segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Terrorismo político organizado: O massacre norueguês, o Estado,"a grande mídia" e Israel


O atentado à bomba do gabinete do primeiro-ministro norueguês em 22/Julho/2011, Jen Stoltenberg, do Partido Trabalhista, o qual matou oito civis, e o subsequente assassinato político de 68 ativistas desarmados da Juventude do Partido Trabalhista na Ilha Utoeya, a apenas 20 minutos de Oslo, pelo militante neofascista cristão-sionista, levanta questões fundamentais acerca do crescimento das ligações entre a extrema direita legal, a "grande mídia de referência", a política norueguesa, Israel e o terrorismo de extrema direita.

A "grande mídia" e a ascensão do terrorismo de direita:
Os principais jornais de língua inglesa, The New York Times (NYT), o Washington Post (WP), o Wall Street Journal e o Financial Times (FT), bem como o presidente Obama, culparam "extremistas islâmicos", desde os primeiros relatórios policiais dos assassinatos, publicando um série de manchetes incendiárias (e falsa) e reportagens, etiquetando o evento como o "11/Set da Noruega", o qual refletia a motivação ideológica e justificação mencionada pelo próprio assassino político cristão-sionista, Anders Behring Breivik.

Na primeira página do Financial Times (de Londres) de 23-24/Julho, lia-se "Temores do extremismo islâmico: O pior ataque na Europa desde 2005". Obama imediatamente citou o ataque terrorista na Noruega para mais uma vez justificar suas guerras além-mar contra países muçulmanos.

O FF, NYT, WP e WSJ activaram seus auto-intitulados "peritos" os quais debateram acerca de quais líderes ou movimentos árabes/islâmicos foram responsáveis – apesar de informações da imprensa norueguesa da "prisão de um homem nórdico em uniforme de polícia".

Evidentemente, a "grande mídia" e a elite política dos EUA estavam ansiosos por utilizar o atentado bombista e os assassinatos para justificar guerra imperiais em curso além-mar, ignorando o florescimento de organizações internas de extrema direita e indivíduos violentos que são a consequência da propaganda de ódio oficial islamofóbica.

Quando Anders Breivik, um conhecido extremista neofascista, entregou suas armas à polícia norueguesa, sem resistência, e reivindicou o crédito pelo atentado bombista e o massacre, teve início a segunda fase do encobrimento oficial. De imediato ele foi descrito como "um solitário lobo assassino", o qual "actuou sozinho" (BBC, 24/Julho/2011) ou como mentalmente demente, minimizando suas redes políticas, seus mentores ideológicos e compromissos com americanos, europeus e israelenses, que o levaram aos seus actos de terrorismo.

Ainda mais ultrajante, os "grandes jornais" e responsáveis ignoraram o fato de que este ataque terrorista complexo e com múltiplas fases estava além da capacidade de uma pessoa "demente".

Anders Behring Breivik foi membro de um partido político de extrema-direita, o Partido do Progresso, e colaborador e contribuidor de um sítio web abertamente neonazista. Ele frequentemente centrava seu ódio sobre o Partido Trabalhista governante pela sua relativa tolerância de imigrantes. Despreza imigrantes, especialmente muçulmanos, e era um ardente apoiante cristão-sionista da repressão e terror israelense contra o povo palestino. Sua ação criminosa foi essencialmente política e integrada numa rede política muito mais vasta.

A elite política e a "grande mídia" fizeram todo o possível para negar o entrecruzamento de ligações entre islamófobos ideológicos "legais", como os sionistas americanos Daniel Pipes, David Horowitz, Robert Spencer e Pamela Geller, o Partido da Liberdade da extrema-direita holandesa dirigido pelo intriguista Geert Wilders e seus homólogos no Partido do Progresso norueguês que se mobiliza contra a "ameaça muçulmana".

Os terroristas da "ação direta" tomam inspiração em partidos eleitorais, como o Partido do Progresso, o qual recruta e doutrina ativistas, como Behring Breivik, os quais deixam então a "estrada eleitoral" para executarem suas carnificinas sangrentas, permitindo aos promotores do ódio "respeitáveis" condená-lo hipocritamente... após a afronta.

O caso do "terrorista lobo solitário" desafia a credibilidade. É um tecido de mentiras utilizadas para encobrir cumplicidade do estado, má conduta da inteligência e a aguda viragem à direita tanto na política interna como externa de países da NATO.

Não há qualquer base para aceitar a afirmação inicial de Breivik de que atuou só devido a várias razões relevantes:
Primeiro, o carro bomba, que devastou o centro de Oslo, era uma arma altamente complexa que exigir perícia e coordenação – da espécie disponível para estados ou serviços de inteligência, como o Mossad, o qual se especializa em carros bombas devastadores. Amadores, como Breivik, sem treino em explosivos, habitualmente explodem-se a si próprios ou falta-lhes a qualificação necessária para conectar os dispositivos eletrônicos de temporização ou detonadores remotos (como provaram fracassados "sapatos" e "cuecas" dos bombistas da Times Square).

Segundo, os pormenores de
a) movimentar a bomba,
b) obter (roubando) um veículo,
c) colocar o engenho no sítio estratégico,
d) detonar com êxito e
e) então vestir um elaborado uniforme da polícia especial com um arsenal de centenas de munições e conduzir em outro veículo para a ilha de Utoeya,
f) esperar pacientemente enquanto armado até os dentes por um ferry boat,
g) cruzar-se com outros passageiros no seu uniforme de polícia,
h) acercar-se dos ativistas da Juventude Trabalhista e começar o massacre de grande número de jovens desarmados e finalmente
i) liquidar os feridos e caçar aqueles que tentavam esconder-se ou nadar para longe – não é a atividade de um fanático solitário.

Mesmo a combinação de um Super-homem, Einstein e um atirador de classe mundial não podiam executar tais tarefas.

A "grande mídia" e os líderes da NATO devem encarar o público como passivos estúpidos ao esperar que acreditem que Anders Behring Breivik "atuou só". Ele está disposta a aguentar uma sentença de 20 anos de prisão, pois sustenta que a sua ação colectiva é a fagulha que incendiará seus camaradas e promoverá a agenda dos partidos violentos e legais de extrema-direita.

Frente a um juiz norueguês, em 25 de Julho, ele declarou publicamente a existência de "mais duas células na minha organização". De acordo com testemunhas na Ilha Utoeya, foram ouvidos tiros de duas armas distintas vindos de diferentes direções durante o massacre.

A polícia, dizem eles, está a ... "investigar". Não é preciso dizer que a polícia nada encontrou; ao invés disso simularam um "show" para encobrir a sua inacção com a invasão de duas casas longe do massacre e rapidamente libertaram os suspeitos.

Contudo, a mais grave implicação política da ação terrorista é a ostensiva cumplicidade de altos responsáveis da polícia. A polícia levou 90 minutos para chegar a Ilha Utoeya, localizada a menos de 20 milhas [32 km] de Oslo, 12 minutos de helicóptero e 25 a 30 minutos de carro e barco. O atraso permitiu "aos assassinos da extrema-direita" utilizarem toda a munição, maximizando a mortes de jovens, ativistas anti-fascistas, e devastando o movimento trabalhista juvenil.

O chefe de polícia, Sveinung Sponheim, deu a mais fraca das desculpas, afirmando "problemas com transporte". Sponheim argumentou que não estava pronto um helicóptero e que "não podiam encontrar um barco" (Associated Press, 24/Julho/2011).

Mas havia um helicóptero disponível. Ele conseguiu voar a Utoeya e filmar a carnificina em curso, e mais da metade dos noruegueses, um povo marítimo há milénios, possui ou tem acesso a um barco.

Uma força policial, confrontada com o que o primeiro-ministro chama a "pior atrocidade desde a ocupação nazista durante a II Guerra", a mover-se ao ritmo de uma tartaruga reumática para resgatar jovens ativistas, levanta a suspeita de algum nível de cumplicidade. A questão óbvia que se levanta é o grau em que a ideologia do extremismo de direita (neofascista) penetrou na polícia e nas forças de segurança, especialmente os escalões superiores. Este nível de "inactividade" levanta mais questões do que respostas. O que sugere que os sociais-democratas só controlam parte do governo – o legislativo, ao passo que os neofascistas influenciam o aparelho de estado.

O fato claro é que a polícia não salvou uma única vida. Quando finalmente chegou, Anders Behring Breivik havia esgotado a sua munição e rendeu-se à polícia. A polícia literalmente não disparou um único tiro; ela nem mesmo teve de caçar ou capturar o assassino. Um cenário quase coreografado: Centenas de feridos, 68 desarmados, ativistas pacíficos mortos e o movimento da juventude trabalhista dizimado.

A polícia pode afirma "crime resolvido" enquanto a "grande mídia" tagarela acerca de um "assassino solitário". A extrema-direita tem um "mártir" para mascarar um novo avanço na sua cruzada anti-muçulmana e pró Isarel. (Recorda o celebrado fascista israelense-americano, assassino em massa, Dr. Baruch Goldstein, que massacrou dúzias de palestinos desarmados, homens e rapazes e um pregador, em 1994).

Apenas dois dias antes dos assassínios políticos, o responsável do Movimento da Juventude do Partido Trabalhista, Eskil Pederson, deu uma entrevista ao Dagbladet, o segundo maior tablóide da Noruega, na qual anunciava um "embarco económico unilateral de Israel por parte da Noruega" (Gilad Atzmon, 24/Julho/2011).

O fato que importa é que os militares noruegueses não têm problemas em despachar rapidamente 500 soldados para o Afeganistão, a milhares de quilómetros e proporcionar seis jatos e pilotos da Força Aérea Norueguesa para bombardear e aterrorizar a Líbia.

E ainda assim eles não podem encontrar um helicóptero ou um simples barco para transportar a sua polícia algumas centenas de metros para impedir um ato terrorista interno da direita, cujo comportamento assassino estava a ser descrito segundo a segundo pelas jovens vítimas aterrorizadas nos seus telemóveis aos seus pais desesperados.

Conclusão
Claramente, as decisões da Noruega e outros países escandinavos de participar nas cruzadas imperiais dos EUA contra muçulmanos e especialmente árabes do Oriente Médio excitaram e revigoraram a direita neofascista. Eles agora querem "trazer a guerra para casa": querem que a Noruega vá mais além, "expurgar a nação, pela expulsão de muçulmanos. Eles querem "enviar uma mensagem" ao Partido Trabalhista: Ou aceita uma plena agenda neofascista a favor de Israel ou aguarda mais massacres, mais fascistas eleitos, mas seguidores de Anders Behring Breivik.

O "Partido do Progresso" é agora o segundo maior partido político na Nourega. Se uma coligação "conservadora" derrotar os trabalhistas, neofascistas provavelmente terão assento no governo. Quem sabe, após uns poucos anos de bom comportamento, eles possam encontrar uma desculpa para comutar a sentença do seu ex-camarada ... ou proclamá-lo mentalmente reabilitado e livre.

O que é claramente necessário é a retirada imediata de todas as tropas de guerras imperiais e um combate sistemático, coerente e organizado contra terroristas internos e seus padrinhos intelectuais na América, Israel e Europa.

A Juventude Trabalhista deve ir em frente com o seu pedido de que o governo trabalhista, sob o primeiro-ministro Jen Stoltenberg, reconheça a nação da Palestina e implemente um boicote total a bens e serviços de Israel.

Uma campanha de educação política nacional e internacional deve ser organizar para revelar as ligações entre fascistas eleitorais respeitáveis e terroristas violentos. Os mártires da Juventude Trabalhista da Ilha de Utoeya deveriam ser guardados no coração e os seus ideais ensinados em todas as escolas. Seus inimigos e apoiantes de extrema-direita, abertos, encobertos ou directamente cúmplices, deveriam ser revelados e condenados.

A melhor armas contra o renovado ataque neofascista é uma ofensiva política e educacional, assumindo as tradições de combate antifascista e antiQuisling (o notório colaborador nazista da Noruega) dos seus avós.

Fonte:http://resistir.info