quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Na mídia, Lula e PT perdem até quando ganham de lavada


O PT saiu das eleições municipais de 2012 como o grande vencedor. Menos na mídia. Tudo bem que o PSB – que, não nos esqueçamos, integra a base do governo Dilma – cresceu bastante, mas o grande vencedor é o PT. Se não, vejamos: governará o maior número de munícipes – não confundir com municípios – e as cidades mais importantes.

Aliás, o PT, além de passar a governar mais pessoas nos municípios e de ter conquistado a dita “jóia da coroa” (São Paulo), teve forte aumento do número de prefeituras, saindo-se muito melhor neste ano do que em 2008.

Apesar disso, o presidente do PSDB, Sérgio Guerra, e o senador Aécio Neves afirmaram há poucos meses, com a conivência do colunismo midiático, que o PT iria se transformar, neste ano, no “partido dos grotões”.

O que engrandece ainda mais a vitória impressionante do PT em 2012, então, por contraditório que pareça é o julgamento do mensalão. Quantas “análises” você leu na mídia, leitor, no sentido de que o partido sofreria um forte baque eleitoral por estar sendo julgado pelo STF?

Dessa forma, o que a mídia e os “petistas arrependidos” fazem é fatiar o processo eleitoral de 2012. Lula e o PT ganham, mas perdem. As derrotas ganham muito mais peso do que as vitórias. É como se o partido e seu grande líder fossem os únicos que não venceram em toda parte. Cobram deles o que não existe em democracia alguma.

Pode contar, leitor: manchetes, artigos e colunas que associam o PT a derrotas superam largamente os textos que o associam a vitórias.

Enquanto isso, nenhum grande veículo discute a fundo o partido que mais perdeu – não por ter sido de fato o que mais perdeu, mas por conta das expectativas, pois se esperava que o PSDB tivesse vitória folgada em São Paulo e que no resto do país lucrasse com o julgamento.

Assim mesmo, quantas manchetes você viu aludindo à derrota estrondosa do PSDB em 2012? Sim, porque, além de encolher em número de governados e prefeituras, o partido perdeu o maior orçamento municipal do país. Isso sem falar que seu político com mais votos – os quais deve muito mais à mídia do que a si mesmo – ficou sem qualquer expectativa de relevo.

A mídia e a oposição demo-tucana diziam que o PT viraria um “partido dos grotões” porque só conseguiria vencer no Norte e Nordeste. De repente, as cidades nortistas e nordestinas em que esses partidos de oposição venceram passaram de grotões a grandes metrópoles. Manaus, por exemplo, virou “importante conquista”.

Nada contra Manaus – muito pelo contrário. Mas daí a considerar que vencer uma eleição lá é uma “grande vitória”, vai uma distância imensa.

A direita midiática e os “petistas arrependidos” também fatiam o PT e separam Dilma e Lula do partido. Na Band, no domingo, os “analistas” disseram que Dilma foi a grande derrotada porque “perdeu em todos os lugares em que apoiou alguém”, como se, tanto quanto Lula, não tivesse apoiado Fernando Haddad.

O Globo chegou a fazer até uma manchete principal de primeira página falando da “derrota” de Lula – no Nordeste. Em 2008, porém, quando o PT venceu mais no Nordeste, este, no PIG, não significava nada diante de São Paulo e outras cidades do Sul “Maravilha”.

A pergunta que se deve fazer para saber que partido teve o melhor desempenho em 2012 é uma só: qual partido atraiu o maior número de eleitores e qual administrará o maior volume de dinheiro dos orçamentos municipais? Ponto.

Essa história sobre “derrota” de Lula e do PT, porém, não visa convencer a sociedade de que os vencedores, na verdade, perderam. A discussão visa apenas não discutir a derrota da oposição, pois uma análise séria mostra que PSDB e DEM colheram muito mais resultados negativos do que positivos.

Sim, na mídia Lula e o PT não vencem nem quando suas vitórias são estrondosas como a deste ano. Mas de que vale vencer na mídia se o que ela diz sobre política a expressiva maioria não leva a sério? Perder na mídia, aliás, vai se tornando sinônimo de vencer nas urnas. Daqui a pouco vai ter político brigando com ela pra ver se ganha popularidade.

Por Eduardo Guimarães - http://www.blogdacidadania.com.br

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Empresário brasileiro paga 14º salário a colaboradores que lerem um livro por mês


Ele começou aos 12 anos vendendo coxinha de porta em porta. Hoje, Francis Maris Cruz é o presidente de uma das maiores redes de revendas de automóveis e motos do país. O Grupo Cometa, só em 2011, alcançou a venda de mais de 40 mil motocicletas.

No entanto, o que realmente chama atenção no executivo não é a sua ascensão na carreira, mas sim, os diferentes ingredientes que trouxe para a administração da empresa e ajudaram a se consolidar no mercado. Todos os 1.200 funcionários, por exemplo, que leem um livro por mês – e entregam uma resenha – recebem o 14° salário no fim do ano.

Além disso, implementou um projeto audacioso chamado de Universidade Cometa. Nele, oferece um MBA em Gestão de Concessionárias aos seus funcionários. Há também bibliotecas em todas as lojas do Grupo e diversos projetos sociais que vão desde o plantio de árvores frutíferas na casa das famílias carentes, alfabetização de adultos a sessões de filmes para crianças moradoras de cidades em que o cinema mais próximo ultrapassa mil quilômetros.

"A ideia não é dar o peixe, mas sim, ensinar a pescar. Esse é o nosso lema", ressalta Francis, que também foi eleito o próximo prefeito da cidade de Cáceres (MT). O Administradores.com conversou com o executivo para entender melhor todo esse modelo de gestão diferenciado do Grupo Cometa. Leia, abaixo, a entrevista.

Sua história começou aos 12 anos vendendo coxinha. Como foi essa trajetória até chegar ao presidente do Grupo Cometa?
Meu pai era motorista de caminhão, mas chegou uma época em que o dono do caminhão vendeu o transporte e ele ficou desempregado. Então, minha mãe começou a fazer coxinhas e salgadinhos para meus irmãos e eu vendermos na rua. Nessa época, começou nosso trabalho como vendedor de porta em porta. Com isso, as coisas foram melhorando e a família acabou comprando um bar.

Em 1970 mudamos para outra cidade. Quando chegamos lá, o carro quebrou e faltavam peças. Acabou surgindo a ideia de abrir uma autopeças. Então, sem experiência nenhuma, a família embarcou com a cara, a coragem e a loucura. No início não vendia nada, foi difícil e acabamos vendendo roupas nessa época também para ir sobrevivendo.

Até que a autopeças foi melhorando e 1984 conseguimos ter 10 lojas nesse setor. Na época, a gente tinha um consórcio para um fusca e eu acabei trocando ele por uma moto. Minha mãe tinha achando um absurdo. "Como você troca um carro 0 km por uma moto? Você que é visto como um cara que saber fazer negócios". Isso de alguma forma despertou o meu interesse e acabei mandando uma correspondência para a Honda, para abrirmos uma concessionária aqui na cidade. No primeiro momento não deu certo, só depois de muito tempo conseguimos abrir a primeira loja. O negócio foi dando certo, fomos crescendo e consolidando o negócio na região. Hoje, temos 11 revendas Honda, três Volkswagen e duas revendas Hyundai, além de propriedades rurais.

Você tem uma iniciativa com livros bastante peculiar com seus funcionários, que envolve um 14º salário. Você pode nos explicar como funciona e como surgiu essa ideia?
Toda vez que você tem uma deficiência, você procura suprir de uma maneira. Em nosso caso, tínhamos uma deficiência em achar pessoas com nível superior, pessoas já formadas. Diante disso, precisávamos capacitar nossos funcionários. Então, além deles participarem de todos os cursos, treinamentos, congressos, nós fizemos esse projeto dos livros. Instituímos que todo o colaborador deveria ler um livro por mês e entregar um resumo.

Então, a loja atingindo as metas, o funcionário recebe o 14º salário e até o 15º salário. O detalhe é que para o funcionário receber, ele tem que ter ler os 12 livros e entregar os resumos. Isso é uma maneira de incentivá-los para que leiam e estejam sempre se atualizando. É uma formação pessoal e profissional muito boa que tem dado ótimos resultados. Isso ajudou os nossos colaboradores a crescerem muito. Só para você ter uma ideia, 99% dos nossos gerentes começaram de baixo, são prata da casa, e foram desenvolvendo suas habilidades.

É uma iniciativa direcionada para todos os funcionários?
Sim. Para todos. Cada loja tem uma biblioteca de 200 a 300 livros disponíveis para uso comum, o que torna uma oportunidade intelectual para o crescimento de cada um.

Qual é a média de adesão dos funcionários com essa iniciativa?
A média de leitura é muito alta, aproximadamente 95% dos funcionários. Enfim, temos uma confraternização, onde celebramos os aniversariantes do mês. E nesses momentos, fazemos o sorteio de 10 colaboradores para comentarem sobre o seu livro e dizer o que acharam. Inclusive, há muitos colaboradores que, mesmo não sendo sorteados, pedem para falar sobre o livro que leram.

Outra ação que chamou bastante atenção foi a Universidade Cometa. Vocês fizeram um MBA em Gestão para seus funcionários?
A cada trimestre eles têm uma matéria e aí os funcionários vão recebendo um suporte daquilo que vem no dia a dia do trabalho. É um MBA de formação de administradores de concessionárias. Eu fui dar uma palestra recente em Curitiba e todo mundo reclamando que não encontra funcionário capacitado no mercado e que não acha para contratar. E me perguntaram como fazemos isso já que estamos sempre abrindo novas lojas em expansão. E a resposta é: nós formamos. Nós investimos pesado na formação deles, e é o que nos tem dado tranquilidade, pois às vezes o funcionário recebe propostas até maiores do que pagamos, mas ele prefere permanecer.

Fora isso, há também projetos socioambientais como o incentivo a plantar árvores e cinema. Você pode nos contar mais detalhes sobre esses projetos que fazem?
Temos o projeto Cometa Educação, aonde o professor vai à casa do aluno e dá aula. É uma parceria com a UNEC e os alunos de Pedagogia. Tem o Cometa Fortificar, que é um projeto ecológico de plantio de árvores, onde plantamos árvores frutíferas na casa das famílias carentes.

Tem ainda o Cine Cometa, onde levamos os alunos de escolas municipais e estaduais para assistir filmes em nossos auditórios. Depois da sessão, eles fazer um trabalho em grupo sobre as mensagens principais do filme para que ampliem sua percepção. É servido até pipoca, refrigerante, enfim, para que aconteça o aspecto lúdico do cinema.

Temos o Cometa Solidariedade que é de doação de motocicletas para entidades. Enfim, temos vários projetos, como a Inclusão Digital, o Cometa Redação que, de alguma maneira, vem colaborando para o crescimento da comunidade. A ideia não é dar o peixe, mas sim, ensinar a pescar. Esse é o nosso lema.

Notamos que existe uma preocupação muito grande com os colaboradores. Poderíamos dizer que essa é o segredo de sucesso de grandes empresas, pelo menos o seu? Dar uma grande atenção aos funcionários...
Sem sombra de dúvida. Você não consegue desenvolver um sonho sozinho. É preciso que você tenha pessoas, que estejam ao seu lado e que acreditem. Aquelas que estejam dispostas a lutar junto com você. É isso o que faz o sucesso do Projeto Cometa. O tripé colaboradores, ética e clientes bem atendidos está permitindo abrirmos novas lojas e crescermos.

Você conhece bem como administrar uma empresa privada e acabou de ser eleito prefeito na cidade de Cáceres. O que você acredita que dá para extrair da administração privada para aplicar na administração publica?
Eu pretendo levar esse sistema de gestão e valorização que nós temos para administração pública. A ideia é que eles se motivem e trabalhem com afinco, para que também sejam reconhecidos pela sociedade como bons prestadores de serviço. É acabar com aquela imagem que todo funcionário público que é vagabundo e não trabalha. Nós precisamos mudar essa imagem. É isso que vou propor na prefeitura: que os servidores trabalhem com empenho no atendimento da população para que tenhamos um resultado satisfatório e consigamos fazer uma boa administração.
Por Fábio Bandeira de Mello, www.administradores.com

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

O ar profundamente humano do STF


Períodos eleitorais deixam nervos à flor da pele e o comportamento do STF (Supremo Tribunal Federal) não tem ajudado a trazer bom senso para o debate político.
O que se passa é apenas mais um capítulo de um penoso processo de aprendizado democrático. Especialmente em um momento em que as urnas tornam mais distantes os sonhos de uma rotatividade no poder.
Do lado de parte da mídia, há uma tentativa insistente de envolver Lula no julgamento e, se possível, de processá-lo e fazê-lo perder seus direitos civis. Do lado de parte do PT, um chamado à resistência capaz de elevar ainda mais a temperatura política.
No meio, botando lenha na fogueira, os doutos Ministros.
Mentes mais conspiratórias à esquerda podem suspeitar da preparação de um novo golpe. Mentes conspiradoras à direita podem mesmo acreditar que poderão fomentar o golpe.
No fundo, o que ocorre com o Supremo é apenas uma manifestação eloquente de humanidade. Não da grande humanidade, dos princípios que consagram homens e civilizações. Mas das fraquezas e vaidades que tornam - do mais solene magistrado ao mais simples cidadão - os homens iguais entre si.
O capítulo atual do aprendizado é o da exposição do STF à luz dos holofotes, com transmissão ao vivo e, pela primeira vez, analisando um processo penal. Vaidosos por natureza, como o são todos os intelectuais dotados de conhecimento especializado – e, no caso do STF, com esse conhecimento sendo manifestação de poder – os Ministros foram expostos ao desafio de se tornarem celebridades e não perderem a linha.
Alguns não conseguiram.
Foi o que levou um Celso de Mello a colocar gasolina na fogueira, e esforçar-se tanto pelo grande momento de oratória, insistir tanto na ênfase definitiva, a ponto de comparar partidos políticos ao PCC.
O mesmo fez Marco Aurélio de Mello, com sua defesa do golpe de 64. O Ministro que sempre se jactou de chocar os pares – inclusive com alguns posicionamentos históricos – com a concorrência inédita dos demais ministros precisou avançar alguns tons na competição. E pode haver prato melhor do que um Ministro da mais alta corte defendendo uma transgressão à Constituição?
Essa mesma sensação de poder acometeu Joaquim Barbosa, a ponto de avançar sobre colegas que ousassem discordar da voz de Deus. Contra os advogados dos réus, não a explosão de trovões – que só são utilizados contra iguais – mas o riso irônico de quem trata com personagens insignificantes, perto da grandeza do Olimpo.
Todos trovejam e Ayres Britto passarinha, com sua voz de pastor das almas, tentando alcançar o tom grave dos colegas mais eloquentes.
No plano real, fechadas as cortinas do espetáculo, não há possibilidade de se alcançar Lula. A teoria do “domínio do fato”, encampada pelo Procurador Geral da República, subiu na escala hierárquica e pegou José Dirceu e José Genoíno. Mas mesmo o PGR considerou exagero alçar voo para mais um degrau e alcançar Lula. Definitivamente, Lula está fora do processo.
Assim, as investidas dos Ministros do STF explicam-se muito mais pelas fraquezas humanas, pelo estrelismo que acomete espíritos menos sábios, do que pelo maquiavelismo político. Eles são humanos. Apenas não foram informados disso.
Fonte: Texto do Nassif - blog do Nassif

domingo, 28 de outubro de 2012

Os dez anos da eleição de Lula/PT


Há exatos dez anos, em 27/10/2002, o ex-metalúrgico Luis Inácio Lula da Silva foi eleito presidente da república. Era a primeira vez que o PT chegava ao comando do país, carregando consigo uma enorme expectativa de mudança na cultura política brasileira e de transformações sociais profundas. Um balanço do que isso significou, e do que aconteceu no país nos dez anos que se seguiram, obviamente é impossível de realizar num post, e merecerá anos de estudos e reflexões da parte de inúmeras pessoas. No entanto, alguns breves comentários, destinados a estimular o debate, podem ser feitos:
a) o PT no governo (no poder?) parece ter aberto mão de uma de suas bandeiras fundantes, que era a construção de uma sociedade socialista. Talvez já tivesse aberto mão dela antes, no congresso de 1995, quando venceram as teses que tornariam o partido uma máquina eleitoral altamente competitiva, voltada a ocupar uma faixa mais ao centro do espectro político e a conquistar setores da sociedade e do eleitorado que desde a década de 1980 eram tracionalmente refratários à legenda;
b) o PT no comando do país passou a ter dificuldades, especialmente após a eclosão do escândalo do mensalão, em 2005, de continuar a sustentar uma de suas outras bandeiras históricas, a da "ética na política". Seja a versão do "maior escândalo da História do país", como querem seus adversários, seja a tese do caixa 2 (que "todo mundo faz", segundo célebre entrevista de Lula na época, concedida em Paris), fato é que o discurso da ética, tal qual o petismo o bradava nos seus primeiros anos, ficou sensivelmente prejudicado desde então;
c) nos seus dez anos de governo o PT não conseguiu, como tantos de nós imaginávamos, romper com a dependência que qualquer partido que vá ocupar o Palácio do Planalto tem de ter em relação a alguns dos mais tradicionais pólos do sistema político brasileiro. Que o digam as alianças com pequenos partidos de direita no primeiro mandato de Lula ou com a formidável estrutura que é o PMDB, a partir do segundo mandato. De mais a mais não se cortou laços com alguns dos mais poderosos setores da vida brasileira, como o agronegócio, as igrejas, a grande indústria multinacional e o sistema financeiro; pelo contrário, dado o caráter conservador e conciliatório do governo petista, tirando o consórcio PSDB/DEM/PPS e a revista Veja, só não aderiu ao petismo quem não quis.
d) no campo internacional notadamente houve sensíveis diferenças em relação ao governo anterior. Uma política externa arrojada, levando a tiracolo a burguesia nacional, permitiu ao país aprofundar e diversificar relações comerciais com os quatro cantos do mundo, o que, diga-se de passagem, foi de fundamental importância para a superação dos efeitos (até o momento relativamente leves por aqui) da crise econômica mundial que eclodiu em 2008 no centro do sistema e se arrasta até os dias de hoje. Aprofundou-se as relações do país com a China, a África e o Leste Europeu. E priorizou-se o estreitamento de laços com a América do Sul, entendida como nossa casa e nosso lugar no mundo, num tempo de multipolaridade econômica e política onde o planeta se divide em grandes blocos regionais. E apenas um dado, a título de curiosidade, para demonstrar a mudança na política externa brasileira em relação à anterior, que priorizava os EUA e a Europa Ocidental: Lula foi o segundo mandatário brasilero a visitar um país de posição geopolítica estratégica no Oriente Médio, e que tem conosco laços históricos relativos à imigração, que é o Líbano. Antes dele, só Dom Pedro II, em 1876.
e) mas talvez a transformação mais profunda, que tem a ver com a conversão do partido ao centro, tenham sido, de fato, as políticas sociais destinadas a incorporar milhões de brasileiros pobres ao mercado de consumo. Se, via consumo, estes brasileiros estão sendo ou não incorporados à cidadania e aos direitos, aí já é uma outra história. No entanto, como gosto de brincar com meus amigos petistas e tucanos, e também com meus alunos, talvez Lula tenha sido o melhor administrador que o capitalismo brasileiro já teve. Ou, radicalizando a provocação, talvez Lula tenha mesmo trazido o capitalismo para o Brasil. Óbvio que desde que o primeiro europeu atracou nestas terras e resolveu explorar suas riquezas que o Brasil (que nem era Brasil à época) se incorporou ao sistema-mundo capitalista. Que não se tenha ilusões em relação a qualquer coisa diferente disto. Mas bem ou mal, trazendo milhões de pessoas para o consumo, o governo petista começou a romper com aquele "capitalismo de castas", aquele "feudalismo à brasileira" que sempre vivemos. Algumas reações da antiga classe média, e mesmo de setores tradicionais da elite econômica, expressas no cotidiano, parecem ser uma evidência de que o país jamais viveu, como tem vivido nestes dez anos, um processo tão pronunciado de mobilidade social e de redefinição das posições de status dentro de sua sociedade. Quem nunca ouviu, vindo de gente da classe média tradicional, muxoxos como "hoje em dia aeroporto parece rodoviária", "agora empregada não quer mais ganhar salário mínimo" ou ainda "o trânsito das cidades está ruim desse jeito porque hoje em dia até pobre pode comprar carro"? Pois é. Não deixa de ser hilário. Gente que em suas viagens ao exterior se encanta, p ex, com a pujança da economia dos EUA e com o tamanho da classe média estado-unidense mas que de volta ao país se irrita com a diarista que não quer mais ser diarista e sonha em fazer faculdade. 
f) fato é que as políticas sociais de Lula e a conversão do PT ao centro do espectro político provocaram outras conseqüências: Lula não só converteu-se (como talvez já fosse, antes mesmo de ser eleito) na referência fundamental do sistema político brasileiro, como a oposição foi sensivelmente afetada nestes dez anos. Não apenas ficou sem discurso como viu seu espaço político e ideológico cada vez mais reduzido à direita.
Claro que os pontos acima destacados referem-se a apenas alguns aspectos, desenvolvidos de forma sumaríssima, deste complexo e curioso período da História brasileira. Muito tutano e muita saliva ainda terão de ser gastos para que possamos ter uma compreensão mais apurada do que tem sido ou do que foram estes dez anos de PT no governo. Mas fica ai uma breve contribuição, um singelo pontapé inicial para o debate.
Autor do texto  Wagner Iglecias - é doutor em Sociologia e professor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP.

sábado, 27 de outubro de 2012

Economia mundial navega em um mar de dívidas


A economia mundial navega em um mar de dívidas. Um colossal estudo comparativo da consultoria Mc Kinsey Global Institute mostrou que, em 2011, a dívida total do Japão –a maior do mundo desenvolvido – era de cerca de 512% de seu PIB (ou seja, de tudo o que sua economia produz em um ano. Em segundo lugar, estava o Reino Unido com 507%. Os Estados Unidos tinham “apenas” 279%.

Esta dívida total é uma soma das dívidas estatal, estadual ou municipal, individual, hipotecária, corporativa, financeira e bancária. Com esses percentuais a impressão era de que a nave poderia naufragar a qualquer momento ou se despedaçar contra o muro do impagável. Muitos economistas opinam que esta gigantesca desproporção entre a riqueza anual de um país e sua dívida se explica por um mecanismo que nas últimas três décadas mudou a face do capitalismo atual: a financeirização.

“A financeirização explica o crescimento do crédito na década de 2000 e as causas da crise atual. No centro da mesma está a crescente importância de atores e instituições financeiras na economia e das finanças como fonte de lucros”, disse à Carta Maior Adam Leaver, pesquisador e membro do Centro de Investigação da Mudança Sócio-Cultural, de Manchester.

No capitalismo das últimas três décadas se produz uma explosão daquilo que, em inglês, é denominado pela sigla FIRE (Financiamento, seguro e setor imobiliário) que cresceu tanto em relação ao PIB como em detrimento da economia produtiva. Na América Latina este FIRE se encontra potencializado pela falta de regulação e competição. Se tomamos como exemplo o recente balanço anual do banco espanhol Santander podemos que ver que Brasil e Chile garantem lucros infinitamente superiores aos de países desenvolvidos.

“O Brasil, por exemplo, representa 15% dos ativos do Santander, ou seja, seus empréstimos para consumo, empresas, etc., representam cerca de 30% de seus rendimentos mundiais. Em países como o Reino Unido a relação é inversa. A falta de regulação e competição permite aos bancos obter lucros absurdamente altos”, disse à Carta Maior Gabriel Palma, catedrático de Economia comparada na Universidade de Cambridge.

Dito de outro modo, os lucros não se devem a uma meritória competitividade da América Latina em termos de qualidade, serviço e eficiência, mas sim a falhas do sistema regulatório em que operam.

A roleta
A financeirização se dissemina por toda a economia reforçando o lucro de curto prazo e especulativo sobre o setor produtivo. As grandes corporações têm ramos financeiros que, com frequência, geram mais lucros do que aquilo que as empresas produzem e vendem. Nos Estados Unidos, a General Motors passou a ganhar mais com o fornecimento de créditos para a aquisição de automóveis do que com a venda mesma de veículos.

“As empresas do setor real, produtivo, começam a se comportar como empresas financeiras. Isso é claro no caso da própria General Motors que tinha uma empresa de venda de hipotecas de casas. Alguém pode argumentar que emprestar dinheiro para que se compre automóveis esta de acordo com a lógica produtiva: ao ajudar o financiamento do cliente, ajudo a venda do automóvel que produzo. Mas, investir no mercado hipotecário, é outra coisa. Funciona como substituto de um investimento produtivo para obter um lucro de curto prazo. É um claro sinal de como a financeirização afeta o investimento e a mudança tecnológica”, indicou Gabriel Palma.

Em nível individual, o símbolo mais cotidiano desta financeirização é o cartão de crédito que antes dos anos 80 era tratado com reverência de clube exclusivo e hoje se converteu em um meio de pagamento da vida diária. Mas a explosão do crédito vai muito além do cartão. No estouro financeiro de 2008, a gota que fez transbordar o copo de uma economia endividada até o último fio de cabelo foi o empréstimo hipotecário para famílias sem recursos: as chamadas hipotecas sub-prime de alto risco.

Os estudos sobre o período do boom mostram que nos Estados Unidos as famílias passaram a gastar no pagamento de juros de cartões de crédito e empréstimos quase o dobro do que gastavam em comida e roupas. No Reino Unido, a dívida individual ou familiar chegou a ser 165% da receita disponível (renda que fica depois do pagamento de impostos). Segundo Paolo dos Santos, especialista bancário de SOAS, da Universidade de Londres, essa mudança veio junto com a retirada do Estado benfeitor como garantidor da saúde, educação, moradia e aposentadoria, que foi funcional para a expansão do sistema financeiro.

“Nos últimos 30 anos, a política social em muitos países desenvolvidos se baseou na transferência do risco e do custo desses serviços sociais do Estado para o indivíduo. Este tem que recorrer ao sistema bancário para poder financiar a educação de seu filho ou seu seguro de saúde ou sua aposentadoria”, assinalou Dos Santos à BBC.

Brasil na mira
Um informe recente da Federação de Comércio de São Paulo mostra que a taxa de juro média paga pelos brasileiros é de 230% ano. O cálculo é que o serviço da dívida individual brasileira será de 30% da receita disponível este ano. Nos Estados Unidos, se considera que quando a dívida alcança 14% a situação é de alto risco.

O Brasil não é um caso isolado, O Chile o segue de perto. No Peru, o crédito quadruplicou nos últimos cinco anos. No México, o nível de inadimplência no pagamento de microfinanciamento do consumo se situa entre 20 e 30%. A Argentina é um caso peculiar. A crise de 2001 e o brutal descrédito do sistema bancário teve um paradoxal efeito neutralizador desta financeirização que havia arrasado com a economia nos anos 90. Enquanto que, na América Latina, a média hoje de crédito fornecido pelo setor bancário em relação ao PIB é de 67%, na Argentina é de 29%. Em comparação, no Brasil esse índice é de 98%. No Chile é de 90% e no México de 45%.

“O crédito azeita a economia, mas um excesso de dívida nas famílias se traduz em estancamento do consumo. Na América Latina o problema não é o montante da dívida, mas sim seu serviço pelas condições leoninas que muitas linhas de crédito apresentam. Esta financeirização tem um impacto no investimento. É mais negócio ganhar com um produto financeiro do que investir na economia real. Uma parte importante da elite industrial de São Paulo abandonou a produção pelas finanças”, disse Palma à Carta Maior.

Texto de Marcelo Justo - Londres, Tradução: Katarina Peixoto

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Como transformar projetos em resultados?


Em plena expansão, o Brasil tem hoje em andamento uma série de grandes empreendimentos de infraestrutura, como a ferrovia Transnordestina, a transposição do Rio São Francisco, os estádios da Copa e outras obras de infraestrutura necessárias para o evento, portos, estradas.

E tudo isso parte (ou, pelo menos, deveria partir!) de um projeto, algo que estabeleça uma disciplina para que tudo seja feita da forma mais otimizada possível. Na prática, é verdade, as coisas não funcionam bem assim. Mas precisam funcionar. E para que funcionem, gerenciar bem os projetos é um dos passos mais importantes, algo que vale para esses casos citados acima, mas também para o dia a dia das empresas.

O brasileiro Ricardo Vargas, que preside o Project Management Institute (PMI), concedeu uma entrevista ao Administradores.com em que explica o que, de fato, é o gerenciamento de projetos, sua importância e como ele pode ser decisivo para o cotidiano do mundo corporativo e o desenvolvimento do Brasil.

O que é, de fato, o gerenciamento de projetos?
O gerenciamento de projetos, nada mais é do que uma técnica e um modelo que serve para você administrar projetos. E o que é um projeto? O projeto, nada mais é do que algo temporário e único. Talvez a melhor forma de você entender o conceito de gerenciamento de projetos, é entendê-lo através da comparação com a rotina. O que é uma rotina? Uma rotina é algo que você faz repetidas vezes, e por repetir daquela forma, você se torna mais rápido, mais hábil, mais preciso e etc. O que é o projeto? O projeto é o oposto da rotina. O projeto é aquilo que você não faz todo dia, é aquilo que você não tem habilidade específica e por isso precisa de um esforço gerencial diferenciado. Você precisa trabalhar de uma forma diferente, você precisa entender os riscos, o escopo, os prazos. Gerenciamento de projetos é o que? É uma disciplina, onde as melhores práticas pra que você administre bem os seus projetos são estabelecidas. Então essa disciplina começa a fazer parte das organizações.

Qual a importância dessa atividade para as empresas?
As empresas hoje estão infinitamente mais voltadas pra projetos do que para rotinas. Então a importância dessa atividade é crucial pra que ela consiga administrar seus novos empreendimentos. Então a importância dessa atividade para as empresas é permitir com que a empresa alcance um novo patamar de competividade através da inovação. E a única forma de você implementar a inovação é através de projetos. E se você não gerenciá-los, esses projetos não vão ser bem implantados, não vão produzir inovação e não vão gerar a vantagem competitiva que você precisa.

Várias obras de grande porte estão em andamento no Brasil e outras devem vir por aí. Historicamente, entretanto, esses são processos muito lentos, sofrem com corrupção, serviços mal feitos entre outras coisas. Falta capacidade ao poder público para gerenciar projetos de grande porte?
Eu queria até ser mais amplo. Eu acho que falta uma capacidade geral, não só do poder público, do governo, mas também das organizações, instituições, em gerenciar atividades extremamente complexas, grandes. Por quê? Hoje temos um problema com a falta de talento, a falta de profissionais qualificados. E isso não é um problema exclusivo do Brasil, isso é um problema mundial. Hoje nós temos um problema de falta de talentos muito grande, um problema de aumento da complexidade, dos riscos, dinâmica de mercado. Ou seja, o mercado está variando e está sofrendo alterações de uma forma muito mais dinâmica, então isso tem aumentado enormemente a complexidade do que se tem feito. Você envolve muitos fornecedores, muitos parceiros, muitas entidades, e com isso a transparência pode estar comprometida, abrir espaço pra atividades ilícitas. Então isso tudo gera um cenário muito mais complexo do que o cenário tradicional que nós estamos costumados, por isso o desafio, e por isso que obras de grande porte precisam de um gerenciamento de projetos extremamente efetivo, competente e presente.

E quanto às empresas brasileiras: de modo geral, elas gerenciam bem seus projetos?
Eu queria dizer que de modo geral elas não gerenciam bem seus projetos. Porque quando você gerencia bem, efetivamente, com resultado, você cresce de forma exponencial. E claro que algumas empresas brasileiras estão fazendo isso muito bem. Mas o que a gente vê no mundo, como um todo, é um desenvolvimento mediano desses projetos, por isso que eu volto a dizer e repito: se as empresas começarem a pensar nisso e investirem mais na gestão de projetos, essas empresas vão conseguir um sucesso muito maior. Então, queremos dizer que nós não estamos atrás, mas também não somos líderes e pioneiros nessa área.

Quais as principais características de um projeto bem gerenciado?
Um projeto bem gerenciado tem, na verdade, duas coisas que ele atende. A primeira coisa é quando a gente fala em gestão do projeto. Ele cumpre prazos, escopo do que tem que ser feito, cumpre orçamento, é administrado dentro um de patamar tolerável de risco. Agora, além disso tudo, nós temos que falar também dentro desse conceito de projeto, do conceito de gestão de portfólio: aquele projeto tem um business case viável, inteligente e realista. Porque não adianta eu realizar bem no prazo e no orçamento aquilo que não tem nada a ver e não reflete a realidade organizacional. Por exemplo, o que adianta hoje eu ser o melhor fabricante do mundo de disco de vinil se disco de vinil não vende? Eu preciso entender até quando eu consigo agregar e produzir valor em cima desse cenário. Então o projeto bem gerenciado é aquele que não só cumpre prazo e orçamento, como entrega o benefício previsto e esperado.

Por Simão Mairins, www.administradores.com

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

10 dicas para alavancar a carreira em 2013



Desmotivação, stress e angústia são sintomas de que algo não vai  bem  na carreira. É preciso, então, virar o jogo e dar uma guinada profissional. E a aproximação de um novo ano é o momento ideal para isso, baseando-se em lógica, tendências e fatos.

Na verdade, 2013 será um reflexo de 2012. As pessoas que se mantiveram atualizadas já possuem recursos suficientes para agir e com certeza já estão agindo. Mas, se você precisa de um norte, listo neste artigo algumas dicas.

Comece fazendo um brainstorming:
1 - Verifique suas pendências de 2012 e reprograme-as;
2 - Faça um inventário dos sucessos até o presente momento;
3 - Perceba os aprendizados nos resultados indesejados.

Após ter validado os aspectos positivos do estado atual, é hora de focar no que pode ser feito:
4 - Prepare o seu network para uma futura solicitação, para evitar parecer interesseiro;
5 - Faça uma sessão de feedback com seu líder, se for sua meta permanecer no local atual. Caso não, entre em contato com empresas de recolocação de mercado ou headhunter;
6 - Atualize e lapide suas técnicas de liderança e planejamento;
7 - Converse com as pessoas próximas de você e, indiretamente, solicite um feedback das mesmas em relação à sua atuação;
8 - Lembre-se de momentos que você realmente se sentiu produtivo e satisfeito e analise as suas estratégias para focar no que realmente deseja;
9 - Use suas férias para fazer um curso ou especialização;
10 - Estabeleça metas desafiadoras, levando em consideração as necessidades humanas para que a carreira alavanque. É importante equilíbrio em todas as áreas: carreira, saúde, desenvolvimento pessoal e profissional, relacionamentos, lazer, finanças, espiritual e organização pessoal;
Depois de levar isso tudo isso em consideração, você está melhor preparado para escolher o que só depende de você: sua carreira, sua vida. Ah, e não esqueça: tenha sempre um plano B à disposição.

Mike Martins é coach e diretor executivo da Sociedade Latino Americana de Coaching.

Fonte: www.administradores.com.br

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Ciência como negócio, crise dos átomos e tecnologia


Quando se fala em Ciência no Brasil, a imagem que (ainda) vem à mente da maioria é de caras estranhos e introspectivos usando impecáveis jalecos brancos e observando atentamente alguns tubos de ensaio, engenhosamente suspensos por uma parafernália de instrumentos. Fábio Gandour, cientista-chefe da IBM no Brasil, é exatamente o oposto dessa imagem. Descolado e comunicativo, o médico (sim, formado em Medicina), lembra mais a figura de um evangelista que tem como missão aproximar a ciência das pessoas e mostrar que a tecnologia, em seu sentido mais amplo, pode ajudar a transformar a realidade.

Ele ministrou uma palestra na última semana no Sebrae/PB, intitulada "O que do amanhã já se pode saber hoje". O evento integra as ações do Sebrae Paraíba na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia e lançou no Estado a 3ª Busines IT South America (BITS), evento de tecnologia ligado à CeBIT, que acontecerá em Porto Alegre (RS) de 14 a 16 de maio de 2013. Como o evento foi pertinho da nossa redação, o Administradores.com não poderia perder a oportunidade de entrevistá-lo.

"Nos últimos vinte anos, minha missão tem sido de colocar a tecnologia para funcionar a serviço das pessoas; cada um tem as suas necessidades tecnológicas", diz Gandour. E foi a tecnologia quem ocupou todo o espaço durante a apresentação, servindo como elo para debater desde inovação até demografia e sustentabilidade.

Um dado curioso se refere ao que poderia ser chamado de "crise dos átomos". Todos nós estamos fartos de conceitos "verdes" sobre consumo sustentável, sacolas plásticas e afins. Mas, conforme lembra Gandour, o número de átomos no planeta é constante e equivale a 10⁵⁰. "Se o número de pessoas continuar a crescer no ritmo de hoje, em 2050 teremos uma população de 12 bilhões de habitantes. Precisamos ser sustentáveis, porque caso o consumo per capita também se mantiver constante ou aumentar, vão faltar átomos", simplifica. Veja abaixo a entrevista completa. 

Você fala muito sobre ciência como negócio, mas também falou sobre ciência de serviços. Esses conceitos são a mesma coisa? Qual a diferença entre eles?
Não, não. Ciência de serviços é uma ciência nova, tem 6 anos de vida. Para uma ciência, ela é extremamente jovem, e ela procura criar conceitos com fundamentação teórica para sustentar a evolução da prestação de serviços no mundo todo. A ciência como negócio é uma criação minha. Eu percebi que a evolução da ciência no mundo, desde o início da história do homem, empurrou a prática científica na direção da academia, da universidade. Lá a ciência é praticada com muita propriedade, foi com essa ciência acadêmica que os horizontes do homem se ampliaram, o conhecimento humano cresceu. Mas essa ciência acadêmica é uma ciência doutrinária; ela tem dogmas, ela tem liturgias, ela tem credos. Esse modelo é muito bom, mas ele serve lá na academia. Nos negócios, que têm de lidar com uma complexidade cada vez maior, eu preciso de um outro tipo de ciência. Daí criamos esse conceito de ciência como negócio que se beneficia da ciência como doutrina, usa tudo o que a ciência como doutrina fez, mas tem objetivos um pouco diferentes. É o objetivo de fazer pesquisa científica que produza resultados com impactos positivos nos negócios dos seus financiadores. Essa é a ciência como negócio.

Como a ciência doutrinária e a ciência como negócio vão conviver?
A ciência doutrinária vai continuar se desenvolvendo para expandir aquilo que a gente chama de ciência pura. E todos os conceitos, todas as descobertas, todas as conclusões que a ciência acadêmica fizer, a gente tá pronto para aplicar, para fazer pesquisa aplicada dentro do modelo de ciência como negócio. Então elas vão conviver muito bem.

Algumas empresas grandes, multinacionais, têm recursos para financiar uma infraestrutura própria de pesquisa e educação, elas criaram as próprias faculdades. Isso já seria um princípio da ciência como negócio?
Eu acredito que sim, mas as empresas grandes têm condição de fazer esse financiamento da sua atividade científica. As empresas médias e menores, sabe o que elas têm que fazer? Elas têm que ir nas universidades onde existem professores dispostos a desenvolver modelos de ciência aplicada. Tem muitas. Eu tenho certeza que aqui na Paraíba devem existir, nas universidades, professores que um dia fizeram ciência pura e hoje estão dispostos a desenvolver ciência aplicada.

Você afirma que o mundo pode passar por uma espécie de "crise dos átomos", por conta do crescimento populacional e do consumo. Na sua opinião, como a tecnologia pode ajudar a superar ou evitar essa crise?
Eu acho que a gente precisa usar a tecnologia como instrumento de conscientização, que pode ser feita com ou sem tecnologia. O que eu estou fazendo aqui, e deixando isso claro, é uma tarefa de evangelização, de conscientização a respeito dos limites dos recursos que o planeta tem. Tenho certeza que o povo saiu daqui hoje pensando nisso. Os recursos do planeta são finitos, nós temos que usá-los com propriedade. Não vejo outra forma a não ser essa. E a tecnologia ajuda a disseminar essa informação da melhor maneira possível.

Você falou que todos os objetos dotados de propriedades de estado, como luz, portas e eletrodomésticos, serão todos conectados por uma rede como a Internet. Isso já acontece? Em quanto tempo isso pode adquirir escala?
Depende do local. Mas nos centros de maior desenvolvimento, num horizonte de três a cinco anos a gente vai começar a trombar com coisas que se movimentam sozinhas, mesmo sem a gente dar ordem, que elas têm sensores, os sensores detectam o estado conectados a um atuador e o atuador muda esse estado.

Mas o ser humano vai poder ser "controlado" dessa maneira também?
Essa é uma pergunta difícil. Eu espero que não, e faço tudo para que isso não aconteça.

Fonte: Por Eber Freitas – www.administradores.com.br

terça-feira, 23 de outubro de 2012

10 atitudes empreendedoras de sucesso


Uma boa parte do meu trabalho é dedicada para pesquisar e entender o mundo dos negócios sob dois pontos de vista muito diferentes: o dos empregados e o dos empregadores.

Dessa forma, posso afirmar que as razões que distinguem os profissionais bem-sucedidos dos empresários bem-sucedidos são convergentes e possuem motivações semelhantes.

Na prática, para ter sucesso em ambos os lados é necessário disciplina, otimismo, persistência, fé, determinação, planejamento, estratégia, sentido de realização e uma vontade inabalável de prosperar.

Simples, porém, na prática, ainda que alguém domine todas essas competências, o sucesso não está garantido. O encontro entre talento, preparação e oportunidade precisa ser provocado com frequência.

Veja o exemplo de Thomas Watson Sr. Em 1924, a Computing Tabulating Recording Company (CTR) era somente uma das 100 empresas de médio porte tentando sobreviver nos Estados Unidos, segundo James Collins e Jerry Porras, autores do best seller Feitas para Durar.


A CTR comercializava basicamente relógios de ponto e balanças, tinha apenas 52 vendedores com uma cota mensal de vendas a cumprir e um futuro nada promissor, a exemplo de muitas empresas de hoje.

Certo dia, quando Watson Sr. chegou em casa, deu um abraço na esposa e anunciou com orgulho que a CTR mudaria de nome e passaria a ser conhecida pelo grandioso nome de International Business Machines, seu filho Thomas Watson Jr. permaneceu parado na porta da sala, pensando: aquela empresa pequenininha?

Hoje não existe nada de estranho no nome International Business Machines, mas, na época soava até ridículo. De acordo com Michael Gerber, autor de O mito do empreendedor, as perguntas a seguir foram utilizadas por Watson Sr. antes mesmo de a IBM se tornar uma empresa de sucesso:

- Existe uma visão bem clara de como será a empresa quando ela estiver pronta?

- Como a empresa precisa agir para se tornar uma empresa de sucesso?

- Se a empresa sabe como agir desde o princípio para alcançar a visão de futuro, então por que não começa imediatamente?

Com base no exemplo mencionado e em outros milhares de empreendedores que, a despeito de todas as dificuldades, prosperaram, compartilho aqui algumas atitudes empreendedoras essenciais para a construção de um negócio bem-sucedido.

Para quem já teve a oportunidade de ler o meu livro Manual do Empreendedor (Editora Atlas), esse conjunto de atitudes, desenvolvido a partir dos estudos de Jeffrey Timmons, pesquisador do empreendedorismo, foi denominado de A Receita do Sucesso nos Negócios. Vejamos:

1 - Desenvolva uma estratégia convincente e clara.

2 - Comunique a essência da visão e da missão; não perca o principal objetivo de vista; mantenha o foco.

3 - Crie um diferencial nos seus produtos e serviços; é a sua vantagem competitiva.

4 - Não há segredos; somente o trabalho duro dará resultados.

5 - Nada é mais importante do que um fluxo de caixa positivo.

6 - Se você ensina uma pessoa a trabalhar para outras, você a alimenta por um ano; se você a estimula a ser empreendedor, você a alimenta, e a muitas outras, durante toda a vida.

7 - Um negócio bem-sucedido, antes de ser técnico ou financeiro, é fundamentalmente um processo humano; as pessoas são importantes.

8 - Realizar com o sentido de contribuir é mais importante do que ganhar dinheiro.

9 - A sorte favorece os que são persistentes; enquanto a sorte não vem, continue caminhando.

10 - A felicidade é um fluxo de caixa positivo.

Em qualquer negócio de sucesso, atitudes empreendedoras são determinantes. Não basta ser um excelente técnico nem um profundo conhecedor do assunto. Se isso fosse suficiente, nenhuma empresa quebraria.

Pense nisso, empreenda e seja feliz.

Fonte: Texto  de  Jerônimo Mendes   www.administradores.com.br

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Lições do Sun Tzu norte-americano para quem vive dias que não cabem em 24h


“...A bagunça do dia a dia e as batalhas aéreas: entendendo o pensamento estratégico do coronel John Boyd, você vai entender o que elas têm em comum...”


Olá caro leitor. Dessa vez quem nos escreve é o Leonardo Lima. O Leonardo, além de trabalhar na Câmara Municipal da cidade onde vive, faz pães e outros produtos caseiros para complementar sua renda. Pai de família, padeiro, funcionário público, Leonardo nos diz que é comum ir dormir às 22:00 para acordar às 3:00. Esgotado, não sabe mais o que fazer para lidar com a competição, o cansaço e as realidades do dia a dia. O que fazer?

Nosso amigo dessa semana mostra em seu e-mail um certo desespero comum a muitos profissionais da atualidade. Viagens, e-mails de fim de semana, uma enxurrada de informações, tecnologias e mercados que mudam rapidamente, entre outros fatores, deixam muita gente atordoada com seu dia a dia.

Essa situação me lembrou, entre tantas coisas, da arte - e ciência - das batalhas aéreas. Convenhamos: na lista de coisas estressantes do mundo, ter um avião de guerra apontando mísseis para você deve estar entre as primeiras da fila. O que me leva ao trabalho de um dos maiores estrategistas da história.

O nome John Boyd não costuma levantar sobrancelhas como Sun Tzu, Maquiavel ou Alexandre o Grande, mas as contribuições desse coronel norte-americano à ciência da Estratégia são difíceis de subestimar.

Começando seus estudos com o desempenho de pilotos americanos na Guerra do Vietnã, Boyd observou que o que diferenciava os melhores dos piores pilotos era a capacidade de analisar uma situação, tomar decisões e executar suas ações mais rápido que seus oponentes. O modo de se portar dos pilotos influenciava a capacidade de alguém morrer ou voltar para casa após um combate.

Tudo isso foi resumido em uma simples palavra: OODA.

OODA significa Observar, Orientar, Decidir e Agir. Segundo nosso querido coronel, a habilidade de passar por esse ciclo diferencia a grandeza do fracasso. 

Um piloto deveria então OBSERVAR a situação em que se encontra. ORIENTAR é filtrar as informações relevantes para o momento, DECIDIR é optar por um curso de ação e AGIR é executar o curso planejado. Pilotos capazes de fazer isso rapidamente poderiam vencer entrando no ciclo de seus inimigos, por exemplo, agindo mais rapidamente e reorientando suas ações enquanto seus inimigos ainda estavam entendendo o que aconteceu e presos a uma ação passada.

Como o objetivo aqui não é dar uma aula de voo, basta dizer que essa ideia simples revolucionou a área de estratégia. O sucesso da primeira Guerra do Golfo (aquela em que o Iraque desocupou o Kwait e perdeu rapidamente) é atribuído em grande parte ao pensamento de Boyd.

Se você nunca ouviu falar nele, não se preocupe, muita gente fora da área militar também não. No entanto, se você fez qualquer curso de Administração, deve ter topado com ciclos como o "Planejar, organizar, dirigir e controlar" e outras variantes inspiradas pelo OODA.

Voltando ao caso do Leonardo e outros profissionais estressados, cansados, perdidos na rotina, espancados pela concorrência e sem saber o que fazer. Passo número um: pare. Tire um dia, uma hora, um momento, mas pare.

Parou? Ótimo. Agora observe a situação em que você se encontra. Você pode avaliar sua vida pessoal, profissional, sua empresa e até o conjunto da obra, mas apenas observe. Retire-se da situação e observe suas ações, as de outras pessoas e participantes do mercado e tente entender o que está acontecendo.

Agora, oriente-se. Quais informações você precisa ter para decidir? O que está te atrapalhando? Com o que vale e com o que não vale a pena se preocupar? Imagine que, de tudo que está observando, você vai escolher quais informações são realmente úteis para a situação (essa parte possui um fator consciente e outro inconsciente, mas isso é outra história).

Agora, decida o que fazer. Simples assim. Após observar e orientar, você tem que decidir. Pare de enrolar. Se houvesse realmente um avião armado vindo em sua direção você não iria ficar sentado pensando. Você precisa tomar uma decisão antes que o inimigo lhe dê uma passagem só de ida para o céu.

Por último, a ação. Faça alguma coisa. Se não souber o que fazer, faça qualquer coisa, por menor que seja. O importante é partir para a ação o mais rápido possível. Sair da zona de conforto, deixar de ser um patinho sentado no meio do radar do inimigo e começar a mudar sua situação.

Agora, volte ao início: observe o resultado de suas ações no mundo e comece outra vez. Viu como batalhas aéreas podem ser divertidas?

Por Fábio Zugman – www.administradores.com.br

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Como transformar o “boca a boca” em uma surpreendente ferramenta de marketing


Ele não é novo. Na verdade, o provável é que após a primeira venda da história da humanidade, ele tenha começado a ser utilizado. Estamos falando do “boca a boca” que, com advento da internet – principalmente das redes sociais –, ganhou um status de poderosa ferramenta de marketing.

E isso não é a toa. Já reparou quantas pessoas recorrem à opinião de outras quando estão na dúvida em adquirir um produto ou um serviço? Ou até mesmo como é comum alguém comentar que está satisfeito ou insatisfeito com algo que acabou de comprar? É claro que nessa lista de pessoas estou incluído e, sem medo algum de errar, você também está presente. Afinal, esse comportamento de compartilhar experiência, repartir incertezas faz parte do ser humano.

No entanto, como será que as empresas podem aproveitar esse “boca a boca” para alavancar um negócio? Em busca dessa resposta, o Administradores.com conversou com Andy Sernovitz, um dos principais especialistas na área. O consultor americano atua há mais de 20 anos no setor de marketing, é o autor do livro “Marketing Boca a Boca” e faz palestras pelo mundo ajudando empresas a apreender como realizar da melhor forma essa estratégia.

Confira a entrevista abaixo:
Sem nenhum custo ou com um investimento pequeno e um alcance sem limites. Com esse fato, podemos dizer que o boca a boca é uma das principais estratégias de marketing existentes nos dias atuais?
Uma palavra no marketing feito no “boca a boca” é uma estratégia poderosa que empresas de todos os portes utilizam. Você tem razão – você não precisa de um orçamento grande, um plano incrível e detalhado ou um investimento alto para começar. Apenas tente algumas coisas, veja como funciona, e então faça mais disto. Se você encontrar algo que está decolando e começando a ser comentado, é aí que você considera investir mais. Mas até lá apenas comece. Faça algumas experiências e se divirta.

Mas esse tipo de estratégia funciona para qualquer tipo de produto ou serviço ou existem alguns nichos mais fáceis para serem trabalhados?
O marketing do boca a boca funciona para qualquer empresa que venda qualquer produto. Mas, apenas se essas companhias forem fantásticas e o produto valha a pena ser comentado. Se o seu produto ou serviço for ruim, pessoas ainda falarão sobre ele, mas não dirão coisas positivas. Essa é a beleza do boca a boca: os bons profissionais e produtos vencem e os ruins perdem.

Por onde as empresas podem começar o marketing boca a boca?
Uma boa maneira de começar é adicionando umas palavras que estão no pensamento das pessoas ao marketing que você já está fazendo. Coloque todas as informações em um e-mail (ainda a forma mais popular de enviar um conteúdo). Ao invés de dar um cupom ou uma amostra grátis, dê 10. Envie um cartão de agradecimento escrito à mão aos melhores clientes. Ofereça um serviço ao consumidor fantástico. Nem tudo que você tentar funcionará e isso é natural. Se uma de suas ideias falhar, ninguém saberá porque ninguém falará sobre isso.

O que as pessoas devem ficar atentas ao desenvolver esse tipo de estratégia? Existe algum tipo de "regra"?
Essa estratégia funciona melhor quando a companhia está pensando em como ganhar o respeito e a recomendação dos clientes. Talvez não exista um botão que você pode apertar e daí mudar sua empresa – então comece procurando por pessoas interessadas em começar. Pode ser um grupo pequeno no time de marketing, pode ser um executivo solitário ou uma franquia que deseja experimentar algo novo. Qualquer lugar para você começar é bom, apenas comece. Uma vez que todos tenham sentido o gosto do quanto bem-sucedido e divertido o marketing o boca a boca é, os outros embarcarão na iniciativa.

Você pode nos contar algum caso marcante (ou alguns casos) de marketing boca a boca que lembra no momento?
Existem muitos exemplos fantásticos por aí, mas se você está procurando por empresas para seguir, não existem exemplos melhores que Zappos e Southwest Airlines. A Zappos [Veja A entrevista do Administradores com o fundador da Zappos.com] vende sapatos online – que você poderia comprar em qualquer lugar (por preços menores), mas eles possuem um suporte ao cliente incrível. Eles oferecem frete grátis e permitem que você devolva o produto com até um ano de uso. E se eles não têm o sapato que o cliente está procurando, eles o direcionam a uma concorrente que tenha. Já a Southwest Airlines é outra favorita em uma indústria que todos amam odiar. Eles possuem um orçamento mais baixo, mas ganham milhares de fãs todos os dias sem gastar. Como? Eles contratam bons profissionais, os tratam com respeito e incentivam que eles tratem o cliente bem, em ações como cantar durante as instruções de segurança. Além disso, eles não exploram os consumidores com tarifas ridículas. São dois exemplos brilhantes de como se tornar notável é possível usando o cérebro e não a carteira.

E quando o boca a boca começa a ficar às avessas e as pessoas começam a falar mal sobre determinada utilidade de um serviço ou produto. Como reverter esse momento contrário?
O primeiro passo é respirar fundo e lembrar que comentários ruins acontecem com todos nós. Você não pode agradar a todos – é assim que acontece. O próximo passo é responder educadamente, se desculpar pelo transtorno e oferecer ajuda. Muitas vezes, isso muda completamente a conversa. O consumidor com raiva precisava desabafar e agora sentirá que você se importa. Quando você responde on-line, se lembre que sua resposta é pública e será vista por outros que chegarem depois – então você não estará apenas respondendo um cliente chateado, você estará respondendo a todos em uma plataforma pública. Seja gentil, ofereça ajuda, cumpra o que você prometeu e resolva os problemas. Você descobrirá que esses clientes com raiva poderão se tornar aliados e espalharão muitos comentários positivos.

Você acredita que a internet, principalmente, as redes sociais são fundamentais para alcançarmos a proporção desse tipo de marketing nos dias atuais?
Não há dúvidas de que as mídias sociais mudaram completamente a rapidez com que um comentário viaja. Mas os fundamentos do boca a boca vieram antes da internet – e eles ainda são verdade hoje. Seu trabalho, como sempre, é dar as pessoas razões para falar e facilitar essa conversa. Foque em se tornar notável e em fazer coisas que valham a pena serem comentadas, e você sempre será bom no boca a boca, não importa a tecnologia.

Os brasileiros adoram ficar conectados, seja na internet ou fora dela. Que mensagem você deixaria para nossas empresas e empreendedores para aproveitar essa interatividade do país e realizar bons negócios?
Comece escutando. Aprenda onde seus fãs e clientes passam tempo na internet, quais comunidades eles gostam e sobre o que estão falando. Então, se apresente, compartilhe conteúdos úteis e seja educado. Não venda, seja transparente e diga exatamente quem você é. Quase sempre, esses internautas estarão felizes em lhe ver, enquanto você seguir as regras e contribuir com coisas boas.

Por Fábio Bandeira de Mello, www.administradores.com

Ministro pede propostas a secretários para mudar ensino médio já em 2013

O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, pediu para que os secretários estaduais de educação façam um esforço para, o mais breve possível, definir suas propostas de mudanças para melhorar o ensino médio. A solicitação foi feita na abertura do III Encontro Ordinário do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), realizado nesta quinta-feira, 18, em Florianópolis.


O encontro serviria para que os secretários de educação encaminhassem as propostas ao Ministério da Educação. No entanto, o documento não foi concluído e os secretários continuarão o debate nos estados, de forma a entregar o documento final até 7 de dezembro. Mercadante solicitou a antecipação do prazo para que os avanços na educação já sejam aplicados no ano letivo de 2013. “Os estados precisam defender a proposta do MEC para que todos os royalties do petróleo sejam destinados à educação”, disse o ministro.

O encontro dos secretários termina nesta sexta-feira, 19. Os secretários dos estados reconhecem a necessidade de um pacto nacional, mas querem preservar a identidade local nos temas. O ministro Aloizio Mercadante também disse que programas do governo estão incentivando a melhoria do ensino médio, tais como o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), o Programa Universidade para Todos (ProUni) e, mais recentemente, a Lei de Cotas.

Fonte: Assessoria de Comunicação Social  do MEC

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Plano de baratear a energia passa pela primeira barreira


Apesar da gritaria dos primeiros dias, foi quase que total a adesão das empresas de energia elétrica à renovação dos contratos de concessão dentro das novas regras traçadas pelo governo na Medida Provisória nº 579, publicada no início de setembro. Para renovar as concessões por até 30 anos, as empresas de geração, transmissão e distribuição de energia cujos contratos vencem entre 2015 e 2017 têm que aceitar uma redução ainda não conhecida oficialmente do preço cobrado por seus serviços. Mas estima-se que as tarifas hoje praticadas podem ser cortadas em até 70%.
Com isso, o governo pretende baratear a conta de luz para as famílias e empresas. A promessa, anunciada pela própria presidente Dilma Rousseff, é reduzir o preço da energia em média em 20,2%, a partir de 5 de fevereiro. Os consumidores residenciais farão uma economia média de 16,2%, e as empresas, de até 28%, com inegável impacto positivo na inflação.
Para chegar a essa redução, o governo abriu mão de vetustos encargos setoriais, a Conta de Consumo de Combustíveis (CCC) e a Reserva Geral de Reversão (RGR). Já a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) será reduzida a 25% do valor atual, assumirá o custeio de programas contidos nas outras duas e receberá um aporte de R$ 3,3 bilhões anuais do Tesouro. Mesmo assim, o governo prevê déficit de pelo menos R$ 1,3 bilhão em 2013.
Com essa manipulação tributária, o governo estima que contribuirá com 7 pontos percentuais da redução de 20,2% das contas de luz; os 13,2 pontos restantes virão da derrubada das tarifas das concessionárias de R$ 90 a R$ 100 para R$ 30 por megawatt-hora (MWh). O corte das tarifas pressupõe que as empresas já amortizaram seus inegáveis pesados investimentos ao longo de décadas de concessão. Nem todas as empresas concordam com isso e a conta final depende muito da idade de cada operação. O governo deve indenizar empresas cujas instalações ainda não foram amortizadas. Mas esse é outro ponto ainda obscuro na nova regra.
Fazem parte do universo das empresas afetadas pelas novas regras 123 geradoras de energia, que somam capacidade instalada de 20 mil megawatts (MW), equivalente a 20% do parque gerador brasileiro, com contratos que vencem entre 2015 e 2017; 44 distribuidoras que dominam 35% do mercado consumidor e têm contratos a expirar entre 2015 a 2016; e nove transmissoras, donas de 85 mil quilômetros de linhas, ou 67% da rede do Sistema Interligado Nacional, até 2015.
Essas empresas tinham até segunda-feira para pedir a renovação das concessões. Os contratos deverão ser assinados até 4 de dezembro. Nesse período, a Aneel vai elaborar as minutas dos contratos e espera-se que sejam esclarecidos os pontos ainda obscuros, como os valores da nova tarifa e das indenizações, pontos importantes na decisão das empresas.
O governo jogou pesado e conseguiu 92% de adesão, apesar do desconforto das empresas com as indefinições. Era praticamente obrigatório que as concessionárias manifestassem interesse por seus negócios e isso não significa que todas assinarão o contrato final. Aderiram todas as 44 empresas de distribuição, as nove transmissoras e 109 das 123 usinas de geração. Apenas 14 geradoras ficaram de fora. Nessa conta estão pelo menos duas hidrelétricas inativas da Energisa, que não funcionavam desde janeiro de 2011, quando foram danificadas pela enchente que assolou a região serrana do Rio de Janeiro. Mas também estão três operações importantes da Cemig, as usinas de Jaguara, São Simão e Miranda, que representam cerca de um terço da capacidade instalada da estatal mineira.
A Cemig solicitou a renovação de outras 18 usinas, mas acredita que as três que ficaram de fora têm direito a ter a concessão prorrogada por mais 20 anos nas condições vigentes antes da MP 579. Em uma situação semelhante, a Cesp agiu diferente e pediu a renovação da concessão da usina Três Irmãos, no rio Tietê, esperando negociar posteriormente a renovação pelas regras anteriores. 
O governo começou a discutir a renovação dessas concessões bastante importantes no parque gerador de energia do país há pelo menos quatro anos, no âmbito de um grupo de trabalho de alto nível. É incrível que depois de tanto tempo ainda existam pontos obscuros e questões indefinidas que abrem espaço para questionamentos jurídicos e geram insegurança em relação à taxa de retorno dos produtores e dos custos dos consumidores, com repercussões negativas em outros ambiciosos e importantes projetos de investimento em infraestrutura do país.

Por Francisco Nixon Frota - Valor Econômico
Fonte: Blog do Nassif