quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Bondades surtem efeito - Joelmir Beting


A desoneração da folha de pagamentos, com mais de meio ano de vigência, já dá resultados positivos em alguns dos setores beneficiados com a medida de estímulo do governo. Nos setores têxtil, de vestuário e de calçados, julho fechou com dados que indicam alguma recuperação: emprego e produção acima da média da indústria de transformação.

Não foi só a baixa de custo, trazida por essa desoneração (troca de GPS de 20% sobre folha pelo recolhimento por 1,5% sobre a receita), a favorecer esse começo de retomada: além da redução continuada das taxas de juros, a variação cambial favorece as condições de exportação, mesmo se o mercado internacional continua na retranca. A expectativa é de um segundo semestre melhor e não apenas pela característica sazonal. 

O jornal Valor Econômico desta segunda, 10, traz reportagem de Marta Watanabe, Rodrigo Pedroso e Marina Falcão em que esses avanços são quantificados. Em julho, por exemplo, melhorou o nível de emprego sobre o mesmo mês de 2011, resultando em aumento de 2,1% desde janeiro no setor de confecção. No de calçados, a contratação subiu 16% em julho, melhorando o resultado do ano que ainda acumula retração de 1,7% - bem menos que a média da indústria de transformação, que criou 43,4% menos empregos no período. 

Mais emprego, melhora na produção: as confecções e fabricantes de acessórios fecharam junho com produção 14,1% menor que a de um ano antes; em julho, esse índice caiu a 6,4%, na mesma base de comparação. No setor de calçados, a queda se reduziu de 6,7% para 0,7%. Na indústria de transformação toda, a melhora foi menor, redução de 5,9% para 3% entre junho e julho. 

Mas no acumulado do ano, ainda há queda, na comparação com o ano anterior, de 12% nas confecções e de 4,4% nas indústrias calçadistas. 

Segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil, a maturação das medidas para redução do custo do trabalho e dos juros vai promover um segundo semestre mais confortável para as empresas, ainda sob forte pressão de concorrentes internacionais, principalmente chineses. E para enfrentar a China, é preciso baixar drasticamente o custo de produção no Brasil, o que só será possível a partir de reformas tributária, trabalhista, melhoria da infraestrutura e barateamento de transporte e energia, diz a Abit. Menos mal que, na véspera do feriado do dia 7, a presidente Dilma Rousseff anunciou redução de 28% nas tarifas de energia para a indústria e de 16% para os consumidores, a partir do ano que vem. 

Segundo a Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior, caiu 2,9% o preço médio para exportação de vestuário e acessórios, na comparação julho/julho. Na média, foi de 4,2% essa baixa em calçados e artefatos de couro de exportação, permitindo aumento de 1,7% no volume embarcado em julho. A queda continua alta (9,3%) na comparação dos acumulados de janeiro a julho deste ano e do anterior.

Saldo melhora
Informa o Ministério do Desenvolvimento que, na primeira semana de setembro, o saldo comercial foi positivo em US$ 1,020 bi, resultado de US$ 4,440 bi e de importações de US$ US$ 3,410 bi. No ano, o saldo acumulado é de US$ 14,190 bi, inferior em 31,7% ao do mesmo período de 2011 (US$ 20,300 bi). As exportações somam US$ 165,040 bi e as importações, U$S 150,840 bi, de 2 de janeiro a 9 de julho. 

No final de julho, o saldo acumulado era 39,1% inferior ao equivalente de 2011. De 2 de janeiro a 31 de agosto, ficou 34,0% abaixo do correspondente anterior. E de 2 de janeiro a 9 de setembro, a retração caiu a 31,7%.