sábado, 12 de março de 2011
Combinação de fenômenos meteorológicos ameaça cidades brasileiras
Uma combinação de fenômenos meteorológicos atípicos para esta época do ano no Brasil é o causador das chuvas torrenciais, como as que deixaram oito mortos no sul do país na quinta-feira, disse à Agência Efe nesta sexta-feira a meteorologista Josélia Pegorim, do instituto Climatempo.
Cada vez que chove, diversos pontos da Região Metropolitana de São Paulo, que possui quase 20 milhões de habitantes, inundam e causam transtornos, e inúmeros automóveis são arrastados pelas correntes de água em direção aos rios transbordantes que cortam a área.
Depois das chuvas dos primeiros dias de março nos estados de São Paulo e Minas Gerais, os temporais podem ser sentidos agora com maior intensidade no Mato Grosso do Sul e no Rio Grande do Sul, onde oito pessoas morreram na quinta-feira na cidade de São Lourenço do Sul, em consequência das enchentes e deslizamentos de terra.
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), fevereiro é sempre um dos meses com maior intensidade de temporais e o deste ano registrou na cidade de São Paulo 311 milímetros de chuvas (cada milímetro equivale a um litro por metro quadrado), 33% a mais que o previsto para o mês.
No início deste mês, apresentou-se uma nova acomodação das nuvens da chamada "zona de convergência do Atlântico Sul", um fenômeno "que é bastante comum em dezembro e janeiro, mas que é incomum em março", afirmou Josélia.
A meteorologista destacou que a zona de convergência é "uma enorme massa de nuvens pesadas e carregadas, que ficam estacionadas durante vários dias seguidos sobre o Brasil e acumulam uma grande quantidade de água em muito pouco tempo", e isso se combinou com a passagem de frentes de ar frio.
Depois do desastre meteorológico que deixou mais de 900 mortos na Região Serrana do Rio de Janeiro, as chuvas continuaram com intensidade em Minas Gerais e São Paulo, que registraram nos primeiros dias de março os maiores volumes de chuvas para esta época.
Entre 1º e 8 de março, São Paulo recebeu 152 milímetros de chuva, que representam 82% do total esperado para o mês, e Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, registrou 235 milímetros, 44% a mais da média mensal.
Segundo os especialistas, os solos saturados de água, o crescimento da camada asfáltica que cria áreas impermeabilizadas nas cidades e os altos níveis dos rios impedem que a chuva flua normalmente, o que provoca as inundações.
"É necessário evitar as tragédias com prevenção, pois as chuvas são anunciadas com previsão", ressaltou Josélia. Ela lembrou que, no verão, "o excesso de calor e de umidade geram excesso de energia, que é liberada na chuva".
Para o restante de março, o Climatempo prevê que as chuvas continuarão, embora a frente fria que trouxe instabilidade esteja se afastando para alto-mar e que a zona de convergência do Atlântico Sul "está se desfazendo", devido ao "excesso de umidade durante vários dias".
Para enfrentar o problema, São Paulo tem 45 'piscinões' - enormes depósitos que ajudam a regular o fluxo de água chuva que corre em direção aos rios -, mas eles se mostraram insuficientes para evacuar o excedente de água provocado pelos temporais.
Esses 45 depósitos têm capacidade para receber 9 milhões de metros cúbicos de água por ano, mas a cidade requer outros 91 para poder evacuar os 26,6 milhões de metros cúbicos de chuvas anuais.
Enquanto a administração pública e os especialistas debatem sobre melhores soluções para enfrentar as inclemências da natureza, os moradores das zonas de risco estabeleceram uma rede de comunicação para propagar os avisos de alerta.
O sistema envolve desde alertas por mensagens SMS até o velho megafone, que adverte aos moradores sobre a iminência de temporais e deslizamentos de terra.
Fonte: http://brasilnicolaci.blogspot.com/ e EFE e