quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Pequenos detalhes, grandes negócios

Por Jerônimo Mendes
Vá por partes, não tente ser tudo para todos, pense na mensagem principal do seu negócio. A Quinta Sinfonia de Beethoven é um quadro de sons, imagens, ideias, sentimentos e movimentos, construída, detalhe por detalhe
  
Montar um negócio por conta própria é algo relativamente simples. Você precisa apenas de um produto ou serviço bem definido, um local que, dependendo do caso, pode ser a sua própria casa, talvez um sócio e licença para operar. De início, não dá para pensar muito, caso contrário, a empresa não sai do papel.

Na medida em que o empreendimento ganha consistência, é claro, será necessário capital de giro, treinamento intenso, um bom acordo com as operadoras de cartão de crédito e, principalmente, reforço na propaganda que começa com o método boca-a-boca. É o melhor e o mais eficiente, porém, depende da qualidade do seu produto ou serviço.

Para quem dispõe de tempo e dinheiro, o ideal é fazer um plano de negócio ou, no mínimo, desenhar o modelo de negócio para definir as questões básicas: 1) em que negócio você está? O que você realmente vende? Qual é o seu público-alvo? Qual é o seu diferencial competitivo? Assim, você terá, pelo menos, um direcionamento para suas ações.

Ainda que você tenha apenas ouvido falar de todas aquelas coisas interessantes da administração, algo do tipo planejamento estratégico, análise de tendências, BSC, matriz de portfolio, marketing de guerra e coisa e tal, de início, não é fácil aplicar todos esses conceitos.

Na prática, quando se inicia algo, nunca há recursos suficientes – tecnológicos, humanos, financeiros - para fazer tudo o que se tem mente, a menos que alguém seja suportado por ajuda familiar, sócios capitalistas, fundos de investimento, herança ou empréstimos a fundo perdido. Uma minoria.

Se não for este o seu caso, é necessário recorrer aos detalhes. O simples fato de ter dinheiro e tomar medidas baseadas em ferramentas consagradas não torna uma empresa bem-sucedida.  Nunca se chega ao alinhamento ou ao sucesso definitivo. É necessário trabalhar o tempo todo para isso e não perder o objetivo de vista.

Com base nos ensinamentos de James Collins e Jerry Porras, autores do clássico Feitas para Durar, e na minha experiência com empresas de pequeno, médio e grande porte, aqui estão algumas diretrizes simples para fomentar o seu negócio:

Monte o quadro completo: o que significa isso? O fato de você admirar a Apple, a Kopenhagen, O Boticário, a Honda e tantas outras empresas deve servir apenas de estímulo, pois, elas também têm suas falhas. Alguém se importa?

Nesse caso, o que conta é o conjunto, ou seja, a abrangência e a consistência da mensagem no tempo. Lembre-se de que o segredo de uma obra de arte está nos detalhes. Questão fundamental: como você gostaria de ver a sua empresa daqui a dez, quinze ou vinte anos?

Dica: vá por partes, não tente ser tudo para todos, pense na mensagem principal do seu negócio. A Quinta Sinfonia de Beethoven é um quadro de sons, imagens, ideias, sentimentos e movimentos, construída, detalhe por detalhe.

Explore ao máximo as pequenas coisas: se você não consegue dar um carro para cada empregado como prêmio pelo seu bom desempenho anual, faça como Francis Maris Cruz, do Grupo Cometa, que estimula a leitura de um livro por mês mediante uma recompensa. Nesse caso, o funcionário ganha um 14º salário, se comprovado que leu um livro por mês durante o ano, é mole?

Se isso ainda não for possível, que tal providenciar um cartão de visita para cada funcionário da empresa. Imagine isso: Maria Carolina – Zeladora. Se isso também não for possível, o que acha de convidar os familiares de seus funcionários para conhecer a empresa no fim de semana e conceder a eles uma pequena palestra sobre o seu negócio?

Junte as peças: se você tem boa vontade, mas, não tem o conhecimento integral do negócio, convide alguém que possa complementar sua habilidade. Silvio Torres e Hugo Ito, da Link Monitoramento, foram felizes nesse sentido. Silvio entende como ninguém de monitoramento e Hugo, de tecnologia. Eles formaram a primeira empresa franqueadora de monitoramento de veículos no Brasil, sucesso absoluto. Não tenho a menor dúvida de que vão produzir muita riqueza e criar milhares de empregos.

Por que sofrer sozinho se você pode ser feliz combinando habilidades com pessoas tão capazes e sonhadoras quanto você? Mas, é necessário saber compartilhar e isso também é uma habilidade. Steve Jobs não seria nada sem Steve Wozniak. Um era complemento do outro.

Nade na sua própria corrente: o que é bom para O Boticário pode não ser bom para a Natura e vice versa; da mesma forma, o que é bom para a Apple pode ser péssimo para a Samsung, portanto, a pergunta correta deve ser essa: o que é bom para a Apple, a Samsung, a Natura e O Boticário é bom para o meu negócio?

Pés no chão, cabeça nas estrelas. Não ignore a realidade, mas, tenha cuidado e discernimento para saber até que ponto o que serviu para o sucesso de outras empresas servirá também para o sucesso da sua empresa. Em vez de perguntar “essa prática é boa”, pergunte “essa prática é adequada para o meu negócio” ou “essa prática está de acordo com os meus valores”?

Realinhe as pessoas: o negócio é seu, foi você quem criou, sofreu, suou, penou para dar inicio ao sonho, portanto, você dá o tom. O alinhamento das pessoas em relação àquilo que você deseja para o negócio é um exercício permanente de identificação e correção de desvios que depõem contra a imagem da empresa.

Se o atendimento não está bom, fale, treine, corrija, substitua, peça pelo amor de Deus. Se o leiaute do prédio está impedindo o crescimento, mude-o ou mude-se. Se a estratégia não está funcionando, dissemine mais, esclareça os pontos críticos de sucesso, tente uma nova. Como dizem os autores de Feitas para Durar, a única vaca sagrada para uma empresa visionária é a sua ideologia central. Tudo o mais pode ser mudado ou eliminado.

Os princípios são universais, os métodos não: como eu sempre digo, os princípios universais da gestão não mudam, entretanto, os métodos podem ser ajustados de acordo com o tamanho e a cultura da empresa. Coisas básicas como fluxo de caixa, orçamento, marketing, propaganda, treinamento etc. continuam obrigatórias e não se fala mais nisso.

Não importa se você é empresário, gerente, diretor-executivo, consultor ou apenas membro do conselho. Não importa se você é iniciante numa startup. Trabalhe para implementar o máximo de métodos que puder para preservar a ideologia central do seu negócio, quer seja, a visão, a missão e os valores que orientam e inspiram as pessoas em todos os níveis hierárquicos da empresa.

Por fim, seja você mesmo o arquiteto do seu próprio negócio. Crie as ferramentas, preserve o núcleo e estimule o progresso, sempre. O alinhamento consistente em relação aos pequenos detalhes fará o resto. Não basta ter um bom produto ou um bom serviço. Em negócios, o que você ignora é, geralmente, a fonte do problema e, na maioria das vezes, a origem da solução.

Pense nisso, empreenda e seja feliz!

Por Jerônimo Mendes, Fonte: www.administradores.com.br

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

O que você aprende (de verdade) administrando seu dinheiro

Por Fábio Zugman  

Deixe-me dizer logo de cara: a maior parte desses livros considerados “Finanças Pessoais” não passa de auto-ajuda equivocada. Quanto mais popular a ideia, mais gente viu a oportunidade de escrever e dar conselhos sobre ações, opções, etc. sem ter um bom domínio do tema. Pior, sem experiência e risco suficiente investido ali.

O que quero dizer com isso? Comprei minhas primeiras ações quando a Vale abriu seu capital. Com o tempo, montei uma carteira e abandonei a passividade que costumamos ter com nosso dinheiro.

Eu poderia dizer que, financeiramente, isso é bom e assim por diante, mas esse não é o ponto. Aliás, um ponto que passa despercebido nessa onda de “fique rico sozinho” que vemos nas livrarias: investir de forma ativa me tornou um melhor administrador.

Quando você sai da caderneta de poupança e compra Letras do Tesouro, quando abandona um fundo que o administrador decide por você e passa a colocar o dinheiro em suas escolhas, está aprendendo a fazer análises, a tomar decisões e a se responsabilizar por elas.

Uma coisa é você ler uma análise (ou um livro) de alguém dizendo que o investimento XYZ é bom. Outra é você colocar o próprio dinheiro. O benefício não ocorre só quando você acerta e ganha mais dinheiro.

 Perder dinheiro assumindo responsabilidade pelas próprias decisões é uma bela lição. O famosos investidor Ken Fisher chama o mercado financeiro de “O Grande Humilhador”. E isso é bom. Se todas as pessoas com dicas certeiras para ficar ricas seguissem o que pregam, com o tempo muitas delas seriam humilhadas pelo mercado, e nada melhor que um pouco de humildade para esse tipo de arrogância.

Investir constrói caráter. Como assim? Lembro quando comecei a vender as ações que tinha da Petrobras. Me perguntaram, do outro lado da linha, se eu realmente tinha certeza, já que todas as corretoras recomendavam a empresa. Sim. Eu achava que o governo e a empresa não estavam sendo justos com pequenos acionistas como eu.

Vendi, as ações subiram mais um pouco (um período que me deixou meio triste por ter errado), mas então veio a conclusão: as ações despencaram. Uma coisa é dizer que alguma política é errônea. Outra é colocar o próprio dinheiro na linha de fogo com base na sua opinião.

E é isso que falta aos tais gurus de auto-ajuda financeira. Assumir responsabilidade pode não te deixar mais rico. Mas se você acha que a economia vai mal e continuar comprando ações, há um problema em sua postura. Se você diz que as empresas no Brasil dão lucros absurdos mas não compra ações, também está sendo contraditório. Fazer discursos é fácil, difícil é assumir responsabilidade pelos resultados disso.

No início do ano passado eu estava passando na Avenida Paulista quando vi uma turma daquelas que gostam de protestar: megafones, bandeiras e toda a panafernália usual. Lembro que gritavam contra os lucros dos bancos, o capitalismo, FMI e sei lá mais o quê. Após o protesto, foram todos em fila tomar um sorvete no McDonalds. Troquei de celular e infelizmente acho que a foto se perdeu, mas fiquei pensando na contradição: não só a ação da Itaúsa, controladora do Itaú na época custava menos de R$10,00, como o pessoal na fila não via a inconsistência entre seus discursos e atos. Se os bancos davam tanto dinheiro, porque não ficar sócio deles, baratinho?

Costumo dizer que o mundo dos investimentos é a melhor aula que você pode ter sobre administração. Você aprende a analisar, formar opiniões e melhor, assumir uma postura de “faça o que eu digo e faça o que eu faço”. É muito fácil dar opiniões, análises, inventar modelos sem se comprometer com o resultado (aliás, esse é o meu maior problema com a maioria dos que se dizem “consultores” - dão opinião mas não assumem risco nenhum, mas isso fica para outro texto).

Por isso, pegue aquele dinheiro que está estacionado em um fundo daqueles que você não sabe o que tem dentro, ou daquele curso que você está pensando em fazer, ou de qualquer canto, e comece a assumir responsabilidade por sua vida financeira. Talvez você tenha lucro, talvez não. Mas o aprendizado provavelmente será mais valioso que qualquer porcentagem em um extrato.

Por Fábio Zugman  - Fonte:  www.administradores.com.br  em 22 de fevereiro de 2013

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Distribuir notícias é tão ou mais importante do que produzi-las

Desde que a internet deu às pessoas a possibilidade de publicar notícias na rede, os jornalistas e marqueteiros ficaram hipnotizados pelos conteúdos gerados por usuários, mais conhecidos pela sigla em inglês UGC – user generated content.

Mas agora começam a se tornar cada vez mais fortes os indícios de que o polêmico jargão cibernético está sendo superado pelos conteúdos distribuídos por usuários, ou UDC – user distributed content), ainda mais enigmáticos e muito mais importantes, especialmente para a sobrevivência da imprensa.

Os conteúdos gerados por usuários (UGC) formam a base do material publicado por internautas no Facebook, blogs, páginas web pessoais, Twitter, chats, fóruns e nos comentários postados em sites de jornais, revistas, páginas de avaliação e recomendação, só para citar as mais conhecidas. Os UGC são um dilema para os jornalistas e uma obsessão para o marketing.

Um dilema porque até agora não há um consenso entre os jornalistas sobre como lidar com o material enviado por leitores, ouvintes, telespectadores e internautas. Há fortes resistências provocadas por incertezas quanto à confiabilidade, exatidão e padrões de qualidade informativa. O marketing está mais avançado na normatização no uso das informações e dados fornecidos por usuários da Web.

Uma pesquisa feita pelo professor finlandês Mikko Villi junto a jornalistas em seu país, mostrou que a frequência dos UGC se estabilizou a partir de 2010 e pouco evoluiu em matéria de coprodução de notícias entre usuários e profissionais. A produção colaborativa ficou longe dos prognósticos otimistas feitos por alguns autores como o norte-americano Henry Jenkins, e cresceu apenas na quantidade de fotografias e vídeos enviados pelo público.

A mesma pesquisa trouxe uma surpresa para Villi. Metade dos entrevistados se mostrou mais preocupada com o uso dado pelos leitores às notícias publicadas do que com a produção colaborativa. O modus operandi dos conteúdos distribuídos por usuários (UDC) foi considerado chave como radar para identificar tendências e preocupações, bem como um indicador da fidelização dos leitores.

O pesquisador finlandês sugere que a imprensa e os jornalistas passem a dedicar uma atenção às audiências no mínimo igual à dada à produção de notícias. A recomendação abre para os profissionais uma nova área de trabalho, pois até agora, a preocupação quase exclusiva dos jornalistas era publicar. O que acontecia depois era problema dos marqueteiros e distribuidores.

Embora os dados da realidade ainda sejam escassos devido à falta de pesquisas, a sugestão de Villi faz sentido por conta de uma observação quase óbvia. A principal habilidade do jornalista é selecionar e editar notícias. A maior vantagem do usuário é saber como, quando e para quem distribuir as notícias publicadas na imprensa. Logo, as duas partes só terão a ganhar se integrarem as suas capacidades.

Mas para que isso aconteça é necessário que os jornalistas deixem de considerar o público como uma massa passiva e uniforme para encará-lo como um conjunto proativo e segmentado em centenas de microcomunidades de interesses e necessidades. Por razões igualmente óbvias, é impossível ao público chegar a um consenso sobre como impor uma política de colaboração à imprensa e aos jornalistas.

O que os estrategistas da imprensa chamam de público, na verdade é um conjunto de microrredes aglutinadas em torno de microinteresses. No atual cenário de competição feroz por audiência, sobrevive quem conseguir captar o interesse e fidelizar estas microrredes, com informações e notícias que atendam a suas necessidades e desejos. Para que isso aconteça é indispensável conhecer estes micropúblicos. Daí a necessidade de passar a se preocupar em como os usuários distribuem informações e notícias.

O finlandês Villi e vários outros pesquisadores acadêmicos afirmam que o consumo de informações está deixando, cada vez mais, de ser um ato individual para se transformar numa experiência coletiva compartilhada. A prova dessa tendência está no compartilhamento e recomendação de notícias entre grupos de pessoas em redes como Facebook e Google +. A exemplo de milhares de outros usuários da internet, o meu cardápio diário de notícias é formado majoritariamente por recomendações de amigos e de sites nos quais confio.

A esmagadora maioria das notícias recomendadas foi publicada pela imprensa convencional, o que mostra a sua relevância na produção de notícias. Mas todo o esforço para produzir e distribuir uma notícia resultaria inútil se ela não for referenciada por alguém ou alguma organização da confiança do usuário. É aí que entra o processo que ganhou o nome de curadoria social de notícias, uma novidade incorporada pela internet ao processo de produção de notícias.

Texto de Carlos Castilho - do Observatório da Imprensa – Por Nilva de Souza – blog do Nassif

sábado, 23 de fevereiro de 2013

7 passos para criar um bom plano de negócio

Qualquer guru de startups recomenda aos iniciantes a elaboração de um plano de negócio. Entretanto, são poucos os que disponibilizam ou ensinam como fazer um de maneira prática e simplificada.

Não se iluda! Não é tão simples assim. O plano de negócio envolve variáveis que vão além do conhecimento tradicional, tais como: contabilidade, marketing, plano operacional, finanças, cálculos e mais cálculos. Além do mais, é necessário gostar de escrever, pesquisar e ordenar as ideias. Em suma, é preciso pensar.

Por essas e outras razões, a maioria dos empreendedores desiste e parte para o ataque mesmo sem ter desenvolvido um, porém, o resultado é incerto. De acordo com as cruéis estatísticas do GEM (Global Entrepreneurship) e do Sebrae, poucos são os negócios que sobrevivem ao primeiro ano de funcionamento.

Assim sendo, aqui vão as primeiras dicas para quem deseja realmente desenvolver um bom plano de negócio. Na prática, não existe muito segredo. Em geral, você vai precisar de:

-  Muita disciplina: para começar, desenvolver e terminar o plano de negócio; isso leva mais ou menos seis meses, se você trabalhar em torno de meia hora a uma hora por dia, a menos que disponha de grana suficiente para contratar uma bom consultor para ajudá-lo.

- Um modelo a ser seguido: existem vários modelos disponíveis na web, mas, como eu disse antes, pegar um plano de negócio pronto não vai facilitar o seu trabalho, ao contrário, pode até desanimá-lo; contudo, vai ajudá-lo a entender a estrutura do documento.

-  Um amigo contador, economista ou financeiro: a menos que você seja um profissional com o conhecimento necessário, vai precisar de alguém para ajudá-lo a calcular as projeções financeiras que demonstram a viabilidade do negócio, tais como: payback (tempo de retorno do investimento), TIR (taxa interna de retorno) e VPL (valor presente líquido), entre outros.

Até aqui, muitos ficam com preguiça só de ler a primeira parte. Talvez seja melhor continuar empregado, dá menos trabalho. Pode ser, mas, não dá o mesmo prazer de quando você pensando no próprio negócio. É uma questão de escolha.

Muito bem! Se você deseja seguir em frente, imagino que sim, deixe-me simplificar um pouco a sua vida e desmistificar a ideia de que o plano de negócio é difícil. Não é fácil nem difícil, entretanto, é trabalhoso.

Digo isso por experiência própria, pois, já fiz algumas dezenas de planos de negócio e cada um é diferente de outro. Todo plano é um desafio à minha disciplina, ao meu senso de organização e à minha criatividade.

Aqui está um processo simplificado em sete passos que vai ajuda-lo a desenvolver o seu próprio plano de negócio. Avalie com carinho, procure adaptá-lo à realidade do seu negócio e seja disciplinado. São eles:

1.  Sumário Executivo: trata-se de uma síntese do plano de negócio completo contendo os principais pontos abordados em cada capítulo para despertar o interesse inicial do potencial investidor ou de quem lê; é o último item a ser elaborado.

2.  Defina as diretrizes estratégicas do negócio: qual é sua a visão? Qual é a sua missão? Quais são os valores principais para o seu negócio?

3.  Defina o modelo de negócio: qual é o seu plano? Em que negócio você está? O que você realmente vende? Qual é o seu público-alvo? Quais são as suas vantagens competitivas?

4.  Defina os objetivos estratégicos: volume de vendas para os próximos três a cinco anos, lucratividade esperada, taxa anual de crescimento, expansão do negócio, etc.

5.  Defina os objetivos táticos: em que atividades você precisa se empenhar para atingir seus objetivos estratégicos? Produtos e serviços, plano de marketing e vendas, fontes de financiamento, equipes de trabalho, etc.

6.  Defina as principais políticas: de produtos, de clientes, de promoção, de distribuição, de preços, de financiamentos, de investimentos, de produção.

7.  Indicadores financeiros: qualquer agente financeiro, quando se consegue um, quer saber se vale a pena colocar dinheiro no seu empreendimento; portanto, quanto mais consistentes forem os dados, maior a chance de conseguir uma boa alma para financiar o seu negócio.

Fácil? Claro que não. O que foi escrito aqui não representa um milésimo do esforço necessário para desenvolvê-lo e coloca-lo em prática. Em startups, é fundamental ter em mente o seguinte: ruim com o plano de negócio, pior sem ele.

Infelizmente, não tenho as estatísticas do Brasil, mas, nos Estados Unidos, segundo a SBA (Small Business Administration), uma espécie de Sebrae norte-americano, menos de 3% dos empreendedores obtém financiamento para impulsionar o empreendimento. Sem o plano de negócio fica ainda mais difícil.

Espero que isso o ajude a despertar o empreendedor que existe dentro de cada um de nós. Nascemos todos empreendedores, mas, são poucos os que acreditam nessa possibilidade. Se for esse o seu caso, o plano de negócio será o grande aliado para o seu sucesso.

Pense nisso, empreenda e seja feliz!

No meu livro Manual do Empreendedor você encontra um roteiro completo com todos os passos necessários para executar um bom plano de negócio. Se necessário, envie um e-mail para mim e disponibilizo o roteiro, além de alguns modelos de planos de negócio.

Fontes de referência
-Mendes, Jerônimo. Empreendedorismo para Jovens. São Paulo: Atlas, 2012.
-Mendes, Jerônimo. Manual do empreendedor. São Paulo: Atlas, 2012.
-Dornelas, José Carlos Assis. Empreendedorismo. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.
-Kawasaki, Guy. A arte do começo. Rio de Janeiro: Best Seller, 2004.
-Thompsom, Mark; Tracy, Brian. Construa um grande negócio. São Paulo: Hunter Books, 2012.

Por Jerônimo Mendes – Fonte www.administradores.com.br

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Lincoln, Abolição e Mensalão


Sem iniciar este assunto com a clássica alusão à ética de resultados mencionada por Max Webber ou citar Nicolau Maquiavel, tão assertivo no afirmar que ao príncipe todos os meios estão justificados pela nobreza dos fins, certo é que a aprovação da emenda à constituição americana que aboliu a escravatura na mais festejada democracia do Planeta (refiro-me à Décima Terceira Emenda, de 1865), sob a presidência de Abraham Lincoln, deu-se em circunstâncias verdadeiramente peculiares.

Preocupado em manter a União, consolidando-a, além de construir uma grande nação para o futuro, enfrentava ele a feroz hostilidade da rural e escravocrata bancada oposicionista (Democratas) e assistia, com tristeza, algumas defecções no seu próprio partido, o Republicano.

Na Casa dos Representantes, portanto, o prognóstico era o mais sombrio: derrota inevitável, com a rejeição da emenda libertária e manutenção da monstruosa chaga do cativeiro negro.

Paralelamente a esse monumental esforço de construção social, o “Pai Abe” – assim o tratavam, carinhosamente, seus compatriotas --, formulador com voo de águia, que planejava para grandes distâncias e futuro remoto, vivia o terrível drama da guerra civil, separatista, a secessão.

Duas gigantescas batalhas, travadas em distintas arenas: a política e a militar (nesta, discutia, pessoalmente, estratégias de combate com o General Ulysses Grant).

Ambas as frentes mostravam-se bem do tamanho da grandeza de alma e de caráter do desafiado. O tema é agora oportuno, não apenas pela notabilidade da recente obra cinematográfica Lincoln, que permite a todo povo um imediato e fácil vislumbre dessa tragédia, fechada com a pistola Derringer, calibre 44, de John Wilkes Booth, que o assassinou no Teatro Ford, mas também pelas intrigantes coincidências com supostas cooptações de votos no Parlamento do Brasil, que resultaram na aprovação da Emenda da Reeleição (governo Fernando Henrique Cardoso) e também no mais recente e celebérrimo julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), denominado caso “mensalão”, cujo escopo seria a aprovação de reformas sociais de profundidade e de combate à desigualdade (governo Lula).

Na saga americana, o então Secretário de Estado de Lincoln, William Henry Seward (um híbrido de Chanceler e Chefe da Casa Civil), persuadido da obstinação presidencial quanto à causa abolicionista e da isonomia, e ciente da derrota iminente no parlamento, aconselhou-o a não se expor tanto na tarefa de conquistar votos parlamentares, missão delicada e que reputava erosiva à imagem do governante.

É que no colegiado-alvo havia de tudo, desde patriotas sinceros e honestos a reles interesseiros, aproveitadores, autocratas empedernidos, caracteres corrompidos e conservadores extremados.

Afinal, o parlamento é a projeção fiel da sociedade que o elege, não é mesmo? Daí a utilização do concurso habilidoso - mas não escrupuloso – de certo personagem de fora do governo, para a abordagem dos deputados americanos. Argumentos de persuasão? Todos foram usados.

Rigorosamente todos, sem exceção... Do oferecimento de cargos públicos a vantagens materiais mais tácteis, todos os empenhos, publicáveis ou não, foram feitos para aprovar a emenda que varreria o horror da escravidão do território americano. O cenário não é mesmo sugestivo e intrigante?

A emenda foi aprovada, a escravidão erradicada, para sempre, e a guerra de secessão, vencida, restando íntegra a unidade da Federação americana. Método de ação governamental passível de censura, mas eficaz, a se contrapor à necessária ética da governabilidade, nem sempre suficiente, tudo com vistas à consecução do objetivo de realizar o bem comum e preservar os superiores interesses da coletividade: eis aí um enorme dilema político posto aos que governam.

Submeta-se agora, em exercício de ficção, esse longo e intrincado processo que extinguiu a escravidão e a guerra separatista na nação americana - tal como lá foi realmente operado -, a julgamento criminal no Brasil de hoje. Seriam aqueles construtores da nação ianque também condenados como bandoleiros ou quadrilheiros comuns, salteadores e falsários (exatamente iguais àqueles que nas ruas rapinam por mera cupidez), como cá está a ocorrer?

Que juízo disso fariam os críticos assépticos, descompromissados das grandes responsabilidades das decisões coletivas, e os burocratas de gabinetes? E os - sempre implacáveis - acusadores profissionais, como veriam a questão da tramitação da Emenda 13 da Constituição Americana?

Nela veriam crimes de meios não importando os resultados alcançados? Optariam pela possibilidade de perdurar a escravidão, com suas abjetas consequências, a tudo se sobrepondo a exemplar condenação dos protagonistas envolvidos naquele processo legislativo? Cabe refletir.

Por JOSÉ ROBERTO BATOCHIO – WWW.brasil247.com.br

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

A importância do "teste do Advogado do Diabo" para o empreendedor


Um dos exercícios mais valiosos que um empreendedor pode realizar para o bem do seu negócio é a abertura às críticas construtivas sobre as idéias relacionadas ao seu empreendimento.

Por mais capaz e competente que seja o empreendedor, ele não consegue vislumbrar todas as diversas perspectivas e nuances que cercam seu negócio, sobretudo se ele é um especialista por formação ou por experiência em uma determinada área. Na maioria das vezes, um excelente técnico encontra dificuldades em compreender as regras de mercado e a receptividade do seu público-alvo às características intrínsecas de seu produto. Da mesma forma, um analista financeiro não se sente à vontade ao lidar com aspectos relacionados aos bastidores das negociações comerciais e políticas com parceiros, clientes e fornecedores.

A verdade é que não existem empreendedores completos, detentores de 100% de todas as características que tanto ouvimos e elevam os empreendedores à categoria de ‘super-homens’. Até os mais proeminentes empreendedores conhecidos, se cercaram de pessoas competentes em habilidades complementares às suas.

Conhecer o negócio por inteiro é, portanto, um dos requisitos fundamentais de todo empreendimento de sucesso. Como já mencionado em outros artigos, o Plano de Negócios é um dos instrumentos que ajuda o empreendedor a: ou conhecer melhor o seu negócio, ou se dar conta da sua ignorância sobre todos os fundamentos a ele relacionados.

‘Como saber o que posso estar esquecendo de importante sobre o meu negócio?’. Esta é uma das maiores angústias do empreendedor veterinário que abriu uma pet shop, do tecnólogo que abriu uma assistência técnica em micro informática, do jornalista que abriu sua assessoria de imprensa e outros profissionais que estão batendo cabeça em suas aventuras pelo mundo empreendedor.

O teste do Advogado do Diabo é uma forma de lidar com esta questão. Trata-se de uma técnica que abre espaço para o processo de validação de uma idéia, seja ela uma proposta de solução de um determinado problema, um novo negócio ou a avaliação de uma oportunidade. O empreendedor cerca-se de pessoas que façam parte de sua equipe, especialistas em diversas áreas ou pessoas de confiança, para um encontro com este fim específico. Cada participante representa o papel do advogado do diabo, um algoz, mesmo que acredite firmemente nas idéias. É um exercício que estimula o pensamento reverso, a capacidade de enxergar as mesmas coisas sob outros ângulos, um brainstorming ao contrário, sem o intuito de criar novas idéias, mas validar aquela que já existe, questionando-a, criticando-a, colocando-a em situações de conflito, levantando objeções e duvidando de sua viabilidade.

Quando o grupo adota esta postura, está na verdade testando a idéia, colocando à prova seus conceitos e fundamentos, legitimando a proposta e identificando pontos importantes que precisam de uma resposta aceitável. O objetivo do grupo não é a malhação da idéia pura e simplesmente falando, mas tentar levantar questões que não necessariamente o empreendedor tenha se atentado, ou dado a devida importância.

Numa sessão do advogado do diabo o empreendedor não precisa ter resposta para todas as perguntas que a sua equipe fizer, mas precisa estar atento para buscar uma solução para um item que ele julgue importante e que não havia sido cogitado antes. O advogado do diabo parte do pressuposto que nada está bom, nada está funcionando bem, nada pode ser assumido como garantia de sucesso. Para ele sempre haverá alguma falha em algum ponto  do modelo. Muitos dos itens que farão parte do Plano de Negócios sairão de uma dinâmica como esta.

O mais difícil na condução desta técnica é saber diferenciar as críticas construtivas das negativas sem o viés gerado pelo sentimento de propriedade e paternalismo sobre a idéia. Por isso, as sessões em grupo são mais eficazes, pois as perguntas evoluem a partir da troca que ocorre dentro do grupo. Por exemplo, um pergunta, o outro complementa, um terceiro dá um exemplo e o quarto sugere as conseqüências. Os quatro, assim, corroboram e colaboram para a compreensão ampla da preocupação levantada.

Outro problema que costuma surgir neste exercício é a tendência do empreendedor assumir uma postura excessivamente defensiva, buscando sempre uma justificativa e uma resposta plausível para todos os comentários que surgem. É preciso lembrá-lo que não se trata de uma defesa pública de sua idéia, ele não precisa ‘inventar’ respostas para convencer os outros que sua idéia é boa, em lugar disso, é uma boa prévia que simula as perguntas que uma banca de investidores, por exemplo, poderia fazer, mas com o conforto de poder dizer simplesmente: ‘Não sei, não havia pensado nisso, mas vamos verificar!’ pois ele se encontra entre amigos, parceiros e sócios que, inclusive, deverão se mobilizar depois para ajudar a cobrir estes buracos descobertos no modelo de negócio.

A regra é: Descubra seus próprios defeitos, antes que os outros o façam!

Por Marcos Hashimoto www.administradores.com.br

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Dívida pública supera R$ 2 trilhões, mas registra melhor composição da história

Apesar de ter superado a barreira de R$ 2 trilhões em dezembro de 2012, a Dívida Pública Federal (DPF) encerrou o ano passado com a melhor composição da história. Uma série de trocas de títulos executada pelo Tesouro Nacional ao longo do ano reduziu o risco de a dívida pública fugir do controle nos próximos anos, retirando de circulação mais de R$ 100 bilhões de papéis indexados à Selic (taxa básica de juros da economia).

De acordo com o Tesouro, a fatia da dívida interna em títulos corrigida por taxas flutuantes como a Selic atingiu 22,55% em dezembro, o menor percentual desde 1997, quando começaram a ser feitas as medições. Em contrapartida, a proporção dos papéis prefixados (com juros que não flutuam e são definidos antecipadamente) fechou o ano em 41,18%, no maior nível da história. Os números levam em conta as compras e vendas de dólares no mercado futuro pelo Banco Central, que influenciam o resultado final.

Em fevereiro do ano passado, o Tesouro Nacional determinou que os fundos extramercado, formados por recursos de algumas estatais e pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e pelo Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), trocassem R$ 61,2 bilhões em títulos corrigidos pela Selic (taxa básica de juros) por papéis prefixados e vinculados à inflação.

Em abril, foi a vez de o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) substituir mais R$ 44 bilhões em papéis indexados à Selic que estavam em seu poder, também por títulos prefixados e corrigidos pela inflação. Com essas duas operações, o Tesouro se livrou de R$ 105,2 bilhões de títulos atrelados à taxa básica de juros.

Essas operações reduziram o risco da dívida pública, porque os títulos vinculados à Selic pressionam o endividamento do governo quando os juros sobem. Caso o Banco Central (BC) reajuste os juros básicos, a parte da dívida interna corrigida pela Selic aumenta imediatamente. A taxa de juros dos papéis prefixados é definida no momento da emissão e não varia ao longo do tempo. Dessa forma, o Tesouro sabe exatamente quanto pagará de juros daqui a vários anos, quando os papéis vencerem e os investidores tiverem de ser reembolsados.

No caso dos títulos corrigidos pela inflação, o Tesouro também prefere esses papéis porque os índices de preços tendem a acompanhar o crescimento da economia. Assim, se a inflação subir, o Produto Interno Bruto (PIB) também aumenta. Isso reduz o risco de a dívida pública explodir na comparação com o PIB, mesmo que o endividamento do governo em valores nominais tenha ficado maior. Em dezembro, os papéis indexados pela inflação representaram 35,48% da dívida interna em títulos do governo.

A melhoria no perfil da dívida pública é mais notável se for levada em conta a trajetória da composição nos últimos anos. Em dezembro de 2005, os títulos corrigidos por taxas flutuantes respondiam por 55,44% da dívida interna federal. Os papéis prefixados representavam 27,86%, e os títulos atrelados à inflação correspondiam a 15,53%.

Por meio da dívida pública, o Tesouro Nacional emite títulos e pega dinheiro emprestado dos investidores para honrar compromissos. Em troca, o governo compromete-se a devolver os recursos com alguma correção, que pode seguir a taxa Selic, a inflação, o câmbio ou ser prefixada.

Fonte: Agência Brasil

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Debate sobre inflação: o eterno retorno


Passado o período da anestesia geral, a que o Brasil anualmente se submete durante o carnaval, tudo indica que a partir de agora o ano vai começar mesmo prá valer. O momento letárgico contribuiu para amortecer o sentimento generalizado de indignação com a eleição dos dirigentes do Congresso Nacional. E também para deixar um pouco recluso ao tema do Bloco do Pacotão, em Brasília, o medíocre crescimento da economia alcançado em 2012 – “o Pibinho da Dilma e do Mantega”.

Agora as páginas de economia dos grandes meios de comunicação já começam a definir os itens da pauta prioritária das demandas do financismo para os meses que se aproximam. Uma leitura atenta do foco apresentado pelos chamados “especialistas” de plantão do setor financeiro, sempre chamados a dar sua opinião sobre o desempenho da economia, começa a criar uma espécie de unanimidade em torno do tema da vez. O escolhido parece ter sido a inflação. Assim, há uma grande probabilidade de que esse seja o principal gancho, nessa eterna tentativa de recolocar a ortodoxia no centro do palco.

O receio justificado da inflação
O tema assusta parcelas expressivas de nossa sociedade, que guardam ainda em sua memória os duros períodos de inflação crônica e elevada - combinados com momentos mesmo de hiperinflação - que o Brasil atravessou a partir do final da década de 1970.

E, diga-se de passagem, com razão. Houve várias tentativas de planos de ajuste econômico, com congelamento de preços e incluindo a criação de novas unidades monetárias. Plano Cruzado I, Plano Cruzado II, Plano Bresser, Plano Verão, Plano Collor I e Plano Collor II.

As moedas também foram muitas: cruzeiro, cruzeiro novo, cruzado, cruzado novo, novo cruzeiro, cruzeiro real e real. Ufa! E em várias das mudanças do padrão monetário as novas denominações perdiam 3 zeros. Tempos difíceis, em que os preços eram reajustados diariamente e a população de baixa renda não tinha meios de se defender da corrosão do poder de compra dos salários. Apenas os setores de renda mais elevada conseguiam proteger-se das perdas, por meio das aplicações cotidianas no mercado financeiro.

No entanto, o controle efetivo do crescimento dos preços só veio a ocorrer a partir de 1994, com a edição do Plano Real. A inflação caiu de forma expressiva desde então, mas os efeitos da verdadeira estabilidade só se fizeram sentir a partir de 2005, período em que a inflação anual nunca mais superou a meta oficial estabelecida pelo próprio governo.
Não cabe aqui nesse reduzido espaço uma avaliação a respeito das causas dos fracassos dos planos anteriores e do sucesso obtido a partir do Plano Real. Mas o fato é que a inovação proporcionada pelo “tripé da política econômica” foi também responsável para evitar que novas espirais hiperinflacionárias viessem a ocorrer. Isso significava que a condução da economia passaria a ser orientada pelos seguintes elementos: i) meta de inflação; ii) geração de superávit primário; iii) liberdade cambial.

O Plano Real e o período da ortodoxia
Na prática, esse novo comportamento das autoridades econômicas introduziu na própria institucionalidade do aparelho de Estado muitas das demandas do sistema financeiro, que continuou a reinar absoluto e a navegar em um mar de tranqüilidade, comparado aos momentos anteriores de tantas turbulências e incertezas.

É preciso recordar que a década de 1990 foi o período de apogeu do pensamento neoliberal e de seus dogmas de supremacia absoluta das regras de mercado sobre qualquer tipo de regulamentação pública. Como a meta da inflação era intocável e sacrossanta, não se mencionava nunca que havia até mesmo um intervalo de tolerância para cima e para baixo. Ou seja, tudo se fazia para atingir o chamado “centro da meta” (atualmente, por exemplo, a meta é de 4,5% ao ano - com isso, o intervalo para uma inflação aceitável fica entre 2,5% e 6,5ª% ao ano).

E o instrumento, por excelência, para tanto era a chamada “política monetária”: juros oficiais lá em cima, com o objetivo de retirar moeda da circulação (“enxugar a liquidez”, no jargão do economês) e reduzir a pressão de demanda sobre a oferta de bens e serviços. Com isso, haveria menos pressão inflacionária e os preços ficariam sob controle.

Para tanto, o importante era que o Banco Central fosse “independente”. Esse modelito foi repetido à exaustão, por anos e anos em seguida. Pegando carona no sentimento de indignação da população com a má-utilização que se fazia das instituições públicas e governamentais, os escribas do financismo vinham com a idéia enganosa da suposta independência.
No entanto, esse discurso apenas escondia o fato de que, na prática, não existe neutralidade técnica na determinação de política econômica. Essa estória de “autoridade monetária independente” é apenas uma forma elegante de justificar a entrega da gestão do Banco Central e da política monetária aos representantes da própria banca e ponto final. Sem intermediários. Assim foi ao longo dos mandatos de FHC (Pedro Malan, Pérsio Arida, Gustavo Loyola, Gustavo Franco e Armínio Fraga) e de Lula (com o onipotente Henrique Meirelles). Ora,”independência” de quem, cara-pálida?

A idéia de geração de superávit primário era também uma forma elegante de assegurar a transferência de recursos do orçamento para pagar os juros e os serviços da dívida pública.
Com o verniz retórico acerca da “responsabilidade fiscal”, emprestava-se a importante noção de gestão fiscal equilibrada das contas públicas para não questionar quando os gastos fossem os de natureza financeira e parasita.
Por último, a proposta de liberdade cambial vinha na corrente do “fora Estado!” e da exaltação irresponsável das pretensas vantagens inequívocas da globalização. “A taxa de câmbio deve ser formada como resultado da livre ação das forças de oferta e demanda no mercado de divisas”.
A frase é até meio pomposa e pode parecer bem articulada para quem não conhece os meandros do poder financeiro. Ocorre que o mercado de moedas não é nenhum mercado da batatinha. Os mega-agentes que ali operam respondem apenas aos movimentos especulativos dos grandes conglomerados financeiros. Na prática, ao abrir mão de operar e intervir no mercado de câmbio, o governo aceitou passivamente sua condição de refém desses interesses.
Como a taxa de juros oficiais estava na estratosfera, o capital especulativo espalhado pelos 5 continentes para cá se dirigia em busca da rentabilidade segura e elevadíssima. A benção sonhada por todo e qualquer operador do mercado financeiro: alto retorno para as aplicações e quase nenhum risco pelas operações. Sopa no mel!

O período recente e a redução dos juros
Por 8 anos consecutivos nossa inflação tem se mostrado comportada, dentro dos intervalos definidos pelo próprio governo. Assim, entre 2005 e 2012, a média da inflação anual foi de 5,2%, sempre dentro dos limites estabelecidos nos planos governamentais.

O período mais recente foi marcado pela disposição da Presidenta Dilma em promover a redução da taxa oficial de juros. Com a trajetória descendente da SELIC definida pelo COPOM e a ação um pouco mais incisiva dos bancos públicos federais, as taxas de juros na ponta do balcão foram diminuídas e o sistema financeiro deixou de ter os ganhos certos e seguros como antes.

Com os interesses afetados, começaram a sair a campo, reclamando do fechamento da torneirinha generosa e esboçando uma estratégia de reação. A intenção é desgastar a equipe econômica, mas sem confrontar diretamente a chefe do Executivo, que surfa bem numa onda de popularidade. O instrumento para tanto é a crítica ao suposto descontrole das contas públicas, que estaria na base do ressurgimento de “índices preocupantes” de crescimento de preços.

Bem que tentaram essa estratégia em 2011 e agora no último trimestre de 2012, mas a inflação não ultrapassou o limite superior. Alguns se saíram com o discurso de que o foco deveria ser o centro da meta, sem o intervalo de 2% que permite chegar a 6,5%.
Mas essa interpretação exagerada da ortodoxia dogmática acabou não colando – nem mesmo no interior do financismo. Agora, com a divulgação dos dados oficiais relativos a janeiro, tem início uma nova onda de catastrofismo, com simulações para os próximos 11 meses. A levarmos a sério tal linha de avaliação, o caos estaria próximo. Como sempre sugerem, aliás!
Mas o fato é atualmente o acumulado dos últimos 12 meses ainda registra 6,15%. Em 2011 houve momentos em que o índice havia ultrapassado a meta e depois no ano oficial (janeiro a dezembro) a inflação se manteve no intervalo.
O financismo pressiona pela elevação da Selic
No entanto, a questão é bem mais complexa do que aparenta. De fato, há elementos que preocupam para os próximos meses. Um dos mais importantes é o aumento dos combustíveis que deve vir em breve e que provoca um impacto amplo e generalizado nos preços da economia. Assim como a tarifa de energia elétrica, são preços de bens públicos que estão presentes nos custos de quase todos os produtos e serviços existentes em nossa sociedade.

Por outro lado, é importante que o governo também atue para evitar e valorização de nossa taxa de câmbio. Com isso, ao desvalorizar a nossa moeda frente ao dólar e demais moedas estrangeiras, pode-se sentir um impacto inicial de elevação dos preços dos produtos e insumos importados.

Os demais aumentos expressivos vêm da área de alimentos. Além de obedecer a uma certa sazonalidade (os preços podem subir e depois baixar), esse tipo de produto encontra mais facilmente mecanismos de substituição, ao contrário do que ocorre com combustíveis ou energia elétrica.
Dessa forma, o importante é que o governo mantenha um acompanhamento, com um sinal de alerta para a evolução dos preços em geral, mas sem se deixar cair na avaliação catastrofista. A ninguém interessa retornar aos cenários do passado, com elevadas taxas de crescimento generalizado de preços. Mas estamos muito longe disso.

A alternativa do depósito compulsório
O mais importante, neste momento, é não se deixar cair na armadilha da ortodoxia comandada pelos interesses da banca. Com toda a certeza voltará o tom monocórdico de que a inflação só pode ser combatida, de forma efetiva, com a dureza da política monetária austera e rigorosa.

Muito blá-blá-blá, mas se leia o recado: elevação da taxa oficial de juros. O raciocínio implícito é de que assim o governo conseguirá reduzir enxugar a massa monetária em circulação e conter a pressão de demanda. Isso porque as empresas e os indivíduos, em tese, deixarão de consumir bens e serviços para aplicar seus recursos em poupança, em razão da remuneração mais atrativa dos títulos financeiros com juros mais elevados.

Uma hipótese difícil de se comprovar, dada a estrutura de renda de nosso país (baixa propensão a poupar, no economês) e a inacessibilidade aos produtos do mercado financeiro para a maioria da população.

Se o governo quiser mesmo enveredar por esse caminho de interpretação conservadora do fenômeno inflacionário, então que lance mão de outros instrumentos que não o aumento da Selic.
Ele pode, por exemplo, promover o aumento do depósito compulsório dos bancos junto ao Banco Central. Obterá o mesmo efeito de redução da demanda, sem nenhum encargo extra para as finanças públicas nem para o custo social de empresas produtivas e famílias.

Mas o mais importante é iniciar com muita rapidez o já muito atrasado programa de investimentos públicos em infraestrutura. Esse, sim, é um setor-problema para a retomada do crescimento da economia a níveis maiores do que o Pibinho de 2012.
Estrangulamento em telecomunicações, energia e transportes podem realmente provocar pressões que compliquem o equilíbrio, instável por sua própria natureza, de uma determinada conjuntura econômica. E o Brasil precisa e merece crescer a pelo menos 3% ou 4% ao ano. Para tanto, é necessário - ao contrário do que sugerem os arautos do financismo - ampliar a oferta de crédito e não promover sua redução com o aumento dos juros.

Por Paulo Kliass - Doutor em economia pela Universidade de Paris 10 (Nanterre) e integrante da carreira de Especialistas em Políticas Públicas e Gestão Governamental, do governo federal.

Fonte: agência carta maior

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

ISLÂNDIA – a revolução silenciada! Mas vitoriosa! O segredo da Islândia – dizer NÃO!.

Alguém ouviu falar sobre a Islândia recentemente?  Não?  Porquê?  Se alguém pensa que não há censura nos grandes mídias, então porque nos mostram tudo sobre as revoluções no Egipto, Síria e Líbia?   E porque não divulgaram nada sobre a Islândia?

Escute bem isto:  na Islândia o povo fez o governo todo demitir-se, os principais Bancos do país foram nacionalizados e recusaram continuar a pagar as dívidas dos Bancos aos ingleses e holandeses, dívida gerada pelo esbanjamento do dinheiro do povo.

Foi criada uma Assembleia popular para escrever uma nova Constituição, e tudo isto pacificamente.  E fez toda uma revolução contra o poder que criou a crise:  - WALL STREET!   …por isso ninguém publicou nada!   Por muitos meses e durante estes 2 anos…   não vimos nada. 

O que aconteceria se outros países de todo o mundo seguissem este exemplo?

Muito brevemente, estes são os factos:
2008 – o principal banco do país é nacionalizado, a moeda nacional cai, as actividades da bolsa de valores é suspensa,  o país declara-se falido.

2009 – os protestos antecipam as eleições, provocam a demissão do Primeiro Ministro e de todo o Governo, a situação económica continua a ser calamitosa, uma Lei propõe o cumprimento da dívida com a Inglaterra e a Holanda, no valor de 3,5 mil milhões de euros (4,3 mil milhões de US dólares) a pagar por todas as famílias islandesas, mensalmente e durante os próximos 15 anos, com juros de 5,5%.

2010 – o povo toma as ruas e pede que a dívida seja submetida a um referendo.  Em Janeiro de 2010 o Presidente recusa-se a ratificar o projecto de lei e anuncia a organização de uma consulta popular.  Em Março ocorre o referendo e 93% votam por não pagar a dívida dos Bancos.  Enquanto isso, o novo Governo inicia as investigações para punir pela lei os responsáveis pela crise.  Muitos altos executivos dos Bancos e gerentes são mantidos sob prisão preventiva e detidos em celas prisionais verdadeiras.

Sim, você não está sonhando – é difícil encontrar gente assim que não se curva aos banqueiros!   Na imprensa, nem uma palavra – nada foi publicado – mas ISTO aconteceu! A Interpol inicia uma investigação e os banqueiros fogem em massa do país, como ratos abandonando o navio  que se está afundando.

Nesse contexto de crise, uma assembleia é eleita para escrever uma nova Constituição que integra as lições da crise e substitui a anterior, que era uma mera cópia da dinamarquesa.  Para isso, foi pedida a colaboração direta do povo soberano.  Para tal, 25 cidadãos sem nenhum vínculo político ou partidário foram eleitos entre 522 candidatos.  Apenas precisavam ser maiores de idade e ter o apoio de 30 pessoas – muito simples!

A Assembleia Constituinte  começou a trabalhar em Fevereiro de 2011, e apresentará um projeto de Magna Carta a partir das recomendações consensuais em distintas assembleias que terão lugar por todo o país.  Esta Magna Carta será votada pelo parlamento atual e pelo que sair das próximas eleições legislativas.
Esta é a história da Revolução Islandesa:  - demissão em massa do Governo;  nacionalização dos Bancos;  referendo sobre as questões econômicas fundamentais;  prisão dos principais responsáveis pela crise;  nova Constituição escrita pelos cidadãos.

Alguém ouviu a imprensa  canadense, americana ou japonesa falar sobre isto?  Em qualquer outro lugar do mundo?  Nos debates políticos, rádios, programas de TV?  Qualquer filmagem mostrada na TV?  Claro que não, eles estão “entretidos” com outras coisas…

O povo islandês deu uma grande lição ao mundo todo, lutando contra o sistema e ensinando “democracia”!   Este processo de democratização da vida política, que já dura há dois anos, é um claro exemplo de como é possível que o povo não pague a crise gerada pelos ricos.

O povo islandês soube dar uma lição de democracia à Europa toda e ao resto do mundo.  Uma lição, contudo, SILENCIADA pela comunicação social que continua a representar os interesses de quem gerou esta crise – a burguesia!


Fonte: http://insustentavelbelezadosseres.blogspot.com.br

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

A França luta em Mali contra aqueles que ela armou na Líbia


O ministro russo de Assuntos Exteriores, Serguei Lavrov, confirmou neste domingo que a França enfrenta em Mali os mesmos grupos que ela armou na Líbia em 2011.

“Em Mali, a França luta contra aqueles que armou na Líbia contra o regime de Khadafi violando o embargo do Conselho de Segurança da ONU", afirmou Lavrov numa entrevista concedida à televisão russa.

Em junho de 2011, Lavrov criticou a França por violar o embargo de armas da ONU contra a Líbia mediante o envio de armas por via aérea aos opositores líbios com o fim de ajudar-lhes a lutar contra as forças de Muamar Khadafi.

A resolução 1970 do Conselho de Seguridade da ONU, adotada em 26 de fevereiro de 2011, havia imposto um embargo total de armas sobre a Líbia.

Os grupos terroristas ativos na Síria, que tratam de derrubar o presidente Bashar al-Asad, são também apoiados por armas fornecidas pela França, destacou o chanceler russo.

"Estou agoniado pela incapacidade de nossos parceiros deixarem de ver só um ponto no mapa e adquirirem um olhar de conjunto da região", lamentou.

Em 11 de janeiro, a França lançou uma guerra contra o Mali, sob pretexto de frear o avanço de homens armados nesse país, não obstante, os experts sustentam que a França, apoiada pela OTAN, busca satisfazer seus próprios interesses naquele território, rico em recursos naturais, como o urânio.

Por josé justino de souza neto

Fonte: http://www.contrainjerencia.com - e josejustino.blogspot.com.br

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Você já pensou em escrever artigos?


Pode parecer um contra-senso, mas uma das melhores maneiras de aprimorar sua capacidade de administrar é simplesmente escrever

Na pressa de evoluirmos profissionalmente, estamos sempre em busca de experiências objetivas e específicas que nos ajudem a adquirir determinado conhecimento ou desenvolver certas competências e habilidades. As recomendações são sempre na mesma linha: faça um curso, leia um livro, assista a uma palestra. Pouca gente pratica uma das atividades mais enriquecedoras, prazerosas e - o melhor - com custo zero: escrever artigos.

A melhor forma de começar a escrever é simplesmente começando. Não importa o local, a hora do dia, se você vai escrever no computador, em uma máquina de escrever ou em um caderno: o importante é dar o primeiro passo. Existe algo de mágico na primeira frase, que parece desencadear todo o resto do processo. Não espere a inspiração chegar para poder começar. Como diria Picasso, “a inspiração existe, mas ela deve encontrá-lo trabalhando”.

 É fundamental, também, incorporar o hábito de escrever aos seus afazeres. Você deve estabelecer um dia e um horário em que essa atividade será sagrada. Quando adotamos uma rotina para escrever, acabamos adotando outra rotina para ler e estudar, pois só escreve bem quem lê bastante e se atualiza. Os benefícios não param por aí.

Escrever é importante para desenvolver a reflexão e o senso crítico. Não raro, começamos a escrever um artigo com uma visão e terminamos com outra totalmente diferente no fim da página. E mais: a prática ajuda a mente a tornar-se mais fértil e criativa - o que acaba abrindo espaço para o surgimento de novas ideias e de até mesmo alguma inovação revolucionária. É o caminho para fora da caixa.

Escrever nos deixa mais inteligentes. Muito mais inteligentes. Embora seja uma atividade diretamente ligada à inteligência linguística, escrever também é uma atividade que turbina outras inteligências, como a intrapessoal (é praticamente um exercício de autoconhecimento), a interpessoal (nossa capacidade de lidar com os outros), a própria inteligência lógico-matemática, já que a lógica é fiel companheira de um bom texto e, até mesmo, a espacial (afinal, escrevendo muitas vezes criamos imagens e espaços mentais).

Consequentemente, a partir daí você desenvolve a sua capacidade de argumentação, aumenta o seu poder de persuasão, aprende a contar histórias, enfim, amplia drasticamente suas habilidades de se comunicar, o que é essencial na hora de negociar, liderar, falar em público... coisas corriqueiras na vida de um administrador.

Tem outro ponto que pode até parecer um tanto quanto “esotérico”, mas eu passo muito por isso e com certeza você já deve ter passado também, seja escrevendo, praticando outro tipo de arte ou algum esporte. Algo zen acontece quando você escreve. A sensação é de que tudo ao seu redor entra em silêncio e você se conecta com alguma região da mente de onde as palavras simplesmente surgem. Você mergulha e desaparece nessa atividade, envolvendo-se totalmente.

Esse tipo de estado mental de concentração e foco total foi amplamente estudado pelo psicólogo húngaro Mihály Csíkszentmihályi (valendo um prêmio para quem conseguir pronunciar o nome dele). Csíkszentmihályi denominou esse estado como “flow” (fluxo), uma das chaves para a felicidade no trabalho e na vida.

Por fim, quem escreve também aparece. A internet é um grande palco para você exibir o seu talento. Ao publicar seus artigos em sites especializados, você se colocará em contato com incontáveis leitores, receberá feedbacks valiosos sobre o seu trabalho (possibilitando-o evoluir), e também irá ampliar significativamente a sua rede de contatos. Pronto para dar o primeiro passo?

Por Leandro Vieira – www.administradores

Leandro Vieira foi incentivado a escrever bastante desde bem pequeno. O hábito, que virou hobby, foi um dos motivadores para escrever um livro e criar o portal Administradores com uma plataforma colaborativa, na qual é possível que todos escrevam e publiquem seus artigos de graça (curioso? Cadastre-se gratuitamente no Administradores e comece a publicar seus artigos agora!  - http://administradores.com.br/user/signup/ )

sábado, 2 de fevereiro de 2013

O forte apache das tesourarias a favor dos altos juros

A tesouraria é o forte apache do capitalismo desregulado. E o centro logístico da oposição conservadora no Brasil. Tesouraria é o espaço físico. O departamento que cuida de maximizar os ganhos do capital a juro. Mas também é a palavra símbolo de uma lógica que disputa a hegemonia da política econômica.

Na ciranda da tesouraria embalam-se os interesses das grandes corporações –bancos ou grupos empresariais, locais e globais. Ademais da insaciável legião dos acionistas, cuja pátria são os dividendos.

O conjunto movimenta riquezas apreciáveis. Fundos de aplicações financeiras registraram um giro de R$ 2,4 trilhões no Brasil em 2012. O valor equivale a mais da metade do PIB em direitos sobre a riqueza real.

Não é um país à parte, embora se avoque mordomias, soberania e imunidades equivalentes às de um poder paralelo. Pelotões de estrategistas, exércitos de consultores, inteligência acadêmica, bancadas legislativas, mídia e aliados internacionais mantêm-se e são mantidos a seu serviço. Em prontidão permanente. Diária.

Para assegurar à riqueza financeira ganhos de rentabilidade inexcedíveis em qualquer outro setor econômico. Aqui e alhures. O governo Dilma vem tornando difícil a vida das tesourarias no Brasil. O rebate é forte.

O inconformismo escorre do noticiário econômico para os espaços onde os cifrões são traduzidos em 'projeto de país'. E daí estampados em colunas, editoriais, discursos, candidaturas amigáveis aos mercados.

Com propriedade o ministro Paulo Bernardo carimbou na rebelião das tesourarias um adesivo certeiro: 'o partido do juro alto'. Aécio Neves com seu aparato de ‘professores-banqueiros' colou-o na testa. A tesouraria prepara-se para 2014, mas ainda não em campo aberto. Droners controlados à distância cuidam do bombardeio.

A meta é implodir a costura de uma política econômica que busca promover a eutanásia do rentista em duas frentes. Seccionando linhas de alimentação do capital fictício com juros baixos e IOF alto, de um lado.

De outro, abrindo frentes de infraestrutura e mantendo o consumo de massa aquecido, na indução de um ciclo de investimento com maior igualdade social. Busca-se um país que o Brasil nunca foi de verdade.

O governo cutuca placas tectônicas. Com um juro básico em 7,25%, uma inflação em torno de 5,5%, mais impostos, obter ganho real nas aplicações financeiras deixou de ser mamão com açúcar. O que está em jogo não é algo trivial.  Trata-se de mudar as condições de financiamento da economia. E os objetivos do desenvolvimento.

A seta do tempo vive um novo estirão. Luta-se para consolidar uma nova hegemonia ancorada nas energias, demandas e protagonistas que iniciaram a longa viagem à procura de um Brasil inédito, a partir das greves metalúrgicas do ABC paulista, nos anos 70/80.

Um passaporte da travessia é regenerar a base industrial brasileira. E tampouco aqui é contabilidade. Trata-se de um requisito para gerar empregos e salários de qualidade; ademais de receita fiscal compatível com investimentos sociais, ambientais e logísticos que uma cidadania plena reclama.

Estabilidade ancorada em juro baixo e câmbio desvalorizado (para impedir importações devastadoras da produção local) é uma receita é mortal para a riqueza financeira. Seu habitat é o jogo intertemporal incessante em que presente e futuro se fundem na busca do rendimento alto e constante.

Todo o círculo de interesses que orbita em torno dessa roleta está em pé de guerra contra o governo. À falta de um horizonte volátil, semeia-se um ambiente político de beligerante 'desconfiança'.  Do forte apache partem mísseis com alvos selecionados. A saber:

I) ‘a ameaça inflacionária voltou: com juros baixos, salários, emprego e crédito em alta, em contraposição à oferta rígida de bens – um reflexo do baixo investimento –, a disparada dos preços é inevitável’.
É uma meia verdade. A inflação encontra-se estável, com os preços no atacado em queda. E o investimento é uma batalha em curso. A rigidez por enquanto é mais um alarmismo que o jogral rentista quer transformar em profecia autorrealizável.

II) 'o governo fracassou em expandir o investimento em infraestrutura'.

Também uma verdade parcial, descontextualizada. Esquece-se de que o Estado foi desmontado nos anos 90 e sistematicamente acuado para não se reerguer –coisa que vem sendo feita com acanhamento. Ainda assim, em 2012 o investimento público cresceu 13%; o PAC acionou R$ 40 bi em obras.

III) 'a política econômica intervencionista gera incertezas e trava a retomada do crescimento'.

Capcioso. Até o FMI admite que a santíssima trindade ortodoxa feita de meta de inflação pautada pelo mercado financeiro, superávit fiscal rígido e câmbio livre pode e deve ser adequada às necessidades contracíclicas do desenvolvimento.

Mas a fuzilaria não vai parar. Quem perdeu a doce vida de dividendos médios de 19% ao ano (fruto predominante da especulação em bolsa e não da produtividade), e viciou na roleta generosa, de juros três vezes acima da inflação, não vai largar o osso pacificamente.

Por trás dos ganidos emitidos pela mídia, há um cachorro grande a latir grosso. É o forte apache das tesourarias. Sob risco de se mistificar o protagonismo da mídia, seu nome não pode mais ser omitido quando se denuncia a narrativa do golpismo.


Por Saul Leblon  Agência Carta maior