segunda-feira, 30 de maio de 2011

LOBBY À LUZ DO DIA


Tem gente que viu a impressão digital do ex-ministro Zé Dirceu no vazamento das informações sobre o faturamento da empresa do atual chefe da Casa Civil, Antonio Palocci. É pouco provável. Esta é a primeira vez que uma denúncia contra político do PT não saiu de dentro do próprio PT.

Ficou, de todo modo, um mal-estar dentro do “...PT profundo: as bancadas e as bases mais ortodoxas...".

Mal-estar que o ex-ministro Zé Dirceu exprimiu. Mandou recado: tudo bem, o companheiro Palocci não merece ser prejulgado, mas ninguém tinha ideia de que ela fazia tal tipo de consultoria, nem quais eram os valores pagos pela clientela. “Que eu sou consultor todo mundo sabe”, alfinetou Zé Dirceu.

Outra ironia da história: é a primeira vez que um político fica na mira pelo que ele ganhou fora do governo, e não dentro dele. Mas será mesmo “fora do governo”? Os clientes da consultoria de Palocci queriam o quê dele? Acesso privilegiado a informações? O caminho das pedras para chegar a setores do governo?
Nem precisa ser do tipo toma lá, dá cá. Exemplo: empreiteira querendo obra pública. Mas ser amigo do ministro mais influente do governo não faz mal a ninguém.

Interesses são legítimos e fazem parte do jogo democrático. O importante é ter um sistema como o americano. Há deputados que representam lobbies. Lobbies em si não são um mal. Há o lobby da indústria farmacêutica, das produtoras de Hollywood, da indústria de tabaco, mas também o das minorias, dos gays, dos deficientes físicos, dos ativistas a favor das pesquisas com célula-tronco, etc.

Tudo feito às claras, à luz do dia, regulamentado. Não é a melhor solução pro Brasil sair deste clima de desconfiança aguda e permanente?

Fonte:http://noticias.r7.com/blogs/nirlando-beirao e charge extraída de http://oglobo.globo.com/pais/noblat/