quinta-feira, 7 de julho de 2011
Japoneses descobriram importantes depósitos de "terras raras" no Pacífico
Pesquisadores japoneses dizem ter encontrado vastos depósitos de minerais de terras raras, utilizados em equipamentos de alta tecnologia, no solo do Oceano Pacífico.
Geólogos estimam que existam atualmente 110 bilhões de toneladas de elementos raros no fundo do Pacífico.
Os pesquisadores japoneses estimam ter encontrado entre 80 e 100 toneladas de minerais raros no leito oceânico a profundidades de entre 3,5 mil e 6 mil metros abaixo da superfície.
Atualmente, a China responde por 97% da produção de 17 metais provenientes de terras raras, muitas vezes chamados de ‘‘ouro do século 21’’, por serem raros e valiosos.
O quase monopólio de produção exercido pela China levou o país a restringir o fornecimento dos metais raros no ano passado, durante uma disputa territorial com o Japão.
Analistas acreditam que se a prospecção do local descoberto pelos japoneses se mostrar viável, o domínio da China no setor poderá ser ameaçado.
Os minerais são usados em iPods, TVs de tela plana, carros elétricos, mísseis, óculos de visão noturna, turbinas e imãs supercondutores, por exemplo.
Além da China, as reservas são encontradas também na Rússia, em outras ex-repúblicas soviéticas, nos Estados Unidos, na Austrália e na Índia.
Descoberta
A descoberta foi divulgada pela publicação científica britânica Nature Geoscience, que relatou que a equipe de cientistas comanda por Yasuhiro Kato, professor de ciências da terra da Universidade de Tóquio, encontrou os minerais em 78 locais diferentes na lama oceânica do Pacífico.
‘‘Os depósitos contêm uma uma forte concentração de terras raras. Apenas um quilômetro quadrado dos depósitos será capaz de atender a um quinto do consumo mundial atual’’, afirmou o professor Yasuhiro Kato.
A descoberta foi feita em águas internacionais, em uma área próxima ao estado americano do Havaí e em outra perto da Polinésia Francesa, segundo o relatório formulado pelos exploradores japoneses.
Ainda não se sabe, no entanto, se será viável tecnologicamente realizar a prospecção em uma área tão profunda e, caso seja, se será possível explorar comercialmente os metais trazidos à tona.
Os depósitos foram se acumulando no solo oceânico ao longo de centenas de milhões de anos.
Dificuldades
O número de companhias que vêm solicitando licenças para realizar prospecções no solo do Pacífico vem crescendo rapidamente.
Entre as dificuldades de realizar a exploração dos metais raros está no fato de que eles são minúsculos e estão espalhados em uma vasta área, o que faz com que muitos dos locais que contam com terras raras não sejam viáveis para a exploração comercial ou estejam sujeitos a restrições ambientais.
No entanto, a perspectiva de prospecção nas águas oceânicas profundas – e os estragos que isso poderá representar para os ecossistemas marinhos – preocupam ambientalistas.
Entenda o que são e para que servem os minerais de terras raras
Todos os equipamentos eletrônicos da atual tecnologia utilizam essa materia prima, celulares, computadores, televisores, alto-falantes, propulsores, etc... Dependem dos elementos chamados de Terras Raras: Neodímio, Lantânio, Praseodímio, Cério, Gadolíneo e Samário.
Conheça algumas de suas aplicações:
Neodímio: Minério altamente magnético, utilizado na fabricação de alto-falantes, permite que esses sejam menores e mais potentes, possibilita ainda que os HDs sejam menores e mais rápidos.
Lantânio: Minério usado na fabricação de lentes de câmeras e telescópios.
Praseodímio: Minério usado para criar metais de alta resistência utilizados por exemplo em motores de aviões.
Cério: Minério utilizado em conversores catalíticos. Um Conversor Catalítico é um dispositivo usado para reduzir a toxicidade das emissões dos gases de escape de um motor de combustão interna.
Gadolíneo: Usado em equipamentos de Raio-X e MRI ("Magnetic Resonance Imaging").
Samário: Semelhante a outros metais de terras raras, é usado em eletrodos de carbono para iluminação de estúdios e projeção de filmes. A liga de samário e cobalto é usada para produzir ímãs com resistência à desmagnetização maior do que qualquer outro material.Para dopar cristais de fluoreto de cálcio usados em lasers.O óxido é usado na produção de vidros absorventes de infravermelho, como absorvedor de nêutrons em reatores nucleares e como catalisador na desidratação e desidrogenação de álcool etílico.
A China responde por 97% da produção de terras raras, 17 metais, muitas vezes chamados também de "ouro do século 21", por serem raros e valiosos pela grande utilidade que têm.
Baiyun 'Ebo na Mongólia Central é a maior mina de Terras Raras do mundo. Os EUA já foram um dos grandes produtores de Terras Raras, mas várias de suas minas foram fechadas. A China tem ainda ao seu favor a mão-de-obra barata, poucas restrições ambientais.
Os elementos de Terras Raras são de difícil extração, tóxicos e muitas vezes radioativos. A extração desses minérios é realizada em geral a céu aberto, com isso aumentando a poluição. Para produzir 1 Ton. de Terras Raras perde-se 300m² de solo arável.
Em 2010, a China exportou 39 mil toneladas de terras raras, mas o governo chinês já anunciou que pretende limitar o total a ser exportado este ano para pouco mais de 30 mil toneladas. Muitos países possuem reservas de Terras Raras, porém não exploram seu potêncial. O Brasil é um pequeno produtor de terras raras, com o mercado praticamente dominado pela China.
Fonte: BBC Brasil / GeoPolítica Brasil