sábado, 30 de junho de 2012

De qual tipo de conhecimento você precisa?


Na coluna dessa semana, a leitora Jaqueline Rodrigues nos pergunta: "Como me manter atualizada neste mundo tão dinâmico?"Antes, preciso contar que sempre gostei muito de estudar sobre inovação e criatividade (o que me levou a escrever dois livros sobre o assunto). Eu era o tipo de jovem nerd que se ouvia na escola que os romanos tinham dominado o mundo, ia estudar quais avanços e tecnologias permitiram que eles fizessem isso (a resposta rápida, aliás, é a organização e treinamento dos exércitos somados ao uso de estradas para transporte de pessoas e alimentos).

Então, gostaria de começar respondendo sua pergunta da seguinte forma: não se desespere. Em todas as eras, todas as gerações sentiram que seu mundo estava mudando. Imagine o que era, por exemplo, numa época em que a maioria das pessoas nascia e morria sem nunca ter saído do mesmo local, ouvir falar da descoberta de continentes inteiros feitas por embarcações gigantes. Cada inovação trouxe a sensação de que o mundo estava mudando rapidamente para os habitantes de sua época. Das bússolas e mapas que permitiram que esses barcos se distanciassem da costa e navegassem oceanos, ao motor a vapor que tornou as viagens mais rápidas e seguras... Imagine o assombro das pessoas que viram o primeiro avião, que escutaram a voz ser transmitida de um lugar para o outro através do rádio... O que não faltam na história humana são descrições de como o mundo está mudando cada vez mais rápido.

Em nossa era, temos nossas próprias inovações. Quando as pessoas falam em como o mundo está mudando costumam se referir às tecnologias de informação. Se você tem um smartphone, você tem no seu bolso mais poder de processamento que os computadores que estavam no foguete que levou o homem à lua. Quando olhamos para um setor que está mudando rapidamente e impacta nossas vidas, como é o caso da internet, nossa tendência é esquecer o tanto de coisas que permanecem mais ou menos iguais à nossa volta. Apesar de alguns avanços, por exemplo, a tecnologia do uso de carros para transporte urbanos continua mais ou menos a mesma desde o seu início. Apesar de inovações como motores híbridos e elétricos, a maioria de nós continua usando motores de combustão que funcionam mais ou menos da mesma forma que seu projeto original. Continuamos comprando carros para nos levar de um canto a outro. Os engarrafamentos cada vez maiores nas cidades do mundo inteiro são prova de que, apesar de uma ou outra boa idéia, ainda não existe uma inovação realmente efetiva na área de transporte urbano.


Imagem: Thinkstock

O primeiro ponto, então, é colocar as coisas em perspectiva: o mundo sempre estará mudando em algumas áreas. Por outro lado, sempre permanecerá mais estável em outras. Afinal, continuamos usando gravatas em algumas ocasiões sociais – seja lá para que elas servirem.

Essa perspectiva histórica serve para diminuir um pouco a ansiedade que vejo tomar conta de muitos profissionais. Tenha calma. Por mais que as coisas mudem, outras pessoas já passaram por isso. Todas as gerações têm seus desafios e suas rápidas mudanças.

Do ponto de vista individual, a questão então é: "como lidar com o mundo à nossa volta?". Eu não gosto muito de falar de "teoria versus prática". Então vamos colocar a questão como um equilíbrio entre um "aprendizado clássico" e "aprendizado técnico".

O aprendizado clássico inclui aquelas matérias "tradicionais", que existem mais ou menos desde que o mundo é mundo: línguas, matemática, história, filosofia... Nenhum profissional será penalizado por ter um bom domínio de sua língua nativa, conhecer a "língua" da matemática ou estudar outros campos mais amplos do conhecimento. Pelo contrário, esse tipo de conhecimento é o que costumamos usar para dizer ou julgar se alguém é "culto" ou não. A obtenção de um aprendizado clássico lhe abrirá novas portas que vão desde novas formas de pensar, se expressar e se comunicar até um melhor entendimento de fenômenos e questões do dia a dia: um bom domínio de matemática pode lhe dar o pensamento abstrato ideal para entender uma nova ferramenta assim que ela é lançada no mercado, enquanto uma perspectiva histórica pode lhe trazer lições de cunho pessoal e organizacional de onde pessoas venceram e falharam no passado, te ajudando a criar novas estratégias para lidar com seus concorrentes, por exemplo.

O outro lado é o conhecimento técnico: o conjunto de ferramentas que lhe ajudarão a exercer a profissão que escolheu de forma cada vez melhor. Cada profissão tem os seus desafios. Mas se pararmos para pensar, se soubermos o que realmente queremos, é possível sim se manter atualizado na área que escolhemos.

A questão, Jaqueline, é não se desesperar e escolher bem aonde investir seu tempo. Eu diria que é preciso sempre buscar uma melhoria do lado dos "clássicos", lendo, estudando algum campo científico de seu interesse, fazendo alguma arte e assim por diante. Por outro lado, é preciso saber escolher para onde olhar quando falamos em conhecimento técnico. Cansei de encontrar profissionais com dois ou três MBAs em temas parecidos que, quando questionados porque estudaram a mesma coisa diversas vezes seguidas, não conseguiram elaborar uma resposta.

Procure identificar o conhecimento e ferramentas mais importantes para seu momento profissional e não se esqueça de cultivar sua mente como um todo de vez em quando. Apesar de que daqui a cem anos nossos netos provavelmente vão olhar para nós e se perguntar como vivíamos em um tempo tão lento, aposto que essas duas atitudes continuarão sendo um bom conselho.

Fonte: Por Fábio Zugman - Administradores

sexta-feira, 29 de junho de 2012

5 dicas para otimizar as reuniões na empresa


Reuniões longas e ineficientes continuam sendo desafios enfrentados por empresas de qualquer tamanho e segmento, em qualquer parte. O mundo corporativo criou péssimos hábitos na condução e realização de reuniões. Não há cumprimento de horários, as pessoas são chamadas de última hora, muitas vezes desconhecem o real propósito da reunião, a condução é cheia de conversas paralelas e fica difícil manter o foco.

Reuniões sem foco levam a equipe a perder tempo, a falhar na execução de suas prioridades e a reclamar da falta de tempo para fazer o que realmente precisa. Tenho sido muito questionado nos últimos tempos sobre como é possível reduzir o número de reuniões e aumentar a produtividade das mesmas.
Por esse motivo, organizei algumas dicas úteis e rápidas para otimizar as reuniões. Confira abaixo:

Tenha o objetivo e pauta visíveis
Defina o que deve ser alcançado quando a reunião terminar (objetivo) e os itens que ajudarão a tornar isso possível (pauta). Envie aos participantes na convocação e durante a reunião mantenha visível a todo o momento.

Use um cronômetro
Nos principais comércios populares existem cronômetros de até 2h por menos de R$ 30! Controlar o tempo é dever de todos na reunião, quando o tempo fica visível é mais fácil de conseguir manter o controle do tempo.

Conduza a reunião
Escolha uma pessoa para conduzir a reunião, de forma que organize a conversa, as ideias, registre as ações posteriores e corte conversas paralelas.

Não trabalhe na reunião
Se não for uma reunião aonde algum trabalho deva ser feito, mas apenas discutido, não caia no erro de agir durante a reunião, além de tomar tempo acaba perdendo o foco da discussão.

Envie um e-mail de fechamento
Ao terminar a reunião envie um e-mail aos participantes agradecendo a presença e pontuando as principais ideias e ações definidas.

Uma reunião produtiva costuma ser rápida, ter um objetivo a ser alcançado e gerar algum tipo de ação futura.

Fonte: Por Christian Barbosa - administradores

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Quanto custaria à Alemanha fim do euro


O que representa para a Alemanha estar na zona euro? Desde o início da crise, Berlim tem-se posicionado enquanto o país que menos tem a perder com a crise da moeda única, evitando ao máximo fazer cedências em acordos com os parceiros comunitários. No entanto, num cenário de rutura da zona euro, a economia alemã sofreria um choque profundo. Segundo um relatório do Ministério das Finanças a que a revista alemã "Der Spiegel" teve acesso, o fim do euro provocaria uma recessão de 10% no primeiro ano e duplicaria o atual nível de desemprego alemão.
A um dia de mais uma Cimeira da União Europeia, a corda continua a ser puxada pelos dois lados: a Alemanha (e outros países do Norte) reclama perdas importantes de soberania e programas de austeridade duros para países que queiram beneficiar de empréstimos comunitários; os países em dificuldades pedem a mutualização da dívida (eurobonds), menos austeridade e alterações de estruturas europeias, nomeadamente o papel do Banco Central Europeu (BCE). A corda tem quebrado sempre do mesmo lado - o mais frágil. 
A chanceler alemã Angela Merkel tem-se mostrado intransigente em vários temas, recusando cedências. Ainda ontem terá dito aos deputados do FDP que "enquanto for viva" recusará qualquer iniciativa relacionada com eurobonds.
Portugal e outros países alienados pelos mercados financeiros têm sido encostados à parede pela Alemanha: a dureza da austeridade ou o choque da saída ou fim do euro. Mas Berlim tem todos os motivos para se esforçar para encontrar soluções para a crise. A confirmarem-se os dados do relatório a que a "Der Spiegel" publicou - o Ministério das Finanças alemão diz desconhecer o documento - significa que Merkel sabe perfeitamente o que tem a perder com a crise. Perante um cenário de recessão de 10% e cinco milhões de desempregados, a emissão de eurobonds, o reforço dos fundos de resgate e a constituição do Banco Central Europeu (BCE) como um credor de último recurso, poderão ser "males menores" para Berlim.
"Uma dissolução da zona euro teria consequências catastróficas para a economia alemã", escreve a "Der Spiegel". "O Ministério das Finanças [alemão] tem mantido esta informação em segredo, temendo um descontrolo do custo de salvação do euro."
Mais: os principais parceiros comerciais alemães são países da moeda única e a zona euro permitiu o forte desenvolvimento das exportações alemães; os custos de financiamento da Alemanha estão cada vez mais baixos, registando-se mesmo juros negativos.
Os dados divulgados pela "Der Spiegel" surgem numa altura em que o apoio dos alemães à permanência na zona euro é cada vez mais baixo. Influenciados por uma narrativa de divisão da Europa entre preguiçosos (países do Sul) e trabalhadores (Norte), quatro em cada dez desejam abandonar a moeda única. Uma tendência que traz preocupações para o futuro. É que, em breve, Angela Merkel terá de convencer os alemães a votar nela. Uma retórica anti-euro pode ajudar.

A importância de se definir o importante


O cenário é bastante comum, para não dizer corriqueiro: o profissional chega ao escritório, liga o computador e abre o programa de e-mails. A enxurrada de correspondências virtuais diárias toma praticamente todo o tempo da manhã, às vezes até o período da tarde. Entre as coisas urgentes e desnecessárias, o que realmente pode fazer a diferença no dia, na semana ou no mês dentro da organização, ou seja, o que é realmente importante, em muitos dos casos acaba por ser relegado para segundo, terceiro ou quarto planos. Mas por quê?

Infelizmente, a maioria dos profissionais – e aqui podemos abordar aqueles de praticamente todas as áreas – e também das pessoas de um modo de geral não adquire o saudável hábito de gerenciar bem o seu tempo e, mais do que isso, as suas escolhas. A pressão por resultados e respostas rápidas e precisas, seja do chefe ou dos clientes, faz com que o urgente se torne cada vez mais na rotina empresarial como prioritário e agente do "bom serviço prestado". Sendo assim, neste sentido é comum que se caia em armadilhas, cedo ou tarde.

Mas em que tipo de armadilhas os profissionais podem cair quando optam por apenas resolver questões urgentes? Acredito que seja algo bem simples e direto de se responder. Trabalhar somente no chamado "piloto automático", uma vez que em grande parte das situações o que é considerado urgente, ou no jargão popular "para ontem", pode ser resolvido sem muito planejamento, estratégia e, mais do que isso, em outro determinado momento do dia que se esteja mais tranquilo.

Sabemos que todos aqueles que trabalham precisam, cada vez mais, ser profissionais multidisciplinares, ou seja, desenvolver a capacidade de realizar inúmeras tarefas praticamente ao mesmo tempo. Como a concorrência no atual mercado de trabalho é acirrada, se faz necessário que todas essas atividades interrelacionadas sejam executadas com o máximo de eficiência possível. Porém, é público e notório que nem sempre conseguimos atingir um nível de excelência, seja para os gestores, para os clientes ou para nós mesmos, dentro de nossa autocrítica.

Neste contexto, realmente é bastante importante traçar metas, objetivos e, acima de tudo, estratégias que consolidem a posição de destaque deste profissional dentro da empresa. No trabalho que realizamos na FranklinCovey, hoje uma das principais consultorias especializadas na melhoria da eficácia corporativa e pessoal em todo o planeta, desenvolvemos o mais recente programa de gerenciamento chamado As 5 Escolhas para uma Produtividade Extraordinária que visa justamente colocar em discussão a questão do bom gerenciamento das escolhas que fazemos no dia a dia.

Dentro destes conceitos, há um tópico inteiro dedicado à importância de se definir as ações mais importantes como diferencial real para o ganho de produtividade dentro da empresa e para a própria satisfação profissional e pessoal. Segundo pesquisa coordenada pela própria FranklinCovey em todo mundo, com 350 mil pessoas em diversos países, constatou-se que 70% de nosso tempo nós usamos para atividades urgentes ou para aquelas que realmente são, de fato, totalmente irrelevantes dentro do contexto corporativo.

Percebe-se, então, que as pessoas têm demonstrado uma disposição maior em trabalhar no "piloto automático" ao invés de dirigirem suas vidas e carreiras em busca da inovação e do extraordinário. Pela minha experiência, uma vez que a cultura inovadora seja permeada no seio empresarial, todos têm a ganhar. Por isso que os cases de maior sucesso recentemente são as startups, um fenômeno corporativo que ganhou o mundo. Ano passado, por exemplo, a brasileira Peixe Urbano (de compras coletivas) foi eleita a melhor startup internacional pelo conceituado The Crunchies Award, uma das mais importantes premiações do setor.

Quando conseguimos um tempo para a inovação dentro do ambiente de trabalho, fazemos um exercício de comprometimento com a empresa. Neste caminho, se faz extremamente necessário aumentar, gradativamente, o percentual de 30% (segundo a pesquisa da FranklinCovey) dedicado a buscar ideias que realmente possam revolucionar ou, em termos mais diretos, causam impacto dentro da companhia. Porém, como fazemos isso sem que a rotina do expediente seja comprometida? Talvez uma palavra explique muito bem toda esta questão: disciplina. Precisamos saber dosar nosso tempo e nossas escolhas em prol daquilo que, no final das contas, nos trará satisfação pessoal e profissional.

Porque toda e qualquer pessoa sabe que quando uma ideia própria é colocada em prática e os resultados desta ação começam a aparecer, seja na forma de indicadores de performances nas organizações ou mesmo na satisfação de outras pessoas que "compraram a sugestão", o prazer de quem confabulou a estratégia é inigualável. Gosto muito, para explicitar, da frase do escritor inglês William Shakespeare, que diz: as ideias das pessoas são pedaços da sua felicidade. Independentemente se for uma grande inovação ou uma mudança sutil em um procedimento, por exemplo, é necessário que a ideia seja expressa. Guardar para si pode fazer a empresa perder ganhos e você se sentir frustrado.

Nunca que o velho e batido ditado "separar o joio do trigo" foi tão bem empregado. Tirar uns minutinhos do dia para trocar ideias com seus colegas de trabalho – sem a rigidez de uma reunião clássica – é tão, ou até mais, importante do que responder aquele e-mail que pode ser respondido umas duas horas depois, por exemplo. E criar na empresa a cultura do brainstorm diário ou semanal é uma das alternativas mais viáveis, onde gestores podem sentir a necessidade de seus colaboradores e, juntos, buscarem as melhores soluções.

Por fim, termino com uma grande citação do genial cientista alemão Albert Einstein que afirmava que a mente que se abre para cada ideia nova jamais voltará a seu tamanho original. Mais do que nunca as boas ideias são fundamentais para que se obtenha sucesso profissional e maior contentamento pessoal. Aqueles que mantêm a mente focada na inovação, na busca pelo extraordinário, trazem para si um ganho inestimável. Mirem-se nos exemplos das pessoas que, de uma ideia simples, conquistaram o mundo!

Fonte: Por Paulo Kretly * , www.administradores.com.br
* Paulo Kretly - é presidente da FranklinCovey Brasil e reconhecido palestrante em liderança, gestão e produtividade pessoal e interpessoal, é especialista em gerenciamento do tempo e vem cativando milhares de pessoas e organizações que o procuram com o desejo de manter suas vidas pessoal e profissional equilibradas.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Cálculo eleitoral


O famoso encontro entre Lula e Paulo Maluf, que selou o apoio do PP à candidatura de Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo, enseja diversas discussões a respeito de nosso sistema político. 

É uma boa oportunidade para avaliar um aspecto dele do qual nem sempre nos apercebemos, relativo ao modo como as campanhas eleitorais são concebidas e organizadas.

No Brasil, como em qualquer lugar, elas obedecem a uma lógica pouco usual: ao contrário de seguir a regra da economicidade - em que se busca o mínimo dispêndio de recursos para a consecução dos fins pretendidos -, prevalece o princípio da redundância.

Em outras palavras, mobilizam-se mais recursos que os necessários para alcançar os objetivos estabelecidos. Investe-se além do que é racionalmente exigido.

No episódio paulista, isso ficou claro no debate sobre o tempo de propaganda eleitoral que o PT ganhou aliando-se a Maluf.

Para espanto quase universal, Lula se dispôs a um “sacrifício de imagem” significativo - posando ao lado de um político contra quem pesam graves denúncias - para receber, em troca, míseros 1min36s de televisão. Valeria a pena? Haddad precisava tanto desse adicional de tempo?

A base do raciocínio é quanto a candidatura já dispunha, em função das coligações “naturais” firmadas com partidos progressistas e de esquerda – como o PSB e o PCdoB. Somando-se o tempo do PT ao dessas legendas, Haddad já não teria o suficiente para alcançar a visibilidade de uma candidatura competitiva?

Para quem não vive diretamente a política, talvez. Daí a dificuldade de muitas pessoas - até mesmo observadores experientes - entender o gesto do ex-presidente. Se Haddad não precisava, se não era “questão de vida ou morte”, por quê?

O caso é que os políticos não pensam, no que se refere às campanhas em que estão envolvidos, como as pessoas comuns. Não raciocinam com o princípio do “mínimo necessário”, mas com o do “máximo possível”. Preferem a redundância - mesmo que implique gasto elevado de recursos (nos quais se inclui o “capital de imagem”) -, ao menor risco de insuficiência.

Antes desperdiçar que faltar.

Não são apenas as campanhas eleitorais que são assim administradas. Coisa parecida ocorre em outras dimensões da vida social - algumas muito mais caras que a política. Na guerra, por exemplo (que, aliás, não deixa de ter parentesco com ela).

Os militares não planejam o que fazer baseados no “mínimo indispensável” a derrotar o inimigo. Como sabemos estudando a história, se puderem, lançam sobre seus alvos o dobro, o triplo, quatro vezes mais ataques que isso. Buscam a certeza da vitória.

Os políticos são parecidos - quem quer que sejam, de que partido forem.

Nesta altura do ano, em que os últimos lances da pré-campanha para as sucessões municipais estão sendo jogados, vemos exemplos disso em toda parte. Os candidatos lutam para obter o máximo - em termos de apoios políticos, tempo de televisão, cabos eleitorais, dinheiro. Só ficam satisfeitos com o que têm se não conseguirem aumentá-lo.

No domingo, Eduardo Paes (PMDB) definiu sua candidatura à reeleição no Rio de Janeiro. Contará com 19 partidos.

Para que 19?

Por duas razões: porque não chegou a 20 (ou mais, pois, como todo político, preferiria ganhar sem sequer ter que disputar) e porque são 19 partidos que não apoiarão os adversários. 

Um leigo talvez dissesse a Lula que não precisava de Maluf. Um profissional - como Serra - nunca lhe diria isso.


Fonte: por Marcos Coimbra – blog do Nassif – Correio brasiliense

terça-feira, 26 de junho de 2012

Uma especulação sobre o fim da crise e a nova direção da história

As causas da crise financeira mundial já não têm mais segredos para a maioria dos observadores, inclusive para o homem comum de bom senso. Trata-se de um descolamento entre a órbita financeira especulativa e a órbita real, num processo iniciado nos Estados Unidos em 2007/2008 e que vazou para a Europa. Entretanto, as conseqüências da crise ainda estão obscuras para maioria das pessoas, mesmo porque muitos “especialistas” contribuem para a confusão ao tentar encaixá-a em modelos e paradigmas que se esgotaram, perdendo toda força explicativa.

A crise que estamos vivenciando não é uma crise cíclica convencional do capital. Também não é uma crise que tenha necessariamente como conseqüência a destruição do capital. É uma crise do liberalismo radical, ou do neoliberalismo. Os fundamentos doutrinários do sistema neoliberal, basicamente a idéia do Estado mínimo e da auto-regulação dos mercados, colapsaram espetacularmente. Não é que tenham sido derrotados por correntes oponentes. Foram derrotados pelas próprias contradições internas que expuseram a fragilidade básica da doutrina.

A mais extravagante dessas contradições foi a gigantesca mobilização de dinheiro público, trilhões de dólares nos Estados Unidos e na Europa, para prestar socorro a um sistema bancário “liberal” que, de outro modo, quebraria e levaria consigo o próprio capitalismo. Diante disso, como falar em Estado mínimo? Ou de auto-regulação? É claro que sempre haverá um retardatário ideológico disposto a pregar as virtudes do velho sistema. Não será levado a sério. Enquanto doutrina de reordenamento do mundo, o neoliberalismo está morto.

Mas o colapso não é apenas do neoliberalismo. Também no campo ambiental a doutrina caracteristicamente liberal de produção sem levar em conta efeitos sociais e ambientais entrou em decadência. Também colapsou, pelo menos entre nações nuclearizadas, o paradigma da guerra como continuação da política por outros meios. É que, entre potências nucleares, a guerra perdeu sua condição de instrumento racional dos Estados para defender seus interesses, conforme o enunciado clássico de Clausewitz. Finalmente, também no campo científico, em especial na Genética, a liberdade individual tende a ser limitada por um código de ética consertado socialmente.

Todos esses paradigmas que estão colapsando nada mais são que aspectos particulares de um paradigma mais fundamental, o da liberdade individual ilimitada, o qual, junto com a liberdade política, constitui o próprio alicerce da Idade Moderna. Desses dois paradigmas surgiram as correntes políticas que têm caracterizado a civilização ocidental (e agora mundial): segundo Bobbio, a liberdade como não impedimento, e, no plano oposto, a liberdade enquanto autonomia para participar da elaboração das leis às quais o homem livre se sujeita. Da primeira resultou o liberalismo econômico, da segunda o liberalismo (em sentido americano) político. 

O processo de que estamos participando nada mais é que a superação não revolucionária, porém incontornável, do liberalismo radical em favor da liberdade política. Não que os valores do liberalismo venham a ser totalmente negados. Muitos deles são fundamentais, porém serão limitados pelas liberdades políticas, em favor de um sistema regulado por um paradigma em nível superior que implique também os direitos sociais. É esse novo paradigma que devemos tentar vislumbrar. Mas antes que o velho caia por si mesmo e o novo se imponha também por si, teremos um período caótico, justamente o período que estamos vivenciando. Como se pode ver o que vem depois?

A melhor alternativa é observarmos as crises que se desenrolam à nossa vista e especularmos sobre os caminhos de sua superação. Assim, na ausência de um hegemon mundial – os EUA não o são, e obviamente também não o é a China -, a única saída para a superação da crise financeira, num mundo efetivamente globalizado, é a busca de soluções cooperativas num organismo coletivo como o G20. O mesmo se pode dizer da crise ambiental, das tensões geopolíticas e da busca de uma diretiva nas pesquisas genéticas, todos devendo subordinar-se a alguma autoridade coletiva agindo de forma cooperativa e coordenada.

Para melhor explicitar tudo isso, voltemos às contradições do capital. Um equívoco semântico leva muita gente a imaginar que o banco é a própria essência do capitalismo. Não é. A essência do capitalismo é o sistema produtivo, do qual o sistema financeiro é apenas um auxiliar. Assim, para salvar o capital, não é nenhum despropósito a estatização do sistema bancário, como na China e na Índia, e em boa parte no Brasil. O banco grande demais para quebrar está destruindo o sistema bancário de segunda linha nos Estados Unidos e na Europa, e acabará por entrar em contradição direta com o capital produtivo. O sistema político acabará percebendo que, para defender este último, o primeiro deverá ser sacrificado. 

Isso significa que, se tivermos paciência, a democracia, entendida como liberdade para condicionar o liberalismo radical, nos levará inexoravelmente a um novo paradigma de relações internas e internacionais, o paradigma da cooperação. Lamento que isso não se encaixa perfeitamente nos modelos de lutas de classe convencionais, mas acho que o mundo mudou alguma coisa desde Marx. Julgo que a busca de um melhor estado de bem estar social para os mais desfavorecidos não precisa passar necessariamente pela luta de classes radical e pelas revoluções armadas, mesmo porque elas seriam quase tão destrutivas no plano nacional quanto as guerras entre paises industrializados avançados, no plano internacional.

Texto de J. Carlos de Assis -  Economista, professor de Economia Internacional da UEPB, autor, junto com o matemático Francisco Antonio Doria, do recém-lançado “O Universo Neoliberal em Desencanto”, pela Civilização Brasileira. Esta coluna sai também no site Rumos do Brasil e, às terças, no jornal carioca Monitor Mercantil.


Fonte: Agência Carta Maior

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Como fortalecer o hábito da leitura no Brasil



Um dos maiores especialistas em leitura do mundo, o francês Roger Chartier destaca que o hábito de ler está muito além dos livros impressos e defende que os governos têm papel importante na promoção de uma sociedade mais leitora.
O historiador esteve no Brasil para participar do 2º Colóquio Internacional de Estudos Linguísticos e Literários, realizado pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Em entrevista à Agência Brasil, o professor e historiador avaliou que os meios digitais ampliam as possibilidades de leitura, mas ressaltou que parte da sociedade ainda está excluída dessa realidade. “O analfabetismo pode ser o radical, o funcional ou o digital”, disse.
Agência Brasil: Uma pesquisa divulgada recentemente indicou que o brasileiro lê em média quatro livros por ano (a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, divulgada pelo Instituto Pró-Livro em abril). Podemos considerar essa quantidade grande ou pequena em relação a outros países?
Roger Chartier: Em primeiro lugar, me parece que o ato de ler não se trata necessariamente de ler livros. Essas pesquisas que peguntam às pessoas se elas leem livros estão sempre ignorando que a leitura é muito mais do que ler livros. Basta ver em todos os comportamentos da sociedade que a leitura é uma prática fundamental e disseminada. Isso inclui a leitura dos livros, mas muita gente diz que não lê livros e de fato está lendo objetos impressos que poderiam ser considerados [jornais, revistas, revistas em quadrinhos, entre outras publicações]. Não devemos ser pessimistas, o que se deve pensar é que a prática da leitura é mais frequente, importante e necessária do que poderia indicar uma pesquisa sobre o número de livros lidos.
ABr: Hoje a leitura está em diferentes plataformas?
Chartier: Absolutamente, quando há a entrada no mundo digital abre-se uma possibilidade de leitura mais importante que antes. Não posso comparar imediatamente, mas nos últimos anos houve um recuo do número de livros lidos, mas não necessariamente porque as pessoas estão lendo pouco. É mais uma transformação das práticas culturais. É gente que tinha o costume de comprar e ler muitos livros e agora talvez gaste o mesmo dinheiro com outras formas de diversão.
ABr: A mesma pesquisa que trouxe a média de livro lidos pelos brasileiros aponta que a população prefere outras atividade à leitura, como ver televisão ou acessar a internet.
Chartier: Isso não seria próprio do brasileiro. Penso que em qualquer sociedade do mundo [a pesquisa] teria o mesmo resultado. Talvez com porcentagens diferentes. Uma pesquisa francesa do Ministério da Cultura mostrou que houve uma redistribuição dos gastos culturais para o teatro, o turismo, a viagem e o próprio meio digital.
ABr: Na sua avaliação, essa evolução tecnológica da leitura do impresso para os meios digitais tem o papel de ampliar ou reduzir o número de leitores?
Chartier: Representa uma possibilidade de leitura mais forte do que antes. Quantas vezes nós somos obrigados a preencher formulários para comprar algo, ler e-mails. Tudo isso está num mundo digital que é construído pela leitura e a escrita. Mas também há fronteiras, não se pode pensar que cada um tem um acesso imediato [ao meio digital]. É totalmente um mundo que impõe mais leitura e escrita. Por outro lado, é um mundo onde a leitura tradicional dos textos que são considerados livros, de ver uma obra que tem uma coerência, uma singularidade, aqui [nos meios digitais] se confronta com uma prática de leitura que é mais descontínua. A percepção da obra intelectual ou estética no mundo digital é um processo muito mais complicado porque há fragmentos e trechos de textos aparecendo na tela.
ABr: Na sua opinião, a responsabilidade de promover o hábito da leitura em uma sociedade é da escola?
Chartier: Os sociólogos mostram que, evidentemente, a escola pode corrigir desigualdades que nascem na sociedade mesmo [para o acesso à leitura]. Mas ao mesmo tempo a escola reflete as desigualdades de uma sociedade. Então me parece que, também, é um desafio fundamental que as crianças possam ter incorporados instrumentos de relação com a cultura escrita e que essa desigualdade social deveria ser considerada e corrigida pela escola que normalmente pode dar aos que estão desprovidos os instrumento de conhecimento ou de compreensão da cultura escrita. É uma relação complexa entre a escola e o mundo social. E é claro que a escola não pode fazer tudo.
ABr: Esse é um papel também dos governos?
Chartier: Os governos têm um papel múltiplo. Ele pode ajudar por meio de campanhas de incentivo à leitura, de recursos às famílias mais desprovidas de capital cultural e pode ajudar pela atenção ao sistema escolar. São três maneira de interação que me parecem fundamentais.
ABr: No Brasil ainda temos quase 14 milhões de analfabetos e boa parte da população tem pouco domínio da leitura e escrita – são as pessoas consideradas analfabetas funcionais. Isso não é um entrave ao estímulo da leitura?
Chartier: É preciso diferenciar o analfabetismo radical, que é quando a pessoa está realmente fora da possibilidade de ler e escrever da outra forma que seria uma dificuldade para uma leitura. Há ainda uma outra forma de analfabetismo que seria da historialidade no mundo digital, uma nova fronteira entre os que estão dentro desse mundo e outros que, por razões econômicas e culturais, ficam de fora. O conceito de analfabetismo pode ser o radical, o funcional ou o digital. Cada um precisa de uma forma de aculturação, de pedagogia e didática diferente, mas os três também são tarefas importantes não só para os governos, mas para a sociedade inteira.
ABr: Na sua avaliação, a exclusão dos meios digitais poderia ser considerada uma nova forma de analfabetismo?
Chartier: Me parece que isso é importante e há uma ilusão que vem de quem escreve sobre o mundo digital, porque já está nele e pensa que a sociedade inteira está digitalizada, mas não é o caso. Evidente há muitos obstáculos e fronteiras para entrar nesse mundo. Começando pela própria compra dos instrumentos e terminando com a capacidade de fazer um bom uso dessas novas técnicas. Essa é uma outra tarefa dada à escola de permitir a aprendizagem dessa nova técnica, mas não somente de aprender a ler e escrever, mas como fazer isso na tela do computador.
Fonte: Agencia Brasil por Amanda Cieglinski e edição Fábio Massalli - blog do nassif

domingo, 24 de junho de 2012

Os mercadistas venceram


Quem venceu a grande discussão econômica dos anos 90?

Numa ponta, os seguidores do chamado "consenso de Washington" - que dizia que bastaria a um país equilibrar suas contas fiscais (ainda que ao custo de destruir sua infraestrutura e suas políticas sociais), não se importar com os juros e dar plena liberdade aos fluxos de capitais para o desenvolvimento se impor por si só.

Na outra ponta, os críticos que mostravam que capitais especulativos não pavimentam o desenvolvimento a longo prazo. Pelo contrário, sua volatilidade e seus impactos sobre o câmbio impedem a consolidação da economia.

No Valor Econômico de quinta-feira passada, o correspondente do jornal em Washington, Alex Ribeiro, escreve sobre o livro recém-lançado "Quem Precisa Abrir a Conta de Capitais" - de John Williamson, o pai do "consenso", junto com Olivier Jeanne e Arvind Subramanian.

A principal conclusão do livro é a de que "a livre mobilidade de capitais parece gerar poucos benefícios em termos de crescimento de longo prazo (...) Pelo contrário, a literatura econômica mostra que controles de capitais são bons para evitar crises provocadas por fuga repentina de capitais voláteis".

Subjacentemente, defende a posição de economistas do FMI e do G-27, de definir normas de conduta para os diversos países, sobre como utilizar ferramentas de controle de capitais.

Esse tipo de posição tem sido criticada pelo representante brasileiro no FMI, Paulo Nogueira Batista Jr.

Mas há uma justificativa para essas "recomendações" - e ela é extraordinariamente vexatória para o Brasil. Sem um "nihil obstat" do establishment internacional, autoridades econômicas brasileiras não têm coragem de enfrentar o estabelecido, mesmo que o estabelecido seja um conjunto de práticas irracionais.

Essa subordinação ao pensamento financeiro internacional - quando ele defendia o livre fluxo de capitais - gerou duas tragédias brasileiras, que mataram vinte anos de industrialização no país: o período Pedro Malan (1994-1999) e o período Antonio Palocci (2005-2009). Depois, condicionou de forma aguda o pouco corajoso Ministro da Fazenda Guido Mantega.

Subramanian aponta a enorme timidez de Mantega, quando decidiu implantar um IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) de apenas 2% sobre ingresso de capitais para aplicação em renda fixa.A alíquota era ridícula.

O que ele não sabe é que a medida, mesmo ínfima, suscitou um alarido infernal dos meios de comunicação, alimentado pela tropa de choque da Selic - Mailsons, Gustavos e Mirians -, acenando com o fim do mundo, com a volta da inflação e com o fim dos investimentos.

Quando se completa o ciclo, percebe-se que as análises dos chamados "mercadistas" estavam erradas; os alertas dos críticos estavam corretos. Câmbio fora do lugar, taxa Selic de dois dígitos, superávit à base de contingenciamento orçamentário, tudo isso, hoje em dia, despertaria ironias em qualquer economista de calibre internacional.

Mas foram os mercadistas que venceram o jogo. Porque o objetivo final não era o desenvolvimento do país, mas a consolidação dos novos grupos financeiros. E conseguiram isso sustentando falsas ideias por quase duas décadas.

Fonte: por luisnassif blog do Nassif

sexta-feira, 22 de junho de 2012

O que aconteceu com o seu tempo?


Como você tem aproveitado seu tempo? Segundo a consultoria paulista Tríade do Tempo, que ouviu mais de 15 mil pessoas entre os anos de 2005 e 2007, os brasileiros jogam fora dois terços de seu dia com atividades inúteis e urgentes.
"Vivemos em um mundo extremamente dinâmico e rápido, e por isso temos vários instrumentos que podem nos tirar do foco: a rapidez das informações, as redes sociais", revela a psicóloga Rafaela Duque, do CPPL, que enumera a falta de organização e planejamento entre os principais vilões do tempo produtivo no trabalho.
Além desses, existem outros vilões do cotidiano capazes de roubar minutos preciosos que poderiam ser dedicados a outras atividades. O e-mail, por exemplo, toma uma média de três horas diárias dos brasileiros. Sites de comunidades virtuais, bate-papo e afins também podem se tornar um vício e grandes distrações no trabalho. E até as reuniões profissionais podem agir contra a produtividade caso não tenham planejamento e objetivos definidos, levando à perda de foco.
Para a profissional, a impressão de "tempo perdido" pode gerar uma série de sentimentos na pessoa, da angústia à sensação de insucesso. "É preciso que a pessoa faça uma reflexão sobre os fatores que levaram a não cumprir o planejado, pois o cotidiano e a vida são dinâmicos e estão em eterna mudança", pondera Rafaela. "Com essa reflexão, podemos avaliar o que não deu certo no cumprimento das tarefas e propiciar novas maneiras de pensar e resolver as pendências", completa.
Para aliviar a pressão do tempo, algumas ideias podem ser colocadas em prática. "Seria interessante adquirir o hábito de ter uma agenda, na qual a pessoa possa fazer um planejamento de seu dia e da semana e eleger seus afazeres. Importante também ter uma lista de prioridades e anotá-las para que não sejam esquecidas", explica Rafaela Duque.

"Caso a pessoa não se adapte ao estilo da agenda, que procure um que combine com sua personalidade e rotina, como anotações em papeis que estão sempre visíveis na mesa, utilização das ferramentas de um smartphone ou de quadros na sala visíveis para todos da equipe", completa a psicóloga.
No caso dos e-mails, uma alternativa seria definir horários durante o dia para a leitura e escrita de mensagens, que poderiam ser organizadas em pastas personalizadas. Já os bate-papos e sites de comunidades virtuais poderiam ser restritos aos horários de pausa no trabalho. Outras dicas são separar algo como dez minutos para planejar as tarefas do dia, definir prioridades na agenda e saber dizer "não" quando necessário.
"Importante que seja feita uma reflexão sobre o porquê de não se estar sendo produtivo: se é uma questão de desorganização e planejamento ou se são questões de outra ordem – como não se identificar com a atividade realizada, não estar estimulado a produzir, se existe alguma dificuldade com as pessoas envolvidas com o trabalho ou mesmo se alguma situação da vida pessoal está afetando o dia a dia e sua organização", avalia a psicóloga. E você, como tem aproveitado seu tempo? 
Fonte: Por Redação Administradores, www.administradores.com.br

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Administração: o grande segredo está no óbvio


Para se conhecer a essência da Administração, nada melhor do que recorrer a Peter Drucker, considerado o guru dos gurus. O que distinguia Drucker de muitos outros era a capacidade de ver o óbvio e, como já dizia Nelson Rodrigues, "só o gênio vê o óbvio". E este óbvio corresponde à identificação dos princípios universais da excelência, ou seja, aquilo que torna possível desempenhos e resultados de alto nível.

O que deve ser enfatizado é que estes princípios são universais, ou seja, válidos para todas as épocas, tempos, contextos e culturas, mas a sua aplicação não é. A aplicação é caso a caso, específica para cada contexto e situação. Assim, o que deu certo no passado, ou em outras culturas, se aplicado mecanicamente na situação atual, pode redundar em grave equívoco. Portanto, o sucesso ou o fracasso de uma empresa ou um administrador está na identificação e na dependência direta da boa ou má aplicação destes princípios.
É sempre bom ter presente o que afirma o Prêmio Nobel Ilya Prigogine: "a era da certeza acabou". Isto quer dizer que vivemos num mundo de crescente complexidade, ambiguidade, incerteza e insegurança, e o risco está sempre presente. E como não existe solução mágica, a capacidade de pensar, refletir e agir tendo como algumas das bases estes óbvios ou princípios faz a diferença entre a boa e a má Administração.
Vamos a eles:
O produto final do trabalho de um administrador são decisões e ações
Uma empresa sobrevive ou não, tem êxito ou fracassa, de acordo com as decisões, escolhas e ações que fez ou faz, de suas estratégias e foco, seus sistemas de crenças e valores, lideranças, estilo gerencial, processos, estruturas, pessoas que seleciona e o sistema de treinamento e desenvolvimento que adota.
E decidir não é nada fácil. Assim, um estudo conduzido por Paul Nutt, professor da Universidade de Ohio, abrangendo um período de 19 anos com executivos e gerentes de 365 empresas, mostrou que mais de 50% das decisões, de uma forma ou de outra, fracassaram. Reforçando este estudo há a constatação da demissão ou da aposentadoria forçada de um número razoável de CEOs. Só no ano de 2000, por exemplo, foram cerca de 40 em empresas da lista da Fortune 500, tais como Compaq, Gillette, Hewlett-Packard, Xerox e Motorola.
E o que vale para empresas, também vale para nações e pessoas. Assim, o que cada um de nós é hoje, pessoal ou profissionalmente, é consequência destas escolhas e das ações adotadas para efetivá-las. Algumas escolhas são essenciais e importam em decisões sobre nossa religião, profissão ou papel social. Outras são operacionais, como a roupa que vamos vestir hoje para ir trabalhar.
O que deve ficar registrado é que, por um lado, de uma forma ou de outra, estamos sempre decidindo, pois não decidir já é uma decisão, e pode se constituir na chamada decisão por omissão. Por outro, que toda decisão é uma escolha entre alternativas e que tudo o que se faz na vida é uma alternativa, pois sempre é possível estar fazendo alguma coisa diferente. Mais ainda, a sua decisão é tão boa quanto a melhor alternativa que você conseguiu criar ou encontrar. Também considere que, na pior das hipóteses, "você pode não controlar o vento, mas pode controlar a vela".
Você pode decidir sozinho ou junto com outras pessoas. Quando você está decidindo com outras pessoas, você está negociando. Negociação não é nada mais do que comunicação e processo decisório compartilhado.
O administrador deve ser eficaz e eficiente ao mesmo tempo
O administrador eficaz é aquele que sabe o que é importante, agrega valor e contribui significativamente para se chegar à excelência de resultados. Em última instância, compreende as situações de acordo com o Princípio de Pareto, que reza que existem algumas poucas coisas relevantes em relação a muitas coisas triviais, inúteis e até mesmo perniciosas. E o que é fundamental para se ser eficaz? É a capacidade de avaliar. O megabilionário Warren Buffet quando perguntado pela razão do seu sucesso, respondeu: "É a minha capacidade de avaliar". Assim, quem não souber avaliar, jamais será eficaz. E mais ainda: a forma como uma pessoa avalia uma situação revela muito do que ela é, dos seus padrões de funcionamento e modelos mentais.
Já a eficiência está ligada à ação. Eficiente é aquela pessoa que faz muito bem o que se propõe a fazer ou o que lhe é pedido para fazer. E a eficiência começa por uma boa preparação. Benjamin Franklin já dizia por volta de 1750: "Quem não leva a sério a preparação de algo, está se preparando para o fracasso". Portanto, quem quiser fracassar já sabe a receita. É só não levar a sério a preparação.
Existem 4 situações, como se segue:
§  Alta eficácia e eficiência. Estes são os administradores excelentes, que sabem o que deve ser feito e fazem bem o que deve ser feito;
§  Alta eficácia, mas baixa eficiência. São aqueles que sabem o que deve ser feito mas não fazem. Muitas vezes por falta de iniciativa, procrastinação ou medo do fracasso. Também podem ser aqueles da turma do "eu não disse que não ia dar certo?";
§  Baixa eficácia e alta eficiência. Estes são administradores perigosos, pois são cheios de iniciativa e ação. São os "fazedores", mas que por não terem uma compreensão mais profunda do que estão fazendo, podem provocar muitos estragos. E se ainda por cima, tem influência e poder, vão culpar todo mundo pelos seus erros e estragos;
§  Baixa eficácia e eficiência. Estes nem mesmo podem ser chamados de administradores. São os chamados desistentes ou com desamparo adquirido.

O objetivo da Administração
Mas para que possamos decidir e agir com eficácia e eficiência, é preciso ainda continuar com Drucker. "O objetivo da Administração é levar as pessoas a atuarem juntas, tornando sua força eficiente e sua fraqueza irrelevante. Para tanto, a Administração lida com a integração de pessoas dando a elas objetivos e valores comuns. Também é trabalho da Administração tornar viáveis à empresa e a cada um de seus membros o crescimento e o desenvolvimento que precisam para fazer face às mudanças, enfrentar adversidades e aproveitar oportunidades. Isto significa que cada empresa é uma instituição de ensino e aprendizagem".
Mas o que deve ficar claro, por um lado, é que os verdadeiros valores de uma empresa são expressos pelos exemplos e comportamentos de seus líderes e não por jargões e slogans dependurados nas paredes. E por outro, que cada empresa é uma estrutura dinâmica em constante transformação para fazer face aos desafios, adversidades e demandas do meio ambiente. E, como disse Jack Welch, "Se o nível de mudança interno está abaixo do nível de mudança externo, o colapso é iminente". É por isto que uma pesquisa constatou que um terço das empresas que um dia foram as maiores do mundo e figuraram na lista da Fortune 500, não existia mais.
Mas para concluir, e entendermos ainda mais a questão, podemos recorrer ao que disse, Adam Smith, considerado o pai da economia, em meados do século XVIII: "A riqueza de uma nação está, em última análise, no conhecimento e no talento de seu povo, bem como na sua capacidade para organizar e aplicar o conhecimento, utilizar e desenvolver com eficiência os recursos humanos".
Em última instância, a essência da Administração, bem como o papel dos administradores, é contribuir de maneira fundamental para a construção da riqueza e prosperidade da sua nação e para o desenvolvimento do talento do seu povo, seu recurso mais importante.

terça-feira, 19 de junho de 2012

7 coisas que você deve aprender sobre marketing com Philip Kotler


Com cinco milhões de cópias vendidas de seus livros e traduzido em mais de 40 países, Philip Kotler recebeu um status que poucos estudiosos e professores já conquistaram. Considerado o principal nome do marketing atual e a sexta pessoa mais influente do mundo pela Wall Street Journal, ele se tornou uma lenda viva ao ser o detentor de muitas teorias estudadas nas universidades e utilizadas pelas empresas em todo o planeta.

Apesar de seus 81 anos, Kotler ainda mostra disposição ao circular pelo mundo disseminando seus conceitos em palestras e consultorias. Pela primeira vez em Recife, o estudioso ministrou o seminário HSM Marketing 3.0 e abordou para uma plateia de mais de mil executivos sobre alguns pontos essências do marketing em uma nova economia conectada por redes.
Veja sete características do novo Marketing apontadas por Kotler:
1 - O antigo marketing morreu
"O marketing antigo morreu. Antes, os consumidores não tinham tanto conhecimento da empresa, eles só viam o que dizia a publicidade. Ou seja, as empresas detinham o monopólio da informação. Hoje, isso mudou. Você pode conhecer a empresa tanto quanto ela. Você pode entrar na internet e saber todos os detalhes de um produto, quem são seus concorrentes e tudo mais", destaca Philip Kotler.
E o professor relata um exemplo bem atual: "Hoje, quando você vai comprar um carro, você não vai simplesmente entrar na concessionária para saber do veículo, você vai perguntar aos seus cinco mil amigos no Facebook. No novo marketing, os consumidores estão mais inteligentes e bem informados", contou Kotler.
Segundo o professor, qualquer empresa que faz uma promessa que não pode cumprir terá problemas. "As empresas estão em um grande aquário e todo mundo pode ver o que está acontecendo dentro", compara.

2 – A inovação deve ser incansável
"Se você inovar frequentemente terá muitos fracassos, mas se você não inovar, sairá do mapa. Então, você não tem escolhas", indaga o professor Kotler. Para ele, "não basta ter apenas uma cultura de inovação, é preciso mantê-la constantemente, porque o mundo não para".
Kotler destaca que é exatamente isso que as grandes empresas mundiais como a Apple, Intel, Amazon e McDonald's fazem e é por isso que elas conseguem se manter no topo por muito tempo.
Ele ainda ressalta que não manter essa postura de inovação é a forma mais rápida de uma empresa falir, assim como aconteceu recentemente com a Kodak, que pediu concordata nos EUA. "Como as empresas morrem? Quando alguma tecnologia começa a ficar obsoleta e as empresas não querem abandonar o sistema. Às vezes tem muito dinheiro investido na antiga tecnologia", destaca Kotler.
3 – Conheça seus consumidores
Kotler defende as empresas que apostam em um marketing segmentado. Para ele, se antes era o marketing de massa o mais comum para atingir o maior número de pessoal, agora a tendência é justamente o micromarketing ou marketing de precisão. Ou seja, é preciso conhecer de perto os seus consumidores.
Dessa forma, é possível oferecer produtos e serviços que se aproximam mais das necessidades dos clientes. Esse pode ser um grande diferencial competitivo para as empresas que possuem muitos concorrentes diretos em seu mercado de atuação.

4 – Use o planejamento, pense no marketing em direção ao futuro
Philip Kotler defende que o departamento de Marketing deve ser um setor parceiro do planejamento estratégico, um elemento propulsor do crescimento da empresa. Ele relata que ainda hoje muitos desses setores se preocupam apenas com a publicidade e em elaborar comerciais, enquanto o objetivo deve atingir todos os 4Ps do Marketing (produto, preço, promoção e praça). "O marketing é um processo que deve passar por quatro etapas: planejamento, gestão, execução e mensuração", destaca.
Para Kotler, apesar de ser difícil fazer previsões em longo prazo, é importante também criar alguns cenários do que pode estar por vir. Essa é uma forma de tomar direções com menos probabilidade de erros para o futuro de uma ação ou da própria empresa.
5 - Intensifique suas ações nas redes sociais e conte histórias
Uma das formas de conquistar fãs de uma marca, segundo Kotler, é a capacidade de as empresas contarem histórias envolventes. Dessa forma, as pessoas se sentem mais próximas da organização.
Uma excelente plataforma para fazer isso são as redes sociais. No entanto, o professor alerta sobre a forma de utilizar essa mídia: "Não use o Facebook para vender seu produto, use para fazer relações", afirma.
O professor destaca que duas empresas sabem fazer isso muito bem: a Coca-Cola e o McDonald's. "Eles sabe contar histórias diferentes para mães, para crianças, para idosos. Eles têm formas de se comunicar com diferentes grupos e utilizam muito bem o marketing narrativo", declara.
6 - Chame seus consumidores para desenvolverem seus produtos com você
Kotler defende a tese da cocriação nos negócios e no marketing atual. Ela permite de alguma forma que o cliente ou usuário faça parte do processo criativo e produtivo da empresa.
"Não e só testar um produto. Chame o consumidor para participar da criação dele. A Harley-Davison, a Lego, a GM e a Lexus são alguns expoentes nessa linha. A Lego, inclusive, pede ajuda a crianças para desenvolver seus novos produtos", destaca o professor.
E Kotler explica que esse tipo de ação é até possível com campanhas, como fez a marca de salgadinhos da Doritos. "Eles pediram para as pessoas ideias para sua nova campanha de marketing e receberam mais de 10 mil sugestões diferentes".
7 – Tenha responsabilidade socioambiental em suas ações
Baseado em sua teoria de Marketing 3.0, Kotler destaca que os consumidores de hoje estão consumindo de empresas que possuem cada vez mais uma preocupação com algum tipo de questão socioambiental.
Para ele, o futuro das empresas deve estar alinhado com essas diretrizes e com elas possuírem visão, missão e valores. "Entre aquilo que é certo e aquilo que é lucrativo, as empresas 3.0 preferem o certo. Elas abrem mão de algum lucro momentâneo para embutir em seu DNA um padrão de responsabilidade social", afirma.
Kotler destaca que se antes a máxima era: "o que é bom para a empresa, é bom para a sociedade', hoje, "o que é bom para a sociedade, é bom para a empresa". 

segunda-feira, 18 de junho de 2012

O Brasil no Índice de Riqueza Inclusiva da ONU


O Brasil aparece em quinto lugar no crescimento per capita entre 20 países analisados por um novo "Índice de Riqueza Inclusiva (IRI)", lançado neste domingo, que busca suprir as deficiências de dois outros índices já existentes, o PIB (Produto Interno Bruto) e o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). A apresentação foi feita este domingo, na Rio+20.

Para o programa, o PIB e o IDH são falhos porque medem a economia dos países e não incluem informações sobre o meio ambiente e se as políticas nacionais são sustentáveis ao longo do tempo. "Nem o PIB nem o IDH refletem de nenhuma maneira o estado de conservação da natureza ou dá indicações se os níveis de bem-estar são sustentáveis", afirma a pesquisa.

Já o IRI oferece, diz a ONU, uma "análise mais abrangente dos vários componentes de riqueza de um país, avaliando mudanças em capital humano, produzido e natual ao longo do tempo e apresenta uma perspectiva no bem-estar humano e na sustentabilidade".

No ranking do IRI elaborado com base na performance anual entre 1990 e 2008, o Brasil aparece empatado na quinta posição com Índia, Japão, Reino Unido. Seis dos 20 países avaliados tiveram crescimento negativo no IRI - Colômbia, Nigéria, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul e Venezuela. O principal motivo foi crescimento populacional, com a exceção da Rússia.

Dos 20 países - que representam 56% da população e 72% do PIB mundial - 19 tiveram queda no capital natural, ou seja, destruíram a natureza mais do que compensaram essa destruição. O Japão, que aumentou sua cobertura de florestas, foi a exceção. Para 13 dos demais países, essa diminuição não correspondeu exatamente a uma queda no índice

Embora, entre os países medidos no PIB per capita, o Brasil fique na metade final (11a posição, com 1,6% de crescimento médio), no IRI o País salta para a quinta, com 0,9%.

As mudanças na riqueza inclusiva do Brasil se deveram principalmente pelo rápido crescimento em capital humano, em 48%, o que compensou a considerável perda de 25% do capital natural. Essa perda se deu principalmente pelo desmatamento de florestas (66% dessa perda), além de uso de áreas para agricultura e o uso de combuistíveis fósseis.