"Organizador das marchas contra a corrupção, o presidente da OAB, Ophir Cavalcante, considera normal receber, do povo paraense, R$ 20 mil mensais sem trabalhar há 13 anos; será a lógica do “faça o que eu digo, não faça o que eu faço?”
Uma velha máxima da filosofia ensina: “Perdoa-se o pecador; o pregador, jamais”. Hoje, atingido por ela foi o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Ophir Cavalcante. Reportagem da jornalista Elvira Lobato, da Folha de São Paulo, revela que ele vem recebendo um salário de R$ 20 mil mensais sem trabalhar.
É sua licença remunerada, como procurador do Pará – como todos sabem, um dos estados com mais problemas sociais no País. Somando tudo, Ophir já embolsou R$ 1,5 milhão.
Ophir é também daquelas fontes recorrentes da imprensa, quando há a necessidade de encontrar alguém que vocalize a indignação do povo brasileiro contra a corrupção. Uma marcha contra a corrupção? Um ministro enrolado? Um movimento da elite como o “Cansei”? Bom, nesses casos, “liga pro Ophir”, é o que se diz nas redações.
Na história da humanidade, muitos pregadores têm sido pegos como pecadores. É o caso, por exemplo, de Elliot Spitzer, ex-procurador de Nova York que denunciava a corrupção em Wall Street e tinha uma queda especial por prostitutas pagas com recursos públicos. Ou do ex-procurador Luiz Francisco de Souza, que denunciou Deus e o mundo, e depois caiu em desgraça quando se descobriu que algumas de suas petições eram escritas em escritórios de advocacia.
De acordo com Ophir, seus vencimentos são legais e permitidos pela lei. Mas o fato, agora, é um só: o presidente da OAB perdeu toda a legitimidade para agir como o porta-voz do Cansei. Perdoa-se o pecador, Ophir. O pregador, jamais.