sábado, 7 de janeiro de 2012

Problema com enchentes? Estude OSPB e descubra de quem cobrar



Quando cursei o antigo “ginásio” (hoje Ensino Fundamental II), lá pelo início dos anos 1970, o currículo escolar tinha uma disciplina chamada OSPB (Organização Social e Política Brasileira), que se tornou obrigatória a partir de 1969 através do Decreto-lei 869/68.

OSPB foi abolida do currículo escolar após a redemocratização do país devido a ter passado a ser considerada pelos Parâmetros Curriculares Nacionais estabelecidos pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996 como sendo “doutrinadora da ideologia da ditadura militar”.

Apesar de ser verdadeira a afirmação de que a disciplina em questão servia aos propósitos de doutrinação ideológica do regime, há momentos em que fico imaginando se não seria o caso de reinseri-la no currículo escolar, mas sem qualquer viés político-ideológico.

Penso nisso ao ver o noticiário sobre as enchentes que o período de chuvas de verão já está criando, como acontece todo ano. Esse é um período em que interessa à imprensa politicamente partidarizada expor alguns casos e esconder outros.

Vemos, neste instante, o noticiário sobre deslizamentos e alagamentos com profundas críticas ao governo federal. Até criticar o governo do país, sem problemas. O problema está em poupar governos estaduais e municipais que, em certos casos, são muito mais responsáveis.

Não se pode comparar enchentes nas regiões pouco ou nada desenvolvidas com as que acontecem em Estados ricos como São Paulo, onde a imprensa ou põe a culpa no governo federal ou em São Pedro, mas nunca no governo do Estado ou na prefeitura da capital.

Essa crítica enviesada, exacerbada ou omitida às responsabilidades de cada nível da administração pública de acordo com as injunções políticas conhecidas da grande imprensa só é possível porque o brasileiro não sabe direito que nível cuida do quê.

O brasileiro médio tampouco sabe dizer exatamente para que servem senadores, deputados e vereadores, além de não saber direito o que é de maior responsabilidade do prefeito, do governador ou do presidente.

Se ocorre uma inundação em uma localidade erma e empobrecida do Norte ou do Nordeste, seguramente o governo federal tem que responder. Mas quando uma megalópole como São Paulo inunda, prefeito e governador é que são os maiores responsáveis.

A escola aborda aspectos laterais dos níveis de responsabilidade de cada um dos Poderes e de cada um dos cargos do Executivo e do Legislativo, e superficialmente. E a Constituição Federal, então, quase não é estudada no ensino fundamental ou no médio.

Eis, aí, a razão de ser simples para a imprensa partidarizada confundir o cidadão cobrando só do governo federal o que deveria ser cobrado dos governos estaduais e municipais, como em São Paulo. Ou até cobrando São Pedro, mas nunca o responsável pelo problema.

Se os cidadãos soubessem direito a quem cobrar por cada problema que os aflige, seria mais simples. Enquanto a imprensa partidarizada instiga o paulistano, por exemplo, a cobrar do governo federal o que prefeitura e governo do Estado têm que resolver, o problema persistirá.

Que ao menos a geração que estuda aprenda a Organização Social e Política do Brasil. Só assim para livrar lugares como São Paulo de problemas para os quais os governos locais não dão bola porque sabem que não serão cobrados. A geração adulta já não tem mais jeito.

Fonte:http://www.blogcidadania.com.br