim uma maior representação em seu governo.

Após um mês de protestos, a Arábia Saudita enviou forças militares e policiais por meio da ponte de mais de 25 quilômetros que une o território continental saudita à ilha de Bahrein. A partir desse momento, reprimiu-se cada vez com mais força e violência os manifestantes, a imprensa e as organizações de direitos humanos.

Uma valente jovem ativista bahreiní a favor da democracia, Zainab al-Khawaja, viu a brutalidade de perto. Para seu horror, foi testemunha de como seu padre, Abdulhadi al-Khawaja, um destacado ativista pelos direitos humanos, foi golpeado e preso. Ela descreveu o ocorrido, desde Manama:

“Forças de segurança atacaram minha casa. Chegaram sem aviso prévio. Derrubaram a porta do edifício, derrubaram a porta de nosso apartamento e atacaram diretamente meu pai, sem explicar os motivos de sua prisão nem dar-lhe oportunidade para falar. Arrastaram meu pai pelas escadas e o golpearam na minha frente. Bateram nele até que ficou inconsciente. A última coisa que ouvi-lo dizer foi que não podia respirar. Quando tratei de intervir, tentei dizer-lhes: “Por favor, deixem de bater nele, ele irá com vocês voluntariamente. Não precisam golpeá-lo assim”. Basicamente me disseram que calasse a boca, me agarraram e me arrastaram escadas acima até o apartamento. Quando voltei a sair, o único rastro que havia de meu pai era seu sangue na escada”.

A organização de direitos humanos Human Rights Watch pediu a imediata libertação de Al-Khawaja. O esposo e o cunhado de Zainab também foram presos. Zainab publica no twitter como “angryarabiya” e, em protesto pelas prisões, iniciou uma greve de fome, ingerindo apenas líquidos. Também escreveu uma carta ao presidente Barack Obama, na qual diz: “Se algo acontecer com meu pai, com meu esposo, meu tio, meu cunhado ou comigo, declaro-o tão responsável como o regime de Al Khalifa. Seu apoio a esta monarquia faz com que seu governo seja cúmplice de seus crimes. Todavia, abrigo a esperança de que você se dê conta de que a liberdade e os direitos humanos significam o mesmo para uma pessoa do Bahrein do que para uma pessoa dos Estados Unidos”.

No discurso de condenação ao governo de Kadafi, Obama justificou os recentes ataques militares a Líbia com estas palavras: “Assassinaram pessoas inocentes. Atacaram hospitais e ambulâncias. Prenderam, agrediram e assassinaram jornalistas”. Agora ocorre o mesmo no Bahrein e Obama não tem nada a dizer.

Do mesmo modo que ocorreu no Egito e na Tunísia, o sentimento é nacionalista e não religioso. O país é 70% xiita, mas governador por uma minoria sunita. No entanto, uma das principais consignas presentes nos protestos tem sido: “Nem xiita, nem sunita, bahreiní”. Isso desmoraliza o argumento esgrimido pelo governo do Bahrein, segundo o qual o atual regime seria a melhor defesa contra a crescente influência do Irã, um país xiita, no rico em petróleo Golfo Pérsico. Some-se a isso o papel estratégico do Bahrein: é ali que se encontra a base da 5ª Frota Naval dos EUA, encarregada de proteger os “interesses estadunidenses” como o Estreito de Ormuz e o Canal de Suez, e de dar apoio às guerras no Iraque e no Afeganistão. Não está também entre os interesses estadunidenses o de apoiar a democracia e não os ditadores?

Nabeel Rajab é presidente do Centro pelos Direitos Humanos do Bahrein, organizado que foi dirigida pelo recentemente sequestrado Abdulhadi al-Khawaja. Rajab pode enfrentar um julgamento militar por publicar a fotografia de uma manifestante que morreu enquanto permanecia preso. Rajab me disse: “Centenas de pessoas estão presas e são torturadas por exercer sua liberdade de expressão. E tudo por vingança, porque um dia, há um mês, quase a metade da população do Bahrein foi para as ruas exigir democracia e respeito pelos direitos humanos”.

Rajab observou que a democracia no Bahrein poderia implicar a luta pela democracia nas ditaduras vizinhas do Golfo Pérsico, especialmente na Arábia Saudita. É por isso que a maioria dos governos regionais têm interesse no fim dos protestos. A Arábia Saudita está bem posicionada para tarefa já que é recente beneficiária do maior acordo de venda de armas na história dos EUA. Apesar das ameaças, Rajab foi firme: “Enquanto respirar, enquanto viver, vou seguir lutando. Acredito na mudança. Acredito na democracia. Acredito nos direitos humanos. Estou disposto a dar minha vida. Estou disposto a dar o que for preciso para alcançar essa meta”.

Fonte: Carta Maior e GeoPolítica Brasil

segunda-feira, 18 de abril de 2011

A Rússia não será “cão de guarda” da OTAN

A Rússia não será “cão de guarda” da OTAN na observação das exigências das resoluções do Conselho de Segurança da ONU sobre a Líbia. Hoje este papel é assumido pela ONU, declarou sexta-feira o ministro dos negócios estrangeiros da Rússia Serguei Lavrov após o encontro ministerial do Conselho Rússia-OTAN.

Segundo Lavrov, não existem alternativas à resolução da situação na Líbia. Salientou que hoje “evidenciamos ações que saem fora das normas estabelecidas pelo Conselho de Segurança da ONU. Trata-se do uso da resolução de 1973 na operação terrestre. O Conselho de Segurança da ONU não prevê tais ações”, frisou.

Em véspera da reunião do Conselho os líderes dos EUA, Grã-Bretanha e França publicaram uma carta aberta em que exortaram Muamar Kaadafi a pedir demissão imediatamente, ameaçando com a continuação da operação militar até que o povo Líbio receba o direito de escolher chefe de estado livremente. A UE já está examinando a possibilidade de realizar uma missão humanitária e militar Eufor Libya mission, o que será o primeiro passo à realização da operação militar terrestre.

Fonte: Voz da Rússia

domingo, 17 de abril de 2011

Brics condenam uso da força no Oriente Médio e norte da África


Líderes de cinco das maiores economias emergentes do mundo, reunidos em uma cúpula nesta quinta-feira, vão rejeitar o uso da força no Oriente Médio e norte da África, pedindo em lugar disso o diálogo e a não intervenção, segundo um rascunho de declaração.

Os países do grupo chamado Brics -- Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul -- também vão pedir o desenvolvimento dos mercados físicos para reduzir a volatilidade dos preços das commodities, além de reivindicar uma participação maior dos países em desenvolvimento nos fóruns multilaterais.

No contexto do Oriente Médio e do norte da África, especificamente a Líbia, os Brics "compartilham o princípio de que deve ser evitado o uso da força", segundo o rascunho de declaração, ao qual a Reuters teve acesso.

China, Rússia, Índia, Brasil e outros países em desenvolvimento condenaram os ataques aéreos liderados pelos EUA contra as forças líbias.

A África do Sul, por outro lado, votou em favor da resolução da Organização das Nações Unidas que autorizou os ataques. Contudo, durante visita que fez a Trípoli no domingo, o presidente sul-africano, Jacob Zuma, pediu que a Otan suspenda os ataques aéreos.

A cúpula dos Brics, que terá lugar no balneário de Sanya, no sul da China, vai proporcionar às grandes economias emergentes do mundo um espaço para coordenar seus pontos de vista sobre reformas econômicas globais, preços de commodities e outros temas de interesse comum.

Ministros de Comércio dos cinco países não deram sinais, na quarta-feira, de estarem dispostos a fazer concessões para romper um impasse nas negociações que visam a abertura do comércio global, que já duram uma década.

Desde que chegou muito perto de um avanço real, em 2008, a rodada de Doha de negociações, que está sendo conduzida sob a égide da Organização Mundial do Comércio (OMC), tem feito poucos avanços.

Entre as principais razões do fracasso das negociações estiveram a recusa dos Estados Unidos e outros países ricos em reduzir mais seus subsídios agrícolas e a recusa dos países em desenvolvimento, liderados pela Índia, em aumentar o acesso ocidental a seus mercados de bens e serviços.

Reunidos na véspera da cúpula dos Brics, ministros comerciais do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul -- esta a nova integrante do Brics -- demonstraram pessimismo quanto às perspectivas das negociações comerciais.

"O delicado equilíbrio de trocas alcançado ao longo de dez anos de negociações e contido no texto provisório de 2008 corre o risco de ser perturbado", disseram os ministros em comunicado à mídia.

Líderes do Grupo das 20 economias avançadas e em desenvolvimento declararam em novembro que havia uma janela estreita de oportunidade para concluir a rodada de negociações em 2011. Vários membros chaves da OMC, incluindo os EUA e a França, terão eleições em 2012.

Os EUA disseram no mês passado que as grandes economias emergentes precisam criar a coragem política necessária para abrir seus mercados. Mas, ao endossar o acordo provisório redigido em 2008, os Brics sugeriram que cabe ao Ocidente ceder.

COOPERAÇÃO
O Ministério do Comércio chinês disse que o encontro também pediu uma coordenação global melhor da política econômica, com vistas a apoiar a recuperação mundial e alcançar crescimento equilibrado e forte.

O peso econômico do grupo Brics vem crescendo, à medida que o mundo em desenvolvimento se esforça para reduzir sua dívida e que os cinco países do grupo começam a operar como bloco comum no G20, funcionando como contraponto aos EUA e outras potências tradicionais.

Como parte do esforço para intensificar o comércio e os investimentos entre eles, na quinta-feira está previsto que os líderes dos Brics assinem um acordo para ampliar as linhas de crédito mútuas que não operam em dólares, mas nas moedas locais dos Brics, segundo relatos na mídia indiana.

"Para seu crescimento e desenvolvimento futuro, os países Brics precisam intensificar o comércio entre eles", disse Lin Yueqin, pesquisador da Academia Chinesa de Ciências Sociais, em Pequim.

Lin observou que o comércio entre China e Rússia, por exemplo, é inferior a 60 bilhões de dólares por ano, uma fração apenas dos 200 bilhões de dólares do comércio entre China e Coreia do Sul.

Ele disse que o grupo, que está realizando apenas sua terceira cúpula anual, ainda tem um longo caminho a percorrer antes que possa equiparar-se ao Grupo das Sete economias avançadas.

"Os Brics são mais um símbolo de cooperação que um grupo para ações conjuntas. Mas, como é o caso com tudo, sem um início humilde não é possível ter um futuro grandioso", disse Lin.

Fonte: Reuters

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Na China, Dilma aposta em maior parceria em ciência, tecnologia e inovação


A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, inaugurou nesta terça-feira em Pequim o Diálogo de Alto Nível Brasil-China sobre Ciência, Tecnologia e Inovação, em seu segundo dia de viagem à China e antes de reunir-se com o presidente do gigante asiático, Hu Jintao, no Grande Palácio do Povo.

Dilma, cuja passagem pela China está marcada pelo objetivo de exportar mais produtos elaborados ao país asiático e não apenas matérias-primas, reuniu-se antes da cerimônia oficial de boas-vindas com o presidente da Foxconn, Terry Gou.

O maior produtor mundial de componentes eletrônicos foi fundado em Taiwan em 1974, instalou-se na cidade industrial de Shenzhen em 1988, conta com 900 mil funcionários em todo o mundo e é fornecedora dos principais clientes do setor de TI.

A primeira visita bilateral de Dilma à China, onde participará da cúpula dos Brics (Brasil, China, Índia, Rússia e África do Sul), tem a meta de fortalecer as relações comerciais e econômicas, já que os vínculos políticos com a China atravessam um bom momento.

A cooperação internacional do Brasil em ciência, tecnologia e inovação à qual se refere o diálogo aberto nesta terça-feira, é parte de sua "diplomacia científica" para diminuir o vão entre países desenvolvidos e em desenvolvimento e identificar processos de inovação produtiva.

Diplomatas brasileiros disseram à agência Efe que ciência, tecnologia e inovação são elementos fundamentais para o desenvolvimento, a criação de empregos e a busca de oportunidades, e que Pequim reconheceu em seu Plano Quinquenal a necessidade de mudar o modelo de crescimento, inovar e produzir qualidade para seu mercado interno e exportação.

Também na integração latino-americana, disseram, a difusão do conhecimento científico e tecnológico mediante associações de benefício mútuo contribuiu para elevar o desenvolvimento e ampliar a capacidade em inovação produtiva.

Na China, o presidente Hu Jintao defendeu a pesquisa e a inovação rumo ao que chamou de "crescimento científico sustentável" para reduzir a dependência tecnológica do exterior.

Após a reunião de Dilma e Hu, está prevista para hoje a assinatura de cerca de 20 convênios em diversas áreas, como saúde, energia, esportes, defesa e agricultura, assim como um contrato para a venda de aviões da brasileira Embraer à China.

Segundo as fontes brasileiras, além da cooperação em satélites de comunicações, a associação mais significativa no setor nos últimos anos foi a criação do Centro China-Brasil de Mudança Climática e Tecnologias Inovadoras em Energia na Universidade Tsinghua de Pequim, que é vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O centro também permite o desenvolvimento de projetos bilaterais em energia eólica e biodiesel com a Academia de Ciências da China.

Embora Pequim dê preferência aos países na vanguarda da produção tecnológica, o país reconhece que o Brasil possui a maior capacidade científico-tecnológica e de inovação da América Latina e busca setores específicos complementares, acrescentaram as fontes.

A China já é o maior parceiro comercial do Brasil e grande investidor no país sul-americano (US$ 30 bilhões em 2010), principalmente em minerais, petróleo, soja e telecomunicações.

Em 2010 a empresa estatal chinesa Wuhan Iron Steel (Wisco) se associou ao Grupo EBX para instalar uma siderúrgica no norte do Rio de Janeiro por US$ 3,5 bilhões, comprou os direitos de prospecção de ferro em Morro de Santana (MG) por US$ 5 bilhões, e adquiriu por US$ 400 milhões o direito de explorar 50% do ferro de Serra Azul (MG).

Segundo o porta-voz da Presidência do Brasil, Rodrigo Baena, a primeira viagem de Dilma à China tem caráter econômico, "pois queremos reciprocidade nas exportações e a abertura do mercado chinês a nossos produtos". As matérias-primas são majoritárias no comércio bilateral de US$ 56 bilhões.

O Brasil é um dos principais celeiros do mundo e líder na exportação de soja (US$ 17,115 bilhões à China em 2010), café e carne, cujo mercado o país deseja abrir na China o mais rápido possível, enquanto Pequim já aprovou nove frigoríficos brasileiros.

Segundo dados oficiais, quase 8% do investimento chinês no Brasil em 2010 foram destinados à compra de terras agrícolas, sobretudo de grãos e cereais para exportar ao gigante asiático.

Em 2009, gigantes energéticos chineses investiram US$ 10 bilhões no promissor horizonte de hidrocarbonetos descoberto pelo Brasil no pré-sal do oceano Atlântico, e em 2010 a Sinopec adquiriu 40% das ações da Repsol Brasil por US$ 7,1 bilhões.

Fonte: EFE e GeoPolitica Brasil

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Reconstrução do Japão após terremoto pode custar mais de R$ 445 bilhões


O governo e as empresas do Japão começaram a acertar os detalhes de um plano de reconstrução após o terremoto e posterior tsunami do dia 11 de março que poderá custar mais de 200 bilhões de euros [R$ 445 bilhões].

A intenção do governo é aprovar o mais rápido possível um primeiro orçamento de 4 trilhões de ienes (cerca de 33 bilhões de euros) para começar uma gigantesca reconstrução no litoral nordeste do país após o terremoto de magnitude 9 ocorrido há um mês.

As prioridades serão os trabalhos de remoção de escombros de uma região que abrange mais de 600 quilômetros, as primeiras ajudas para normalizar a vida dos refugiados, a construção de 70 mil casas e a reconstrução da economia local, que enfrenta sério risco de colapso.

Para definir ainda mais um programa de reconstrução que terá uma escala recorde, o governo japonês criou nesta segunda-feira um conselho de especialistas que inclui professores universitários, empresários e arquitetos como Tadao Ando para que, por volta de junho, apresente propostas em áreas como urbanismo e geração de empregos.

Alguns políticos acreditam que a primeira fase da reconstrução precisará, além disso, de três orçamentos adicionais até atingir a marca de 10 trilhões de ienes (81,7 bilhões de euros).

Para o Japão, a catástrofe natural aconteceu em um momento especialmente delicado, quando a economia começava a se recuperar e lutava para reduzir o perigo latente de sua grande dívida pública, que dobra em valor o Produto Interno Bruto (PIB).

O problema de confeccionar um novo orçamento sem emitir dívida forçará o país a mudar várias despesas, como a contribuição à previdência, e a repensar uma parte das políticas do governo do Partido Democrático de Naoto Kan.

Para ajudar no financiamento das empresas que precisarão de milionários fundos para reconstruir seus negócios, o Banco do Japão (BOJ) aprovou na quinta-feira um programa de empréstimos de emergência no valor de 1 trilhão de ienes (8,178 bilhões de euros).

Além das pequenas e médias empresas de grande importância nas províncias mais afetadas (Fukushima, Miyagi e Iwate), as grandes multinacionais japonesas estão trabalhando para restabelecer o funcionamento de suas fábricas nessas regiões o mais rápido possível.

FÁBRICAS
Companhias como Nissan, Sony e Kirin tiveram que interromper suas operações em algumas fábricas devido ao terremoto, e algumas não sabem quando poderão retomar suas atividades, outro motivo de preocupação para os trabalhadores da região.

Além do dano direto em suas instalações, as empresas enfrentam um período de escassez energética pelo pausa brusca em algumas das usinas nucleares e de outros tipos no nordeste do Japão.

Alguns exportadores que trabalham em regiões próximas ao complexo de Fukushima estão realizando revisões de radiação em seus produtos para acabar com os receios de consumidores. Ao mesmo tempo, o governo analisa os níveis de radioatividade nos portos do Japão para evitar que os produtos que por ele passarem sejam rechaçados em portos estrangeiros.

O país prometeu compensar, através de uma seguradora pública, os exportadores que forem afetados pelo aumento dos níveis de radiação ou rumores que prejudiquem suas vendas.

As emanações da central de Fukushima prejudicam também pescadores, agricultores e criadores de gado de várias províncias no centro do Japão, e por isso o governo previsivelmente terá que dedicar muitos fundos durante um longo tempo para se recuperar de seu maior desastre desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Fonte: EFE e GeoPolitica Brasil

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Líbia: uma guerra com nome e sobrenome


Fiquei profundamente impressionado quando era um menino de 11 anos ao ver que meu pai, que era medida, operava dia e noite para salvar as vidas de soldados alemães que tinham ocupado meu país, a Noruega. Eles tinham ficado gravemente feridos por um torpedo que alcançou seu navio quando tentavam desembarcar. Meu pai dizia que o dever supremo de um médico é o de salvar vidas, sem fazer distinção alguma.

Um médico que cura só os amigos e não os inimigos é um participante na guerra ou um cúmplice. Uma organização que protege os civis só de um lado e não os do outro não é humanitária, mas sim beligerante. De modo que não há nada de histórico na Resolução 1973 do Conselho de Segurança da ONU. Histórica teria sido uma resolução para proteger os civis em todas as guerras, incluindo uma zona de exclusão aérea sobre Gaza, Bahrein, Paquistão e Afeganistão. Mas no mesmo no dia em que se aprovou a resolução 1973, em 17 de março de 2011, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) foi tema de manchetes de primeira página ao matar civis no Afeganistão, o que, pelo visto, é uma rotina diária.

O que está ocorrendo agora na Líbia é uma intervenção na qual se apoia uma parte contra a outra. Isso tem um só nome: guerra.

É verdade, o presidente Barack Obama é mais multilateral que George W. Bush. Mas o problema não é quanto são os que decidem, mas sim o que decidem. Também é verdade que a resolução do Conselho de Segurança excluiu a previsão feita por Fidel Castro em 21 de fevereiro de que a OTAN iria ocupar a Líbia.

A maioria e a não aplicação do veto foram claras. Mas o trio anglo-estadunidense-francês representa menos de 500 milhões de pessoas, enquanto que os cinco países que se abstiveram – Brasil, Rússia, China, Índia e Alemanha – constituem quase a metade da humanidade.

Quem ganhar o apoio dos países islâmicos dirigirá o mundo e a OTAN agora está em guerra com quatro deles. O fato de os Estados Unidos colocarem-se em um segundo plano é facilmente explicável. O país está na bancarrota e quer compartilhar os custos econômicos, militares e, sobretudo, políticos. Há objeções no Congresso estadunidense sobre o tema e alguns temem que possa se converter em um atoleiro pior que o do Afeganistão.

Certamente, ninguém deveria ficar simplesmente olhando um regime reprimir seu próprio povo, como fez Kadafi. Todo outro tipo de medida deveria ter sido usada, incluindo a derrubada de aviões por meio de mísseis transportados por navios de guerra. Mas como alguém disse ironicamente na Rádio Nacional Pública dos Estados Unidos “presidente Obama lançou mais mísseis de cruzeiro que todos os outros ganhadores do Prêmio Nobel da Paz juntos” e esses projéteis atingiram todo tipo de alvos existentes, quer estivessem voando, circulando em veículos terrestres ou caminhando.

Um precedente é a ação da OTAN contra a Sérvia, na qual foram usados “todos os meios necessários”, mas sem um mandato do Conselho de Segurança da ONU. Como na Líbia, na Sérvia e no Kosovo o Ocidente fez sua propaganda habitual. O inimigo é reduzido a uma pessoa a odiar, ou seja, a receita usada por Orwell em seu livro “1984”. Milosevic, Hussein, Osama bin Laden e agora Kadafi. Esse trabalho preparatório foi feito também contra Fidel Castro e Hugo Chávez, até agora sem ações posteriores. É um paradoxo que o Ocidente, que produziu a ideia de um contrato social que o povo pode reconsiderar – Rousseau contra Hobbes – concentre-se tanto em uma só pessoa e tão pouco no povo.

Mas as metas na Sérvia eram claras: bombardear as empresas estatais, não as privatizadas, abrir caminho às corporações transnacionais para o controle dos recursos naturais, conseguir instalar essa enorme base militar chamada Camp Bondsteel e apoiar um chamado exército de libertação (UCK) que ostentava antecedentes recorde em matéria horrores. As armas usadas contra a Sérvia incluíram bombas de fragmentação e urânio empobrecido, que é radioativo e causa câncer nesta e nas futuras gerações.

Não sabemos se isso se aplica na guerra contra a Líbia. Não está claro quem são os rebeldes, ainda que não haja dúvida de que se opõem, com razão, fortemente à ditadura de Kadafi. Mas o que é que eles querem mesmo? Supostamente permitirão os investimentos estrangeiros diretos no petróleo e a instalação de uma ou duas bases militares, tanto por gratidão quanto para solidificar a vitória. E os Estados Unidos teriam então, finalmente, o que têm buscado há longo tempo: uma base da OTAN na África.

Na Líbia, talvez haja milhões de pessoas que não gostam de Kadafi, mas há também aqueles que, em troca, gostam muito de algumas de suas realizações. O Ocidente corre o risco de se converter em vítima de sua própria doutrina de “um país, uma pessoa” e cometer mais um duradouro e trágico crime contra a humanidade.

Por: Johan Galtung - professor de Estudos sobre a Paz, e reitor de Transcend, uma organização que promove a paz, o desenvolvimento e o meio ambiente.

Fonte: Carta Maior e http://brasilnicolaci.blogspot.com/

domingo, 10 de abril de 2011

China não está preparada para liderança global, diz acadêmico chinês


A China não está preparada para assumir o papel de liderança global que muitos esperam que acompanhe a ascensão econômica do país, na opinião do diretor do Centro de Pesquisa Econômica da Universidade de Pequim, Yang Yao.

"Eu não acredito que a China esteja pronta para desempenhar um papel de líder agora ou no futuro próximo. Isso porque a própria China é um país em definição. A China não vai desempenhar papel de liderança até que decida sobre seu próprio futuro", disse Yao, em entrevista por e-mail à BBC Brasil.

No processo de definição do futuro, que pode determinar que tipo de liderança a China irá assumir, o acadêmico citou questões internas prementes como a disputa por poder entre diferentes facções do governo, uma que defende uma presença maior do Estado e outra mais voltada para as forças do mercado.

"Vai levar tempo para o governo perceber que o estatismo vai, no fim das contas, prejudicar a China. Mas o estatismo provavelmente não vai dominar o governo por completo porque as vozes e forças que defendem o mercado também são muito fortes", disse Yao.

MÁ INTERPRETAÇÃO

Segundo o acadêmico, algo que é percebido por alguns setores em vários países como uma nova assertividade ou até postura mais agressiva da China resulta, por um lado, de uma má-interpretação das intenções chinesas e, por outro, de uma falta de noção dos líderes chineses do real impacto no mundo de suas ações.

Yao defende que a ascensão da China já foi bem-vinda no Ocidente. Desde a crise, no entanto, o país tem sido cada vez mais visto como uma nação em busca da dominação.

Ele reconhece que há indícios que podem levar a essa conclusão, principalmente na área econômica, e cita como exemplos a recusa do governo em valorizar a moeda e também o avanço dos investimentos externos chineses, que chegaram a US$ 59 bilhões (cerca de R$ 95 bilhões) em 2010.

"O país está cheio de dinheiro, o governo está cheio de dinheiro e tem que cuidar de suas reservas, garantir que elas não vão perder o valor. O resultado tem sido buscar oportunidades de investimento por todo o mundo. Algumas pessoas veem nisso uma nova assertividade da China, quando, na verdade, é uma escolha natural de um país que se vê diante de um enorme fluxo de reservas em moeda estrangeira."

"A chamada assertividade da China é resultado do poder econômico e não de uma mudança estratégica que vá desafiar a ordem mundial", resumiu.

PRAGMATISMO
O pesquisador diz que as razões por trás das decisões da China são geralmente pragmáticas e voltadas para a busca, muitas vezes complicada, de soluções para problemas domésticos.

Pragmatismo e boas intenções, no entanto, não significam que as ações da China não tenham um impacto negativo em outros países, reconhece Yao.

"A China se tornou imensa e suas ações afetam o mundo. Mas parece que os líderes chineses não têm consciência plena do impacto da China no resto do mundo. Isso pode criar a percepção de um fosso entre a China e outros países, o que é a maior fonte atual de conflitos, especialmente entre a China e o Ocidente", disse.

Na opinião de Yao, com a intensificação desses conflitos, principalmente na área comercial, iniciativas como a dos Estados Unidos de buscar alianças com países como o Brasil para pressionar o governo chinês a valorizar sua moeda podem surtir algum efeito.

"Haveria um certo impacto se o Brasil realmente trabalhasse ao lado dos Estados Unidos, porque o Brasil é um país em desenvolvimento grande com o qual a China se preocupa."

Mas o acadêmico acrescentou que, para o Brasil, a aliança com os Estados Unidos é complicada por causa da política monetária "irresponsável" do governo americano, que jogou imensas quantidades de dólares no mercado mundial.

A questão central para o Brasil, segundo o acadêmico, não deveria ser a valorização do yuan, mas, sim, o aumento de sua competitividade industrial.

"O que o Brasil realmente precisa é de investir o que ganha com recursos naturais na ampliação de sua capacidade industrial", afirmou.

"E a China pode oferecer algum tipo de ajuda nesta área, aumentando seus investimentos no país. O Brasil deveria incentivar mais investimentos da China para incentivar sua manufatura e infraestrutura", recomendou.

Fonte: BBC Brasil e Postado por Angelo D. Nicolaci

China avança rumo ao status de superpotência


A presidente Dilma Rousseff chega nesta segunda-feira a Pequim para a reunião do Bric, grupo que reúne os emergentes Brasil, Rússia, China e Índia e que passa a incluir também a África do Sul.

Mas, apesar do potencial crescente da nova entidade, os anfitriões já são muito maiores do que qualquer outro "Bric", vêm aumentando sua influência ao redor do mundo em um ritmo mais rápido do que se previa e caminham para assumir um papel de superpotência global.

Os indicadores econômicos são impressionantes. A China é hoje o país do mundo que mais exporta (após ultrapassar a Alemanha) e é o segundo que mais importa (ainda atrás dos Estados Unidos). Tem o maior superávit comercial e de conta corrente do mundo e detém um terço das reservas globais em moeda estrangeira (US$ 2,85 trilhões até o fim de 2010).

Tornou-se o principal parceiro comercial não apenas do Brasil, em 2009, como também de uma série de países e tem investimentos crescentes em mais de 80 nações que chegaram a US$ 59 bilhões em 2010.

O poder econômico do “Império do Meio” se tornou incontestável nos últimos anos, e as projeções são quase unânimes em apontar uma mudança do eixo econômico mundial para a Ásia, resultado do chamado “efeito China”.

Com a mudança histórica, cresce a expectativa de que o país vá também exercer um papel de liderança além da esfera econômica. Em busca de sinais sobre que tipo de liderança será essa, as ações de Pequim são observadas com lupa, e uma nova postura chinesa, constantemente classificada de assertiva, tem preocupado alguns setores em diversos países.

Para o diretor do Centro de Pesquisas Econômicas da Universidade de Pequim, Yang Yao, a ascensão da China já foi bem vinda no Ocidente. Desde a crise financeira global, no entanto, o país passou a ser visto como uma nação em busca de dominação.

“A chamada assertividade da China é resultado do poder econômico e não de uma mudança estratégica que vá desafiar a ordem mundial”, disse ele à BBC Brasil.

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Novo modelo

Apesar de não parecer haver uma estratégia clara sobre a liderança a ser assumida pela China, esse papel será uma consequência natural para o país nos próximos anos, segundo Eric Vanden Busche, sinólogo e pesquisador da Universidade de Taiwan. A China, entretanto, não vai seguir o mesmo modelo adotado pelos Estados Unidos.

“A China vai introduzir um novo modelo de ser potência. Você não vai ver uma China tentando controlar o mundo. Um dos princípios que regem a diplomacia chinesa é o da não-interferência. Mas veremos uma potência que lutará para se infiltrar economicamente principalmente em países fornecedores de matérias-primas”, disse à BBC Brasil o sinólogo formado pela Universidade de São Paulo (USP).

O economista britânico baseado em Pequim Duncan Innes-Kerr, analista da consultoria Economist Intelligence Unit, concorda que a China não tentará usar sua influência para defender seus interesses no palco internacional da maneira que fazem os Estados Unidos.

“No palco internacional, a China não vai tentar empurrar suas prioridades da forma como fazem os países desenvolvidos. Não vai defender a governabilidade na África ou a democratização do Oriente Médio. Não terá um papel ativo em temas como esses nos próximos anos”, acrescentou, esclarecendo que a China está mais preocupada com questões domésticas e tenta, na verdade, escapar da liderança que os países desenvolvidos lhe tentam impor.

'Falta muito'

Mas analisar a liderança da China ainda está no campo da especulação, para especialistas como o ex-diplomata indiano Vinod C. Khanna, autor de um livro sobre as relações entre Índia e China.

Para ele, o país ainda está longe de poder ser classificado como uma superpotência, além do sentido puramente econômico do conceito.

“Falta muito. Militarmente, a China tem uma pequena fração do poder que têm os Estados Unidos”, afirma. Apesar de minimizar o tamanho da influência chinesa, ele reconhece que o tema preocupa setores em diversos países, incluindo a Índia.

“A Índia tem uma longa disputa territorial com a China. Para muitos, é uma oportunidade de crescimento em parceria. O que tem preocupado alguns setores mais recentemente é a percepção de uma política externa mais assertiva por parte da China”, acrescentou.

Segundo Vanden Busche, essa assertividade também está relacionada à emergência do que classifica de um nacionalismo mais radical em certos setores da sociedade e que pode ser fonte de problemas para o resto do mundo.

“Existe hoje na China um crescente nacionalismo, radical, que tenta exercer uma pressão sobre o governo para que tenha uma linha mais dura, especialmente em relação ao Japão e aos Estados Unidos. Esse nacionalismo está crescendo principalmente entre os mais jovens."

Controvérsias

Para Innes-Kerr, a China tem também uma grande dificuldade de se comunicar com o mundo, o que é outra fonte de possíveis tensões em um momento em que o país ganha peso em várias frentes.

Segundo ele, a China dá menos valor ao Ministério das Relações Internacionais do que outros países.

“Na China, o ministro do Exterior nem é membro do Politburo (diretório político do comitê central do Partido Comunista). No ranking do poder, fica por volta da quinquagésima posição. Com isso, o governo tende a cair em controvérsias políticas que poderiam ser evitadas se alguém estivesse pensando nas repercussões internacionais do que é dito.”

“Provavelmente, mais problemas surgirão nesta frente. As posições adotadas pela China hoje têm repercussões inevitavelmente. E a China não está se preocupando adequadamente com isso”, disse.

'Soft power'


Além da falta de prioridade apontada na relação com o resto do mundo, Eric Vanden Busche chama atenção para outro elemento fundamental na expansão do poder de uma superpotência: o chamado soft power.

“A China não sabe criar uma imagem simpática, não tem carisma. Não tem como competir com os Estados Unidos nisso. Além disso, será sempre alvo de críticas da comunidade internacional e dos formadores de opinião por conta dos abusos de direitos humanos e do autoritarismo do governo”, disse, acrescentando que a postura mais agressiva no cenário externo manifestada recentemente também tem relação com a história do país.

“Nas aulas de história, os chineses aprendem que, desde a Guerra do Ópio, em 1840, até 1949, a China foi submetida ao que chamam de 'século de humilhação', quando sucumbiu ao imperialismo ocidental."

"A partir de 1949, expulsaram os estrangeiros e estão se reerguendo. Eles acreditam que o século 21 será da China”, resume Vanden Busche.

'Nação panda'

A menção ao contexto histórico da ascensão da China é frequente quando se conversa sobre o assunto com chineses.

A maioria insiste que as intenções do país são pacíficas e que o mundo não deve temer a emergência da China.

“O símbolo dos Estados Unidos é uma águia. O da Rússia é um urso. O símbolo da nova China é o panda. Somos uma nação panda, pacífica, não queremos problema com ninguém”, brincou o jovem da província de Hebei Nie Zhicai, de 22 anos, enquanto passava o feriado chinês com amigos de escola em Pequim.

Eles visitavam uma fábrica de armamentos recentemente transformada em um grande centro cultural, com lojas, restaurantes e espaço para exposições de arte.

Fonte: BBC Brasil e http://brasilnicolaci.blogspot.com/ e

sábado, 9 de abril de 2011

Líbios manifestam-se contra a Otan em Benghazi


"Abaixo a Otan", entoavam nesta sexta-feira cerca de 400 manifestantes reunidos no feudo rebelde líbio de Benghazi, no dia seguinte ao fogo amigo protagonizado pela organização.

Os manifestantes, essencialmente mulheres e crianças, estavam reunidos na segunda maior cidade do país em frente ao antigo palácio da justiça, que virou quartel-general da rebelião que tomou o controle da cidade em fevereiro.

"A Otan não é muito eficiente. Por que ela não ataca as forças de Kadhafi? Por que atira em nossos combatentes que lutam pela liberdade?", perguntou-se uma manifestante, Anwar Mali, 25 anos.

"Por que a Otan não fornece armas aos nossos combatentes?", se questionou outra manifestante, Rouquia Jibril.

Essa manifestação é sinal da confusão crescente de muitos líbios ante a Otan, no dia seguinte a um segundo ataque contra colonos rebeldes em uma semana.

Apesar de os manifestantes colocarem em dúvida o papel da Otan na Líbia, eles agradeceram à França e aos Estados Unidos, dois países que defenderam a criação de uma zona de exclusão aérea que levou a aniquilação do poder aéreo líbio.

Na quinta-feira, aviões da Otan abriram fogo contra um grupo de tanques rebeldes, fazendo ao menos quatro mortos - dois combatentes e dois médicos -, seis desaparecidos e 14 feridos, segundo o chefe do Estado-Maior dos insurgentes, o general Abdelfatah Younès.

Esta foi a segunda vez que a Otan disparou contra rebeldes desde que assumiu, no dia 31 de março, o controle da coalizão multinacional comandada pelos Estados Unidos.

"Foi um incidente infeliz" e "lamento muito pelas mortes" ocasionadas, declarou em Bruxelas o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen.

Fonte: AFP e http://brasilnicolaci.blogspot.com/

Novo conceito de intervenção da Otan no mundo preocupa o Brasil


O governo brasileiro está preocupado com o novo conceito estratégico da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que permite a intervenção em qualquer lugar do mundo onde os interesses dos países integrantes tenham sido lesados, com ou sem a autorização prévia da Organização das Nações Unidas (ONU).

“Isso é carta branca”, disse hoje o ministro da Defesa, Nelson Jobim, ao participar de conferência internacional promovida pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), no Rio de Janeiro. Ele não crê que isso possa afetar os interesses brasileiros, mas deu um recado: “O Brasil tem um compromisso muito sério na América do Sul com a preservação da soberania da Argentina sobre as [Ilhas] Malvinas”.

No contexto da segurança internacional, o ministro defendeu os objetivos do país de garantir a soberania nacional e a integridade do território; a construção de uma identidade sul- americana de segurança e defesa baseada na cooperação; e a ampliação da capacidade de respaldo da política externa por parte da estratégia de defesa. Para isso, terá grande importância, segundo ele, o aparelhamento das Forças Armadas. “A defesa é um projeto de desenvolvimento, porque fundamenta um bem público intangível, que é a segurança.”

O ministro afirmou que o Brasil vai continuar pleiteando um assento no Conselho de Segurança da ONU e insistindo na busca de “relacionamentos produtivos e não excludentes com todos os atores relevantes”. Por ser um país tolerante, que busca sempre o diálogo e a cooperação, o Brasil poderá contribuir muito no Conselho de Segurança da ONU, assinalou.

Jobim assegurou, contudo, que a posição brasileira é de distanciamento da questão da Líbia, apesar de a intervenção naquele país ter sido autorizada pela ONU. O Brasil não se intromete em conflitos externos que objetivem fazer a paz, mas em ações de manutenção da paz, esclareceu. “Não contem conosco”, afirmou. O governo brasileiro vê com cautela esse tipo de intervenção, porque, muitas vezes, pode esconder interesses de outras nações, acrescentou..

Ele disse que as experiências de soluções armadas no Oriente sempre acabaram em condições de agravamento da situação de instabilidade. “O que temos que buscar é uma situação de estabilidade na região que seja produzida interna e não imposta de fora”. Jobim lembrou que a questão das armas de destruição em massa no Iraque que foram a motivação para a invasão norte americana naquele país. E indagou: “Onde estavam [as armas]? Ninguém respondeu”.

O ministro reafirmou que a Constituição Federal não prevê o desenvolvimento de armas nucleares. A tecnologia é desenvolvida no país para atuação nas áreas de energia e saúde e, também, para impulsionar um submarino mais ágil e moderno para defender a costa nacional, onde se destaca a exploração do petróleo da camada pré-sal.

Fonte: JB On Line via Plano Brasil e http://brasilnicolaci.blogspot.com/

quarta-feira, 6 de abril de 2011

A crescente valorização do intangível


Com a virtualização contumaz do mundo, assistimos também a virtualização das grandes empresas e das grandes marcas. Hoje, apenas uma logomarca pode valer muitas vezes mais que a estrutura física das maiores multinacionais do planeta. Fato este que seria impensado em outros tempos. Por que uma marca pode valer tanto? Por que ela traz signos e sinais de uma empresa, atributos a um produto, podendo alavancar investimentos e fundos mundo afora, alicerçada pela globalização que impera atualmente.
É assim que atuam as grandes empresas, na virtualização do presente. Quem poderia dizer que uma empresa que existe apenas na web, ou seja, virtualmente, poderia valer e faturar tanto como uma Google? No entanto ela está aí, ícone de uma época, de um período na história, prestando serviços e contribuindo pela construção de um novo mundo, marcado por novos valores.

Entre as marcas de fabricantes, marcas de varejistas e marcas coletivas, registramos sempre a busca pela criação de um mito, de uma logomarca, tendo ao seu redor produtos chancelados pelo novo ícone, indo desde um carro, até a um relógio de pulso, como é o caso da Ferrari. Onde está a excelência? Simples, apenas na marca, no cavalinho altaneiro. Por isso se investe tanto em publicidade, sempre buscando a criação de símbolo.

Conseguir a excelência desse ou daquele signo é muito mais importante hoje que a busca pela excelência desse ou daquele produto, levando sempre em consideração que a relação signo/produto é sempre uma via de mão dupla. Isso é tão significativo que este signo se desdobra entre extensão de linha e extensão de marca, tendo sempre como guarda-chuva o dístico de um tempo.

Enquanto que 80% dos produtos lançados na atualidade permanecem apenas um ano no mercado, a perenização de uma marca pode atravessar séculos e, em muitos casos, determinar modos e valores de gerações. Por isso ela é tão valorizada e tão cobiçada pelas grandes corporações, que atrelam a ela investimentos incalculáveis, muitas vezes superiores aos investidos em suas sedes e em suas fábricas.

O grande desafio dessas marcas é se manterem atuais, diante de um mercado que é cada vez mais dinâmico e menos fidelizado, tendo como maior concorrente a globalização. Hoje, em muitos casos, grandes empresas trabalham com a construção de seus produtos tendo a internet como ferramenta. Pela net escolhe-se a cor, acessórios e até o modelo de bancos de carros nacionais. Como manter todos os seus valores nesta nova forma de consumo é o grande desafio dessas multinacionais. Isso é o que se busca hoje, o consumidor interferindo e interagindo diretamente com o produto que deseja consumir.

Para as grandes empresas, vão surgindo novas demandas e novas exigências de mercado pela geração que está o dia inteiro conectada, virtualmente, com todas as empresas do mundo, levando, via web, seus desejos e anseios. São os chamados echo boomers que, de sua interação pela web estão reciclando um modelo antigo de comércio, criando novos desafios para as grandes multinacionais, que agora podem descortinar um mercado com características próprias e exigências individuais.

Conseguir se manter neste novo mundo é que será a grande vitória.

Fonte: Pravda e brasilnicolaci.blogspot.com/

terça-feira, 5 de abril de 2011

Guerra da OTAN na Líbia?


72 horas depois de a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) ter sido incumbida pelas potências ocidentais da tarefa de fazer valer uma zona aérea de exclusão e um embargo de armas na Líbia, a aliança deu grande salto adiante. O próprio corpo que toma decisões da própria OTAN decidiu que a própria OTAN ficará encarregada de implantar também todas as demais decisões da Resolução n. 1.973 do Conselho de Segurança da ONU sobre a Líbia [R-1973].

Declaração da OTAN, feita em Bruxelas no final desse domingo, mal disfarçava o tom triunfalista: “É passo muito significativo, que prova a capacidade da OTAN para empreender ação decisiva”.

Mas tem gato na tuba.

A declaração da OTAN nada diz sobre quem estaria esperando que a OTAN “provasse” alguma coisa, ou que “ação decisiva” a OTAN agora por-se-á a “empreender”. A questão, de fato, é que a OTAN afinal recebeu a chance de provar-se ela mesma – de provar que é a única organização militar em escala global que pode intervir militarmente e “empreender ação decisiva” contra qualquer país (fora do mundo ocidental, sempre, é claro).

Não há dúvida que se trata de “passo muito significativo” no que tenha a ver com a segurança internacional. O Conceito Estratégico adotado na cúpula da OTAN em Lisboa [1], novembro passado, definiu que o objetivo da aliança seria constituir-se como organização de segurança global. Mas ninguém do mundo externo, naquele momento, jamais supôs que o objetivo seria alcançado nesse prazo recorde.

A realidade política é que a R-1.073 não atribuiu nenhum papel específico à OTAN. A própria OTAN se autoatribuiu um papel e esse específico papel.

As potências ocidentais interpretaram unilateralmente a R-1.973 e incluíram nela os raids aéreos contra forças do governo líbio para, militarmente, alterar o equilíbrio militar na Líbia a favor dos ‘rebeldes’. Agora, também a OTAN por-se-á a atacar militarmente a Líbia.

Em termos mais simples, a OTAN acaba de entrar no sangrento negócio de derrubar governos, “mudança de regimes”, em países fora da Europa nos quais interesses ocidentais sejam ameaçados.

A declaração da OTAN dizia que a aliança está preparada para “iniciar imediatamente a operação efetiva”. Significa que a OTAN já sabia que seria encarregada dessa ação e manteve-se em estado de prontidão, enquanto todos os analistas ocidentais, pela imprensa, sugeriam que a aliança estaria sendo empurrada para um dilema. Muito evidentemente tudo acontece segundo plano bem preparado – armar os ‘rebeldes’ líbios; instigar o conflito até situação extrema; e, então, interferir diretamente, com poder bélico gigantesco, para derrubar um governo, digo, para “mudar um regime”.

É a primeira vez que a OTAN inicia operação militar na África/Oriente Médio. As operações “fora de área”, da OTAN começaram, no mundo, nos Bálcãs, quando se tratou de dividir a antiga Iugoslávia; e a guerra do Afeganistão forneceu o cenário para que a OTAN chegasse à Ásia sul e central.

Ninguém precisa esperar o resultado da conferência das potências ocidentais que acontecerá em Londres na 3ª-feira, para entender as dimensões políticas da missão da OTAN na Líbia.

As potências ocidentais estão passando a perna na ONU, depois de obter uma “legitimidade”, de fato, uma folha de parreira, mediante a R-1.073. Os dois membros que têm poder de veto no Conselho de Segurança – Rússia e China – já acionaram as respectivas máquinas de propaganda, mas é altamente improvável que algum dos dois considere, mesmo que remotamente, a possibilidade de convocar sessão do Conselho de Segurança para enfrentar, de fato as novas dimensões do problema da Líbia. Assim sendo, EUA, França e Inglaterra estão totalmente livres para desenhar como bem entendam a missão da OTAN. Se os ataques aéreos não conseguirem arrancar de lá o governo Gaddafi, a OTAN será convocada para mandar suas tropas de ocupação por terra.

É possível até que Rússia e China estejam estimando que não será de todo mau para seus interesses, se o ocidente envolver-se em guerra na Líbia. Ocupados na Líbia, diminuem os riscos de que a OTAN e o ocidente se metam pelos quintais russos ou chineses, pelo menos por algum tempo.

Assim sendo, só resta a União Africana para protestar contra operações militares decididas unilateralmente contra o governo líbio. O problema é que, como dizem que Stalin teria perguntado sobre o papa: “Quantas divisões tem a União Africana?”. A resposta é óbvia: ‘Zilch’, necas.

Feliz, só o presidente Barack Obama, dos EUA. Afinal, é a OTAN, não os EUA, que inauguram um novo, grande espaço, para longas guerras.

Fonte: viomundo via Plano Brasil