quarta-feira, 13 de março de 2013

Palavras assassinas internalizadas: aprenda a administrar seu pensamento


Texto de  José Augusto 
Um dos aspectos extremamente relevantes da Administração é a chamada administração do pensamento. De acordo com o que observou Tim Gallwey, considerado um dos pais do coaching, e que começou sua carreira como treinador de tênis, todo tenista tem dois adversários: o adversário externo e o adversário interno. E sempre que alguém perde o jogo interno, não importa quão competente possa ser, também acaba perdendo o jogo externo.
Para que possamos compreender melhor como se forma o adversário interno, que todos nós temos por sinal, basta registrar que desde de crianças, para cada frase positiva, costumamos ouvir, pelo menos, dez frases negativas a nosso respeito, a respeito dos outros e do mundo. E estas frases negativas acabam sendo instaladas na nossa mente, como se fossem vírus num computador.
São as chamadas "palavras assassinas internalizadas", e se constituem em programas, ordens e comandos para o nosso cérebro, que passa a funcionar de acordo com elas. E isto faz com que seja muito mais difícil tratar com as dificuldades, adversidades, desafios e oportunidades que encontramos, pois acabam influenciado expressivamente os nossos pensamentos, emoções e ações e, consequentemente, os resultados que conseguimos na vida.
Tudo começa pelo pensamento, ou como já dizia Buda, há mais de dois mil anos: "tudo o que somos é resultado do que pensamos". Portanto, se você quiser administrar sua vida, comece pela administração dos seus pensamentos. O fato é que os nossos pensamentos influenciam não somente os resultados que obtemos, mas também nossos batimentos cardíacos, pressão arterial, neurotransmissores e hormônios que são ativados e, como decorrência, o nosso sistema imunológico e saúde. Ou como já dizia um ditado popular: "quando a cabeça não pensa, o corpo padece".
Assim sendo, a questão das palavras assassinas é de importância fundamental, e devemos ter consciência não só de suas consequências, mas também de como as internalizamos e de como tratar com elas.
Para começar, nada melhor do que apreender por contraste, ou seja, com o que os estímulos positivos podem fazer por uma pessoa. E o exemplo de Jack Welch, considerado o executivo do século XX, pode ser muito elucidativo. Quando criança, Welch era gago e sua mãe, ao invés de dizer coisas negativas a respeito de sua gagueira, ou deixá-lo ansioso, resignificou e disse que a gagueira era sinal de que ele era muito inteligente, pensava muito rápido e as palavras não podiam acompanhar o seu pensamento. Ou seja, ele não era gago, mas um pessoa muito inteligente, que pensava rápido. E este, e muitos outros estímulos e lições que recebeu de sua mãe, foram extremamente importantes na sua vida e carreira profissional, pois lhe deram grande confiaça, autoestima e paixão por vencer. É por isto que Welch relata que a morte de sua mãe foi uma das dores mais profundas que sentiu em toda sua existência.
Já os estímulos negativos e frases assassinas, podem até gerar depressão e aquilo que é conhecido como desamparo adquirido, ou seja, a mais completa falta de esperança, e ainda o chamado temor antecipatório, isto é, medo do futuro.
Vejamos alguns exemplos de frases assassinas que foram ditas ao longo da história:
·         Em 1878, a Western Union rejeitou os direitos sobre a patente do telefone com a seguinte declaração: "Que uso a empresa poderia fazer desse brinquedo elétrico?"
·         Em 1899, Charles H. Duell, comissário do U.S. Office of Patents, num relatório para o presidente McKinley – argumentando que o Patents Office deveria ser abolido: "Tudo o que podia ser inventado já foi inventado."
·         "Quem, diabos, quer ouvir atores falando!", foi o que disse Harry Warner, presidente da Warner Brothers (1927).
·         Em 1945, Vannevar Bush, um assessor presidencial, avisou: "A bomba atômica nunca vai explodir, e estou falando com um expert em explosivos".
·         "Os grupos com guitarras estão acabando". Decca Records, ao dispensar os Beatles (1962).
·         "Não existe razão para que qualquer indivíduo tenha um computador em casa". Fabricante de computadores (1977).

E isto é apenas uma pequena mostra de frases, cuja principal característica é a de condenar antes de compreender, ou seja, o julgamento precipitado. Mas não precisamos ir muito longe, pois todo dia, continuamos ouvindo muitas frases assassinas, tais como:
·         Desculpe, mas isso é uma droga
·         O último que apareceu com essa ideia não está mais aqui
·         Não se mexe em time que está ganhando
·         A gente nunca fez nada igual a isso
·         Não vai vender
·         Isto não é nenhuma novidade e só vai criar problemas

E com certeza, você pode acrescentar inúmeros outros exemplos. E como tratar esta questão extremamente relevante, que em última instância importa na administração dos nossos próprios pensamentos? Algumas coisas, entre elas as seguintes:
O que pessoas que foram grandes criadores e inventores fizeram para conviver e superar
Akio Morita, por exemplo, que foi o criador e presidente da Sony, depois de ter idealizado o "walkman", constatou que os técnicos da empresa não mostraram nenhum entusiasmo pela ideia e não queriam implementá-la, apelando para as desculpas números 4 e 5. Morita não gostou da dúvida e resolveu implementar a ideia assim mesmo, dizendo: "desisto da presidência se não vendermos 100 mil aparelhos até o final do ano". E o "walkman" acabou se tornando um grande sucesso mundial.
Ter consciência da existência das frases assassinas internalizadas
Assim, é útil recorrer a John Whitmore, um famoso coach: "Eu só posso controlar aquilo de que tenho consciência. Aquilo de que não tenho consciência me controla. A consciêcia me fortalece". Portanto, devemos ter consciência não só das frases assassinas que nos são ditas, mas também de como funiconam na nossa mente e de suas consequências.
Saber como tratar com o jogo interno
E para abordar com a questão, nada melhor do que a história de um velho índio, que ao descrever seus conflitos internos disse:
"Dentro de mim existem dois cachorros, um deles é cruel e mau. O outro é muito bom e dócil e eles estão sempre brigando". Quando então lhe perguntaram qual dos cachorros ganharia a briga, o sábio índio parou, refletiu e respondeu: "Aquele que eu alimentar".
Ou seja, nós temos diálogos internos que nos ajudam e nos levam para o sucesso, mas também aqueles que levam para a derrota e para o fracasso, e são os denominados sabotadores internos. Portanto, é essencial saber o que focar e não alimentar os diálogos internos negativos. Mas isto não significa negar a realidade. Assim, se houver formigas no seu jardim, de nada adianta ficar repetindo frases do tipo "pensamento positivo", tais como: "meu jardim é lindo, meu jardim é lindo", pois o máximo que você vai obter será um lindo formigueiro.
Saber entrar em estados mentais e emocionais ricos de recursos
Existem algumas técnicas, mas uma delas é conhecida por resignificação. É o exemplo da história de três operários que estavam fazendo uma mesma obra e quando lhes perguntaram o que estava fazendo, responderam respectivamente: estou assentando pedras; estou fazendo uma escada; estou construindo uma catedral. Assim sendo encontrar significados positivos para as coisas da vida é fundamental e, acima de tudo, funciona. E foi o que a mãe de Jack Welch fez. Ele não era gago, mas uma pessoa muito inteligente e que pensava muito rápido.
A prática da meditação pode ajudar
Eu particularmente, aprecio a "atenção plena", conforme a proposta do médico americano Jon Kabat-Zinn, professor da Universidade de Massachusetts.
A oração da sabedoria
"Dai-me força, coragem e competência para mudar o que pode ser mudado. Paciência para aceitar o que não pode ser mudado. E sabedoria para distinguir uma coisa da outra".
Assim sendo, sabedoria, lucidez e discernimento são fundamentais. Sem elas, o resto é o resto. Afinal, e em última instância, tudo o que somos na vida são consequências de nossas decisões e escolhas. Mas é sempre bom ter presente que a verdadeira decisão importa em ação e é ai que também entram as palavras assassinas que fazem as pessoas procrastinarem. Portanto, é preciso sair do círculo vicioso para entrar no círculo virtuoso e isto só se faz com a administração dos próprios pensamentos.
Texto de  José Augusto  - Fonte:www.administradores.com.br

segunda-feira, 11 de março de 2013

Assange e Yoani: Dois Pesos e Duas Medidas da Imprensa Alienígena


Por Davis Sena Filho
Empresários e seus asseclas se calam sobre o WikiLeaks, porque não convêm a eles defender a liberdade de imprensa que tanto clamam quando se trata de defender seus interesses econômicos e políticos
Até o momento a imprensa comercial e privada, seja por intermédio de seus editoriais ou por meio de seus chefes de redação, colunistas ou blogueiros, que chamam ridiculamente seus patrões de colegas ou coleguinhas, não gritou, não esperneou, não xingou e não se estrebuchou por causa da perseguição do governo estadunidense ao fundador do sítio Wikileaks, Julian Assange, bem como não protestou contra a censura ao seu portal.
Nada que me comovesse ou me surpreendesse. Esperar discernimento e isenção de jornalistas que consideram seus patrões como colegas é a mesma coisa que esperar uma boa ação do capeta ou de jornais e revistas, a exemplo da "Folha", do "Estadão", do "Zero Hora", de "O Globo", de "Época" e da Última Flor do Fáscio — a ardilosa e inconsequente"Veja".
Enquanto isso, a blogueira cubana, Yoani Sánchez, é recebida pela mídia de direita brasileira como se fosse a salvação da lavoura quando se trata de criticar Cuba e o regime socialista. São dois pesos e duas medidas. Enquanto Yoani realiza se périplo pelo mundo a atacar seu próprio país, o australiano Assange perdeu sua liberdade e o direito de falar por ser ameaçado pelos governos da Inglaterra e dos EUA, países esses que se consideram os defensores da democracia e da liberdade de imprensa e de expressão.
Yoani deitou falação e mostrou para o que veio: atacar o governo cubano e defender o establishment, o qual ela serve, representa e por ele é financiada, sem, contudo, demonstrar qualquer constrangimento. Foi recebida com palmas pelos representantes da direita partidária brasileira ao tempo que ovacionada pelos editores, colunistas, blogueiros e comentaristas da imprensa conservadora e de negócios privados, que abriram-lhe as páginas de suas publicações, bem como franquearam sua imagem aos espaços televisivos.
A blogueira cubana é acusada de ser financiada pelo governo dos Estados Unidos para fazer propaganda contra Cuba. Grandes jornais e revistas também a financiam, e sua viagem, que começou no Brasil, vai durar 80 dias, sendo que dez países vão ser visitados. Todavia, o que chama atenção de seus críticos é o blog de Yoani Sánchez. O blog da cubana é diferenciado em relação à maioria dos blogs, mesmo os grandes.
No espaço, pode-se ler textos em 21 idiomas, inclusive o espanhol. Para se ter uma ideia melhor de tal blog, nem o sítio da ONU oferece tantas traduções aos leitores. Além do mais, o baronato encastelado na conservadoríssima Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), proprietário de organizações de comunicação e de jornais premiaram o blog de Yoani Sánchez, o que lhe rendeu prêmios em forma de dinheiro. Por seu turno, o Wikileaks, de Julian Assange, aquele que está asilado em Londres e se sair pode ser preso ou morto e ninguém faz nada, publicou documentos revelando encontros e relações entre a blogueira e o governo yankee. Yoani é acusada também de se envolver com a CIA.
Esses fatos e realidades são inacreditáveis ao tempo que verossímeis. E ninguém, mas ninguém mesmo da imprensa de mercado não comenta sobre as diferenças de tratamento a Yoani Sánchez e Julian Assange, tanto por parte de governos quanto pelo sistema midiático hegemônico. O Wikileaks divulgou os bastidores sujos e levianos da diplomacia (do porrete) estadunidense e por isso foi censurado e seu criador preso e depois asilado. Ninguém da imprensa alienígena contestou e protestou. A imprensa historicamente golpista se calou e apenas informa sobre os acontecimentos, mas não protesta, não critica e não faz editorial em prol de Julian Assange, que perdeu a liberdade, pois asilado na Embaixada do Equador em Londres. Enquanto o tratamento dado à Yoani Sánchez...
A oligarquia midiática não protesta sobre essa perseguição ao australiano como protesta e se estrebucha quando o governo brasileiro diz que quer discutir a comunicação e a informação, quando quer regulamentar o setor (nossas leis são de 1962, por isto estão defasadas) e quando fala em criar o Conselho Federal de Jornalismo, órgão que, para mim, deveria existir há muito tempo, como acontece em outras categorias profissionais e empresariais e segmentos da economia, que têm seus conselhos, e, o mais importante, seus marcos regulatórios.
Não. Neca de pitibiribas. Nada de protesto. Somente se sentem indignados e se comportam dessa forma quando o Governo chama a sociedade brasileira, de forma democrática, para discutir sobre os rumos do setor de comunicação, além de procurar debater sobre a liberdade de expressão, a liberdade de imprensa, a liberdade de imprimir e as concessões públicas, dentre outras questões, que foram discutidas, de forma séria, nas plenárias da 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), realizada no fim de 2009, em Brasília.
A Confecom ouviu a sociedade, elaborou documento que vai ser analisado pelo Congresso, que um dia vai ter de dar uma solução para a questão das mídias. Mas existe um problema: os megaempresários de comunicação, os "donos" das diferentes mídias, dos oligopólios midiáticos, boicotaram a Confecom e boicotam e combatem qualquer ação que vise regulamentar o setor, por intermédio de marco regulatório que seja aprovado pelo Congresso, que é o poder onde a sociedade brasileira é representada, porque ela votou e institucionalizou seus representantes, que são reconhecidos pela Constituição.
Esta é a questão, o resto é dissimulação e mentira da imprensa burguesa, empresarial e privada, a mais atrasada do mundo, onde atuam os empresários mais conservadores deste País, realidade esta comprovada nas últimas eleições, quando suas empresas (muitas delas são concessões públicas) agiram ilegalmente como partidos políticos de direita e que apoiaram, evidentemente, o candidato tucano José Serra.
Agora os empresários e seus asseclas de redação se calam sobre o Wikileaks, porque não convêm a eles defender a liberdade de imprensa e de expressão que esses empresários tanto clamam quando se trata de defender seus interesses econômicos e políticos. Eles se calaram porque são porta-vozes do sistema capitalista, dos governos estadunidenses, dos bancos, das entidades empresarias industriais e rurais e de agências de segurança, investigação e espionagem como a CIA, por exemplo.
Por isso eles se calaram, como o fizeram na ditadura militar. A Folha, então, era "sócia"do DOI/CODI. E a TV Globo foi irmã siamesa de todos cinco governos dos generais presidentes. É filha autêntica dessa era. Lamentável, mas ter de aturar a imprensa brasileira é dose para mamute ou, quiçá, mastodonte. Somente no Brasil, País importante e poderoso, ainda existe uma imprensa privada que quer eternizar sua condição de senhora feudal ou de governadora de capitania hereditária.
Obviamente, com o contínuo fortalecimento do estado democrático de direito no Brasil, um dia essa realidade vai ter fim. Bem, vamos esperar para ver como esse processo vai acabar e como a imprensa burguesa vai se comportar doravante, apesar deu eu saber que sua posição vai ser a de sempre compor com os grupos conservadores da sociedade e ter como porta-voz do pensamento reacionário suas próprias empresas de comunicação. Que o digam os casos emblemáticos de Julian Assange e Yoani Sánchez. Dois pesos e duas medidas. É isso aí.
texto de DAVIS SENA FILHO Fonte: brasil247.

domingo, 10 de março de 2013

Três concepções de Igreja estarão em confronto na eleição do novo Papa

Texto de Dermi Azevedo
Como ocorre em qualquer instituição, a disputa pelo poder e pela hegemonia também surge como evidência no complexo sucessório do Vaticano. Na base da campanha eleitoral para a escolha do novo Papa, podem ser observadas duas realidades.


A primeira é a retomada do Concílio Vaticano II como referência central para a Igreja Romana. A segunda, o embate teológico (mais propriamente ideológico) entre três modelos eclesiais básicos. Entre essas duas realidades, confrontam-se, coexistem ou convivem os pólos de poder no Catolicismo Romano.


Três modelos
Na complexidade do universo eclesiástico, verificam-se, mais uma vez, contradições entre o modelo de Igreja-Cristandade, o modelo eclesial denominado como Igreja Sociedade-Perfeita, e o modelo de Igreja Povo de Deus. 


O primeiro modelo prevaleceu durante todo o período colonialista. A Igreja e o Estado confundiam-se diante da sociedade, e o discurso eclesiástico servia apenas para legitimar o massacre dos indígenas, dos povos negros e de todos os demais segmentos sociais que lutassem pela liberdade.
 


A grande exceção na América Latina deveu-se a Bartolomé de las Casas, um missionário e bispo espanhol que se rebelou contra as atitudes do poder colonial, em nome da proclamação da dignidade humana. Hoje, objetivamente, esse modelo de Igreja encontra-se superado.
 

O segundo modelo, o da Igreja como sociedade perfeita, prevalece, porém, subjacente na visão e na atuação de muitos eclesiásticos. Sua concepção de Igreja parte sempre das elites sociais e econômicas. Estado e Igreja estão definitivamente separados, mas continuam de mãos dadas, cooperativos e adversários de qualquer alteração no status quo vigente na sociedade.

Já o terceiro modelo – o de Igreja Povo de Deus – contradiz os dois anteriores. Parte da realidade de exclusão da maioria ao acesso aos bens sociais necessários para uma vida digna. Traz para a Igreja o desafio daqueles homens e mulheres que Frantz Fanon chamava de “condenados da Terra”. Retoma o significado bíblico, teológico e político da expressão ‘Povo de Deus’, oriundo da religião hebraica.
 


De acordo com esse modelo, o poder, o comando, a hierarquia absolutista e outras expressões semelhantes só têm sentido se partirem de uma visão holística da comunidade. Nessa visão, o principal desafio para a Igreja é o de favorecer o trabalho comunitário e legitimar todas as iniciativas voltadas para o diálogo e para a democracia, dentro e fora da Igreja.

Esse modelo foi assumido e confirmado pelo Concílio Vaticano II (1959/1965), sob a liderança dos papas João XXIII e Paulo VI. O modelo perdeu a hegemonia na Igreja Romana, mas continua a ser a referência essencial, por exemplo, da Teologia da Libertação.
 

‘Divisor de águas’
Assim como as Diretas-Já representam um marco essencial na história recente do Brasil, na reconquista da democracia, o principal acontecimento-referência na Igreja Católica Romana continua a ser o Concilio Vaticano II. 


Até hoje, os setores mais conservadores do Catolicismo não conseguiram eliminar as decisões centrais daquele grande balanço eclesial, também simbolizado pelo papa João XXIII.
 

Há hoje a prática da centralização das decisões, a perseguição a teólogos considerados rebeldes e a retomada do passado pré-conciliar como referência para a Igreja, em pleno século XXI. Palavras-chaves do Concílio, tais como o ‘aggiornamento eclesial’ (abertura para o mundo e atualização) e a colegialidade (princípio que promove, na Igreja, a democracia participativa e a responsabilidade compartilhada), passaram a ser menos citadas e utilizadas nos discursos dos Papas, a partir de João Paulo II.
 


Isto apesar de o papa polonês ter identificado, em um de seus discursos, o Concílio Vaticano II como “uma bússola para os dias de hoje”.


Com a participação de 2400 bispos, o Concílio teve quatro sessões, entre 1962 e 1965. Fora convocado três anos antes por João XXIII. Até à sua realização, predominava na Igreja, apesar da distância em séculos, a visão eclesial constantiniana. Os catecismos do pré-Vaticano II descreviam a Igreja como “a sociedade dos cristãos, governada pelo Papa e pelos bispos, unidos ao Papa”.


Mudanças
A abertura para o mundo e a reforma eclesial interna foram o eixo do debate conciliar. Com essa base, os bispos aprovaram reformas nos ritos litúrgicos, com a permissão de que, por exemplo, as missas passassem a ser celebradas não mais em latim, mas nos idiomas locais. O trabalho colegiado do episcopado recebeu grande destaque: passou a ser uma prioridade a criação das conferências nacionais dos bispos.
 


A CNBB, criada já nos anos 50, serviu de modelo para as suas congêneres no mundo inteiro. A missão dos leigos foi bastante valorizada e o ecumenismo, assim como o diálogo inter-religioso, tornaram-se prioritários. Durante o Concílio, o Papa, como bispo de Roma e o Patriarca Ortodoxo, revogaram a excomunhão mútua que haviam atribuído um ao outro, quando da Igreja do Oriente.

Texto de Dermi Azevedo – Fonte: agencia carta maior  - http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=21719

sábado, 9 de março de 2013

5 dicas para identificar os enroladores da sua equipe


Vamos lá leitor, em tempos de estremada competitividade, nada é mais prejudicial para um negócio do que uma equipe desconectada com objetivos, metas e padrões de eficiência.
Contudo, sabemos que em meio a um grupo de colaboradores encontram-se distintos perfis profissionais, cada um destes portando a sua respectiva dose de comprometimento e valor agregado a oferecer. Sabemos também que a perfeição não existe, mas também é verdade que sempre há algo a se fazer para potencializar o desempenho, e muitas vezes isso passa por uma boa observação.
Desta vez, destacamos para você algo que não passará despercebido diante de uma boa percepção, e que uma vez identificado e devidamente eliminado, trará consideráveis benefícios aos resultados do seu negócio. Trata-se da caçada ao colaborador enrolador.
Eles são terríveis, camuflam-se atrás de posturas performáticas e frases de efeito. Destroem o senso da competição saudável, desagregam equipes e furam cronogramas.
Sendo assim, destacamos abaixo algumas dicas que vão ajudá-lo a identificar esta espécie que está longe da extinção:
1. Fique atento para demonstrações exageradas de serviço. Todo enrolador usa este disfarce para mascarar a própria inação;
2. Fique de olho para aqueles que nas reuniões emitem comentários e indagações necessariamente retóricas. Esse método objetiva transmitir uma atitude de participação e comprometimento, mas na realidade geralmente esconde apenas uma participação teatral;
3. Desconfie de colaboradores que estão sempre tentando lhe agradar. Diante daqueles que além de tentar lhe agradar a todo tempo, ainda são incapazes de discordar dos seus posicionamentos e opiniões, bem, desconfie duas vezes.
4. Observe os comentários do grupo. Enroladores em geral são eficientes na sua capacidade de persuasão, mas não se pode enganar a todos o tempo todo.
5. Atente para a capacidade de foco dos membros da sua equipe. Enroladores enfrentam enorme capacidade de concentração.
É possível que o leitor esteja se perguntando sobre qual seria a recomendação para lidar com o representante identificado da espécie. Demita-o. Simples assim. O seu negócio e a sua equipe vão lhe agradecer.
Texto de Lucas Hoogerbrugge -  http://www.saiadolugar.com.br/ - Por: Gustavo Chierighini, fundador da Plataforma Brasil Editorial.

quarta-feira, 6 de março de 2013

Petróleo e provincianismo

O debate sobre os royalties do petróleo ultrapassou qualquer plano racional para se tornar um conflito artificialmente radicalizado
O Congresso volta a debater o veto sobre petróleo. É uma discussão que os brasileiros nunca enfrentaram em tempos recentes – pelo menos, desde que o País passou a se definir como uma república federativa, na qual os interesses da Federação se sobrepõem às disputas locais.
Claro que uma nação é formada pela combinação de interesses particulares e interesses gerais. Mas cada uma resolveu, em sua história, a forma de processar o local e o nacional. A França é um país tão centralizado que nem possui estados como se conhece no Brasil.
Os Estados Unidos têm uma formação diferente. A guerra civil americana, por exemplo, não se destinava a manter a escravidão no país inteiro – apenas nos Estados Confederados, que pretendiam manter o trabalho cativo no interior de suas fronteiras.
Hoje em dia, muitos Estados norte-americanos admitem a pena de morte, outros têm leis especiais sobre imigração e até formas particulares de contar votos em eleições presidenciais. Não por acaso, o país se chama “Estados Unidos da América.”
O Brasil tem outra forma de organização, que privilegia o sentido nacional. O debate dos royalties do petróleo é curioso por causa disso.
Ninguém decidiu pagar os Estados na fronteira de Foz do Iguaçu pela energia extraída de Itaipu. Nem se considerou necessário que os recursos advindos do minério de ferro de Carajás fossem apropriados exclusivamente pela população local. Imagine se no século XVII apenas os mineiros tivessem direito ao ouro de seu Estado durante a colonização – e assim por diante.
O debate sobre os royalties do petróleo ultrapassou qualquer plano racional para se tornar um conflito artificialmente radicalizado.
Falta base real, pois a imensa maioria de deputados e senadores tem uma posição firmada há tempos.
A disputa já deveria ter sido resolvida assim que o tema chegou ao Congresso, e, se isso não ocorreu, deve-se a fatores extra-parlamentares. 
Ao assumir uma postura de lealdade às suas origens, a TV Globo jogou toda sua audiência para defender os interesses dos Estados produtores. O jogo democrático autoriza todo veículo de comunicação a ter uma postura política clara, favorecendo um ponto de vista em detrimento de outro.
A dificuldade se encontra em boa parte de nossos políticos, que preferem ceder aos meios de comunicação na esperança de receber uma cobertura favorável no futuro.
O outro fator foi o ministro Luiz Fux, que determinou monocraticamente que o Congresso votasse 3.000 vetos antes de discutir os royalties.
Contando com um novo apoio do STF, a bancada fluminense ameaça bater de novos às portas do tribunal para mudar a decisão do Congresso.
É apenas antidemocrático. Num país onde cada homem vale um voto, são os parlamentares eleitos – e mais ninguém – que têm a responsabilidade de resolver esta questão.
Texto de Paulo Moreira Leite – Fonte: www.istoe.com.br

terça-feira, 5 de março de 2013

Uma derrota dos municípios


No último dia 28 de fevereiro o Supremo Tribunal Federal (STF) julgou as ações relativas à constitucionalidade das leis estaduais sobre regiões metropolitanas. A conclusão a que chegou é que cabe ao Estado instituir as regiões metropolitanas, definindo os municípios que dela devem fazer parte.
Tal decisão é compulsória, com isso os municípios definidos por lei complementar estadual obrigatoriamente passarão a fazer parte desse novo ente. Além disso, decidiu que a região metropolitana deve possuir personalidade jurídica, constituindo-se num tipo de autarquia, e, ainda, que deve ser gerida por um colegiado em que metade dos votos é do Estado e a outra metade pertence aos municípios, em uma espécie de gestão compartilhada paritária.
Por fim decidiu que cabe ao Estado, com base nas respectivas dimensões sociais e econômicas, decidir quantos votos deve caber, no colegiado, a cada município.
Na prática, o decidido pelo STF faz com que a instituição de uma região metropolitana transfira as competências municipais para o Estado, que as exercerá por meio do colegiado metropolitano. Com metade dos votos, basta o governador ter o apoio de um dos prefeitos da região metropolitana para impor a sua vontade ao conjunto dos municípios. Como é o próprio Estado quem define quais municípios integram as regiões metropolitanas, fica evidente que essa transferência de competências fica extremamente facilitada.
O efeito da decisão será imediato para o setor do saneamento básico. Atualmente, caso um município estivesse insatisfeito com os serviços prestados pela companhia estadual de saneamento básico, poderia buscar alternativa, pelo que ficava fortalecido para exigir da companhia estadual o cumprimento de metas de investimentos e de melhoria de qualidade.
Com o apoio do Governo Federal, era isso o que estava acontecendo nos últimos dez anos, o que permitiu a um impressionante aumento dos investimentos e da melhora dos serviços.
Com a decisão do STF, o município somente poderá buscar uma alternativa no caso em que haja a concordância do Estado, que possui metade dos votos da região metropolitana.
Concordância que nunca irá obter, porque o Estado jamais irá votar em contrário aos interesses da empresa de saneamento que controla. Confundem-se, assim, os papéis de poder concedente e de concessionário e, ainda, cria-se uma cômoda reserva de mercado.
Importante saber que o regime jurídico das regiões metropolitanas é também o das microrregiões e aglomerações urbanas, institutos também previstos no art. 25, § 3º, da Constituição Federal. Nada impede de que todo o território do Estado seja dividido entre estes institutos, o que, aliás, já ocorre em alguns Estados, como o de Santa Catarina.
Para exemplificar o alcance da decisão, basta que o Estado divida o seu território em regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões e defina, por exemplo, que é necessária a integração da educação e dos critérios de quem pode ser diretor de escola, fixando a competência de nomear estes cargos aos colegiados. É o que basta para que o governador nomeie todos os diretores de escola, sejam estaduais, sejam municipais.
Evidente que, nos termos do que decidiu o STF, o município passa a ser um órgão cujas competências próprias são as que o governador entender que devam continuar com eles, sendo as outras “compartilhadas”, eufemismo para estadualizar.
Tal compreensão autoritária de regiões metropolitanas se originou no regime militar, dada a sua vocação centralista. Tratava-se de uma distorção da tese de regiões metropolitanas como “autarquias intermunicipais”, defendidas por diversas lideranças no final dos anos 50 e início dos anos 60, com destaque para a tese que o Professor Hely Lopes Meirelles apresentou no Congresso Nacional de Municípios, em 1959.
No STF havia a posição que defendia a região metropolitana como “autarquia intermunicipal”, na qual as competências seriam compartilhadas entre os municípios, sendo o Estado apenas o instituidor, nos termos do que literalmente prevê o art. 25, § 3º, da Constituição Federal. Era essa a posição do Ministro Nelson Jobim, em voto de mais de noventa páginas, bem como a do Ministro Eros Grau, que se dedicou a estudar com profundidade o instituto da região metropolitana em sua carreira universitária.
Mas, com a dinâmica dos julgamentos do STF, estes Ministros, apesar de terem votado, não estavam presentes para defender suas posições, porque aposentados. Com isso, prevaleceu o entendimento de que os municípios são incapazes de exercer suas competências, e, por isso, era forçoso “compartilhá-las” com os Estados.
Sem dúvida o julgamento do STF foi uma derrota dos municípios. Mais que isso, foi uma derrota da democracia, porque, como sempre lembrava o governador Franco Montoro, sem município forte não há democracia. E é com tristeza que vemos que o espírito autoritário do regime militar, décadas depois, conseguiu infligir uma derrotar ao projeto democratizante da Constituição de 1988.
Texto de  Wladimir António Ribeiro – Fonte: Dan Moche Schneider/ blog do Nassif em 05/03013

sábado, 2 de março de 2013

Empresas com funcionários felizes são mais lucrativas, garante investidor


Uma matéria publicada na Fast Company, escrita pelo jornalista Mark Crowley, chamou atenção para uma constatação que pode interessar às empresas brasileiras: organizações gentis com seus funcionários apresentam um crescimento melhor que as outras.

Enquanto muitas pessoas ainda não aceitam que seja uma boa ideia permitir que os funcionários, por exemplo, joguem videogame no horário de trabalho e acreditem que manter as pessoas sob constante pressão é o caminho para a produtividade, o investidor Jerome Dodson resolveu apostar em empresas que valorizam a felicidade dos seus funcionários.

Em 2005, Dodson, criador da Parnassus Mutual Funds, dos EUA, resolveu criar um fundo que investe apenas em empresas que tenham ambientes de trabalho acolhedores. “A ideia de criar esse fundo surgiu a partir de um jornalista chamado Milton Moskowitz”, lembra Dodson. Em 1998, Moskowitz supervisionou a produção da primeira lista das “Melhores empresas para se trabalhar” (publicada anualmente). O jornalista lhe contou sobre a experiência bem sucedida de um fundo de investimentos que resolveu apostar nas empresas que apareceram no ranking e foi bem sucedida. Após certa resistência, Dodson aceitou a ideia e sua companhia investiu 600 mil dólares nessas companhias.

Tratar bem as pessoas funciona
Segundo o texto, Dodson continou investindo em empresas que construíram uma reputação de tratar bem seus funcionários. Elas deviam acompanhar o crescimento da equipe desde o treinamento ao desenvolvimento pessoal. “Firmas que cuidam de seus funcionários como pessoas e não como mão-de-obra”, afirma Dodson.

Outro critério importante na seleção das empresas foi a maneira com que elas fazem a divisão dos lucros: seguro de saúde, aposentadoria e o apoio dado às mães. A Parnassus provou obter lucro apostando nessas empresas. “Oito anos de depois, o desempenho do fundo confirma tudo em que acredito: tratar as pessoas bem e respeitá-las melhora a performance delas no trabalho, nós comprovamos”, ressalta Dodson.

Durante os últimos cinco anos de recessão, o retorno da Parnassus foi de 10,81% contra 3.97%, do S&P Index, outro fundo de investimento tradicional nos EUA. Dodson acredita que essa diferença ocorre por que em momentos de dificuldades as pessoas que estão felizes com seu ambiente de trabalho se unem e se esforçam mais.

Quando publicado, em 1997, o primeiro ranking das melhores empresas para se trabalhar foi considerado um “concurso de beleza”. Mas Dodson e Moskowitz conseguiram provar que os líderes que valorizam, apóiam e desenvolvem seus funcionários são bem recompensados.
Fonte: Redação, Administradores.com, 28 de fevereiro de 2013