quarta-feira, 16 de novembro de 2011

No quintal de Lupi, quem manda é a Odebrecht

OS CONVÊNIOS COM ONGS SÃO UMA NINHARIA PERTO DOS MEGANEGÓCIOS FECHADOS ENTRE O FI-FGTS, COMANDADO PELO MINISTRO CARLOS LUPI, E A MAIOR CONSTRUTORA DO BRASIL; DE DOIS ANOS PARA CÁ, MAIS DE R$ 2 BILHÕES, EM RECURSOS DOS TRABALHADORES, JÁ FORAM DRENADOS PARA A EMPREITEIRA BAIANA; SERÁ QUE É POR ISSO QUE ELE NÃO CAI?

O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, é a chamada bola da vez. Pode cair a qualquer momento, em função de convênios fechados com Organizações Não Governamentais. Um deles, por exemplo, trata de R$ 13 milhões que foram destinados à Fundação Pró-Cerrado, cujo dono, o empresário Adair Meira, emprestava um jatinho para o ministro do PDT.

No entanto, os acordos com as ONGs são uma ninharia perto dos grandes negócios que passam pelo Ministério do Trabalho e que são decididos com a participação direta, ou indireta, do ministro Carlos Lupi. Essas megaoperações envolvem recursos do FI-FGTS, um fundo de investimentos criado, no governo Lula, com recursos dos trabalhadores, que são depositados no Fundo de Garantia por Tempo de Serviço.

Quem preside esse fundo é o executivo Paulo Furtado, oriundo da Caixa Econômica Federal e ex-presidente do fundo de pensão Petros. Furtado é também o suplente de Lupi nas reuniões do Conselho Curador do FGTS. E foi ele quem decidiu o uso de recursos dos trabalhadores em três negócios polêmicos – todos, coincidentemente, controlados pela empreiteira Odebrecht, do empresário Marcelo Odebrecht, e responsável por alguns dos maiores negócios do governo Lula, como a construção dos submarinos nucleares. É também a Odebrecht quem constrói outros negócios simbólicos, como o estádio do Itaquerão, que será palco da abertura da Copa de 2014.

A primeira grande operação do FI-FGTS foi a compra de uma participação de 25% no capital da Foz do Brasil, uma empresa de saneamento básico da Odebrecht. A Foz foi formada após a aquisição de uma empresa de tratamento de água e esgoto da empreiteira Gautama, que havia caído em desgraça com a Operação Navalha, por cerca de R$ 70 milhões. Em 2009, quando comprou 25% do capital dessa mesma empresa, o FI-FGTS pagou R$ 650 milhões. E quem representa o fundo nas reuniões do conselho da companhia é Paulo Furtado.

Depois disso, o FI-FGTS investiu mais R$ 450 milhões em uma participação acionária na Embraport, uma empresa comprada pela Odebrecht para movimentar contêineres portuários em Santos e que tem participação ainda da Dubai Ports. É também uma operação polêmica, uma vez que a Embraport, uma empresa privada, não possui concessão para atuar como porto público e movimentar cargas de terceiros.

Se isso não bastasse, em outubro de 2010, às vésperas da eleição presidencial, o FI-FGTS adquiriu também 30% da Odebrecht Transport, uma empresa que administra pedágios de rodovias privatizadas. Neste caso, o valor não foi revelado, mas estimado em mais de R$ 1 bilhão, por uma participação minoritária.

Somando tudo, o FI-FGTS já destinou mais de R$ 2 bilhões à empreiteira baiana. Tudo isso sob o olhar atento do ministro Carlos Lupi. Quando foi colocado sob pressão, Lupi disse que só deixaria o ministério abatido a bala. Também fez declarações que soaram como ameaça, dirigida à presidente Dilma Rousseff.

Pois todos os grandes negócios do quintal de Lupi foram todos direcionados à empreiteira Odebrecht.

Será que é por isso que, ao contrário de outros nomes alvejados por denúncias de corrupção, Lupi não cai?