segunda-feira, 19 de março de 2012

Estudo identifica 10 "megaforças" sustentáveis que afetarão o crescimento das empresas

Uma nova pesquisa da KPMG International identificou 10 "megaforças" que afetarão, de maneira significativa, o crescimento das empresas de modo global nas próximas duas décadas.

O estudo "Espere o inesperado: construindo valor para os negócios em um mundo em mudança" ("Expect the unexpected: building business value in a changing world") explora questões como as mudanças climáticas, volatilidades relacionadas ao suprimento de energia e combustíveis, disponibilidade e custo da água e de outros recursos, assim como problemas relacionados ao crescimento demográfico dos centros urbanos.

A análise examina como estas forças globais podem ter impacto sobre os negócios e indústrias, calcula os custos ambientais dos negócios e convoca empresas e formuladores de políticas a conjugar esforços para mitigar futuros riscos para os negócios e tomar atitudes imediatas frente às oportunidades.

De acordo com Michael Andrew, presidente da KPMG International, "estamos vivendo em um mundo com recursos limitados. O rápido crescimento de mercados em desenvolvimento, mudanças climáticas e questões de segurança energética e água estão entre as forças que exercerão enorme pressão sobre os negócios e a sociedade.

Nós sabemos que os governos sozinhos não podem enfrentar esses desafios. As empresas devem assumir um papel de liderança no desenvolvimento de soluções que ajudarão a criar um futuro mais sustentável. Ao alavancar suas capacidades de melhorar os processos, criar eficiências, gerenciar riscos e promover inovação as empresas contribuirão com a sociedade e com o crescimento econômico no longo prazo".

A pesquisa da KPMG considera que os custos ambientais externos (que muitas vezes não são indicados nas demonstrações financeiras, pois seus portadores podem ser indivíduos ou a sociedade como um todo, sendo também geralmente não-monetários e problemáticos para serem quantificados como valores monetários) de 11 setores-chave da indústria subiram 50%, de US$ 566 bilhões para US$ 846 bilhões em oito anos (de 2002 a 2010), duplicando assim em média a cada 14 anos.

O relatório calculou que, se as companhias tivessem que pagar por todo o custo ambiental de sua produção, elas perderiam em média US$ 0,41 a cada US$ 1,00 em ganhos. Yvo de Boer, assessor especial da KPMG Global para assuntos de Mudanças Climáticas e Sustentabilidade, afirma que as "megaforças" de sustentabilidade global aumentarão, de maneira significativa, a complexidade do ambiente de negócios.

"Sem ação e planejamento estratégicos, os riscos se multiplicarão e serão perdidas oportunidades. As corporações estão reconhecendo que há valor e oportunidade na responsabilidade que vai além dos resultados do próximo trimestre, e que o que é bom para as pessoas e para o planeta também pode ser bom para os resultados no longo prazo e para a geração de valor aos acionistas", avalia Yvo de Boer.

No Brasil, que tem a responsabilidade de organizar a Conferência Rio+20 em junho e é hoje referência mundial em ações de sustentabilidade, o avanço das exigências sobre a atuação responsável e sustentável das empresas tem evoluído significativamente, o que exige grande atenção do mundo corporativo. "O cumprimento dos compromissos assumidos internacionalmente pelo Brasil em relação à construção de condições adequadas para reduzir impactos sobre o meio ambiente certamente terá de contar com a participação ativa e decisiva das empresas brasileiras, e esse será o grande desafio imposto ao mundo corporativo nos próximos anos, que exigirá cada vez mais eficiência na gestão de custos e de processos", explica Sidney Ito, sócio-lider da área de Riscos e de Sustentabilidade da KPMG no Brasil.

John B. Veihmeyer, head da KPMG nas Américas e presidente e CEO da KPMG LLP, dos Estados Unidos, avalia que firma global assumiu um papel de liderança no auxílio às organizações em compreender a oportunidade da equação que envolve a sustentabilidade, e não apenas o risco. "Os clientes da KPMG e outros estão vendo a conexão entre sustentabilidade e resultados financeiros se tornar cada vez mais clara. As companhias que reconhecem as influências externas em suas organizações e as aproveitam como oportunidades estão percebendo uma vantagem competitiva", diz o executivo.

O estudo foi divulgado na abertura do evento KPMG Summit: Business Perspective for Sustainable Growth – Preparing for Rio+20 (Encontro de cúpula da KPMG: Perspectiva de negócios com crescimento sustentável: Preparando-se para a Rio+20), que ocorreu de 14 a 16 de fevereiro, em Nova York (EUA). O evento atraiu mais de 400 líderes empresariais das maiores corporações do mundo, assim como alguns dos principais formuladores de políticas ambientais e foi organizado pela KPMG International em cooperação com o Pacto Global das Nações Unidas (UNGC), o Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (WBCSD) e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP).

Mudanças climáticas
Esta deve ser a única "megaforça" global que impacta diretamente sobre as outras. As estimativas de perdas anuais devido às mudanças climáticas variam de 1% ao ano, se ações fortes e imediatas forem tomadas, até 5% ao ano, se os formuladores de políticas não agirem rapidamente.

Energia e combustíveis
Os mercados de combustíveis fósseis tendem a se tornar mais voláteis e imprevisíveis devido: à maior demanda global por energia; a mudanças no padrão geográfico de consumo; às incertezas de fornecimento e consumo; e ao aumento de intervenções regulatórias relacionadas às mudanças climáticas.

Escassez de recursos materiais
Como os países em desenvolvimento se industrializam rapidamente, a demanda global por recursos materiais deve aumentar drasticamente. Os negócios devem enfrentar restrições comerciais crescentes e intensa competição global por uma ampla gama de recursos que se tornam menos disponíveis. A escassez também cria oportunidades para que sejam desenvolvidos materiais substitutos ou para que se recupere materiais a partir de resíduos.

Escassez de água
A previsão é de que, em 2030, a demanda global por água fresca excederá as provisões em 40%. As empresas estarão vulneráveis ao racionamento de água, à queda da qualidade da água, à volatilidade dos preços da água e a riscos de reputação.

Crescimento populacional
A população mundial deve alcançar 8,4 bilhões em 2032. Isto deixará os ecossistemas e o fornecimento de recursos naturais, como comida, água, energia e materiais, sob pressão intensa. Se, por um lado, isto é uma ameaça aos negócios, também há oportunidades de crescimento do comércio, de geração de empregos e de criação de inovações para atender às necessidades de agricultura, saneamento, educação, tecnologia, finanças e saúde das populações crescentes.

Riqueza
Estima-se que a classe média global (definida pela OCDE como indivíduos com rendimento disponível entre US$ 10 e US$ 100 per capita ao dia) cresça 172% entre 2010 e 2030. O desafio para as empresas é atender a este novo mercado de classe média em uma época em que os recursos tendem a ser mais escassos e voláteis. As vantagens da "mão de obra barata", que muitas companhias experimentaram nas nações em desenvolvimento nas últimas duas décadas, tendem a ser corroídas pelo crescimento e o poder da classe média global.

Urbanização
Em 2009, pela primeira vez, um maior número de pessoas vivia em cidades do que no campo. Até 2030, todas as regiões em desenvolvimento, incluindo a Ásia e a África, devem ter a maioria de seus habitantes vivendo em áreas urbanas. Praticamente todo o crescimento populacional, nos próximos 30 anos, será nas cidades. Estas cidades exigirão melhorias extensas na infraestrutura, incluindo construção, fornecimento de água e saneamento, eletricidade, gestão de resíduos, transporte, saúde, segurança pública e conectividade de internet e telefonia.

Segurança alimentar
Nas próximas duas décadas, o sistema global de produção de alimentos estará sob crescente pressão das "megaforças", incluindo o crescimento populacional, escassez de água e desmatamento. Os preços globais de alimentos devem aumentar de 70% a 90% até 2030. Em regiões com escassez de água, os produtores agrícolas provavelmente terão que competir por provisões com outras indústrias que exigem muita água, como utilidades elétricas e mineração, e com consumidores. Será necessária uma intervenção para reverter o crescimento da escassez localizada de alimentos (o número de pessoas cronicamente subnutridas subiu de 842 milhões, no final dos anos 1990, para mais de 1 bilhão, em 2009).

Declínio do ecossistema
Historicamente, o principal risco para os negócios no declínio dos serviços de biodiversidade e ecossistema tem sido a reputação das corporações. No entanto, como ecossistemas globais mostram crescentes sinais de colapso e estresse, um número maior de companhias está percebendo o quanto suas operações dependem dos serviços críticos que estes ecossistemas fornecem. O declínio dos ecossistemas está tornando os recursos naturais mais escassos, mais caros e menos diversificados, aumentando os custos da água e intensificando o dano causado por espécies invasivas em setores como agricultura, pesca, alimentação e bebidas, medicamentos e turismo.

Desmatamento
Florestas são grandes negócios: produtos de madeira movimentaram US$ 100 bilhões por ano entre 2003 e 2007, e o valor de outros produtos derivados das florestas, em sua maioria alimentos, foi estimado em US$ 18,5 bilhões em 2005. No entanto, a OCDE prevê que as áreas florestais irão diminuir 13% globalmente, entre 2005 e 2030, principalmente no sul da Ásia e da África. A indústria madeireira e as indústrias de derivados, como papel e celulose, estão vulneráveis a uma potencial regulamentação para reduzir ou reverter o desmatamento. As companhias também podem vir a perceber que estão sob crescente pressão de clientes para provar que seus produtos são sustentáveis pelo uso de padrões de certificação. Oportunidades de negócios devem surgir a partir do desenvolvimento de mecanismos de mercado e incentivos econômicos para reduzir o desmatamento.

Fonte: Por Redação, www.administradores.com.br